terça-feira, 19 de julho de 2011

PREVENÇÃO E CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL INFANTIL 1

Estamos há alguns meses numa luta de sensibilização junto às instituições ligadas a educação, saúde e assistência social sobre a prevenção e assistência a crianças com transtornos mentais, crianças que convivem com pais psicóticos e acompanhamento a essas famílias.
Tem sido uma luta cansativa e inglória, pedimos no Ministério Público o cumprimento de um acordo firmado em audiência pública de 15 de janeiro de 2010, que obriga a SESAPI retirar das dependências do hospital Areolino de Abreu o funcionamento do CAPS i, conforme recomenda a portaria 336 que regulamento o funcionamento dos CAPS, que estes não devem dividir o mesmo espaço de um hospital psiquiátrico. Esta idéia, é original da Reforma Psiquiátrica, desinstitucionalizar (desospitalizar) a assistência psiquiátrica. Os serviços substitutivos gradualmente devem substituir o modelo hospitalar, extremamente medicamentoso, de exclusão comunitária e estigmatizador.
Vários estudos monográficos, relatórios de pesquisas acadêmicas, relatórios de estágios em diversas áreas realizados dentro e sobre o CAPS i apontam  deficiências estruturais do serviço, único do Estado, único numa capital de quase novecentos mil habitantes, não tem carros próprios para visitas domiciliares e acompanhamento, dependem do HAA ou SESAPI, vários funcionários são os mesmos do HAA, a única coisa que divide o hospital do CAPS, é uma grade, mas com portão permitindo a passagem, o CNPJ de 2006, mas continua com o mesmo endereço e em complemento do endereço, tem escrito: anexo do HAA.
O que hoje é CAPS i foi implantado em 1997, não em 2006, com uma proposta bem interessante, Instituto de Psiquiatria Martinelle Cavalca, num espaço anexo ao HAA que seria utilizado para instalação do manicômio judiciário do Piauí. Edmar Oliveira relata o fato em Von Meduna e a filha do Equador e Carlos Alberto Soares, único psiquiatra doutor em psiquiatria infantil do Piaui, seu idealizador escreve em excelente e crítico texto em CAPS i: Reconstruindo experiências no CAPS i "Dr. Martinelli Cavalca", de organização da nossa querida Lúcia Rosa e suas boas intenções em provocar reflexões das práticas profissionais dentro de nossos espaços manicomias.
Sobre o Instituto de Psiquiatria infanto - juvenil do Piaui, Dr. Carlos Alberto ainda em 1986, conta que  iniciou-se o atendimento psiquiátrico a criança e adolescente em nível ambulatorial,  onde estes dividiam os mesmos espaços que os adultos no ambulatório do HAA. Segundo ele fato que causava grandes constrangimentos para as crianças e suas familias, prejudicando muitas vezes o tratamento. As  cobranças da comunidade levaram a sensibilização da primeira dama da época, dona Adalgisa de Morais Sousa, "que abraçou essa causa, e com zelo, dedicação e sensibilidade às causas sociais, que lhes são peculiares, determinou ao Secretário de Saúde todas as providências para implantação do projeto." ( saudade desse modelo de primeira dama) Inaugurando o Instituto, hoje CAPS i, em 1997. Este ano esse adulto serviço, faz 25 anos. Onde estarão seus primeiros usuários? Nas enfermarias do HAA? Ou salvos na rua?

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.