Inaugurado em agosto de 2010, o primeiro AME psiquiátrico do país vai aumentar em 70% a capacidade de atendimento até o final do ano e passar a receber 4 mil pacientes por mês
Prestes a completar um ano de funcionamento, o Ambulatório Médico de Especialidades - Psiquiatria (AME – Psiquiatria) vem demonstrando ser uma ferramenta eficaz para articular e integrar a rede de assistência entre as diferentes unidades de saúde mental da Zona Norte de São Paulo, onde está localizado.
O ambulatório, que atua em cinco linhas de cuidados: psicogeriatria, álcool e drogas, psiquiatria da infância e adolescência, psicoses e transtornos afetivos e de ansiedade, até maio deste ano, já registrou mais de 33 mil atendimentos, incluindo consultas com psiquiatras, clínico geral, neurologista, enfermeiros, psicólogos e terapeutas ocupacionais.
Resultado de parceria entre a Secretaria da Saúde de São Paulo e os Departamentos de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa (FCM-SCSP) e Universidade de Santo Amaro (UNISA), além do CREMESP e o Ministério Público Estadual, é o primeiro AME destinado ao atendimento psiquiátrico do país.
"Estamos muito empenhados nesse projeto, pois a experiência dos nossos ambulatórios demonstra como essas unidades, integrada à rede de assistência, inclusive leitos em hospitais gerais e especializados, podem melhorar o atendimento médico e psicossocial, além de contribuir para instituir serviços hierarquizados, que atuem em todos os níveis de atenção", afirma Jair Mari, do departamento de psiquiatria de Unifesp.
Segundo o diretor técnico do AME, Gerardo de Araújo Filho, o serviço atende em nível secundário de atenção, ou seja, é destinado a pacientes que apresentam quadro clínico mais complexo, mas sem a necessidade de internação. Até o final do ano a unidade vai aumentar em 70% sua capacidade, passando dos atuais 2.400 atendimentos por mês, para 4 mil.
“Nosso objetivo é complementar a rede substitutiva de saúde mental, expandindo a oferta de serviços psiquiátricos à comunidade, mas com a presença de critérios para encaminhamento, a necessidade de agendamento prévio das consultas, foco na estabilização clínica e na elaboração de diagnóstico e tratamento”, explica.
Ainda de acordo com o psiquiatra, o paciente chega ao serviço somente quando encaminhado pelas UBS, CAPS, Hospitais ou equipes de saúde mental do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) da região. “A assistência em saúde mental no Brasil tem que começar pela atenção básica, onde os casos de transtornos leves e moderados devem ser identificados e encaminhados para o tratamento especializado”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente 25% da população irá precisar de algum tipo de atendimento em saúde mental no período de um ano. “Sem o diagnóstico precoce, os pacientes procuram atendimento apenas quando a doença está em um nível mais avançado, o que prejudica o tratamento e o prognóstico”, completa Jair Mari.
Além disso, o AME mantém uma parceria com as Unidades de Internação Psiquiátrica em Hospital Geral existentes na região, para fornecer a retaguarda de internação psiquiátrica aos pacientes. Em contrapartida, o ambulatório atende parte dos pacientes recém-saídos de alta dessas unidades, evitando a reinternação.
“A implantação de uma rede eficaz de serviços extra-hospitalares é fundamental para reduzir a necessidade de internação. Mas em alguns casos, especialmente nos de doenças crônicas, a internação pode ser necessária. Seja porque o paciente apresenta uma recaída com risco de agressividade ou de suicídio ou porque o tratamento ambulatorial não foi eficaz”, conclui Jair Mari.
O ambulatório também oferece, além de atendimento individual, atendimento em grupos e à família, oficinas terapêuticas e atividades voltadas à inserção familiar e social do paciente com transtorno mental, contrapondo-se a um modelo ambulatorial anacrônico com foco exclusivo no tratamento medicamentoso.
“Temos uma conduta terapêutica bem estabelecida, também com atenção psicossocial, mas sem a cronificação da assistência, ou seja, o paciente pertence à rede de saúde mental e não a essa ou aquela unidade de saúde. É fundamental manter a hierarquização dos serviços para atender, de fato, todas as complexidades. A doença mental exige intervenção médica especializada, assim como em qualquer área da saúde”, finaliza Gerardo Filho.
Então este é o modelo de rede de saúde mental defendido pela ABP, tendo como principal estratégia de atendimento os ambulatórios de especialidades? Neste AME piloto extremamente vinculados as escolas de psiquiatria representadas pelas universidades, a nova história de complementar a rede de serviços substitutivos e a velha história dos leitos em hospitais gerais. Enquanto a bicentenária psiquiatria manicomial repassa, via tratamento moral o novo "grande internamento" às comunidades terapêuticas, os loucos infratores terão semi internação nos hospitais de custódia, os CAPS "hipertrofiados" de funções de articular redes de cuidados comunitários, más gestões politicas municipais e ou estaduais na área da saúde mental... continuam continuamente na imprensa os casos de maus tratos e mortes de PESSOAS com transtornos mentais dentro de hospitais psiquiátricos, de frio em Sorocaba, São Paulo e aqui em Teresina, um homem teria ateado fogo no próprio corpo dentro do HAA. Não tenho maiores detalhes.
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