segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A PONTE E A VIDA

Mais uma pessoa jogou-se da ponte sobre o rio Poty, perto do Tancredo Neves. Um homem de trinta anos. Muito se fala sobre o suicídio em Teresina, mas pouco se faz de fato. Somente em 2009 vários casos já foram registrados nessa ponte, não seria o caso do poder público construir cercas, grades de proteção mais altas, interditar trânsito de pedestre ou algum serviço de saúde próximo para abordar pessoas em atitudes suspeitas, não somente para reprimir, mas para oferecer serviços de escuta, acolhimento, encaminhamento a um serviço próprio e de qualidade para casos de ideação suicida, sem necessariamente trancafiar a pessoa dentro dos pavilhões do Areolino de Abreu.

sábado, 26 de setembro de 2009

PRESENTE DO DIA 10 DE OUTUBRO

O sanatório Meduna está literalmente caindo encima de funcionários e pacientes, péssima hotelaria, principalmente nas enfermarias do SUS. Particular e convênios é melhorzinha, mas ainda a desejar. Fundado em 1954, me informaram que a última reforma foi em 1979. Um dos diretores, foi dono de uma clínica particular (GESTA) até fevereiro deste ano, fechou, principalmente alegando que o PLAMTA um dos principais convênios (IAPEP), não estava pagando, leia-se muito servidor público ou dependente adoecendo emocionalmente.
Achei que na jogada Meduna e Gesta (informalmente fundidos) salvariam o primeiro, afinal com o fechamento da GESTA o público com mais recursos que não interna no HAA, recorreriam a ala particular do Meduna. Não ocorreu, ou a ganância é grande, a má administração, etc.
Ele fecha, não por causa da Reforma Psiquiátrica, mas por falta de criatividade, de má vontade dos psiquiatras donos herdeiros, que não herdaram o empreendedorismo, visão e humanidade de Dr. Clidenor. Os caras só reclamam e querem dinheiro do SUS e nada fazem para adaptar o hospital às novas formas de tratamento, poderiam transformá-lo em um Instituto de Tratamento e Pesquisas em Saúde Mental, constituirem uma fundação, etc. Trabalharem com atendimento comunitário, se ligarem a grandes centros de pesquisa nacional ou internacional, assim obtendo recursos de entidades internacionais, ou outras.
Bem, espero que feche e que transformem o prédio em um belo e confortável shopping. Nada como fazer compras para relaxar.

MEDUNA: FECHA DESSA VEZ?

SANATÓRIO MEDUNA pode fechar devido falta de reajuste
REFERÊNCIA EM TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO, pode fechar, pela 1ª vez desde a década de 80
Ofício datada do dia 21 deste mês com a assinatura do Diretor Administrativo do Sanatório Meduna, Raimundo S. Neto, informa ao secretário Municipal de Saúde, vereador Firmino Filho que, se não houver reajuste nos repasses do SUS o órgão vai fechar literalmente. Fundado na década de 50 pelo psiquiatra Clidenor de Freitas Santos, o Meduna tornou-se um referência no tratamento de doentes mentais na região.
Com a morte do dr. Clidneor na década de 80, o Meduna teve agravada sua saúde financeira. Hoje sãos mais de 10 milhões de reais em débito na praça. A receita não cobre a despesa. O repasse do SUS é apenas 28 reais de diária. No oficio, é apresentada uma proposta para 68 reais. Se essa proposta não for atendida o Meduna encerrará suas atividades definitivamente no dia 1º de outubro, diz o documento. E não é chantagem. A situação do Meduna é crítica.
O documento, segundo informou a Dra. Adeildes, chefe do SUS encontra-se na mesa do secretário que estava doente e será alvo de apreciação nesta segunda feira quando ele retornar ao trabalho. A médica Amariles Borba que respondeu pelo comando da Fundação Municipal de Saúde na ausência de Firmino preferiu deixar que o titular resolvesse o problema.
DOENTES E SERVIDORES
O Meduna possui hoje 180 internos para tratamento e poucos funcionários. O que preocupa não são os empregados, pois alguns já podem até se aposentar. O problema reside exatamente nos doentes. Onde coloca-los, se a Prefeitura de Teresina não viabilizou o projeto dos CAPs? Para receber todos os internos do Meduna seria necessário que a cidade tivesse pelos menos seis CAPs.
SIGNIFICADO DA PALAVRA CAPS
Para quem não sabe, CAPs significa: Centro de Apoio Psicossocial. Trata-se, de um local onde os doentes mentais e com distúrbios neurológicos passam todo o dia com atendimento médico, psicológico, social e a noite vão para casa. Pela lei, as cidades brasileiras devem ter um CAPs para cada 100 mil habitantes. Aqui deveriam ser no mínimo oito. Só tem três.
CLIQUE AQUI E CONFIRA MAIS SOBRE O ASSUNTO NO BLOG DO PEDRO ALCÂNTARA
REPÓRTER: Pedro Alcântara

Edição: Allisson Paixao
LEIA MAIS: Sanatorio Meduna, Zona Norte

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

HOSPITAL DO ALTO DA RESSURREIÇÃO

O Amigo no Ninho surgiu de minha solidão numa crise em 2007, "jogada" nesses serviços de saúde públicos que promovem a manutenção da doença e não a promoção de saúde. Uma muito querida amiga enfrentava um problema de dependência química em família e outro querido amigo um caso de esquizofrenia. Nos juntamos, eles foram os primeiros "amigos cuidadores". Fez dois anos agora em 22 de agosto e o blog em 22 de setembro. Inquieto número cabalístico.
A idéia de Rede veio das teorias do Serviço Social e Ciências Sociais. Apoio e Suporte, do trabalho de Eduardo Mourão Vasconcelos e a obstinação em esclarecer o máximo possível o usuário (diferente de paciente, segundo Nilo Neto) e a intervenção de "rua", domiciliar, de uma notícia que li sobre um trabalho feito na França, onde profissionais de saúde mental, incluindo psiquiatra, junto a pessoas comuns, tipo mochileiro, etc, que conhecem os "territórios", saem às ruas "atendendo" ou tentando abordagens a doentes mentais na rua, tentam tudo, do convencimento à medicação, encaminhamento aos serviços, respeitando sempre a vontade do usuário. Não tenho maiores informações a respeito, mas tenho aprimorado a idéia.
Assim é que montamos um protocolo de intervenção: 1. Abordagem diagnóstica (levantamento das necessidades do usuário, avaliação funcional) 2. Encaminhamento para os serviços psiquiátricos, programa Estratégia da Familia (não podemos está fazendo o papel da saúde básica e nem dos CAPS, de acompanhar a inserção na comunidade destas pessoas, que tem esse direito garantido em lei) 3. Encaminhamento para Rodas de Cuidado e Auto-cuidado, mantidas pelo Ninho, com a solidariedade de voluntários e outros recursos de saúde existente na comunidade (grupos religiosos, de preferência os que mantêm alguma prática integrativa e complementar, caminhadas orientadas, aeróbicas que funcionam gratuitamente em praças e escolas, etc.)4. Oficina de sensibilização: Amigo Cuidador. Infelizmente, na maioria das vezes as pessoas recebem ajuda, desenvolvem potenciais de auto-ajuda, mas não passam para o estágio da ajuda mútua.
As informações acima é só para falar que hoje pela manhã ao procurar o Hospital do Alto da Ressurreição para buscar parceria numa intervenção a uma amiga do Ninho, as enfermeiras só falavam no Areolino de Abreu. Internar, internar e internar. Surtei. Não dar para negociar com normal que acha que a única subjetividade humana aceitável é a da não-doença mental. E que os CAPS servem apenas para "patologias mentais leves". Caramba. Gritei, gritei. "Não mande mais para o Areolino, aqui a área é CAPS leste". A enfermeira grita, depois que me indentifiquei como usuária bipolar: "Essa esqueceu de tomar o remédio hoje." Não esqueci. Nem elas vão mais esquecer de terem conhecido Louca pela Vida.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

BIODANÇA


Continuando com nossas rodas de cuidado na comunidade, neste sábado teremos Biodança, com nossa querida amiga do Ninho Ismênia Reis. Dia 26 de setembro, no Complexo Cultural Grande Dirceu, antigo CSU do Renascença II, de 8:00 as 10:00 da manhã.

Contaremos com a presença de professora Valéria, da coordenação de Psicologia da UESPI e alunas que pretendem fazer um trabalho em Psicologia Comunitária em parceria com o Ninho e outra amiga do Ninho também muito querida, psicóloga Bianca Amaral.

domingo, 20 de setembro de 2009

VIDA E SIGNIFICADOS

TROCA DE IDÉIAS ENTRE AMIGOS NO GRUPO "COMUNIDADES SAUDÁVEIS"

Fala-se aqui sobre um texto em pps, atribuído a Rubens Alves, Saúde Mental.


"Adorei, ate porque me sinto assim, um pouco cansada da vida, embora lute muito e adore a vida, mas a acho tão artificial, longe do surrealismo, da doçura e pureza sonhadora que há na loucura."
J.

"J., também me sinto cansada da vida, às vezes. Talvez não da vida em si, mas como se vive a vida.
Em nosso cotidiano não expressamos a vida em sua plenitude, isto é, em nosso afetos, criatividade, prazer. Mas uma vida das normas, das obrigações, das decisões de fora pra dentro. Sobretudo porque precisamos nos adaptar a uma sociedade que nega essa vida plena, por uma questão de sobrevivência.
Precisamos ser novamente crianças, o sentido de buscar o frescor de uma vida aqui e agora. Rebuscar dentro de nós essa chama. Nos espantar com o por do sol, com a primeira estrela que nasce, com o galho que dança ao vento.
Não é assim a criança? Brinca com tudo que está ao redor...
Até bem poucos minutos atrás estava apática, mas à medida que vou descobrindo, ou redescobrindo essa chama, volto a me animar.
Beijos, I."

sábado, 19 de setembro de 2009

LOUCOS PARA MORRER

O suicídio no Brasil se tornou um problema de saúde pública, hoje escapa a considerações morais e religiosas. Teresina é uma recordista nacional em suicídios, toda semana vários casos ou tentativas, pessoas que conviverão com sequelas, são notificados. Imagina tentar morrer, não conseguir e ser internada em um hospital psiquiátrico para vigilância, que não se faz mais nada além disso... é passar pelo inferno, sem perder a vida. Os intelectuais discutem, as religiões, os psiquiatras montam esquemas para a abordagem da ideação suicida. Mas acho que falta principalmente um serviço de acolhimento ao sobrevivente, um espaço que favoreça (tratamento) uma resignificação da vida. Psicofármacos não produzem esperança para a alma. Nem a culpa que as religiões imprimem em seus discursos aos sobreviventes, a familia do suicida que fica estigmatizada colaboram para essa "pintura nova" na casa da vida. É necessário que pensemos soluções coletivas.
Soluções que perpassam por valores que pesam como ouro, portanto raros: mais amor, solidariedade, tolerância, espiritualidade (além das concepções religiosas tradicionais), bondade entre as pessoas. Não me fixo num certo determinismo econômico, porque aqui em Teresina os bairros nobres lideram a estatística suicida.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

TERESINA QUER MORRER...

Mais um dia de 'depressão química'... vontade de estourar a cabeça com uma arma ou tomar uns 50 diazepam... que saco amiga minha.
Scrap na minha página de orkurt


Resposta:Temos no Ninho, nove mulheres que já tentaram suicidio.Hoje teve uma mesa redonda sobre a questão. Não fui. Muito evento em saúde ao mesmo tempo. Tenho lido sobre a morte (além da concepção espirita, da sobrevivência da alma), perda, luto. Há uma estatística que um suicida chega a tentar mais ou menos 18 vezes para conseguir o intento. Então, os limites da intervenção do Ninho é mínima. Me preparo como um oncologista, para o caso de uma dessa pessoas conseguirem. Imagina, como minha frágil saúde mental vai ficar? Se cuide, a vontade de morrer passa. Beijo, muito muito carinhoso.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

CONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE

COMUNICA



COMUNICAMOS AOS MEMBROS DO CONSELHO ESTADUAL DE SAÚDE DO PIAUÍ QUE SUA PRESENÇAS ESTÃO SENDO SOLICITADAS NOS SEGUINTES EVENTOS:

1- REUNIÃO DE PLANEJAMENTO DA CARAVANA EM DEFESA DO SUS
DATA= 14/09/09 HORÁRIO= 9AS 12
LOCAL= SALA DO CONSELHO NA FACIME


2- SEMINÁRIO SOBRE GESTÃO ESTRATÉGICA E PARTICIPATIVA NO SUS
DATA= 17/09/09 HORÁRIO= 8 AS 18
LOCAL= RIO POTY HOTEL
AV. MARECHAL CASTELO BRANCO, 555, ILHOTAS


3- CARAVANA NACIONAL EM DEFESA DO SUS - ETAPA PIAUI
DATA= 18/09/09 HORARIO= 7 AS 17
LOCAL= PRAÇA PEDRO II
AUDITORIO MESTRE DEZINHO-CENTRO ARTEZANAL



OBSERVAÇÃO; ESTÃO SENDO CONVIDADOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, USUÁRIOS DE SAÚDE E GESTORES DO SUS , POIS OS EVENTOS SÃO ABERTOS A TODOS E TODAS

domingo, 13 de setembro de 2009

CAPACITAÇÃO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA

Folheto destinado a técnicos de enfermagem, 26 páginas, publicado pela FMS para a Capacitação em saúde mental na atenção básica, organizada pelo CAPS II Centro/Norte, setembro de 2009. Informações extraídas do projeto de profissionalização dos trabalhadores da Área de enfermagem, Ministério da Saúde,2001. Informa o folheto na última página.
Com problemas de impressão, é desestimulante a leitura.
"DIANTE DO PACIENTE COM COMPORTAMENTO ANTI-SOCIAL"
São vistos na equipe como "sedutores' e desafiadorres. Não se consideram doentes e, se buscam o serviço de saúde mental, geralmente o fazem por alguma imposição. Apresentam boa verbalização, são inteligentes e agradáveis, atributos que muitas vezes usam para atrair simpatia e conseguir o que querem. É importante que o profissional de saúde esteja alerta a estas manobras, para não ser usado.
Nesta categoria, podem estar incluídos os dependentes de drogas ilícitas e alcoolistas. Deve-se estar alerta aos sinais de intoxicações ou abstinência. Conselhos ou promessas "arrancadas" destes pacientes não serão capazes de resolver seus problemas enquanto não admitirem que têm um problemas para controlar o uso da substância. É bastante útil estimula-los a participar de atividades.
Em relação ao potencial de violência, o profissional de enfermagem não deve demonstrar receio, porém não deve se expor desnecessariamente. É conveniente solicitar a ajuda de mais pessoas do serviço e até conter o paciente em caso de necessidade. O que não deve ser esquecido é que, seja qual for a medida adotada, ela deve vir acompanhada de respeito pelo indivíduo, evitando-se desafios do tipo: "Vem me bater agora."! Também é indispensável que se explique ao paciente que a medida adotada se deu porque ele passou do limite ou para protegê-lo.
Os outros membros da equipe terapêutica devem estar avisados e alertas, quanto a medida adotada para que apoiem os profissionais envolvidos e demais pacientes, evitando maiores transtornos. Conversar com os demais pacientes sobre o fato e após registrar o ocorrido e os procedimentos realizados.
Página 24

sábado, 12 de setembro de 2009

ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA TRABALHADORES EM SAÚDE MENTAL

Pequeno livro azul com um desenho de uma bússola e uma âncora na capa, organizado por professora Lúcia Rosa da UFPI, trazendo as colaborações de Alexandre Barbosa Nogueira, psiquiatra, Irlane Gonçalves de Abreu, professora e familiar, Josélia Carvalho, atuante assistente social na área da saúde mental. Publicação de 2003.Projeto de pesquisa financiado pela FAPEPI/Ministério da Saúde.
"O que é o louco?"
Em primeiro lugar, é um xingamento; em todos os sentidos, seja quando nos dirigimos a terceiros ou ao próprio doente, devemos evitar esse termo, por ser pejorativo e depreciativo.
"Como devemos nos dirigir a uma pessoa considerada louca pela comunidade?"
Com respeito e com cautela; evitar concordar com alucinações e delírios do paciente, bem como evitar contra-argumentar sobre tais sintomas; se o paciente diz que está ouvindo "vozes", você pode dizer que acredita que ele esteja ouvindo [...]; mas não deve dizer que "essas vozes não existem".[...]
"O que é o nervoso?"
É um xingamento menos agressivo, mais atenuado do que o anteriormente descrito. [...] de forma geral esa pessoa descrita como nervosa tem algumas características, tais como: ansiedade,irritabilidade, medos exagerados ou infundados, inibições, recalques, fobias, obssessões,rituais compulsivos; pessoas que se meocionam facilmente, que têm dificuldade de começar a dormir, que têm medo de doença, [...] choram por motivos banais.
"Como a família age? (quando detecta que seu familiar é Portador de Transtorno Mental (PTM))
Uma vez constatada a situação de que o familiar "está dando problema" a família começa a busca por soluções: médicaos de toda natureza ( a questão é clínica? É hrmonal? É cardíaca? É psicológica?), parapsicólogos, terapeutas alternativos ( leia-se tratamentos espirituais, com ervas, em casa de mãe de santo...), tudo é procurado. O médico psiquiatra e os tratamentos convencionais, com consultas regulares e a prescrição de medicamentos, tornam-se, entretanto, a " solução".
"Quais são os os principais cuidados com o PTM?
[...] A aceitação da medicação é causa de muita argumentação e convencimento. [...] Os remédios, muitas vezes, são jogados fora ou tomados em horários inadequados, por isso o cuidador usa, frequentemente, a estratégia de colocá-los camuflados na alimentação.
Páginas: 9/10/54 e 55

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE MENTAL

Meu agradecimento público ao amigo do Ninho Narciso Chagas por ter hoje contribuído de forma tão serena e equilibrada, orientado pelo princípio do amor, da solidariedade, da bondade, princípios que estão além do institucional, do que está legalizado em forma de lei, de garantia de direitos, etc.
Um grupo de senhoras chegou pontualmente às oito horas, oito meia o terapeuta e o restante do pequeno grupo de dez pessoas começam a atividade. Marta Barbosa coordena e auxilia no que for necessário. Os problemas são postos para partilha. Percebemos em alguns rostos, corpos, o sofrimento embutido. Queríamos apenas levantar uma mão e curar não só o emocional daquelas pessoas, mas a própria vida. Não há como fazê-lo, desvenda-nos o princípio da realidade. Mas a partilha e a aprendizagem coletiva do enfrentamento autônomo da vida vai no coração de cada um, com a mão esquerda no próprio coração e a mão direita no ombro do colega mais próximo na roda de conotação positiva.
Duas senhoras parecem-me precisar de algo mais que da escuta de conotação positiva, o emocional e o corpo estão doentes, denotam seus semblantes. Se o Ninho tivesse dinheiro, pagaria consulta no terapeuta naturista na segunda-feira. O Ninho sonha com um pronto- atendimento em terapias alternativas complementares ao tratamento medicamentoso ou preventivo ao uso da medicação.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

TERAPIA COMUNITÁRIA


O Ninho tenta fixar atividades quinzenais na comunidade. Neste sábado, 12 de setembro, no Complexo Cultural Grande Dirceu, antigo CSU do Renascença II, acontecerá Terapia Comunitária com o muito querido amigo do Ninho, Narciso Chagas. Das oito às dez da manhã.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

ENCONTRAMOS REGINA. VAMOS COMEMORAR DOMINGO COM SALADA DE FRUTAS

Martha Barbosa é uma nova asinha do Ninho, estudante de Serviço Social, lider juvenil na comunidade católica da região, perspicaz, vai percebendo as coisas e questionando. Resolutividade dos casos. Baixíssima. Ela acha preocupante. Eu me policio para não somatizar. Somos poucos. Numa sociedade com os pilares capitalistas competitivos, solidariedade e ajuda-mútua convivem com o discurso da diversidade e bondade cristã. Caridade na televisão para ganhar anúncio grátis e ONGs fraudulentas. Apoiar a diversidade porque é cult.
Então desde março "perseguimos" o paradeiro de Regina. Ex paciente do CAPS ad. Desentendeu-se com a família e ninguém sabia de seu paradeiro. E nem a familia se mostrou tão interessada. Abordagem difícil. O CAPS não pôde fazer uma visita domiciliar, o velho problema da falta de carro. Armamos a rede, a única informação é que ela ficaria a noite perto da igreja São Benedito. Não saio a noite, senão para aniversário infantil. Pedimos ajuda a APROSPI, associação das prostitutas do Piauí. Grandes pessoas, distribuem insumos como camisinha e outros nas baladas do amor em Teresina. Agradecemos a contribuição. Ao artista plástico Rogério e sua rede de contatos com artesãos de rua. Nosso obrigado. As assistentes sociais da SENTCAS, que nos informaram sobre uma piauense que estaria na Argentina e poderia ser nossa procurada. Não era. Agradecemos ao Fraternidade Espírita André Luiz, nossa equipe invisível. Cinco meses depois a encontramos. Bonita, de cabelos pintados, bem pretos com uma meia franjinha. Fora de crise. Hippe.
O dia foi tão difícil, nós que damos a cara ao cuspe do estigma, tem dia que dar vontade de desistir. Fingir de normal e pronto. É uma doença invisível em remissão. Então ouço aquela voz me chamando, apesar dos fones de ouvido, na hora da missa da tarde na igreja São Benedito. Ia passando, ensimesmada. Não a reconheço. Minha última lembrança de seu rosto, bem maltratado era de 2003, de uma internação sua no HAA.
Me aproximo e a abraço feliz. Faz artezanato e tem um companheiro, pareceu-me bem zeloso por ela. Está bem, na sua opção de vida. Não mora na rua. O casal tem uma casa alugada. Não me informaram endereço. Respeitei. Tem um problema de saúde física, que requer um procedimento caro, que não é feito pelo SUS, indiquei a volta ao CAPS em busca de encaminhamento, ajuda e a Defensora Pública de Saúde, Cláudia Seabra. Um casal bem simpático. Hippe ou artesã de rua a família dificilmente verá saúde nela.
Bom, pouquinha... mas felicidade clandestina, que nos resgata do desânimo.

EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS SAÚDE MENTAL NORDESTE II

Acontecendo em Teresina, no auditório do Hemopi, capacitação pelo FORMSUS em Incubação de Empreendimentos Solidários em Saúde Mental. Lúcia Rosa e Marta Evelin a frente com suas exitosas experiências no CAPS de União.
Temos uma voluntária do Ninho fazendo a capacitação. Passei lá rapidamente. Um tanto descompensada por conta de ainda está sem lotação no Estado. Preconceito e discriminação com profissonal que vive com transtorno mental. Afastada da sala de aula por esse motivo, não aceito outra função que não seja de nível superior. Tenho duas graduações, duas especializações e vários cursos. Não me imagino num empreendimento aprendendo artezanato para ganhar dinheiro. Com muito respeito os artesãs por vocação. Incluir o louco na vida produtiva capitalista passa por aprovações de leis e cumprimento destas.
Há um prognóstico da OMS que em 2030 a depressão já será a doença mais comum do mundo, superando o cancer e as doenças cardíacas. Depressão não mata logo, nem a longo prazo, mas incapacita. Sem falar das comorbidades, ela é o novo nome para loucura, que já se chamou melancolia. Os custos do seu aumenta recairá de cheio sobre o mercado de trabalho, leis trabalhistas precisam ser revistas. O mercado precisa se adaptar a essa pessoa funcional sob condições especiais, precisaremos de sistema de cotas, etc. O exame de sanidade mental precisa urgente ser banido dos editais dos concursos.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

NÓS

A. é uma mãe psicótica, seus dois filhos estudam na escola que trabalho na rede municipal. Nas séries iniciais, nenhum demonstrou até agora algum tipo de dificuldades de aprendizagem ou conduta. A. é extremamente ansiosa, chega sempre duas ou três horas antes do horário da saída das crianças. Conversar com ela é cansativo, mesmo para mim, que tenho certa tolerância no convívio com esses loucos "clássicos", ela repete muitas vezes a mesma coisa, pergunta ou afirmação. E no meio da conversa, mistura suas verdades-delírio. Hoje me disse perguntando várias vezes se os filhos estavam para sair, que uma lua estava todos os dias derrubando os pratos da casa dela. Solidária disse-lhe que irei visitá-la nesse fim de semana e então conversarei sério com esta lua. Ela me deu um sorriso de confiança. Como que penssasse. Agora, aquela lua vai ver só!
Ela cuida das crianças, o companheiro é feirante. As dificuldades que a familia passa por conta do seu transtorno, vou acompanhando por conversar com a filho mais velho. Tenho receio de acontecer uma sobrecarga para ele. Atividades domésticas que as vezes a mãe não consegue fazer e o pai cobra. Então tem brigas. Acredito muito na nossa funcionalidade sob condição psicótica. Então a única intervenção que penso fazer hoje é cobrar do Estratégia da Família um acompanhamento além do medicamentoso. O posto de saúde fica perto da casa dela. O ACS poderia está indicando para minimizar a ansiedade dela, a participação em atividades físicas gratuítas existente na comunidade. Saia da caminhada orientada da quatro horas e iria pegar as crianças. Já me disse que não sabe usar o relógio. Alguém da sua rede social, vizinhos, parentes poderiam estar sendo instruídos para isso. Ela repetia e falava alto, gritando no ouvido da pessoa a sua frente. Falei firme que não precisava, cansava a gente. Melhorou já não grita. Precisamos de legiões de amigos cuidadores para autonomia.

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.