sexta-feira, 4 de setembro de 2009

ENCONTRAMOS REGINA. VAMOS COMEMORAR DOMINGO COM SALADA DE FRUTAS

Martha Barbosa é uma nova asinha do Ninho, estudante de Serviço Social, lider juvenil na comunidade católica da região, perspicaz, vai percebendo as coisas e questionando. Resolutividade dos casos. Baixíssima. Ela acha preocupante. Eu me policio para não somatizar. Somos poucos. Numa sociedade com os pilares capitalistas competitivos, solidariedade e ajuda-mútua convivem com o discurso da diversidade e bondade cristã. Caridade na televisão para ganhar anúncio grátis e ONGs fraudulentas. Apoiar a diversidade porque é cult.
Então desde março "perseguimos" o paradeiro de Regina. Ex paciente do CAPS ad. Desentendeu-se com a família e ninguém sabia de seu paradeiro. E nem a familia se mostrou tão interessada. Abordagem difícil. O CAPS não pôde fazer uma visita domiciliar, o velho problema da falta de carro. Armamos a rede, a única informação é que ela ficaria a noite perto da igreja São Benedito. Não saio a noite, senão para aniversário infantil. Pedimos ajuda a APROSPI, associação das prostitutas do Piauí. Grandes pessoas, distribuem insumos como camisinha e outros nas baladas do amor em Teresina. Agradecemos a contribuição. Ao artista plástico Rogério e sua rede de contatos com artesãos de rua. Nosso obrigado. As assistentes sociais da SENTCAS, que nos informaram sobre uma piauense que estaria na Argentina e poderia ser nossa procurada. Não era. Agradecemos ao Fraternidade Espírita André Luiz, nossa equipe invisível. Cinco meses depois a encontramos. Bonita, de cabelos pintados, bem pretos com uma meia franjinha. Fora de crise. Hippe.
O dia foi tão difícil, nós que damos a cara ao cuspe do estigma, tem dia que dar vontade de desistir. Fingir de normal e pronto. É uma doença invisível em remissão. Então ouço aquela voz me chamando, apesar dos fones de ouvido, na hora da missa da tarde na igreja São Benedito. Ia passando, ensimesmada. Não a reconheço. Minha última lembrança de seu rosto, bem maltratado era de 2003, de uma internação sua no HAA.
Me aproximo e a abraço feliz. Faz artezanato e tem um companheiro, pareceu-me bem zeloso por ela. Está bem, na sua opção de vida. Não mora na rua. O casal tem uma casa alugada. Não me informaram endereço. Respeitei. Tem um problema de saúde física, que requer um procedimento caro, que não é feito pelo SUS, indiquei a volta ao CAPS em busca de encaminhamento, ajuda e a Defensora Pública de Saúde, Cláudia Seabra. Um casal bem simpático. Hippe ou artesã de rua a família dificilmente verá saúde nela.
Bom, pouquinha... mas felicidade clandestina, que nos resgata do desânimo.

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.