quinta-feira, 3 de setembro de 2009

NÓS

A. é uma mãe psicótica, seus dois filhos estudam na escola que trabalho na rede municipal. Nas séries iniciais, nenhum demonstrou até agora algum tipo de dificuldades de aprendizagem ou conduta. A. é extremamente ansiosa, chega sempre duas ou três horas antes do horário da saída das crianças. Conversar com ela é cansativo, mesmo para mim, que tenho certa tolerância no convívio com esses loucos "clássicos", ela repete muitas vezes a mesma coisa, pergunta ou afirmação. E no meio da conversa, mistura suas verdades-delírio. Hoje me disse perguntando várias vezes se os filhos estavam para sair, que uma lua estava todos os dias derrubando os pratos da casa dela. Solidária disse-lhe que irei visitá-la nesse fim de semana e então conversarei sério com esta lua. Ela me deu um sorriso de confiança. Como que penssasse. Agora, aquela lua vai ver só!
Ela cuida das crianças, o companheiro é feirante. As dificuldades que a familia passa por conta do seu transtorno, vou acompanhando por conversar com a filho mais velho. Tenho receio de acontecer uma sobrecarga para ele. Atividades domésticas que as vezes a mãe não consegue fazer e o pai cobra. Então tem brigas. Acredito muito na nossa funcionalidade sob condição psicótica. Então a única intervenção que penso fazer hoje é cobrar do Estratégia da Família um acompanhamento além do medicamentoso. O posto de saúde fica perto da casa dela. O ACS poderia está indicando para minimizar a ansiedade dela, a participação em atividades físicas gratuítas existente na comunidade. Saia da caminhada orientada da quatro horas e iria pegar as crianças. Já me disse que não sabe usar o relógio. Alguém da sua rede social, vizinhos, parentes poderiam estar sendo instruídos para isso. Ela repetia e falava alto, gritando no ouvido da pessoa a sua frente. Falei firme que não precisava, cansava a gente. Melhorou já não grita. Precisamos de legiões de amigos cuidadores para autonomia.

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