sábado, 21 de novembro de 2009

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE MENTAL

NOTICIAS BOAS 2

Soube "sorrateiramente" que já aconteceu a seleção de pessoal para trabalhar nos dois CAPS que abrirão até final de dezembro. Além do critério da indicação, parece-me que não houve outro e é assim que o povo vai caindo de paraquedas no serviço, só para depois receberem capacitação. Pelo menos ninguém me falou sobre análise curricular. Além de Amparo Oliveira (histórica) não conheço mais ninguém da saúde mental da FMS, não há uma coordenação, uma gerência ou nada que corresponda. Quem souber mais do que eu, por favor me informe.
A notícia boa é que estamos tentando fazer a ponte entre FMS e instituições que promovem práticas integrativas e complementares aqui em Teresina, assim sendo, se a respeitada técnica, competente e mulher de ação citada acima, não fazer "ouvido de mercador" ou agir com aquele típico comportamento dos normais, que nós loucos tão bem conhecemos, fingem que nos ouvem, fazem todas as promessas do mundo para não nos contrariarem e depois acham que não temos memória. Se assim não acontecer e muita gente boa que ler este blog me ajudar, pode ser que o CAPS Sudeste, que ficará no Dirceu I, já com casa alugada, seus usuários possam ser atendidos pelos terapeutas naturistas do Espaço Alternativo Casa São Domingos que tem endereço algumas quadras do mesmo bairro do futuro CAPS.
As integrativas também não curam doença mental, e agem parecido com o ensaio-erro da prescição da medicação, tem que se ir tentando, dependendo muito de indivíduo para indivíduo. Mas podem auxiliar muito no alívio de alguns sintomas.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

NOTÍCIAS BOAS!

Piauienses ganham prêmios no concurso Loucos pela Diversidade -2009, edição Austregésilo Carrano promovido com a parceria do ministério da Saúde, representado pela Fundação Osvaldo Cruz (Fio - cruz) e Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental - LAPS. A Âncora , associação de usuários pelo conjunto de seu trabalho leva o prêmio de R$ 15 mil e individualmente o artista plástico Valter Belo de Sousa, pessoa que vive com esquizofrenia, ganha R$ 7,5 mil por sua pintura. A premiação acontece no Rio de Janeiro, dia 25 deste.

sábado, 14 de novembro de 2009

“Fortalecendo a construção de práticas antimanicomiais nos serviços substitutivos”

Esse foi o tema do II encontro piauiense da luta antimanicomial de 2008. Por que será que precisamos está falando do combate práticas antimanicomiais dentro dos serviços da Reforma Psiquiátrica?
Hoje aconteceu o segundo encontro do curso sobre CAPS e interdisciplinaridade,420 inscrições. A terapeuta ocupacional Marta Evelin proferiu palestra sobre clínica ampliada no encontro passado. Apaixonante sua fala. Falava sobre a subjetividade do sujeito e o adoecimento psiquico, reabilitação psicossocial e o refazer dos contratos sociais.
Nas falas dos palestrantes de hoje, profissionais jovens, trabalhadores de CAPS, professores universitários, formadores de futuros profissionais foi para mim reveladoras do quanto o manicômio tem sido importado para os tão sonhados espaços de reabilitação, produção de autonomia e inserção na comunidade, que são os CAPS. Precisamos apostar no modelo, na rede de serviços, no fazer diferente. Os profissionais insistem que quem está lá no seu serviço é o diferente, o alien, o paciente que o "eu" doutor vai curar, controlar o sintoma. Não é uma pessoa de direito, com uma subjetividade sob condição psicótica. Igual ao hospício tem alta sem acompanhamento. Nenhum técnico tornou-se amigo o suficiente para dar um telefonema de aniversário ou banal qualquer. O "paciente" ainda não se tornou usuário, aquele que faz uso de um serviço, que é consumidor. Não é pessoa que vive com transtorno mental, ainda é o "portador".
Para uma imensa platéia na sua maioria composta de estudantes e profissionais recém chegados aos serviços, muito se poderia fazer em questão de mudança de cultura. Vamos ler Paulo Amarante, Franco Basaglia na fonte, Ana Pitta, Edmar Oliveira e tantos outros que não vemos em nossas formações tradicionais.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

FELICIDADE

Estou prometendo a mim mesma não ter mais "crises" de desistência. Vou "monitorar os sintomas". Recebemos hoje (13) na nossa roda de auto-cuidado nossa mais nova futura amiga cuidadora. Chegou assim na sua explêndida beleza ainda juvenil com dois olhos escuros e distímicos. Na busca do "armador para rede" havia dois psicólogos e uma experiente amiga cuidadora dispostos ao primeiro acolhimento. Nossa... que bom, não reclamarei mais que estou sozinha.
A roda foi muita boa. Agradecemos muito a Dona Savanir, nossa bondosa anfitriã que nos empresta uma sala de sua clínica-escola de terapias naturistas, Clínica Bio-nat na rua São Pedro. Estaremos lá todas as sextas-feiras pela manhã, com uma roda de apoio a bipolaridade e roda da vida, destinada ao apoio a pessoas que sobreviveram a tentativas de suicídio.
Que bom que não desisti. Estou feliz e criativa.

"Carlão é um obstinado, que revestia os momentos críticos com uma determinação contagiante." (Marcos P. Miranda, assistente técnico)
Um por todos todos por um - Lições da equipe de vôlei campeã olímpica
Editora Gente, 2002

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

TODOS POR UM

DETERMINAÇÃO

Em 1992 me recuperava do "grande surto", vivia a não vida pós haloperidol-clopormazina-fenergan e não lembro mais o quê. Saia de internações integrais nos spas da mente aqui de Teresina, Clínica ATENDE (não existe mais), Sanatório Meduna e Hospital Areolino de Abreu. Minha família contratou uma moça que me acompanhava (vigiava) e eu passava todo o dia vendo TV. Olimpíada de 1992 em Barcelona, não perdi um único jogo da super equipe de vôlei masculino. Nem os que passaram de madrugada. Naquele período era uma das poucas coisas que me despertava algum interesse.
Quis comprar aquele pôster da seleção com Marcelo Negrão e Giovanni, proeminentes entre os outros, meus preferidos. Eram heróis. Estavam vivos. Eu não estava.
Este ano só passando no SALIPI, como todos os anos nunca tenho um tempo maior. Eis que me deparo com um livro por um real. Um real. Todos por um/ Lições da equipe de vôlei campeã olímpica, o livro organizado por Pampa fala de cada um e suas potencialidades no grupo que contribuíram para a medalha de ouro e tem umas lendas budistas gostosas de ler.
Ontem eu pensava seriamente em desistir da luta, tenho filho, algum sonho acadêmico, a bipolaridade para 'gerenciar" e a luta é solitária. Uma labuta diária com pouca ou quase nenhuma ajuda. É difícil arranjar "armador para rede" como diz minha amiga Josélia, assistente social veterana na luta da saúde mental. Estou perdida nesses pensamentos de desalentos e quase decidida quando o telefone toca mais de nove horas da noite. Familiar desesperada: jovem medicada, fazendo psicoterapia e novamente com ideação suicida. Hoje outra familiar com o mesmo problema, menor com diagnóstico de esquizofrenia, mal atendido no CAPS i, em crise aguda e com ideação suicida. Que fazer? Correr atrás da rede. Não somos serviço, somos apoio e o suporte que podemos ofertar no momento é sermos rápidos, procurar e indicar a melhor alternativa para o cuidador, que nem sempre é a família, às vezes negociar com a família, quebrar a resistência desta em levar o usuário a um serviço psiquiátrico, de preferência e prioritariamente evitar uma internação integral. Penso mais uma vez nas nossas dificuldades nem mesmo um espaço temos para nossos encontros, para um trabalho de acolhimento, um endereço que sirva de referência para o usuário. Muitas vezes encontramos respeitados profissionais que nos oferecem colaboração, mas não há como recebê-los.
Volto atrás e procuro não deixar essas pessoas sem respostas, por mínima que seja a resolutividade desta resposta, mas não deixar de acudir a crise. O Ninho nasceu para isso.
Determinação é a competência que caracteriza Carlão, capitão do time de 1992. Por acaso ontem abri nessa página. "Para vencer, é preciso assumir o sacrifício"

Francisco Junior


Francisco Junior, professor da UFPI é amigo do ninho. A nota é apenas para parabenizá-lo pela qualidade dos eventos que promove, claro, junto a outras pessoas igualmente notáveis em Teresina, no caso do excelente encontro de Tanatologia, Carlos Henrique Aragão e Lúcia Rosa.
Na platéia alguns amigos do Ninho que já mais de uma vez tentaram apressar a travessia para outra vida. Como eu, com certeza depois do bom nível das discursões estão vendo a morte e a vida de forma "poliocular", ou seja com outras perspectivas.

domingo, 8 de novembro de 2009

"ATO MÉDICO" VIOLÊNCIA CONTRA A CIDADANIA

Texto de Austregésilo Carrano Bueno

Vivemos numa sociedade globalizada, e as informações nos chegam em avalanches todos os dias. Não é possível mais vivermos qualquer situação centralizada num saber único e total. Isso no mínimo é sermos jogados novamente em regimes ditatoriais que nos impedem e tentam manipular nossas vontades, anseios e razões de viver. Quando uma profissão, ciência, política, ideologia, querem suas verdades impondo como insofismáveis guela abaixo custe o que custar, menosprezando a verdade e a vontade da grande maioria, se tornam criminosos contra os cidadãos e a humanidade. Lembrando as políticas recentes na história do Nazismo, Comunismo Ditador, e da nossa Ditadura Militar, que nos impedia de exigirmos nossos direitos de livre escolha e pensamento. O "Ato Médico" que uma determinada classe de profissionais querem por que querem aprovar, me parece semelhante, ou por que não dizer igual, a essas políticas que causaram sofrimentos e atrocidades por gerações e mais gerações. Centralizar todo o conhecimento científico sobre toda a complexidade do ser humano, nas mãos de uns poucos profissionais é no mínimo uma atitude suicida de todo histórico do conhecimento humano. Os grande s mestres filósofos, gênios, e pensadores das atitudes do ser, devem estar se revirando em suas covas, por tanta hipocrisia, artimanha maldosa de uma certa classe de profissionais em busca de mais poder sobre o outro, que se estivessem vivos estariam na frente do Senado Brasileiro rasgando suas carnes de indignação. Sou militante ativo do Movimento da Luta Antimanicomial, e conheço como cobaia psiquiátrica que fui, o que é o poder médico dentro de uma instituição psiquiátrica, esses profissionais da psiquiatria são deuses senhores do nosso corpo e mente. Fazem conosco o que quiser e como quiser. Este poder que este projeto de lei pretende é o mesmo dos psiquiatras dentro dos chiqueiros psiquiátricos brasileiros. Senhores Senadores, até hoje não existe punição e nem indenização por mais de um século de torturas e criems paiquiátricos na história forence brasileira, esses profissionais médicos psiquiatras estão acima da Lei e da nossa Constituição. E por quê? Porque uma sociedade acomodada e omissa lhes deu esse poder supremo. Somos currados, torturados, aviltados, estigmatizados e mortos por eles, pois eles já são possuidores desse projeto que vocês estão propensos a aprovar... "Ato Médico Psiquiátrico" isto já é uma realidade dentro do sistema manicomial brasileiro. E agora querem sua expansão para toda a medicina. Mais poder de ação, e os efeitos dessas ações, quem serão os responsáveis? Serão so Senhores Senadores que provaram essa falcatrua, cheia de engodos para maior poder de contenção de toda uma sociedade cansada de ser ovelha dos que se dizem ser os donos únicos do Saber Humano. Fica aqui o meu repúdio a essa coisa, esse Bicho de Sete Cabeças chamado " Projeto de Lei do Ato Médico", e uma exigência, se os Senhores Senadores o aprovarem, com certeza serão também os responsáveis diretos pelas indenizações das vítimas dessa falcatrua. Quero meu direito de cidadão de ter e exigir a segurança de minha Saúde Mental e Física da maneira que minha razão me dita, e não a que querem me impor.
Saudações Antimanicomiais
Austregésilo Carrano Bueno
Escritor, ator, dramaturgo e ex cobaia da ditadura psiquiátrica.

(Infelizmente não há data, mas imagino que o texto é de 2004/2005 mais ou menos, lembrei dele perdido num amontoado de pastas que tenho com temáticas sobre saúde mental. Nada mais atual nesse momento de frenesi e inquietação sobre o "Ato Médico").

ARTE INSANA: Inscrições até 13 de novembro

Arte Insana é o concurso promovido pela Secretaria de Saúde do Estado/ Gerência de Saúde Mental lançado dia 09 de outubro no Festival Encontros e Loucuras na praça Pedro II. Evento que quem acompanha o blog, quase "enlouqueceu" o psiquiatra que dirige a Associação Psiquiatra Piauiense, ele não gosta desta história de chamar louco de louco. Imagina um concurso chamado Arte Insana.
O concurso abrange quatro categorias: artes plásticas (pintura, desenho, colagem), artesanato, escultura, literatura (autobiografias, poesias, relatos e contos).
A participação é destinada a usuários. Os prêmios são 500, 00 (quinhentos reais), 300,00 ( trezentos reais) e 200, 00 (duzentos reais).
Inscrições até o dia 13 de novembro na gerência de saúde mental
Informações: (86) 3216-3562

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

CONVERSANDO COM AS VOZES DE EDMAR

Terminei a leitura de Ouvindo Vozes, livro de Edmar Oliveira. Como já falei me emocionei várias vezes. Acredito que muitos que trabalham ou fazem militância antimanicomial identificaram histórias parecidas em suas vivências, histórias com finais menos ou mais felizes. Tristezas e alegrias colhidas durante plantões em serviços paiquiátricos ou grupos de apoio.
Eu cá bastante apreensiva sobre o destino do Sanatório Meduna. Se o SUS aumentou o preço para cada paciente, o que era uma das reclamações da sua direção. Alguém sabe o nome dos donos do Meduna? Eu não sei. Se ele permanece aberto, fiquei sonhando o que uma equipe como a de Edmar Oliveira poderia fazer para transformar aquele manicômio em serviços comunitários?
A porta de entrada é o serviço de urgência do Hospital Areolino deAbreu, lá não há mais o P.A (alguém lembra do velho pavilhão de alcólicos? Ficavam lá também o que se chamava drogadito ou era expressão parecida...), o número é cada vez maior de "dependentes químicos" ou "transtorno relacionado ao uso de substância" não ficam no HAA, a lei impede, são atendimentos para o CAPS - ad, temos apenas um. O jeitinho brasileiro "interna" todos esses casos que adentram aquela urgência no Sanatório Meduna, que não tem leitos reservados para dependentes químicos, lá todos são pacientes psicóticos. É para se acreditar nisso.
Não temos nenhum CAPS III, nem uma urgência psiquiátrica além do HAA, não há plantonistas psiquiatras em hospitais gerais. Por que não transformar aquele imenso prédio do Meduna em CAPS III e CAPS - ad masculino e outro CAPS - ad feminino? Sabe-se que muitas mulheres não procuram o CAPS -ad para não se exporem e lotam as enfermarias do Meduna.
Está previsto a abertura de dois CAPS II por pressão do Ministério Público, as casas já estão alugadas passando por reformas, uma na zona sul e outra na região sudeste.
Os psiquiatras que tentam atrapalhar com má vontade a implantação dos serviços da Reforma e brigam desumanamente, atendendo naqueles postos de enfermagem de paredes sujas e rachadas do Meduna e nem percebem (ele e toda uma equipe) que um paciente pode dormir dias sem uma lâmpada numa pequena enfermaria de duas camas. Esses fatos não incomodam, os loucos não tem direitos humanos, o que interessa é defender mais um salário. Não se envolvem, pecam pela omissão, não se queimam. Esses profissionais, infelizmente nesse momento muita gente jovem, serão os mesmos a concorrer em concursos públicos ou não para assumir o trabalho nesses CAPS. Dá medo!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

I SEMINÁRIO MUNICIPAL DE JUVENTUDE DE TERREIRO DE TERESINA

Venho através deste convida-la, para participar do I Seminario Municipal de Juventude de Terreiro de Teresina dia 07 e 08 na Obra Kolping no Dirceu II , Horario da Abertura dia 07 as 9 da manhã , inscrições na Coordenadoria de Direitos Humanos.

Rondinele dos Santos
Fone: (86) 8802-3047

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.