quarta-feira, 11 de novembro de 2009

TODOS POR UM

DETERMINAÇÃO

Em 1992 me recuperava do "grande surto", vivia a não vida pós haloperidol-clopormazina-fenergan e não lembro mais o quê. Saia de internações integrais nos spas da mente aqui de Teresina, Clínica ATENDE (não existe mais), Sanatório Meduna e Hospital Areolino de Abreu. Minha família contratou uma moça que me acompanhava (vigiava) e eu passava todo o dia vendo TV. Olimpíada de 1992 em Barcelona, não perdi um único jogo da super equipe de vôlei masculino. Nem os que passaram de madrugada. Naquele período era uma das poucas coisas que me despertava algum interesse.
Quis comprar aquele pôster da seleção com Marcelo Negrão e Giovanni, proeminentes entre os outros, meus preferidos. Eram heróis. Estavam vivos. Eu não estava.
Este ano só passando no SALIPI, como todos os anos nunca tenho um tempo maior. Eis que me deparo com um livro por um real. Um real. Todos por um/ Lições da equipe de vôlei campeã olímpica, o livro organizado por Pampa fala de cada um e suas potencialidades no grupo que contribuíram para a medalha de ouro e tem umas lendas budistas gostosas de ler.
Ontem eu pensava seriamente em desistir da luta, tenho filho, algum sonho acadêmico, a bipolaridade para 'gerenciar" e a luta é solitária. Uma labuta diária com pouca ou quase nenhuma ajuda. É difícil arranjar "armador para rede" como diz minha amiga Josélia, assistente social veterana na luta da saúde mental. Estou perdida nesses pensamentos de desalentos e quase decidida quando o telefone toca mais de nove horas da noite. Familiar desesperada: jovem medicada, fazendo psicoterapia e novamente com ideação suicida. Hoje outra familiar com o mesmo problema, menor com diagnóstico de esquizofrenia, mal atendido no CAPS i, em crise aguda e com ideação suicida. Que fazer? Correr atrás da rede. Não somos serviço, somos apoio e o suporte que podemos ofertar no momento é sermos rápidos, procurar e indicar a melhor alternativa para o cuidador, que nem sempre é a família, às vezes negociar com a família, quebrar a resistência desta em levar o usuário a um serviço psiquiátrico, de preferência e prioritariamente evitar uma internação integral. Penso mais uma vez nas nossas dificuldades nem mesmo um espaço temos para nossos encontros, para um trabalho de acolhimento, um endereço que sirva de referência para o usuário. Muitas vezes encontramos respeitados profissionais que nos oferecem colaboração, mas não há como recebê-los.
Volto atrás e procuro não deixar essas pessoas sem respostas, por mínima que seja a resolutividade desta resposta, mas não deixar de acudir a crise. O Ninho nasceu para isso.
Determinação é a competência que caracteriza Carlão, capitão do time de 1992. Por acaso ontem abri nessa página. "Para vencer, é preciso assumir o sacrifício"

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.