domingo, 20 de outubro de 2013

O AMOR COMO CAUSA DO SUICÍDIO: OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER SEM ROMANTISMO

Há algumas semanas terminei de ler Os Sofrimentos do Jovem Werther, numa cuidadosa tradução de Erlon José Paschoal. O livro do autor alemão Goethe é um clássico mundial, escrito  na segunda parte do século XVIII, inaugurando a escola literária romântica alemã. Resumidamente em quaisquer referência que se busque a respeito das desventuras do jovem Werther, se encontra a conclusão que o jovem apaixonado por uma moça, sua amiga, que já prometida, torna-se esposa de outro. Desse enredo concluí-se que sua louca paixão  o leva a um tiro de pistola na própria cabeça.
O tiro ficou famoso, tanto quanto as roupas de épocas usadas pelo personagem, uma combinação entre parte de baixo amarela e casaco azul (imagina, que  roupas os jovens atuais imitariam?) foram copiados e observou-se outro comportamento imitativo que se ficou conhecido como "Efeito Werther", pessoas, principalmente jovens, suicidavam-se deixando ao lado, o livro. A obra traduzida para alguns países vizinhos, foi proibida. O Efeito Werther de alguma maneira ainda orienta  a proibição à imprensa de noticiar os inúmeros casos de suicídios, de forma  cotidiana e alarmante.
Mas voltemos ao texto de Goethe, seu personagem, não é um nobre, mas não é um servo, tem uma posição social favorável, toda a história mesmo no idílico contemplar da natureza é sempre questionador, incomodado e depois insatisfeito, tem péssima inteligência interpessoal ( não se dar bem com a maioria das pessoas), por algumas vezes relata seu contato com pessoas insanas e a defesa do suicídio, sem que aja até então motivo justificador para tal. O que eu quero transpor para nossos dias é que mesmo sem a justificativa da morte por não poder possuir a mulher amada, a baixa estima,  a depressão, o tradutor usa esta expressão, numa época que não havia psicofármacos, seus outros fracassos na vida o levariam ao óbito autoprovocado.
Um jovem do bairro vizinho ao meu, foi enterrado esta semana, depois de agonizar alguns dias internado num hospital geral, utilizou-se de veneno para ratos, o motivo seria o rompimento com a namorada. Geralmente a causa não é somente o desamor de alguém, mas uma série de insatisfações, desesperanças outros tantos sofrimentos emocionais, envolvendo até mesmo sintomas graves de um transtorno mental não tratado devidamente e ou psicoses na dependência química.
Aventuras amorosas ainda é situação de risco para alguns psicóticos, pessoas com tendência a depressão ou outras patologias da emoção, se muita coisa não dar certo e o amor não recompensa, infelizmente temos um gatilho armado para partidas antecipadas, desta vida cheia de surpresas e infinitas angústias.

Leia também o  texto no link abaixo, muito bom:

sábado, 12 de outubro de 2013

SECA E SUICÍDIO NO SERTÃO NORDESTINO



Trabalhando há quase um ano em Araripina, região do Sertão do Araripe Pernambucano,  fronteira com o Piauí, tenho me assustado com a quantidade de suicidios em todas as faixas etárias, principalmente na zona rural. Conversando com os moradores da região, soube que esses fatos são recentes, a população anda assustada. Com o olhar de pesquisador-interventor-louco, que aprendi com  a Professora Lucia Rosa resolvi me envolver mais ainda nessa dinâmica.
Não precisou muitas conversas/entrevistas para desconfiar do motivo de tantos suicídios: omissão por parte do Estado com relação a estiagem que tanto assolou/assola o sertanejo nos últimos anos. Vejamos a fala de uma senhora que o marido se suicidou sem setembro deste ano “Toda vez que um boi morria, meu marido não dormia e chorava muito (...) ver os meninos meus netos sem o comer dói na gente (...) minhas lagrimas também secou” (Moradora do Povoado Sitio Lagoa do Barro – Araripina-PE). A morte está presente em vários aspectos e sentidos: morre a esperança, morre o gado, morre a vegetação, crianças morrem.
Vendo de perto essa realidade me questiono a respeito do mito que foi criado de que nós nordestinos somos fortes por natureza, mito esse que reforça o descaso com o sofrimento vivenciado por esse povo.  Por enquanto nada de pratico tem sido feito além da doação de caixões para as famílias enterrarem seus entes.
Sei também que vem acontecendo o mesmo na região de Picos-PI,  já aconteceu de uma família inteira se suicidar no mesmo dia na Zona Rural de Marcolândia-PI. E a realidade é que não vemos nenhuma matéria jornalística, os suicídios sendo registrados como “morte suspeita”, descaso de todas as esferas governamentais.
                Pra você que está lendo esses poucos parágrafos pode parecer que estou fazendo uma associação equivocada, não sou eu que estou dizendo, são os sujeitos dessa realidade cruel devastadora material e emocionalmente, tendo seus direitos fundamentais e à vida negados, falta quase tudo. Falta água, comida, remédios e assim vai, fé e esperança somente nos santos padroeiros. “Criei meus filho pro mundo, pra vida, sabe (...) enterrei dois já (...) agora que a agonia é maior (...) esperar em Deus e Nossa Senhora né?” (Morador do Distrito de Nascente, entre Araripina-PE e Trindade-PE).

Ailton Emerson Moura Ferreira
Assistente Social do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, lotado na Vara da Infância e Juventude de Araripina-PE.

MEMÓRIAS DE EXCLUSÃO: A LOUCURA E OS NÃO SUJEITOS

Holocausto Brasileiro silencioso e desumano


Por
Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA
“O repórter luta contra o esquecimento. Transforma em palavra o que era silêncio. Faz memória. Neste livro, Daniela Arbex devolve nome, história e identidade àqueles que, até então, eram registrados como ‘Ignorados de tal’. Eram um não ser”. O prefácio, escrito por Eliane Brum, introduz o livro Holocausto Brasileiro, da jornalista Daniela Arbex.
Lançado em junho deste ano, o livro dá voz às vítimas do maior hospício brasileiro localizado em Barbacena – MG. O Colônia, como é chamado, começou a funcionar em 1903 e tornou-se destino de desafetos, homossexuais, militantes políticos, mães solteiras, alcoolistas, mendigos, negros, pobres, pessoas sem documentos e todos os tipos de indesejados, inclusive os chamados insanos, escreve Arbex.
“Cerca de 70% não tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoolistas, homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava, gente que se tornara incômoda para alguém com mais poder. Eram meninas grávidas, violentadas por seus patrões, eram esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, eram filhas de fazendeiros as quais perderam a virgindade antes do casamento. Eram homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos trinta e três eram crianças.”
O (En)Cena entrevistou Daniela para conhecer essa realidade até então ignorada.

(Imagem retirada de http://www.cafecomnoticias.com)
 
(En)Cena – O que lhe motivou a escrever o "Holocausto Brasileiro"?
Daniela Arbex– O fato de essa ser uma história desconhecida da maioria do país. Como 60 mil mortes ocorreram durante oito décadas dentro de uma instituição brasileira e a nação jamais soube disso? Logo que tive acesso aos números, senti necessidade imediata de encontrar os rostos dessa tragédia. Holocausto brasileiro é a história contada pelo olhar de quem sentiu na carne toda essa dor e sobreviveu.
 
(En)Cena – Qual sua ligação com esse tema?
Daniela Arbex– Tudo que diz respeito à defesa dos direitos humanos me atrai. Me considero uma porta-voz das vítimas silenciosas. O que busco com o meu jornalismo é fazer a sociedade enxergar os invisíveis. Além disso, sou brasileira e a dor dos pacientes da Colônia é a dor de todos nós. Não é possível ficar indiferente à barbárie, a injustiça e a covardia.
O que sempre digo é que a verdade tem força, mesmo 50 anos depois, como no caso do Holocausto brasileiro. A indiferença alimenta o extermínio. Não podemos mais continuar fingindo que não vemos. Por isso, o meu sonho é que o livro possa fazer com que a exclusão dê lugar ao acolhimento. Todos nós conhecemos alguém que não se ajusta as normas sociais. Então cada um de nós tem motivo suficiente para lutar pela humanização do atendimento oferecido aos considerados insanos. Não podemos permitir que modelos como o Colônia ainda tenham espaço na nossa sociedade.
 
 
(En)Cena – Qual é o seu objetivo com o "Holocausto"? Como jornalista, qual é a responsabilidade que você tem ao escrever esse livro?
Daniela Arbex– Meu desejo é que o Brasil conheça a extensão dessa tragédia. O meu desejo é que este livro  inspire a sociedade na busca da verdade e da justiça. Como porta-voz das vítimas silenciosas, utilizo o jornalismo para dar voz aos socialmente mudos.
 
(En)Cena – Qual a história que mais te impressionou?
Daniela Arbex– A do bombeiro João Bosco. Nascido dentro do Colônia, ele foi retirado da mãe aos 2 anos de idade. Os dois passaram a vida inteira separados. Ela sofrendo por não saber como enterrar um filho vivo e ele por achar que foi rejeitado. Somente em 2011 eles se reencontraram e puderam, enfim, conhecer toda a verdade. Duas vidas destruídas por um sistema excludente e injusto.
 
(En)Cena – E hoje o prédio do Colônia é utilizado de que forma? O que foi feito dele?
Daniela Arbex– O hospital continua funcionando, mas deixou de ser uma unidade unicamente psiquiátrica para atender outras especialidades médicas. Tornou-se um hospital regional. Do período do Colônia restam 160 pessoas que tem sobrevida estimada em, no máximo, mais dez anos.
 
(En)Cena – No fim do prefácio, escrito por Eliane Brum, ela afirma que "o holocausto ainda não acabou". Onde ele ainda existe? Como se manifesta?
Daniela Arbex– É verdade. O holocausto não acabou e se manifesta em modelos de atendimento desumanizados e excludentes que reproduzem as condições indignas do Colônia. Instituições como essa estão espalhadas por todo o país, basta verificarmos o levantamento das últimas caravanas realizadas no país para checar o atendimento oferecido em hospitais psiquiátricos.
(En)Cena – Mas afinal, de quem é a culpa de toda essa barbárie?
Daniela Arbex– De toda a sociedade. Do governo brasileiro por ter permitido a existência de uma barbárie como essa, de funcionários, médicos, familiares que se omitiram diante deste genocídio. A responsabilidade pelo nosso holocausto é coletiva.
Retirado de:
 

 

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

ENVELHECER COM TRANSTORNO MENTAL

Adital
Foto:GeriatraCuritibaUma das causas apoiadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) será celebrada amanhã, 10 de outubro, em várias partes do mundo. É o Dia Mundial da Saúde Mental, evento que busca unir esforços para acabar com a estigmatização e a discriminação associadas aos problemas de saúde mental. Ao mesmo tempo, atividades são realizadas para levar conhecimento acerca do trabalho realizado com doentes mentais, expondo as reivindicações e necessidades mais recorrentes das pessoas com enfermediddes mentais bem como seus familiares.
O tema da edição deste ano abordará a saúde mental em idosos, já que dados da OMS revelam que a proporção de pessoas mais velhas está aumentando rapidamente no mundo, com a estimativa de que, até o ano de 2100, a quantidade da população com 60 anos aumente mais de três vezes. Além disso, há a comprovação de que os transtornos neuropsiquiátricos representam 6,6% da descapacidade total nesse grupo etário e de que 15% dos adultos de 60 anos ou mais possuem algum transtorno mental.
Organizado pela Federação Mundial para a Saúde Mental (WFMH), com o apoio da OMS, estão programadas atividades em mais de 100 países sobre o tema. No Uruguai, além de uma palestra haverá uma apresentação de experiências por diretores de centros geriátricos e psicólogos especializados no trato com a terceira idade. Já o projeto mexicano NeuroSalud dedicará o dia a palestras sobre neurociência aplicada à saúde mental, evidências moleculares do envelhecimento e a saúde mental no estado de Guanajuato.
No Brasil, a Universidade do sul de Santa Catarina (Unisul) debaterá a reforma psiquiátrica no Brasil, saúde mental no sistema de justiça e apresentação de grupos de trablho. No tocante à saúde mental no país, a OMS faz exigências para mais investimentos em serviços de prevenção e tratamento das doenças mentais, neurológicas e de distúrbios associados ao uso de drogas e outras substâncias. Desta forma, seriam criadas formas mais eficazes e mais humanitárias de serviços.
Retirado de:

Há algum tempo tenho colhido material bibliográfico para um artigo sobre o tema do envelhecimento das pessoas que vivem com transtornos mentais há muitos anos, como eu. Penso que na pesquisa poderei descobrir o maneiras de prevenção para um envelhecimento menos disfuncional, se estaremos propensos mais que os outros às doenças neuropsiquiátricas como as demências, se o transtorno ficará mais incontrolável, etc. Bom tema para novas preocupações com a saúde mental da população.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL NA CHINA. COMO SERÁ?

Sempre conversamos. Diz que é de Floriano, não ainda onde fica seu "território" em Teresina, já a encontrei em diferentes lugares da cidade. Outro dia tinha um carrinho de supermercado, parecia a figura daqueles loucos americanos que aparecem em filmes.
Semana passada uma familiar me disse o "diabo" por que soube que eu dissera que iria denunciar ao MP a família se não cuidassem da sua filha em crise mental, já vagando pelas ruas. Depressiva com histórico de ideação suicida. Disse que se ela queria uma futura louca de rua que não cuidasse. O MP não poderia fazer muita coisa contra o auto preconceito, a não aceitação da loucura em casa e outras coisas ouvi e outras falei. Um horror! A família viajou com a moça para o interior. Lembram que antes os nobres levavam seus entediados (melancólicos) para o campo...??? Tomara que tenham levado os antidepressivos.
Pelas comemorações de aniversário de um centro espírita, escrito no cartaz o tema é: DEPRESSÃO O MAL DO SÉCULO,  palestras de uma psiquiatra e um psicólogo. Notório que são os únicos assuntos psiquiátricos que chamam a atenção dos estudiosos espíritas: depressão e suicídio. 
 
Hoje socorri uma moça em crise mental, na hora do terço. Branca, bem vestida, de óculos, relógio... uma máscara de hospital no nariz, bastante agitada com suas aves marias e salve rainhas fora do tempo. A abordagem parecia difícil, mas a experiência ajudou. Fui deixa-la em casa, minha vizinha (novidade!) moradora nova, paciente do Caps SUDESTE, tem em casa um ótimo coquetel psi, mas não aceita. Em crise agudíssima. Ligamos para a equipe do CAPS que irá fazer uma visita domiciliar na segunda, mas penso que a mãe, idosa, única familiar poderá amanhã mesmo, fazer uma integral no CAPS III. Desacostumada ao caos do surto, fiquei assustada tanto quanto as pessoas comuns. O CAPS é longe, meu tempo mínimo. Notificando desde já a equipe invisível para ajudar amanhã.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

10 DE OUTUBRO: DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL


07/10/2013 - 10h52 | Atualizado em 07/10/2013 - 19h47
Por Assessoria de Comunicação SESAPI - secsaudepi@gmail.com

Sesapi inicia atividades alusivas ao Dia Mundial da Saúde Mental

A programação teve início no Hospital Areolino de Abreu (HAA)

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Adriano Magno/SesapiSesapi inicia atividades alusivas ao Dia Mundial da Saúde MentalMissa marcou abertura das comemorações no HAA
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) deu início nesta segunda-feira (07), a uma programação de atividades em comemoração ao Dia Mundial de Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro. Com o tema “Saúde Mental: Um direito de Todos”, a programação teve início no Hospital Areolino de Abreu. Uma missa em ação de graças que envolveu pacientes, familiares e servidores do HAA marcou a abertura solene. Durante toda a manhã cerca de 100 dos 160 internos também participaram de palestras, atividades lúdicas e terapias ocupacionais.
Ainda no HAA, no dia 8, terça-feira, a programação segue com uma partida de futebol entre pacientes e funcionários do HAA. Para as mulheres será ofertado um dia especial de beleza, com serviços de corte de cabelo, manicure e pedicure. Já no dia 09, os pacientes farão um passeio ao Parque Potycabana. No dia 10 acontece escovação dentaria, exposição de telas e apresentações musicais. A programação será encerrada dia 11 com a inauguração do Serviço de Fisioterapia ambulatorial e apresentação da banda Três contigo.
A diretora administrativa do Hospital Areolino de Abreu, Maria do Socorro, explica que a programação foi pensada para chamar a atenção da sociedade para a questão da saúde mental. “Nosso objetivo é eliminar o preconceito social com os portadores de transtornos mentais e ao mesmo tempo mostrar para a sociedade que essas pessoas são produtivas, que há uma grande produção cultural a
partir do trabalho delas”, disse a diretora.
Visita Residência Terapêutica – No dia 10 de outubro, às 7h, o secretário de saúde Ernani Maia visita a Residência Terapêutica do Bairro Vermelha, localizada na Rua 13 de Maio, nº 2270. À noite, a partir das 18h30, haverá a roda de conversa: vozes da saúde mental, no auditório da Faculdade Santo Agostinho, bairro São Pedro.
No dia 18 de outubro será realizado ás 8h, no Diferencial Buffet, bairro Ilhotas, o Encontro Estadual de Usuários, Familiares e Profissionais de Saúde Mental. Para encerrar as atividades, nos dias 24 e 25 de outubro, de 08h hrs às 17h, uma qualificação em álcool, crack e outras drogas para profissionais da Rede de Atenção Psicossocial, no auditório da Fiepi.
Por Adriano Magno
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E o funcionamento do CAPS i  em reforma desde 2011? A questão da intervenção no caso dos cárceres privados? A questão dos pacientes do Hospital de Custódia? A questão dos pacientes internados por ordem judicial no HAA, sem recomendação médica, mas de um juiz. Quantos usuários melhoraram suas condições de vida? A habitação, o acesso ao emprego, o acesso ao atendimento prioritário na marcação de consultas nos ambulatórios? Quantos ambulatórios funcionam realmente nas cidades do Piauí, constituindo a rede psicossocial, para que os CAPS não virem mini hospitais cronificadores de pacientes "incapacitados" pelo sistema manicomial sem muros? Seminários, palestras, simpósios, comemorações nas quais não somos protagonistas, nem objetos de estudo, mas somente de intervenções ainda toscas no sentido de aborto a Reforma Psiquiátrica Brasileira como foi pensada originalmente: o tratamento na comunidade, a reintegração da pessoa que vive com transtornos mentais na cidade. A luta contra o estigma, o preconceito e discriminação nem sequer são tocadas nestes eventos, no geral, primeiro, falam os doutores, outros normais e por último os usuários, ninguém mais ouve seus discursos de dores, sua fala do sofrimento é apenas "símbolo" da manutenção da sua falta de protagonismo, não gosto da palavra empoderamento. Triste dia 10 de outubro para você usuário consciente!!!

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.