terça-feira, 28 de abril de 2009

UM NOVO LUGAR SOCIAL


Por mais de duzentos anos, a relação que a sociedade ocidental manteve com as pessoas em sofrimento psíquico foi mais ou menos a mesma: longas e intermináveis internações em hospitais, caracterizados pelo abandono ou pelos atos de violência. O conceito de alienação mental (assim como suas derivações posteriores, doenças e transtorno mental) implicou atitudes sociais negativas, de medo e rejeição, devido às concepções deles decorrentes, tais como a periculosidade, incapacidade, irracionalidade, sempre estigmatizantes e discrinatórias.

Muitos milhares de pessoas morreram em hospitais psiquiátricos em todo mundo. E, apesar das denúncias, das lutas e das práticas inovadoras, ainda existem muitos óbitos em hospitais psiquiátricos e muitas outras situações de violência. Em agosto de 2006, a Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou o Estado brasileiro pela morte de Damião Ximenes, ocorrida em uma clínica psiqiátrica da cidade de Sobral (Ceará) em 1999.

[...] o quadro só começou a mudar no final da Segunda Grande Guerra, quando a humanidade percebeu as atrocidades que os homens preticavam uns contra os outros e, se deu conta de que atos absolutamente iguais àqueles praticados durante a segunda guerra eram habitualmente realizados contra os "doentes mentais" em instituições que em nada se diferenciavam dos campos de concentração. Basaglia (2005) resumiu de forma decisiva e reveladora esta condição ao se referir aos "crimes da paz" praticados em nome da ciência, da ordem e da razão.

E, é exatamente por causa desta postura radicalmente crítica quanto à farsa de tais instituições que se denominam terapêuticas, que a experiência italiana é, certamente, a mais viva e atual dentre todas as experiências internacionais que visitamos. Em 13 de maio de 1978, o Parlamento Italiano aprovou a Lei 180, que reorganizou o modelo o modelo o modelo assistencial às pessoas em sofrimento mental no país.

A Lei Basaglia como ficou conhecida, determinou o fim dos hospitais psiquiátricos e possibilitou a abertura das condições legais para a construção de um novo cenário assistencial e político. A data da aprovação desta lei serviu de inspiração para que fosse instittído no Brasil o Dia Nacional da Luta Antimanicomial que desde 1988, passou a ser comemorado no dia 18 do mesmo mês de maio.


Paulo Amarante

Saúde Mental e atenção psicossocial. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007

terça-feira, 21 de abril de 2009

NO CAMINHO TIVE UMA CRISE...




No dia não comemorado do aniversário do Sanatório Meduna, aniversário de setenta anos da tia Inês, avó de A. meu sobrinho, vou buscá-lo de alta, depois de 22 dias de internação. Eu, outro tio e a mãe, zelosa, que lhe fez visita todos os dias.


Meu olhar acompanha rápido o cotidiano do manicômio, pacientes choram para ir embora, outros pedem lembranças, cigarros, brigam por um toco deles. Outros reclamam a suas mães, sentem sintomas de outras doenças, querem mudar de pavilhão, deixar um mais agitado. Uns têm visitas, outros não.


As instalações são velhas, paredes rachadas, lâmpadas queimadas (meu sobrinho relata que o quarto estava no escuro há cinco dias). O posto de enfermagem é um lugar degradante, empoeirado, parede rachada, sem cor e cheia de alguns cartazes velhos, janelas velhas e sujas. Neste lugar atendem médicos, enfermeiros, assistentes sociais.


Lembro de um encontro rápido com seu idealizador Clidenor Freitas num seminário sobre saúde mental em 1997. Ele olhou para mim e comentou que o Meduna dava certo, eu era o exemplo, porque um dia estive lá. No prontuário do meu sobrinho o psiquiatra escreveu, depois de 22 dias de haloperidol, prometazina, fenobarbital e diazepan: "paciente com voz lenta e baixa, discurso coerente". No dia da internação dizia que estava no natal, era emissário de Cristo para uma tal de missão final e depois falava em dinheiro. O hospital psiquiátrico com a internação integral, em acomodações desconfortáveis ainda tira do surto. Lembro novamente de Clidenor e como era empreendedor, talvez se vivo fosse, transformasse seu "animal social" em uma pensão protegida, sua empresa em uma fundação qualquer coisa com ajuda internacional e tudo. Redesenhasse o modelo de atendimento ao ideário da Reforma, desse cor aquelas paredes e perspectivas de recontratualidade social para os milhares de crônicos que se revesam nos leitos mantidos pessimamente pelo SUS e leria toda uma literatura produzida por pessoas que vivem e convivem com transtorno mental, além das trezentas edições em línguas diferentes de Dom Quixote que manteve em sua biblioteca.

CANTO DOS MALDITOS: Sanatório Meduna faz 55 anos


O hospital, inaugurado em 1954, revoluciona o tratamento psiquiátrico no Nordeste.


Dez anos depois de iniciada a sua construção, foi inaugurado, em 21 de abril de 1954, o Sanatório Meduna, que inovou o tratamento psiquiátrico no Nordeste. O hospital foi construído pelo médico Clidenor de Freitas Santos, um revolucionário da psiquiatria no Piauí. Quando assumiu a direção do hospital Psiquiátrico do Piauí (Areolino de Abreu), onde encontrou os doentes mentais cobertos de ferro, Clidenor os enfilerou e foi com eles até a rua depositar ao sol 1.450 quilos de ferro. O Meduna recebeu este nome em homenagem a Ladislau Von Meduna, médico húngaro que descobriu o tratamento da loucura pelo cardiazol. O Sanatório foi construído durante dez anos, com oito pavilhões, dois pátios, um edificio com dois andares e 120 leitos. Câmara Cascudo comparou a sua arquitetura a um castelo medieval. Na entrada do hospital, Clidenou mandou erigir uma estátua do lendário Dom Quixote.

Zózimo Tavares. 100 Fatos do Piauí no Século 20. Teresina: Halley,2000.

120p.ilust.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA NA CRISE II

Uma amiga generosa se entristece e me pergunta se não é possível evitar as crises. As recaídas como dizem os terapeutas. Talvez se estivermos sempre protegidos dos fatores estressores externos. Psicóticos da bolha de plástico. Estaríamos privados de todas as emoções do mundo. Ruins, mas também as boas. Universidade, casamento, filhos, amigos, pessoas que nos amam e pessoas que nos odeiam, igualmente precisaríamos nos proteger delas.
Não, viver com transtorno mental é viver em altos e baixos. Ser inteligente, aproveitar muito bem o momento de euforia, guardando alguma coisa para fase depressiva. No momento de desordem mental intenso, do sofrimento psiquíco materializado, não entrar em desespero. É só mais uma crise. Mas você sabe, e é o que desestimula, que o processo para remissão dos sintomas é árduo e doloroso. Revisão de medicação, terapias formais ou informais, você precisa delas. Somente a medicação não resolve. A coragem para buscá-las são minados pelos sintomas e o cansaço da busca permanente para vencer a doença.
A amada amiga, tem parente psicótico e não entende. A família não entende. Mantém seus "diferentes" no quarto com janelas de vidro "windows" ou mandam para a vida no campo, numa cidadezinha do interior.
Então você reage... chega ao banco com um boleto para pagar e vê uma fila enorme: se dirige ao caixa especial para gestante, idosos e pessoas com criança no colo e fala que está numa crise psicótica, mostra atestado médico. Observa o estranhamento do caixa. E é atendida com prioridade. Jamais sua ansiedade suportaria aquela fila.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

POETA EQUIVOCADO I

Poema brasileiro - Ferreira Gullar
No Piauí de cada 100 crianças que nascem 78 morrem antes de completar 8 anos de idade No Piauí de cada 100 crianças que nascem 78 morrem antes de completar 8 anos de idade No Piauí de cada 100 crianças que nascem 78 morrem antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade
Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira (São Luís, MA, 10 de setembro de 1930) é um poeta, crítico de arte, biógrafo, memorialista e ensaísta brasileiro.

E agora assumido pai de pessoas que vivem com transtornos mentais. Hoje fui ao psiquiatra e este me falou com aqueles olhos que brilham quando me veêm, a excessão da regra, a paciente que deu certo e quando quer me provocar para uma boa discussão sobre saúde mental, ele defendendo o manicômio, claro. Me falou triunfante do excelente artigo escrito por Ferreira Gullar na Folha de São Paulo, eu ruim. Doida, doida. Quando você melhorar, dar uma olhada. Pois é... li e fiquei indignada. Já tinha uma cisma com Ferreira Gullar desde que li o Poema Brasileiro, sempre achei-o equivocado. Não sei a data do poema, talvez anterior ou década de 1980.Também não sei se já existia o Indice de Desenvolvimento Humano (IDH), uma média de desenvolvimento baseada em parâmetros de riqueza de uma região, educação e esperança média de vida. Hoje o Maranhão tem um IDH menor que o do Piauí. Ué, porque ele não usou as misérias do Estado dele? Somos vizinhos, os Maranhenses podem ter riquezas naturais e um passado histórico inegável, que falta ao Piauí. Mas a miséria, pobreza por lá, é a olhos vistos. O Piauí como todo o nordeste tem pobreza e resto é esteriótipo e preconceito criado encima do nosso povo, por pessoas como esse poeta equivocado.
E na questão da política de saúde mental no Brasil é totalmente desinformado, a Reforma Psiquiátrica Brasileira foi um processo histórico desencadeado por todo um movimento social no final da década de 70, começando pelas denúncias dos próprios trabalhadores de hospitais psiquiátricos de maus tratos a pacientes, más condições de trabalho, etc. Processo histórico não se barra. Vide o sufrágio feminino, 70 anos de luta, abolição do trabalho escravo negro, o poder da diversidade gay, e tudo é político e ideológico. A ciência não é neutra e nunca foi. Apostar para ver pessoas com transtornos mentais ricas e pobres vivendo com mais qualidade de vida sem estarem trancafiadas.

FERREIRA GULLAR: Poeta equivocado II

Retirado do blog de Rogélio Casado, atualíssimo. Repassando.

Folha de São Paulo
São Paulo, domingo, 12 de abril de 2009
FERREIRA GULLAR
Uma lei errada
Campanha contra a internação de doentes mentais é uma forma de demagogia
A CAMPANHA contra a internação de doentes mentais foi inspirada por um médico italiano de Bolonha. Lá resultou num desastre e, mesmo assim, insistiu-se em repeti-la aqui e o resultado foi exatamente o mesmo.
Isso começou por causa do uso intensivo de drogas a partir dos anos 70. Veio no bojo de uma rebelião contra a ordem social, que era definida como sinônimo de cerceamento da liberdade individual, repressão "burguesa" para defender os valores do capitalismo.
A classe média, em geral, sempre aberta a ideias "avançadas" ou "libertárias", quase nunca se detém para examinar as questões, pesar os argumentos, confrontá-los com a realidade. Não, adere sem refletir.
Havia, naquela época, um deputado petista que aderiu à proposta, passou a defendê-la e apresentou um projeto de lei no Congresso. Certa vez, declarou a um jornal que "as famílias dos doentes mentais os internavam para se livrarem deles". E eu, que lidava com o problema de dois filhos nesse estado, disse a mim mesmo: "Esse sujeito é um cretino. Não sabe o que é conviver com pessoas esquizofrênicas, que muitas vezes ameaçam se matar ou matar alguém. Não imagina o quanto dói a um pai ter que internar um filho, para salvá-lo e salvar a família. Esse idiota tem a audácia de fingir que ama mais a meus filhos do que eu".
Esse tipo de campanha é uma forma de demagogia, como outra qualquer: funda-se em dados falsos ou falsificados e muitas vezes no desconhecimento do problema que dizem tentar resolver. No caso das internações, lançavam mão da palavra "manicômio", já então fora de uso e que por si só carrega conotações negativas, numa época em que aquele tipo hospital não existia mais. Digo isso porque estive em muitos hospitais psiquiátricos, públicos e particulares, mas em nenhum deles havia cárceres ou "solitárias" para segregar o "doente furioso". Mas, para o êxito da campanha, era necessário levar a opinião pública a crer que a internação equivalia a jogar o doente num inferno.
Até descobrirem os remédios psiquiátricos, que controlam a ansiedade e evitam o delírio, médicos e enfermeiros, de fato, não sabiam como lidar com um doente mental em surto, fora de controle. Por isso o metiam em camisas de força ou o punham numa cela com grades até que se acalmasse. Outro procedimento era o choque elétrico, que surtia o efeito imediato de interromper o surto esquizofrênico, mas com consequências imprevisíveis para sua integridade mental. Com o tempo, porém, descobriu-se um modo de limitar a intensidade do choque elétrico e apenas usá-lo em casos extremos. Já os remédios neuroléticos não apresentam qualquer inconveniente e, aplicados na dosagem certa, possibilitam ao doente manter-se em estado normal. Graças a essa medicação, as clínicas psiquiátricas perderam o caráter carcerário para se tornarem semelhantes a clínicas de repouso. A maioria das clínicas psiquiátricas particulares de hoje tem salas de jogos, de cinema, teatro, piscina e campo de esportes. Já os hospitais públicos, até bem pouco, se não dispunham do mesmo conforto, também ofereciam ao internado divertimento e lazer, além de ateliês para pintar, desenhar ou ocupar-se com trabalhos manuais.
Com os remédios à base de amplictil, como Haldol, o paciente não necessita de internações prolongadas. Em geral, a internação se torna necessária porque, em casa, por diversos motivos, o doente às vezes se nega a medicar-se, entra em surto e se torna uma ameaça ou um tormento para a família. Levado para a clínica e medicado, vai aos poucos recuperando o equilíbrio até estar em condições que lhe permitem voltar para o convívio familiar. No caso das famílias mais pobres, isso não é tão simples, já que saem todos para trabalhar e o doente fica sozinho em casa. Em alguns casos, deixa de tomar o remédio e volta ao estado delirante. Não há alternativa senão interná-lo.
Pois bem, aquela campanha, que visava salvar os doentes de "repressão burguesa", resultou numa lei que praticamente acabou com os hospitais psiquiátricos, mantidos pelo governo. Em seu lugar, instituiu-se o tratamento ambulatorial (hospital-dia), que só resulta para os casos menos graves, enquanto os mais graves, que necessitam de internação, não têm quem os atenda. As famílias de posses continuam a por seus doentes em clínicas particulares, enquanto as pobres não têm onde interná-los. Os doentes terminam nas ruas como mendigos, dormindo sob viadutos.
É hora de revogar essa lei idiota que provocou tamanho desastre.

SUJÔ!!!!!!!!

Pela segunda vez consecutiva, próximo à celebração do Dia Nacional de Luta Antimanicomial – 18 de Maio –, Ferreira Gullar, o (e)terno poeta do "Poema Sujo", escreve um artigo, na Folha de São Paulo, com argumentos rasos e preconceituosos sobre a lei Paulo Delgado e a Reforma Psiquiátrica brasileira.Ferreira Gullar, finalmente, revela que tem dois filhos em sofrimento psíquico grave. Relato de familiares que envolvem a vida e os afetos privados, tornados públicos sensibilizam do leigo aos trabalhadores de saúde que lidam com tais experiências. Em comum a impotência gerada pela falta de serviços acolhedores e resolutivos, cujos números expressivos ainda estão longe de realizar a cobertura desejada. As razões pelas quais convivemos com esse quadro devem ser objeto de uma corajosa análise, estado por estado, município por município, além da responsabilidade federal. Porém, revogar a lei Paulo Delgado é reduzir de modo simplista a solução requerida para o atual estágio da assistência à saúde mental no Brasil.Entre a dor de um pai que reclama por mais e melhores serviços de saúde mental no país – dos serviços substitutivos ao manicômio aos leitos psiquiátricos em hospitais gerais, ambos em quantidades deficitárias diante do número de leitos psiquiátricos fechados desde meados dos anos 1980 – e simplesmente revogar a lei que coroou a mais profunda reforma psiquiátrica existe um abismo político ideológico.Os argumentos do poeta Ferreira Gullar no caderno "Ilustrada" da Folha de São Paulo deste domingo, se deixam de lado o enfrentamento histórico com a psiquiatria conservadora para com argumentos rasos e preconceituosos pedir a revogação da lei Paulo Delgado que mudou o cenário trágico da assistência psiquiátrica brasileira, escancaram, por outro, a falta de investimentos para a efetiva consolidação de um modelo que se quer substitutivo. Sem estes, ficam comprometidas as iniciativas de criar um outro lugar para a loucura em nossa sociedade, lugar cuja construção não cessa.De nada adianta invocar que atual lógica da política de saúde mental se sustenta sob a prática do cuidado em liberdade, se a desinstitucionalização da loucura, em muitos lugares, vem se dando na sua vertente mais pobre: a desospitalização; se não há recursos sequer para promover um amplo processo de conversão dos recursos humanos existentes na rede pública de saúde ao novo modelo de atenção em saúde mental vigente no país, sem os quais a reforma patina.Neste cenário, não há porque lamentar as inúmeras tentativas de desmonte e do isolamento do movimento social por uma sociedade sem manicômios. Os conservadores o fazem abertamente; sabemos quem são e o que representam socialmente. Falta-nos a dimensão crítica da institucionalização da reforma psiquiátrica no curso do processo histórico. É preciso ir à luta. Que vem chumbo grosso por aí!
Comentário de Rogélio Casado
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sexta-feira, 10 de abril de 2009

GERENCIANDO A FUNCIONALIDADE NUMA CRISE

Pensei em escrever um pequeno manual de dicas para momentos de crise em que você precisa continuar funcional. Para psicóticos que não se entregam ou seja para aqueles que impacientes, trêmulos, cérebro ardendo e com muita raiva de todo mundo não podem ficar fóbicos dentro de casa, porque tem trabalho, criança na escola, conta pra pagar, etc:
__ Se acordou mal ou nem dormiu, a cabeça pra estourar, paciência zero:
. Evite filas, até de caixa eletrônicos. Gaste um pouco mais de tempo para encontrar um local mais vago.
. Se não deu pra evitar a fila, bom ter um livro, revista ou fones de ouvido com boa música até chegar sua vez. Evite reclamar, nervosos, não percebemos, mas estamos sempre exaltados, prontos pra briga. Em filas todas as pessoas tem tendência a certo stress.
__ Enconomize paciência em quase tudo ou se exponha menos a situações banais de stress.
. Prefira serviços online no que for possível. Ao recarregar telefones por exemplo. Nada de ficar raspando números e digitando. Um cansaço a menos.
.Ao comprar sapatos prefira aqueles fáceis de calçar. Evita raiva e desespero na hora de sair apressada.
. No trânsito evite horas de pico, ou escolha outras vias menos congestionadas, nem que isso signifique mais combustível e tempo, sua saúde é mais importante.
. Melhor se organizar no máximo usando dois cartões de crédito, pra controlar melhor o número de faturas e em vez de comprar em carnês de lojas, use-os unicamente, ao pagar evita enfrentar mais filas, porque se pode pagar num número maior de lugares. Outra boa opção são cheques pré-datados.
Numa crise braba, você procurando meios para driblar a coisa:
__ entre o shopping e um espaço cheio de gente, mas com outras vibrações é bom escolher um zen. Se tiver paciência pra uma hora de missa, esperar sua vez no passe especial no centro espirita ou outro espaço que cuide do espirito é preferível ao templo do capitalismo.
__ nada de receber aquela amiga (o) folgada, que finge que não percebe sua crise. Pede café e usa seu computador. Dê uma desculpa qualquer. Esse tipo de companhia só tira mais sua paciência.
__sem encontros com namorados (as) problemáticos. Sua cabeça está em plena disfunção neuroquímica, tudo que você não precisa é de problemas emocionais. Necessariamente não se precisa "enlouquecer" desse tipo de amor.

Há vida após uma crise psicótica. Está aberto a surpresas, receptivo a novas experiências, assumir o transtorno mental como parte da sua vida que precisa ser gerenciada. Que é possível se emocionar com um bom filme, educar filhos, fazer uma universidade, viver um grande amor com todas as dores e delícias enfrentados por por qualquer um. Mas se "parar" vítima da doença, e não aproveitar o que resta de saúde no seu organismo, investir numa reinvenção permanente da vida, serás mais um número do quarto de pessoas que sofrerá ou sofre de transtorno mental no mundo.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

"DIA DE FESTA": Liberdade para Dons Quixotes


Quem não luta está morto... o slogan era algo assim, ouvi num documentário sobre a luta organizada dos Trabalhadores Sem Tetos em São Paulo. Dia de Festa é dia de invasão de prédio abandonado. Caramba, gente sofredora, franjas pendentes da sociedade capitalista selvagem sem Estado do bem-estar-social (seja lá o que diabos seja isso na linguagem sociologuês e do Serviço Social), como os milhares de loucos, condenados, como diz meu leitor assíduo Carlos Saraiva. Somos crônicos, tutelados, sem razão...


"O mais frágil deles um dia

rouba-nos a voz da garganta"


Desde que postei algumas fotos do Sanatório Meduna, apenas da enfermaria que se encontra um parente meu, tenho tido dificuldades de acessar o bloguer. Haquearam a louca? E só tive a idéia de fotografar porque na recepção tem um cartaz proibindo a entrada de câmeras fotográficas e celulares com câmeras. Por quê? Tenho insônia. 301 mg de medicação. Mas as fotos não são delírio.

sábado, 4 de abril de 2009

SOFRIMENTO DE SANCHO PANÇA !!!!








Teresina é conhecida como um polo de saúde no nordeste. É destacada a qualidade da medicina. Com todas as dificuldades da saúde pública, a cidade atende uma demanda de todo o interior do Estado e de estados como Maranhão, Pará, etc. Os arredores do HGV criou-se intenso comércio, formal e informal. O próspero negócio das pensões que oferecem da estadia a consultas e exames agilizados para os hóspedes. Imagino que se organize em pacotes, incluindo também a locomoção pela cidade-hospital.




O HGV já passou por várias reformas nos últimos anos, a antiga Casa Mater, hoje uma mega empresa com vários associados, tem seus espaços completamente reformados, inigualável ao hospital de vinte anos atrás. As clínicas de otorrinos e respiratórias são verdadeiros lazer, do telão para televisão a computadores com internet, espaços infantis com brinquedos variados e atrativos.




E os espaços para tratamento psiquiátrico? O CAPS Leste se localiza na área nobre da cidade, a FMS alugou uma bela casa de rico, com uma área arborizada e atende quinze bairros da periferia. É quase que impossível chegar lá de ônibus. Quem vem do grande Dirceu ou da Piçarreira, da parada de ônibus até lá é uma caminhada boa, como se diz por aqui. Imagina, caminhar impregnado? Cadê a idéia de território? Somos tão bons em outras áreas e na área da saúde mental? Poderíamos aprender alguma coisa com Estado do Ceará. Parece que alguns já tentaram mais não vinga.




Então não nos resta outra opção. Até porque quem está na clínica da atenção psicossocial por aqui ainda não acredita que o CAPS também é para atender a crise aguda. Fomos lá visitar o parente no Meduna. Nos sentimos "formiguinha" esmagada... muito paciente, muita gente jovem, "fazendo carreira" (Goffman), terceira, quinta internações. Que os hospitais sobrevivam bem, enquanto forem necessários... mas com internações mais breves com possibilidades reais de tratamento aberto na comunidade. A reabilitação psicossocial, a reinvenção da roda, segundo Stone, no livro Cura da Mente (história da psiquiatria da antiguidade até o presente), livro este que não fala um parágrafo sobre Franco Basaglia e seu grupo na Itália, donos das idéias e práticas que influenciaram o modelo da Reforma Psiquiátrica brasileira.

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.