Uma amiga generosa se entristece e me pergunta se não é possível evitar as crises. As recaídas como dizem os terapeutas. Talvez se estivermos sempre protegidos dos fatores estressores externos. Psicóticos da bolha de plástico. Estaríamos privados de todas as emoções do mundo. Ruins, mas também as boas. Universidade, casamento, filhos, amigos, pessoas que nos amam e pessoas que nos odeiam, igualmente precisaríamos nos proteger delas.
Não, viver com transtorno mental é viver em altos e baixos. Ser inteligente, aproveitar muito bem o momento de euforia, guardando alguma coisa para fase depressiva. No momento de desordem mental intenso, do sofrimento psiquíco materializado, não entrar em desespero. É só mais uma crise. Mas você sabe, e é o que desestimula, que o processo para remissão dos sintomas é árduo e doloroso. Revisão de medicação, terapias formais ou informais, você precisa delas. Somente a medicação não resolve. A coragem para buscá-las são minados pelos sintomas e o cansaço da busca permanente para vencer a doença.
A amada amiga, tem parente psicótico e não entende. A família não entende. Mantém seus "diferentes" no quarto com janelas de vidro "windows" ou mandam para a vida no campo, numa cidadezinha do interior.
Então você reage... chega ao banco com um boleto para pagar e vê uma fila enorme: se dirige ao caixa especial para gestante, idosos e pessoas com criança no colo e fala que está numa crise psicótica, mostra atestado médico. Observa o estranhamento do caixa. E é atendida com prioridade. Jamais sua ansiedade suportaria aquela fila.
Um comentário:
Ah as crises.....
Fico um pouquinho sem aparecer e quando apareço tem muita coisa boa pra ler, se identificar, se indignar, 're'pensar, etc, etc, etc..
bjux
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