quinta-feira, 24 de setembro de 2009

HOSPITAL DO ALTO DA RESSURREIÇÃO

O Amigo no Ninho surgiu de minha solidão numa crise em 2007, "jogada" nesses serviços de saúde públicos que promovem a manutenção da doença e não a promoção de saúde. Uma muito querida amiga enfrentava um problema de dependência química em família e outro querido amigo um caso de esquizofrenia. Nos juntamos, eles foram os primeiros "amigos cuidadores". Fez dois anos agora em 22 de agosto e o blog em 22 de setembro. Inquieto número cabalístico.
A idéia de Rede veio das teorias do Serviço Social e Ciências Sociais. Apoio e Suporte, do trabalho de Eduardo Mourão Vasconcelos e a obstinação em esclarecer o máximo possível o usuário (diferente de paciente, segundo Nilo Neto) e a intervenção de "rua", domiciliar, de uma notícia que li sobre um trabalho feito na França, onde profissionais de saúde mental, incluindo psiquiatra, junto a pessoas comuns, tipo mochileiro, etc, que conhecem os "territórios", saem às ruas "atendendo" ou tentando abordagens a doentes mentais na rua, tentam tudo, do convencimento à medicação, encaminhamento aos serviços, respeitando sempre a vontade do usuário. Não tenho maiores informações a respeito, mas tenho aprimorado a idéia.
Assim é que montamos um protocolo de intervenção: 1. Abordagem diagnóstica (levantamento das necessidades do usuário, avaliação funcional) 2. Encaminhamento para os serviços psiquiátricos, programa Estratégia da Familia (não podemos está fazendo o papel da saúde básica e nem dos CAPS, de acompanhar a inserção na comunidade destas pessoas, que tem esse direito garantido em lei) 3. Encaminhamento para Rodas de Cuidado e Auto-cuidado, mantidas pelo Ninho, com a solidariedade de voluntários e outros recursos de saúde existente na comunidade (grupos religiosos, de preferência os que mantêm alguma prática integrativa e complementar, caminhadas orientadas, aeróbicas que funcionam gratuitamente em praças e escolas, etc.)4. Oficina de sensibilização: Amigo Cuidador. Infelizmente, na maioria das vezes as pessoas recebem ajuda, desenvolvem potenciais de auto-ajuda, mas não passam para o estágio da ajuda mútua.
As informações acima é só para falar que hoje pela manhã ao procurar o Hospital do Alto da Ressurreição para buscar parceria numa intervenção a uma amiga do Ninho, as enfermeiras só falavam no Areolino de Abreu. Internar, internar e internar. Surtei. Não dar para negociar com normal que acha que a única subjetividade humana aceitável é a da não-doença mental. E que os CAPS servem apenas para "patologias mentais leves". Caramba. Gritei, gritei. "Não mande mais para o Areolino, aqui a área é CAPS leste". A enfermeira grita, depois que me indentifiquei como usuária bipolar: "Essa esqueceu de tomar o remédio hoje." Não esqueci. Nem elas vão mais esquecer de terem conhecido Louca pela Vida.

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.