quarta-feira, 6 de julho de 2011

MURO DE BIATRIZ

Para quem acompanha o blog, Bia é figurinha destacável em nossos posts, amiga do Ninho, faz parte de nossa diretoria, companheira em várias intervenções, tem um temperamento mais tranquilo que o meu. Acaba de sair de uma longa internação integral no Hospital Areolino de Abreu, um mês e três dias. Igual a mim, anos atrás, chegou em casa hoje, com marcas de pancadas visíveis pelo corpo. Conta ela que apanhou ontem de "uma doida" que dizia que ela colocava cobras em suas costas. Imaginem, que bizarro! Grades, mulheres fumando sem parar, delirando, andando a esmo dentro do pavilhão e você com consciência de realidade, sem ter como escapar da agressividade ou atração sexual de outra paciente numa crise mais aguda?
A equipe do Ninho mobilizou-se durante o tempo da internação para construir um muro a frente da casa de Bia, um casa de tipo embrião (sala, banheiro e cozinha) do Renascença I ainda sem muro na frente de dez metros. Fizemos uma campanha entre amigos na internet e vizinhos. A mãe já tinha tijolos e pedras. Arrecadamos, não sem muitos e penosos esforços o suficiente para pagarmos o restante do material de construção, mão de obra e portão. Parecia impossível, não temos militantes para levar ofícios a instituições como sindicatos ou similares e orgãos da assistência social, a mãe, pessoa sem esclarecimentos, não conseguia ajudar o necessário. Esperançosos que depois de uma internação tão longa, encontrar algo de diferente na sua casa simples, um muro que a protegerá da rua, deixando-a mais tranquila de uma visibilidade ruidosa da avenida da frente de sua casa, ajudaria na remissão continuada dos sintomas.

Cansaço extremo toda a "operação". Mas o muro está feito. Agradecemos nossa equipe invisível e a todos que contribuiram com moedas de 1,00 a notas de cem reais por transferência eletrônica. Acredito que construimos mais que um muro de tijolos, mas um conjunto de perspectivas para Bia e família, no sentido da autoestima, numa construção em suas vidas céticas, descrentes de dias melhores. Ajudamos a (re) construir sonhos. Os vizinhos xingados pela Bia em crise, a abraçaram na chegada, numa recepção nunca vista antes, em outras internações. O muro fez bem a todos.
Infelizmente a foto do muro pronto, não carregou. Posto outra hora.

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