domingo, 5 de junho de 2011

E A ESPERANÇA NA LIBERDADE VENCE O DESÂNIMO!!!

Ainda consternada com a internação integral de Biatriz na sexta-feira e lutando para não perder de vez o vínculos com a mãe dela. Sensibilizada com os casos de cárceres privados, lutando para transformar esta questão em causa de direitos humanos no Piauí. No sábado somente o gentil Anderson e Herbeth, parceiro militante do Matizes apareceram na Roda de Conversa sobre Automoniração dos Sintomas. Estava realmente para baixo e quase fiquei normal com a noticia da transferência do CAPS i para dentro do HAA.  Preces, meditação guiada, relaxamento, a voz do namorado para me acalmar. Mas tudo era desalento. Vontade de deixar a luta.
Hoje a tarde, desanimada, mas como havia prometida levei umas pessoas a um grupo de AA, "gancho de rede" maravilhoso. Pensei em deixar as pessoas lá e ir embora. Fiquei envolvida pelas falas, alentadoras. Um Deus generoso, acolhedor e libertador realmente recheia aquela sala de AA. A parte que mais gosto das reuniões é a Cabeceira de Mesa, os depoimentos: sempre quis falar daquele lugar. Hoje fui convidada como parceira. Nossa, que felicidade. E uma pessoa do meu grupo aceitou a adesão, júbilo para todos presentes.
Vi algo que sempre questionei a ausência de jovens recuperandos, sempre são senhores que chegam à recuperação depois de décadas de alcolismo. Hoje havia um jovem com menos de trinta, assumidamente dependente de outras drogas, contava que depois daquela reunião iria a um NA. Fantástico, eu que achava que o discurso e técnicas de AA não alcançaria jovens. Recuperei minha esperanças e minhas forças.
Reconheço minhas limitações para opinar sobre causa tão complexa quanta a dependência química, já que nunca foi minha área de estudo mais intensiva na saúde mental, mas como todos antimanicomiais, acredito nas experiências de tratamento e reabilitação na comunidade, sou contrária ao confinamento prolongado em quaisquer ambiente que se proponha tratar o problema, hospital, clínica de recuperação ou Comunidade Terapêutica, hoje são modelos mais caros aos cofres públicos, não sei se com leitos SUS, esses valores não rebaixarão. Não conheço estatísticas que comprovem a eficácia vantajosa das TCs, mas acredito que pela complexidade, pela necessidade que realmente se faça algo para minimizar o flagelo do uso do álcool e outras drogas e o fato de haver no Piaui uma TC,como a Fazenda da Paz, com uma boa estrutura , um histórico respeitável de seus coordenadores, com um trabalho visível em vários recuperandos, precisamos nos pautar pelo bom senso e democracia nas discussões, aceitação da diversidade de opiniões, mesmo aquelas que se orientam pelo cunho da ciência em detrimento de outros saberes. Nós antimanicomiais defendemos a reabilitação psicossocial, mas precisamos reconhecer nesse momento a debilidade desta rede, os CAPS I em cidades de vinte mil habitantes não tem estrutura, porque tem uma demanda de psicóticos adultos, infantil e ad, recebe menos recurso, não tem pessoal capacitado continualmente, os leitos em hospitais gerais nos municipios, incluindo Teresina, são sub utilizados, temos apenas quatro CAPS ad, em Parnaíba, Piripiri, Picos e Teresina. Em Teresina é localizado praticamente no centro, desterritorializado das periferias, onde mora o possível usuário de SUS, não existe espaços de cultura e convivência, esporte, arte, nada que possa despertar outras perspectivas de subjetividade neste usuário.
Grupos como AA e TCs com o discurso moral afinado, calcado em valores como solidariedade, amor cristão, honestidade, libertação do vício como vitória por um dia apenas e luta para garantir o dia posterior, estão há anos dando certo em muitos casos. Precisamos avaliar a diversidade e acolher a realidade, senão termos coragem de lutarmos para que esta chegue o mais perto do ideal que pretendemos.

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.