segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

"A CESAR O QUE É DE CESAR II" ; Rendição I

Aos meus leitores anônimos e assíduos ou não: "A Cesar o que é de Cesar". Em linguagem técnica nesta postagem usarei o termo paciente a usuário. O grupo de apoio e suporte Amigo no Ninho, é composto essencialmente por pessoas fragilizadas por seus sintomas, condições sociais, de conflitos familiares, existenciais e ideação suicida. Doravante, seguirei fielmente a recomendação da Cartilha do Facilitador do Eduardo Mourão Vasconcelos, anonimato, do "meu povo".
Temos pacientes dos mais diversos psiquiatras da cidade ou estado, pacientes de um novo tipo: esclarecido, com nível superior, profissionais da saúde mental ou não. Estes são capazes de fazer uma crítica, lutar pelo direito de esclarecimentos máximos e etc. Outros não. Analfabetos funcionais, sem formação política popular  são incapazes de quaisquer discernimento de algo que os prejudique. Lutam pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que ainda chamam de aposentadoria. Acham que não conseguem trabalho em Teresina, porque lojas, empresas, repartições tem acesso a cadastro de ex pacientes do SAME do HAA.
Assim foi que Bia, esta é a última vez que citarei seu nome por aqui ou de quaisquer outra pessoa vulnerável, pegou uns vales transportes na minha mão e seguiu para o HAA, sob meus protestos. Mas trabalhamos para autonomia do paciente, acreditamos nisso. Ligou-me umas duas horas da tarde, eu estava azul de fome, sentada enfrente a atual coordenadora da farmácia dos excepcionais, acabando de ser informada que a há dois meses não tem respiridona 2mg. Muito feliz Bia, me informa que o médico, ou médicos que a atenderam mudaram seu diagnóstico de esquizofrenia para bipolaridade. Bom para auto-estima dela. Mas dá para diagnosticar numa única consulta? E os psiquiatras anteriores que a vinham acompanhando estavam errados? Mudaram a medicação. Ela terminou a ligação dizendo que me aguardava para ensiná-la com tudo: Nossa! 560 comprimidos traz ela num saco. Um coquetel psi com haloperidol, clorpomazina, amitriptilina,carbamazepina, cloridrato de biperideno e diazepan. Como esquizofrênica ela usava um comprimido de respiridona 2mg por noite e se mais agitada uma bandinha de clonazepan . Desenhei uma lua, significando tomar todos à noite e dividi-os por cores. Guardei o número maior em uma sacola e cartelas usáveis em uma caixinha de madeira decorada que lhe dei de presente. Estou tremendamente triste. Sinto-me esfaqueada. A poderosa psiquiatria biológica me manda um recado do seu poder junto com um abraço. Abraço aceito. Rendo-me mas não firam meu povo. Bia dorme em sua redinha verde, na sua casa-sala, sozinha, pediu que eu deixasse os telefones ligados caso sentisse alguma coisa com as novas medicações. Eu choro. Nenhum documento chegou a secretária, todos foram deixados à mesa da interina da SUPAT, até hoje, Cristiane Moura Fé. Já apresentei-me a escola. Darei aulas de História no ensino médio. A super enfermeira assessora me informa que o nome já foi escolhido. Esta batalha pode está perdida. Tentaremos enquanto movimento de usuários negociar com a direção do HAA a permanência da enfermaria de crise. No inicio não acreditava em seus efeitos sócio-educativos, mas vi Dr. Ralph segurar familiares que nunca cuidaram nem em casa de seus parentes, ficaram lá como acompanhantes e hoje estas pessoas estão no serviço aberto. Se voltaram ao ciclo de internações integrais é por conta de mau acompanhamento psicossocial de algumas equipes.
Talvez precitadamente, mas faço uma avaliação do desfecho desta situação, se dá na indicação de um técnico alheio ao movimento, adepto da psiquiatria biologicista, sem experiência com a ponta. Nosso erro seria uma falta de interlocução dentro do próprio movimento de usuários: medo da exposição de vulneráveis e técnicos que "torcem", mas não lutam, tem medo, não jogam junto com o usuário. Duas iniciativas de defesa de um nome para gerência. Uma que fechava na permanência de Gisele Martins, elaborada por técnicos sem os usuários, pelo menos o Ninho não participou. A outra iniciativa nossa, foi para dar outras alternativas.
A vocação do Ninho é apoiar na crise, e não quero que nos percamos. Há muita coisa a fazer. Nosso povo tem muito a aprender a viver a loucura com saúde e cidadania. A política atual é de césares. Deixemos a eles!!!

DOCUMENTO À SECRETÁRIA DE SAÚDE - SESAPI

AMIGO NO NINHO – Rede de Apoio e Suporte em Saúde Mental do Piauí
CNPJ : 13.121.111/0001 – 06
Quadra 13 Casa 32 Renascença I
Telefones: (86) 9402-4035/8824-6343

OFICIO 02/2011


Senhora Secretária
Lílian Martins

Teresina, Piauí
31 de Janeiro de 2011


O “Amigo no Ninho: Rede de Apoio e Suporte em Saúde Mental no Piauí”, grupo composto por pacientes, ex pacientes psiquiátricos, familiares, estudantes, pesquisadores, técnicos de saúde mental, instituição ligada a Associação Brasileira de Saúde Mental – ABRASME.
Enquanto movimento de usuários viemos novamente através deste expor nossas preocupações  com a escolha de um técnico  de saúde mental para o cargo de gerente de saúde mental que seja signatário  da consolidação da Reforma Psiquiátrica em nosso Estado,  ou seja, lutamos pela sensibilização do governo para melhoria dos serviços substitutivos ao modelo hospitalar/manicomial já implantados:  37 CAPS  envolvendo 30 municípios, a questão dos municípios com menos de 20.000 habitantes com necessidades de serviços em saúde mental e dependência química, financiamento próprio para manutenção das três residências terapêuticas, que resolva e dê tranqüilidade para seus moradores em relação a qualidade do imóvel alugado, alimentação, água, luz e telefone. O caso dos inúmeros casos de cárcere privado ainda existentes, queremos que os CAPS e atenção básica atenda com resolutividade a estas situações psicossociais. Vide anexo em DVD. A inclusão do Hospital Areolino de Abreu nesta rede, primando pela humanização do atendimento emergencial, mantendo a enfermaria de crise – ETAC, implantada judicialmente em 2010 com bons resultados para familiares e usuários. O cadastro de mais leitos para o serviço de Referência em álcool e drogas no Hospital do Mocambinho, segundo a portaria 2.842/2010 que admite até 30 leitos, o hospital só consta com  10 leitos que não tem atendido a demanda, dificuldades que se estendem a quase todos os municípios com leitos psiquiátricos em hospitais gerais já implantados ou que ainda resistem a efetivação destes, quanto a sub utilização e falta de qualificação de pessoal. Finalmente, selecionando entre outras necessidades, encerramos nossa exposição reivindicando dessa secretaria de saúde a transferência do CAPS infantil de dentro das dependências do Hospital Areolino de Abreu para um local mais territorializado com as comunidades pobres atendidas por aquele centro, como recomenda o Termo de Ajuste de Conduta assinado por Dr. Telmo Mesquita, substituindo o secretário Assis Carvalho, em 15 de janeiro de 2010 mediante o Ministério Público.
Pedimos encarecidamente que vossa senhoria possa apreciar os nomes dos técnicos que sugerimos por acreditarmos que vossa escolha recairá sobre critérios técnicos mais que políticos. Estes profissionais são conhecedores da política nacional de saúde mental da atenção psicossocial e comprometidos com resultados finais, que só nós usuários sabemos como somos e queremos sermos tratados realmente nos serviços. Insistimos nos nomes de:
 .- Leidimar Alencar – Assistente Social / ex coordenadora da DUVAS
- Ralph Webster C. Trajano / Psiquiatra /  ex Diretor Clínico HAA
- Edileuza Moura / Enfermeira / Comissão Estadual de Saúde Mental/FMS
- Cristiane Moura Fé / Assistente Social/ Coordenadora interina da SUPAT




Contando com sua sensibilidade,



_______________________________________
Maria Edileuza da C. Lima
                  Presidente

domingo, 30 de janeiro de 2011

POSTAGEM ZEN (RELAX...) Megahertz :25 anos de história do rock/metal piauiense

Formado em 1985, desde o inicio já mostrava seu estilo diferente dentro do Thrash Metal, com suas letras bem sacadas e seu estilo old-school
Muito provavelmente, você ainda usava fraldas enquanto esses cinco já faziam cabeças subirem e descerem apenas usando o poder do som. Na ativa desde 1985, o quinteto formado por Nixon, Mike, Kasbafy, Marcelo e Maurício é hoje, indiscutivelmente, uma das peças-chave da história do rock/metal piauiense.
Formado em 1985, desde o inicio já mostrava seu estilo diferente dentro do Thrash Metal, com suas letras bem sacadas e seu estilo old-school. Como de praxe com qualquer banda de metal, muitas demos foram gravadas e somente em 1989 sai o primeiro trabalho oficial da banda, TECHNODEATH um split-LP juntamente com o AVALON, pela Cogumelo Records. Em 1991 a banda grava o single Rehearsal Tapes, desta vez via Whiplash Records, em 2001 são convidados a participar da coletânea (dfd) Caos compilation.
Foram muitos shows realizados e depois de longos 16 anos o Megahertz conseguiu gravar o seu primeiro álbum: PYRAMIDAL POWER, que saiu de forma independente em 2002. Em 2004 a banda paralisa suas atividades e agora reformulada volta a ativa, fazendo uma releitura de todo o material já produzido e com novas musicas. Formado por Nixon (vocal), Mike e Kasbafy (guitarras), Marcelo (baixo) e Mauricio Barros (bateria),o MEGAHERTZ esbanja em seu som um thrash metal de muito bom gosto!
A banda comemorou em novembro do ano passado (dia 19), 25 anos de existência. A festa ocorreu no Bar Raízes, com a participação da banda de Thrash, Mad House, e da Hell Rider – Judas Priest cover.
Vida longa ao quinteto!

Kasbafy é  meu "primo" que parece branco, embora não o reconheça nessa foto, e o Mike será o dentista? Há anos não o vejo ou ouço tocar. Falando em música estou louca para conhecer o espaço cultural do Chagas Vale, Mamulengo. Vou lá ouvir James Brito. Depois de um domingo escrevendo ofícios. Cansei. Penso numa cesta de limpeza (sabão, água sanitária, desinfetantes, etc) prometida a uma familia de pessoas com transtornos mentais, com sérios problemas de higiene, que há meses uma vizinha pede nossa intervenção. Falamos com a equipe do território, CAPS sul que já acompanha o caso, demos a idéia do mutirão de limpeza para os vizinhos que parece que está funcionando. E a vizinha cuidadora foi mais longe, conseguiu mobilzar a equipe da ESF para acompanhar os caso clínico de um membro já idoso. Penso no novo ou nova gerente de saúde mental, entregaremos novo documento amanhã com uma lista de nossas necessidades urgentes Piaui afora. Penso em namorado. Penso na subjetividade da minha filha surda pré adolescente. Penso em gente normal parceira, em gente normal do mal. Penso em gente louca do bem, penso em gente louca com transtorno de personalidade, sem medicação, psicoterapia duvidável. Penso, penso. Decido ver televisão. Um alienante filme de ação que ADORO!  

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

RESPOSTA ABERTA A CARTA DA ABP

CARTA ABERTA AO MINISTRO DA SAÚDE

Caro Sr. Ministro da Saúde Alexandre Padilha,

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) recebeu com satisfação a nomeação de Vossa Excelência para o cargo de Ministro de Estado da Saúde. Não só pelo seu passado médico sanitarista como também pela defesa da Medicina como um todo e com o inicio das recentes mudanças em órgãos fundamentais como a FUNASA e a ANVISA, que contam com nosso integral apoio.


Acreditamos inclusive que esta atitude de mudança deva atingir a Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, a partir da substituição de seu coordenador. Essa medida se concretizada, pode dar início à recuperação do sistema de assistência em saúde mental no Brasil.

Para seu conhecimento, há cerca de 20 anos a estrutura de atendimento em saúde mental vem sendo sistematicamente desmontada no país por grupos de interesses diversos.

Nos últimos dez anos o número de leitos psiquiátricos privados mais que duplicou, e o número de leitos públicos diminuiu de 120 mil para 36 mil; e isso ocorre ao mesmo tempo em que assistimos à escalada do crack, à judicialização da saúde e ao aumento de moradores de rua com transtorno psiquiátrico.
Outro dado assustador é o crescimentos da população carcerária com doença mental, cerca de 12%, sendo em números absolutos próximo de cerca de 60 mil desassistidos no sistema prisional, muitos que são doentes que cometeram pequenos delitos por ser moradores de rua, serem exploradores por traficantes etc. Estamos transformando as prisões em novos manicômios.
Fora isso, temos a crescente necessidade de ferramentas terapêuticas para o tratamento dos portadores de Transtornos alimentares, Transtornos Bipolares, Transtornos de Déficit de atenção e Hiperatividade, transtornos de ansiedade, transtornos depressivos, dependentes químicos e outros que não têm alternativa real de tratamento na rede pública.
Existe hoje um quadro grave de desassistência na área de saúde mental no Brasil. Saímos de um modelo Hospitalocêntrico falido e entramos em um modelo Capscêntrico sem eficiência provada. Este cenário, em grande parte, foi construído a partir do afastamento dos psiquiatras do planejamento das políticas públicas, de planejamento e de atendimento. Não temos nada na área de promoção da saúde, prevenção da doença e assistência escalonada 1ª, 2ª, 3ª implantado de forma resolutiva. Defendemos um modelo em rede que seja efetivo, com comprovada eficácia, eficiência e efetividade. Veja as Diretrizes aprovadas em resolução pelo CFM em Julho de 2010.
A Associação Brasileira de Psiquiatria há tempos tem alertado para a condução equivocada da saúde mental no país e sempre foi ignorada pela Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. Confiamos na capacidade e na disposição do Ministério da Saúde em reverter esse quadro alarmante.

Desde já nos colocamos à disposição para auxiliar nessa tarefa tão árdua como necessária, desde a análise conjunta da equipe ideal, a indicação daqueles que atenderiam ao interesse público, sem conflitos de interesse, com a participação do CFM/AMB/FENAM.

A ABP e os Psiquiatras Brasileiros estão à disposição de Vossa Excelência para contribuir neste trabalho conjunto, de forma voluntária.Desde já,

Com meus sinceros agradecimentos,

Antônio Geraldo da Silva

Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria
Reproduzo aqui esta missiva para ser tolerante e tentar entender. Os grifos em vermelho são meus. Os psiquiatras da ABP o tempo todo reinvindicam sua participação no processo de formulação e implementação das políticas de saúde mental no país, mas eles participaram do processo de Reforma no principio, aqui mesmo já publicamos documentos escritos por seus representantes à época . Seu atual presidente claramente incita os demais associados a boicotarem a atenção psicossocial. Sobra para quem essa briga por poder? Para ter o maior número de coordenadores de saúde mental, o próprio coordenador de saúde mental nacional pertencer a seu grupo? Sobra para o usuário pobre ou rico. Constantemente visito amigos no que resta no MEDUNA, nos apartamentos do HAA, nas enfermarias, com aquelas grades que me arrepiam. Psiquiatra é o técnico que menos tempo passa numa antesala de enfermaria. Será que algum outro hospicio no Brasil é diferente?
Gostaria imensamente de saber sobre as novas ferramentas terapêuticas que a ABP e seus psiquiatras implantarão se tomarem o poder. Juro que escrevo sem ironia. Por aqui, a respeitável velha guarda e seus jovens seguidores da APP sempre defenderam os ambulatórios nas periferias , hoje eles tem a chance de nos ajudarem, nós usuários, a melhorá-los, fazê-los funcionarem com humanização. Ex pacientes estabilizados dos CAPS (isto é resolutividade) são encaminhados à eles. Consultas mensais ou trimestrais, onde o psiquiatra não tem nenhum compromisso com as intercorrências. Com a falta de medicação excepcional (respiridona, outra vez) que falta neste momento no Piauí. É problema do governo, tudo que está além do seu consultório. Ora, dai a judicialização da saúde, quando a sociedade civil, o controle social em saúde, luta pelos direitos dos usuários. O usuário com várias miligramas de medicação que lhe dá sonolência além do normal, que acorde quatro da manhã e enfrente uma fila até às sete para marcar consulta. O estigma mantém-o desempregado, vem a recaída. Pobre só tem dever de votar. E o voto não volta em forma de serviços dos parlamentares, que precisam atender cartas abertas de grupos que se sentem prejudicados por não mandarem também. Escrevamos a nossa.
A questão intersetorial na saúde mental é imprescindível, o louco infrator é detido perpetuamente por um dispositivo jurídico chamado medida de segurança. O Ministério da Justiça junto ao ministério da saúde fez mutirões nos Estados para analisar e resolver estes casos. E precisa dar continuidade, em ações reais junto aos Direitos Humanos. Que a ABP cobre e colabore, voluntariamente, sem querer  mesmo nada em troca.
Uma rede efetiva, resolutiva, como diz o psiquiatra piauiense, que inspirou Stênio Garcia na novela Caminho das Indias, no papel de Dr. Catanho, Edmar Oliveira, a rede não existe, ela precisa o tempo todo está sendo socialmente construída. É preciso entender de psiquiatria biológica e medicina social.
Falando em moradores de rua com transtorno mental, há pesquisas que indiquem mesmo essa prevalência? São mesmo ex internos de hospitais psiquiátricos? Existem as residências terapêuticas que acolheram os moradores estabilizados. Se são outros doentes mentais, se realmente são... qual a solução da ABP, limpar a rua reinventando a grande internação de 1656. A criação do hospital geral. Ou fazer consultórios de rua? Usar as técnicas terapêuticas tão propaladas por seu presidente, que só pertencem aos psiquiatras. Aos dependentes químicos, medicar suas comorbidades psiquiátricas e a reabilitação psicossocial não é necessária, leia-se sua reintegração no mundo do trabalho, familia e escola, cuidados contínuos para não recaídas não são importantes? Quem fará tudo na psiquiatria da ABP, será somente psiquiatras. Demais profissionais da área psi, familiares, usuários protagonistas, grupos de apoio, associações, que muito tem contribuído nestes vinte anos para manter muita gente saudável, fora de crises não terão espaço neste modelo da APB?

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA CRIANÇA PSICÓTICA

As crianças surdas matriculadas na rede municipal de ensino, terão direito a dez escols nucleadas, duas em cada região da cidade, contando com um interpréte da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), resultado de toda uma mobilização da Associação dos Surdos e Ministério Público. A escola da minha filha foi contemplada. Estou bem feliz, surda profunda, precisa desse apoio no sexto ano (antiga quinta série).
Nossas crianças já com psicoses instaladas ou com predisposição genética ou diagnosticada como retardadas, só temos o CAPS i, que a partir do 15 de janeiro segundo o Termo de ajuste de conduta, desta data de 2010, deveria no prazo de um ano sair das dependências do HAA. Esta é mais uma questão para o futuro ou futura gerente de saúde mental do SESAPI resolver. Sonho com pessoas vivendo com transtorno mental daqui a trinta anos com mais saúde, funcionalidade, sem memórias de internações integrais em hospitais psiquiátricos como ainda são os nossos, isto é possível se uma psiquiatria infantil ainda for desenvolvida. Fico com o coração apertado quando vejo crianças de oito anos usando carbamazepina 200mg. Não há dosagens infantis de medicação psicotrópica, é sempre uso adulto e infantil, valproato de sódio 500mg (depakene), valproato de sódio mais ácido valpróico 300mg (torval cr). Estou apenas lendo nas caixas de medicações que já usei adulta. E os efeitos colaterais do uso contínuo? Ainda bem que os psiquiatras mais antenados não estão mais conjugando com os benzoadiazepínicos (tarjas pretas), aos nove anos usei valium (diazepan). Até hoje, não me tirem eles ou a abstinência me deixa irreconhecível.

SAÚDE MENTAL E COMUNIDADE LGBT: QUANDO HAVERÁ ARTICULAÇÃO?

PREZADOS (AS),
 
O COLETIVO MIRINDIBA JUNTAMENTE COM O FÓRUM ONG/LGBT, ASSOCIAÇÃO DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS DO PIAUÍ - ATRAPI E A ARTICULAÇÃO PIAUIENSE DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS - APTTRA, REUNIRAM-SE COM O SECRETÁRIO DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA TRATAR DA INSTITUIÇÃO DO GT E CRIAÇÃO DO PLANO DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA LGBT NO ESTADO DO PIAUÍ
 
ABAIXO SEGUE  O LINK E A MATÉRIA DO PORTAL OFICIAL DO GOVERNO DO PIAUÍ.

http://www.piaui.pi.gov.br/materia.php?id=40589
 
 
Piauí terá grupo de trabalho para combater a homofobia
26/01/2011 09:26
por Paula Danielle
O Estado do Piauí terá um Grupo de Trabalho para a promoção de Políticas Públicas de Segurança Pública à população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTT). A decisão foi tomada durante reunião realizada com representantes do movimento e o secretário de Segurança, Robert Rios.
O Grupo de Trabalho (GT) foi instituído pela portaria de nº 07, de 1º de março de 2010, como um órgão consultivo, propositivo e de assessoramento, junto ao Ministério da Justiça, sobre políticas, programas e ações referentes ao enfrentamento de preconceito, discriminação e violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais na política nacional de segurança pública.
De acordo com o secretário Robert Rios, a Secretaria de Segurança já desenvolve ações de combate ao preconceito. “Fomos o primeiro Estado a inaugurar a Delegacia de Defesa e Proteção dos Direitos Humanos e Repressão às Condutas Discriminatórias, que ajuda a coibir algumas práticas discriminatórias. O que temos que fazer agora é colocar a homofobia como um crime”, destacou.
O secretário se mostrou favorável à criação do GT e pediu que os representantes do movimento se reunissem com a delegada Kátia Esteves para que o mesmo fosse instituído através de portaria e encaminhado à Secretaria para autorização imediata.
Para Victor Kozlowski, que faz parte do Centro de Referência LGBTT em Teresina, a ideia, com a criação do Grupo de Trabalho, é que o mesmo possa ser responsável pela apresentação de projetos e ações que vão de interesse aos direitos e segurança desse segmento da sociedade. “É de fundamental importância a criação do GT no sentido de que temos que dar visibilidade às ações realizadas pelo movimento”, afirmou.
Participaram da reunião, ainda, o coordenador do Fórum ONG/LGBTT João Leite, Monique Alves, da Associação de Travestis e Transexuais do Estado do Piauí, Diego Conrado, do Coletivo de Gays Mirindiba, e Laura Leah, integrante da Articulação Piauiense de Travestis e Transexuais.
João Ferreira Leite Júnior
Coordenador Geral
Coletivo de Gays, Homens Bissexuais e HSH Mirindiba
Rua Manoel Domingues 1029a
Fone: (86)88482757/94006562/99455152

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Dia 31/01, às 9h, vá ao HEMOPI para:  
- Doar sangue;
- Cadastrar-se como doador(a) de medula; 
- Protestar contra a Portaria da ANVISA q proibe homens gays e bissexuais de doarem sangue.  

TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL NA MINHA VIDA BIPOLAR

Relembrando  minhas psicoaprendizagens:
Enfrentamento de momento de tensão e expectativa evitando possibilidade de sintomatologia:
- Busca ou resgate de atividades prazeirosas: depois de uma manhã cansativa de lutas pessoais e militância, cheguei em casa com muita raiva, "estranhei" as pessoas de casa. Respirei fundo. Coloquei música para meditação, insenso suave, canela. Com dificuldades, mas adormeci. Sonhos tumultuados.
- Fui ao supermercado com minha filha comprar ingredientes para uma lasanha. Uma atividade que antes era dificil para mim, me causava impaciência, hoje me foi prazeirosa. Prestou, gente!
- O livro Amar, rezar e comer não sei onde está. Mas reli toda a cartilha do facilitador de apoio e suporte do Eduardo Mourão Vasconcelos. É sempre tão atual. Tenho que escrever um artigo sobre a saúde mental na primeira década do século XXI no Piauí. Aqui não consigo deixar o trabalho e a militância.
- Comprei uma revista de variedades, tem uma idéias sobre dietas. Pode ser uma boa meta, sem paranóia, perder alguns quilos. Atividade física, ainda não consigo, questão de organizar meu tempo.
- Disciplinada continuo todas as quintas-feiras indo a terapeuta naturista e ao passe espirita, as prátivas integrativas e complementares salvam a minha vida. Só estou devendo a clínica o suficiente para me preocupar.
- Seria bom descolar um namorado... que não quisesse casar. Só ir ao cinema, bares e viajar comigo.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

LOUCA SIM, OMISSA NUNCA !!!

Novo (a) gerente de saúde mental da SESAPI
No primeiro momento pensei em não envolvimento no processo, medo de adoecer, exposição, tensão. Mas o Ninho é um grupo, e então decidimos por fazer um documento no qual sugerimos alguns nomes de técnicos que sabemos adeptos da Reforma Psiquiátrica, comprometidos e que fazem interlocução de alguma maneira com o movimento de usuários. Já há um documento anterior elaborado por técnicos para a permanência de Gisele Martins no cargo, que merece toda nossa consideração pelo seu trabalho de Hércules. Apenas preocupados que o cargo seja ocupado por técnicos desconhecidos e indiferente ao movimento, sugerimos mais nomes para apreciação: Leidimar Alencar, Ralph Trajano, Cristiane Moura Fé e Edileuza Moura. Deixamos ontem no gabinete da secretária de saúde Lílian Martins nas mãos da assessora Silvana, que nos prometeu uma possível audiência com a secretária. Estou nos cascos. Santa fragilidade!!!

INTERVENÇÃO COMPLICADA, TIPO ASSIM: MISSÃO IMPOSSÍVEL
Cá estou eu há algumas semanas tentando armar a rede numa ação de socorro dentro de um conflito familiar. Usuário classe média no Meduna ( ainda tem uns arremedos de apartamentos) , prédio imenso, fantasmagórico. Um irmão em casa, querendo matá-lo. Assistente social, neguinha da periferia, eu falando e um carro buzinando é a mesma coisa: apenas a familia sai da frente sem olhar. 
Bati a rede de cabo a rabo, como se diz por aqui, não consegui sensibilizar nem um profissional da área psi, militante de movimento gay (os irmãos são gays de meia idade), advogado dos direitos humanos para uma mediação familiar. Nada. Entregar para Deus e minha equipe invisível.
Decepcionante, o Ninho já acompanhou crises mentais de prostitutas, procuramos a APROSPI, associação das prostitutas do Piaui, não nos ajudaram em nada. Alguém mandou internar. Vários usuários gays e os movimentos da causa homoafetiva são bastante articulados, muita gente intelectualizada, mas hoje novamente me mandaram procurar o "governo", os serviços públicos. Não é conosco. Movimento negro, terreiros vivem na secretaria de saúde promovendo eventos de saúde, nunca se fala de saúde mental e como atendemos negros. Armar redes sem armador é coisa de louca mesma, caros!

PEDRO GABRIEL DELGADO DEIXA A COORDENAÇÃO DE SAÚDE MENTAL

Mensagem eletrônica circular n. 13/2011                        Em 24 de janeiro de 2011

Para:  Coordenadores estaduais de saúde mental
            Coordenadores municipais integrantes do Colegiado Nacional de Coordenadores de Saúde Mental
            Coordenadores municipais
            Consultores e colaboradores da Coordenação Nacional de Saúde Mental
                               
Prezado/as Coordenadore/as,  Consultore/as e Colaboradore/as,
                                            

Informo a todos que estou neste momento me afastando da função de Coordenador de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde.
                                           
Neste período,  compartilhamos importantes êxitos e inúmeras dificuldades.  Conseguimos, através de um trabalho coletivo e persistente, mudar o cenário da saúde mental no país.
                                            
Temos uma lei nacional, conquistada pelos movimentos sociais,  que foi incorporada pela sociedade, judiciário, gestores públicos. Temos uma rede instalada que, embora ainda com lacunas,  ampliou  direitos dos usuários e familiares e o acesso ao tratamento  no âmbito do SUS. O processo de substituição do modelo de atenção tornou-se uma realidade, que se reflete na inversão da lógica do financiamento e dos recursos materiais e humanos, hoje localizados em ações,  serviços e projetos  comunitários.
                                            
A Reforma Psiquiátrica Brasileira é um processo complexo, que certamente ainda tem muitos desafios pela frente.  Hoje podemos dizer que os desafios também mudaram. Temas como a questão das drogas,  violência,  discriminação,  saúde mental infanto-juvenil,   intersetorialidade,  direitos humanos, promoção da saúde  e produção de conhecimento no campo da saúde mental constituem as novas fronteiras da ação política  da Reforma.
                                         
Usuários e familiares são hoje protagonistas reais dos caminhos para a construção dos modos de cuidado e de autonomia, porém é necessário assegurar que este protagonismo e autonomia avancem em todas as instâncias e momentos de decisão na  política e na clínica. Este é o caminho para a consolidação da  Reforma.
                                          
Na política de drogas, a diversificação das  possibilidades de cuidado, que caracterizou o esforço da saúde mental nos últimos anos, é essencial para assegurar uma direção ética, onde  clínica,  liberdade,  direitos humanos e autonomia sejam componentes indissociáveis.
                                         
Na gestão, a saúde mental necessita ser fortalecida, nas três instâncias do SUS. Rede e território são os conceitos básicos, associados ao esforço permanente de  construção coletiva e democrática.
                                         
Sabemos das dificuldades e problemas a serem enfrentados, mas todos temos  motivos para comemorar.
                                         
Pessoalmente, me orgulho muito de ter sido gestor da saúde mental do SUS tendo presidido duas conferências nacionais, que sustentaram o projeto ético e político da Reforma e da Política Nacional  de Saúde Mental.
                                       
Agradeço em primeiro lugar à equipe da Coordenação no Ministério da Saúde. Aos usuários e familiares, que dão sentido e direção política a este esforço.  Aos profissionais de saúde, que enfrentam no dia a dia dos serviços a construção da Reforma. Aos consultores e colaboradores pelo apoio político e técnico.  
                                        
E a todos os gestores municipais e estaduais com quem tive o privilégio de dividir as alegrias e as tensões do ofício da gestão ao longo destes anos.
                                      
Retorno à Universidade, na UFRJ, onde continuarei a militância pela Reforma Psiquiátrica brasileira.
                                      
Um grande abraço a todos,
                                                                                     
Pedro Gabriel Godinho Delgado
                               

AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAIS EM SAÚDE MENTAL: Ênfase na abordagem familiar

Público-alvo: estudantes e profissionais da saúde e saúde mental.
Carga horária: 60 horas
Período: 31 de janeiro; 01, 02, 07 e 08 de fevereiro de 2011.
Local: Centro de Ciências da Saúde (CCS), da Universidade Federal do Piauí. Ao lado do Hospital Getúlio Vargas.
Contatos: 9408-1153; 9941-5201.

Programação
- Antecedentes históricos e sociais da loucura (04 h)
- Políticas de Saúde Mental (04 h)
- Avaliação em Saúde Mental (04 h)
- Psicopatologia (08 h)
- Recursos e intervenções psicossociais: acolhimento e vínculo; apoio matricial; Projeto Terapêutico Singular; formação de grupos e oficinas. (08 horas)
- Ética e Bioética aplicada à saúde mental (04 h)

- Rede de atenção à saúde mental: Hospital Geral, PSF, NASF (04 h)
- Abordagens de famílias no serviço de saúde mental (04 h)
FACILITADOR: Lucas Guimarães (Psicólogo)
TAXA DE INSCRIÇÃO: 10,00

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.