Oferecer tratamento adequado para pacientes com transtornos mentais e maior integração e qualidade de vida deles e de suas famílias são alguns dos objetivos do Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro (CPRJ). O Programa de Trabalho e Geração de Renda é uma das ferramentas para se chegar a isso e já vem dando resultados: produtividade em ocupações no mercado formal e redução no número de internações entre os participantes do projeto.
A ação acontece a partir de parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde e a Secretaria de Estado de Trabalho e Renda, através do NUSANT (Núcleo de Saúde Mental e Trabalho) e conta com cursos de capacitação, vagas de trabalho por meio de parcerias com empresas privadas e aproveitamento dos pacientes para trabalharem no próprio centro. Os pacientes que se interessam em participar do programa podem atuar nas áreas de culinária, artesanato, ajudante de ordem, venda e atendimento ao público. Neste último caso, os pacientes têm atuando no Bazarte, que recebe os produtos de 22 serviços do Rio e outros municípios para comercialização.
Dois dos 35 pacientes que fazem parte da ação trabalham auxiliando na organização de estoques em uma rede de supermercados. Todos eles são supervisionados por profissionais do CPRJ e, no caso dos pacientes que atuam na empresa privada, por um gerente que faz a ponte entre eles e a empresa.
- Pacientes que participam do Programa de Trabalho e Geração de Renda têm uma melhora significativa no quadro de saúde. No ano passado, realizamos uma avaliação e constatamos que houve uma queda de 80% na necessidade de internação entre aqueles pacientes ligados ao projeto. Além do ganho visível para o paciente, também conseguimos beneficiar as famílias, que, muitas vezes, precisam manter alguém à disposição para cuidar dessas pessoas. Hoje, não há mais necessidade, pois eles ocupam o tempo trabalhando - explica o diretor do Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro, Francisco Sayão Lobato Filho.
Arte e trabalho
Entre os produtos comercializados no Bazarte estão objetos de decoração e utensílios domésticos, peças de mosaico, porta moedas, guardanapos pintados à mão, cesto para pães, peso de porta, pregadores decorados, tábua de frios, além de peças de vestuário e acessórios como camisas, sandálias bordadas, colares, cachecol, chaveiros, bolsas ecológicas, cadernos e blocos para anotações. Na cantina, há opções de pratos salgados e doces. São comercializados cerca de 50 produtos por mês.
A. C. N, de 53 anos, trabalha no Bazarte há seis meses. Para ele, a oportunidade de trabalhar é muito bem-vinda, já que ele encontrou dificuldades de conseguir emprego em outros locais.
- Trabalho na parte de vendas do Bazarte e me sinto útil e valorizado aqui. Faço contas e atendo as pessoas que vêm conhecer os nossos produtos - afirma o paciente.
Como participar
Os interessados em conhecer os produtos comercializados no Bazarte podem fazer uma visita ao Centro Psiquiátrico Rio de Janeiro. O CPRJ fica na Praça Coronel Assunção, sem número, no bairro Saúde. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h. Também é possível encomendar produtos pelo e-mail apeapsi@yahoo.com.br , pelo telefone (21) 2332-5688 ou pessoalmente.
Em 2008 aconteceu em Teresina um forum para a discussão de um indicativo de projeto da deputada Flora Isabel sobre a criação de um NUSAMT aqui no Piauí. Engavetado, já em outro mandato, não sei quais os interesses da deputada em levar em frente o projeto de lei "que dispõe sobre a política para integração, reabilitação e inserção no mercado de trabalho da pessoa com transtorno mental e dá outras providências." Lembro, que argumentei que no núcleo gestor necessariamente houvesse vagas prioritárias para profissionais psicólogos, assistentes sociais e outros de nível superior que assumissem comprobatoriamente transtorno mental. Muitos no auditório da assembléia ficaram surpresos: quer dizer que doidinho tudo é pobre e desqualificado, tem que ir para funções subalternas organizadas sempre e somente por gente considerada normal? A luta contra o estigma é grande.
Fiz o concorrido concurso da FMS no domingo. Bizarra: de almofadinha cor-de- rosa, boletim de ocorrência na mão, havia perdido minha RG na quinta-feira, 50 questões na minha mão. Minha cabecinha dopadinha com 2 mg de ansiólitico e 500 mg de estabilizador do humor dificultava a leitura. Treinei todos os dias a leitura diária de pelo menos uma hora e meia. Acho que ajudou. Parava de raciocinar por alguns minutos e fazia respirações iogues, voltava para a prova com a ansiedade mais controlada.
Eu e outra/os assistentes sociais com transtornos mentais fizeram a prova na concorrência ampla, as cotas para deficientes não nos beneficiam, mesmo que queiramos assumir publicamente.
Mas a vitória maior é não desistir, está concorrendo com muitas colegas atuantes na saúde mental e nas mais variadas áreas, muitas mestras, professoras de Serviço Social. Esse é o tempero da vida. Que venham outros concursos.
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