quarta-feira, 20 de maio de 2009

SOCIEDADE PÓS - MANICOMIAL

Em reportagem de hoje do jornal "Diário do Povo", página 11, "CAPS são referências no tratamento mental" segundo as entrevistadas psiquiatra Cleonice de Castro Teles do CAPS norte e Tãnia Melo do CAPS leste, o serviço é só maravilha.
O CAPS leste no coração do bairro Jockey Clube, antigo bairro de Fátima, zona nobre da cidade é para atender usuários de quinze bairros da zona leste e sudeste, incluindo um circuíto distante da periferia de Teresina: Ininga, Dirceu Arcoverde (I E II), Jockey, Morado do Sol, Noivos, Vila Bandeirante, Piçarreira, São Cristovão, São João, Satélite, Novo Horizonte, Alto da Ressurreição, Horto Florestal, Renascença (I, II, III) e Parque Ideal. Imagina que entre esses bairros da periferia se encontram loteamentos e vilas.
Paciente psiquiátrico não tem passe livre, imagino como os mais pobres chegam ao serviço, será que há distribuição de vale-transporte ou ônibus para pegar e deixar em casa como no CAPS de Timon, quando fiz minha pesquisa em 2005?
E numa crise fóbica na Piçarreira por exemplo, como a equipe se desloca para fazer a intervenção domiciliar e no "território" ? Que capacidades reais essa equipe tem de articular ou rearticular a/uma rede social desse indivíduo; família, vizinhos, inserção nas atividades cotidianas dessa comunidade? Sendo que o serviço se localiza distante do território, podemos dizer noutro mundo, outro espaço da cidade, indiferente ao indivíduo. Pobre nas calçadas elegantes das casas do Jockey Clube são apenas empregados, domésticos ou não.
Ficamos felizes com a informação que no CAPS leste ( no qual fiquei extremamente traumatizada com o tratamento em 2007, preferindo até hoje consultório psiquiátrico, urgência do HAA e pagar terapias alternativas) agora há projeto terapêutico individualizado, oficinas de contos, de música, de artes, de chocolate, de beleza, pintura, bordado, tapeçaria e de rádio, grupos de esducação e saúde, higiene corporal, higiene ambiental e orientação sobre DSTs/Aids.
Falta acumputurista, yoga, biodança, terapia comunitária, florais de Bach, terapeuta naturista e outras expressões do mundo zen que ajudam muito a equilibrar a emoção e suportar os efeitos colaterais das medicações e então dar para concentrar e fazer um crochezinho. Estou louca? Não, sou louca como condição de existência, representante dos Novos Loucos, que defendem uma identidade na diversidade geral na concepção de Nilo Neto e ou o Louco Protagonista como eu digo.
A portaria 336 que regulamenta os CAPS diz sobre a clínica ampliada, que além da equipe psiquiatra tradicional qualquer outro profissional que caíba a seu projeto terapêutico pode ser contratado. Entendamos projeto político terapêutico no sentido de produzir uma reabilitação psicossocial, reinserção neste mundo tétrico da normalidade. Por isso precisamos destes dispositivos sem vícios manicomiais, vinculados a saúde comunitária das populações pobres principalmente que superlotam ainda nossos dois manicômios.

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.