Extremamente produtivo o IV Fórum Social Sobre Drogas do Piauí, nas discussões e falas pertinho do ouvido, dirigentes, pessoas pensantes e que fazem a discussão e o enfrentamento prático à questão da dependência química no Estado, reconhecem a necessidade de ampliação do debate. Queixosas contra a política nacional sobre álcool e drogas excluir de seus documentos as comunidades terapêuticas substituídas pelos CAPS - ad. Então entendi a ausência da interlocução com a saúde mental, oficialmente com uma mesa que contemplasse as falas do CAPS-ad. Mas entendi também que tanta gente bem intencionada, reabilitada, resilientes que amam este trabalho difícil, subjetivo, de recuperar, trazer de volta para a família, para o mundo do trabalho, também não sabem exatamente o que é o Centro de Atenção Psicossocial álcool e drogas, numa cidade de quase 800 mil habitantes contando com apenas um instrumento deste, com muitos dependentes químicos internados no sanatório Meduna.
Ouvi falas de palestrante defendendo as Comunidades Terapêuticas que prestam trabalho de qualidade a população que não são manicômios modernos, como se sentem acusados, que quem vai para lá,tem direito de escolha, de ficar ou não. E isso me remete a questões práticas ou deseperadoras de mães que me chegam queixosas sobre filhos que roubam em casa para comprar drogas, que as xingam, que precisão de uma liminar de juiz para interná-los antes que morram ou as matem e minhas amigas assistentes socias da Coordenação de Dependência Química da SASC, competentes profissionais me perguntam se estes filhos querem adentrar uma Comunidade Terapêutica? Não, não querem, são jovens hedonistas. Mas acaba assim? É ou não necessário que se desenvolva estratégias de intervenção na família, no grupo de amigos desse jovem, "dinâmicas de convencimento, de conquista", se desenvolva uma engenharia de criatividade terapêutica. Essas mães me olham com um olhar de cansaço, se sustentam numa esperança quase que resignada de perda e em pé porque os joelhos cansaram de rezar.
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