domingo, 31 de maio de 2009

COBRANÇA: MINISTÉRIO PÚBLICO/FMS (junho chegou!)

Cadê a instalação dos CAPS - III, e de mais dois CAPS II, prometidos para junho deste ano? E peço e rogo mais um CAPS - i, que funcione como caps não mais como anexo do Hospital Areolino de Abreu. Outro espaço, outra cultura, não manicomial. E que todos esses CAPS sejam instalados a base de uma pesquisa epidemiológica, espaços na cidade concentradores de casos de transtornos mentais. É só olhar a lista de endereços no SAME do HAA, coletar dados com o Programa Estratégia da Família.
Esperar ou berrar? Saudades da promotora Clotildes.

ESCOLA INCLUSIVA E TRANSTORNO MENTAL

Há tempos falo sobre a inexistência de uma política senão da saúde mental, porque temos um CAPS -i que fica dentro do espaço de um hospital psiquiátrico e que em sua equipe não há um professor qualificado em apoio pedagógico específico, um pedagogo ou psicopedagogo que haja então uma sensibilização contra o preconceito e discriminação nas escolas contra estas crianças que vivem ou convivem com transtornos mentais.
Chegaram a mim duas situações:
- E. M. Dom Elder que há três crianças com transtornos mentais em uma mesma sala, pelo fato da professora se mostrar habilidosa em lidar com elas. Uma das crianças "surta", corre a escola toda, se auto-mutila, arrancando as próprias unhas, precisa-se mobilizar várias pessoas para contê-la. Será que a sala de APE e a sala de Recursos segura a crise? Se está em crise aguda não deveria está frequentando a escola, até os sintomas redimirem. Ora, será que têm diagnóstico psiquiátrico? O manejo da medicação pela família é correto? Essa família deveria está amparada por um grupo de apoio, como são os pais de alguns deficientes como os surdos por exemplo. Sou mãe de surdo e recebo apoio, orientação e muito carinho por isso, no Centro de Apoio ao Surdo. Que tem cara de escola, não de hospital, havendo vários profissionais de saúde lá.
-E.M. Altina Castelo Branco, aqui o caso é com uma criança que convive com o transtorno mental ou seja tem mãe psicótica, pessoa com diagnóstico psiquiátrico em tratamento medicamentoso, chega a escola para reclamar sobre supostos maus tratos que o filho de quatro anos teria chegado em casa relatando. Há uma discussão com a diretora da escola, atritos físicos que fazem com que a diretora caia machucando sério o antebraço. Promete a mãe processo policial. A mãe anda descompensada aos prantos por conta da situação. Essa é uma situação repetida em outra escola da região, as diretoras, imagino administradoras competentes, mas totalmente intolerantes e impacientes com uma pessoa agitada. Na matrícula, já deveria entre outras informações começarem a cobrar sobre a saúde mental da mãe e da criança, não para exposição que facilite a exclusão mas para que a SEMEC, que tem feito vigorosos esforços para qualidade da escola inclusiva incluísse em sua pauta de capacitações o conhecimento sobre os transtornos mentais que atingem crianças e adolescentes, luta contra o estigma, apoio ao pleno desenvolvimento cognitivo destas pessoas.

BEBER O MIJO DO BEBÊ

Extremamente produtivo o IV Fórum Social Sobre Drogas do Piauí, nas discussões e falas pertinho do ouvido, dirigentes, pessoas pensantes e que fazem a discussão e o enfrentamento prático à questão da dependência química no Estado, reconhecem a necessidade de ampliação do debate. Queixosas contra a política nacional sobre álcool e drogas excluir de seus documentos as comunidades terapêuticas substituídas pelos CAPS - ad. Então entendi a ausência da interlocução com a saúde mental, oficialmente com uma mesa que contemplasse as falas do CAPS-ad. Mas entendi também que tanta gente bem intencionada, reabilitada, resilientes que amam este trabalho difícil, subjetivo, de recuperar, trazer de volta para a família, para o mundo do trabalho, também não sabem exatamente o que é o Centro de Atenção Psicossocial álcool e drogas, numa cidade de quase 800 mil habitantes contando com apenas um instrumento deste, com muitos dependentes químicos internados no sanatório Meduna.
Ouvi falas de palestrante defendendo as Comunidades Terapêuticas que prestam trabalho de qualidade a população que não são manicômios modernos, como se sentem acusados, que quem vai para lá,tem direito de escolha, de ficar ou não. E isso me remete a questões práticas ou deseperadoras de mães que me chegam queixosas sobre filhos que roubam em casa para comprar drogas, que as xingam, que precisão de uma liminar de juiz para interná-los antes que morram ou as matem e minhas amigas assistentes socias da Coordenação de Dependência Química da SASC, competentes profissionais me perguntam se estes filhos querem adentrar uma Comunidade Terapêutica? Não, não querem, são jovens hedonistas. Mas acaba assim? É ou não necessário que se desenvolva estratégias de intervenção na família, no grupo de amigos desse jovem, "dinâmicas de convencimento, de conquista", se desenvolva uma engenharia de criatividade terapêutica. Essas mães me olham com um olhar de cansaço, se sustentam numa esperança quase que resignada de perda e em pé porque os joelhos cansaram de rezar.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

IV FÓRUM SOCIAL SOBRE DROGAS DO ESTADO DO PIAUÍ

Realizado pela comunidade terapêutica Fundação da Paz, o tema deste ano é sobre Juventude X Drogas: A vida vale muito mais, acontece nos dias 29 e 30 de maio, no cine-teatro da Assembléia/ Teresina.
A disposição 300 inscrições já encerradíssimas. Sentimos falta de outras comunidades terapêuticas de Teresina na discussão, a interlocussão com o CAPS - ad e temáticas que tratassem da relação drogas e transtornos mentais. O Sanatório Meduna recebe inúmeros pacientes dependentes químicos, bem jovens. Já que não podem ficar no HAA, o jeitinho brasileiro envia-os para lá. Acabo de acompanhar um rapaz de vinte e três anos que por conta da dependência química teve um surto psicótico, agora está sendo acompanhado no CAPS -ad. O próprio modelo das comunidades terapêuticas poderiam está no pleito quanto a política de redução de danos do Ministério da Saúde, quanto ao assunto polêmico nessa área, recomendo a palestra de Deusa Alcântara, Socióloga que coordena essa pasta na FMS.
Informações:
(86) 3221-5995
(86)3226-1422
(86)8824-3852

sábado, 23 de maio de 2009

COMISSÃO DO SENADO ACOLHE CRÍTICA DA ABP SOBRE POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL: newsletter de 21 de maio da ABP

Toda luta é ideológica. Os psiquiatras manicomiais defendem o poder médico. Não a saúde mental das comunidades. O povo se esclarecido fosse e principalmente as pessoas que vivem com transtorno mental fossem mais protagonistas, como os soros positivos, renais crônicos, hansenianos e outros movimentos específicos, talvez nessa briga ideológica lembrassem de nós, que somos as principais vítimas.
Todo o texto do newsletter da ABP foi reproduzido nas postagens abaixo em ordem decrescente, simbolicamente, as vozes do atrazo. Penso nos discursos e intervenções dos representantes dos escravocratas durante a luta pela abolição. O negro estava livre a partir da lei Áurea, mas numa das cláusulas não podia ser possuidor de terras. Virava "servo" ou vagabundo. Há todo um processo histórico para que ocorra a inserção desse negro na sociedade de classes. A abolição não foi caridade da princesa Isabel. A Inglaterra inventou o tráfico negreiro e quando não era mais conveniente mercados escravos, ela tinha interesse em vender seus produtos industrializados, então potência mundial, acaba com a escravidão negra.
A ABP evoca a saúde mental internacional, que tendências internacionais? Que proposta tem a ABP? A volta do "grande internamento". A volta da ECT em vez da terapia cognitiva comportamental. Será que algum louco acredita em humanização do manicômio. Isso também é discurso. Quantos dependentes químicos foram recuperados dentro dos hospitais psiquiátricos?
Uma amiga terapeuta ocupacional conclama já, o alerta de usuários, trabalhadores antimanicomias principalmente dos serviços substitutivos contra a possível onda de internamentos que possa voltar a ocorrer país afora.
Conclusão técnica
Após essas considerações, o representante da ABP, com o intuito técnico e político de apontar na política assistencial pontos de estrangulamento e de conflito que atualmente impedem os avanços de uma assistência universal, pública e territorializada, resumiu o problema a partir de três pontos principais:
1 - Problemas legislativos: apontou a sombra ideológica que o Projeto de Lei Paulo Delgado faz na Lei 10.216, principalmente das diretrizes e portarias ministeriais;
2 - Problemas de inclusão discursiva: apontou a importância do trabalho multidisciplinar e psicossocial e reclamou imediata inclusão e respeito ao discurso psiquiátrico, bem como das suas especificidades biológicas, afirmando que não existe saúde mental sem psiquiatria e que os psiquiatras não se prestam a ser herdeiros da exclusão social;
3 - Problemas de regulação: apontou as inúmeras dificuldades do sistema de saúde mental e cobrou aumento de financiamento para saúde mental, ampliação da atenção básica, ampliação da rede psicossocial e de suporte social para moradia, transporte e trabalho, implantação de leitos nos CAPS, hospitais gerais, criação de unidades especializadas de pequeno porte para internação, atenção para a urgência, alto custo, incluído medicação, exames complementares e ECT.
Ao expor suas ideias solicitou aos senhores senadores que os assuntos pudessem ser tratados com maior profundidade e foco em sessões posteriores, especialmente convocadas para este fim. A solicitação foi prontamente acolhida pelos demais expositores, pelo representante do Ministério da Saúde e pela Comissão de Assuntos Sociais, que continuará conduzindo o ciclo de debates.

POSIÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE DIANTE DAS CRÍTICAS DA ABP

Ministério da Saúde
Diante dos questionamentos da ABP, o coordenador de saúde mental do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Godinho Delgado, historicizou a implantação da atual Política de Saúde Mental do Brasil, recortando quatro períodos distintos na sua implantação:
1 - O primeiro período demarcado como antes de 1987, em que os asilos do MS e clínicas do Inamps abrigavam cerca de 95% dos gastos com Saúde Mental no Brasil;
2 - O segundo período, que se estende de 1987 a 1992, quando a Criação do SUS criou na esfera pública as primeiras experiências de atenção em saúde mental com caráter extra-hospitalar;
3 - O terceiro período, que se estende de 1992 a 2001, quando a reforma da assistência se institucionaliza, produzindo o fechamento de instituições insalubres e criando as primeiras normas de atenção psicossocial em atenção às recomendações da II Conferência Nacional de Saúde Mental (CNSM);
4 - O quarto período, que se estende de 1992 até a atualidade, se baseia na implantação de recomendações da Lei 10.216, já em atenção à III CNSM, operacionalizando a efetiva mudança do modelo assistencial e a ampliação do acesso público ao sistema.
Em seguida passou a enumerar, na sua perspectiva, os problemas da política de saúde mental no Brasil, afirmando a necessidade de:
1- Ampliação e qualificação de leitos em hospitais gerais (vale anotar que o MS concorda e com as críticas recentes que a ABP fez sobre a questão, mas diz que já esta trabalhando no sentido de reparar este problema, inclusive com a participação da entidade uma vez que está realizando um Grupo de Trabalho sobre Hospitais Gerais, com vistas a instalar 3.200 leitos em HG, qualificados e articulados aos CAPS, ao sistema urgência/emergência e à atenção básica, e que para isso deverá ainda viabilizar o projeto orçamentariamente. Afirmou publicamente que a adoção do parâmetro 0,45 leitos/1.000 habitantes, de 2002, para psiquiatria proposto pela ABP não produziu acordo, uma vez que este parâmetro é um resíduo do ordenamento anterior à lei 10.216, e não se aplica mais, uma vez que foi substituído em 2006 (Diretrizes da PPI, Portaria GM), e se fosse adotado, o Brasil voltaria a ter 87.000 leitos em hospitais psiquiátricos, retornando ao statu quo ante, do início dos anos 90, E CONTRARIANDO A LEI 10.216. Afirma que isso seria a restauração integral do modelo hospitalocêntrico, e o fim da Reforma).
2 - Consolidação da Saúde Mental na atenção básica
3 - Ampliação e qualificação da rede CAPS (CAPS III, CAPSad e CAPSi) nas grandes cidades
4 - Melhoria da articulação urgência-emergência/regulação de leitos em alguns municípios de grande porte
5 - Ampliação do cuidado intersetorial para problemas associados ao consumo nocivo de Álcool e outras Drogas (ex.: crack)
6 - Financiamento

O QUE OS PSIQUIATRAS MANICOMIAIS CRITICAM

Comissão do Senado acolhe crítica da ABP sobre política de saúde mental
A Associação Brasileira de Psiquiatria participou, na tarde do dia 19 de maio, de uma audiência na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado sobre a reforma da assistência em saúde mental no Brasil. A atividade, organizada em parceria com a Subcomissão Permanente de Promoção, Acompanhamento e Defesa da Saúde, deu início a um ciclo de debates sobre o assunto.
Segundo o presidente da ABP, João Alberto Carvalho, as discussões podem ter repercussão positiva. “O incentivo à discussão técnica entre a entidade que representa a psiquiatria brasileira e o poder público pode induzir uma melhor condução das políticas de saúde mental”, avaliou.
Para o vice-presidente da Associação, Luiz Alberto Hetem, a participação também é positiva do ponto de vista estratégico. “O acompanhamento e o trabalho de aproximação com os parlamentares é importante para conscientizar os representantes eleitos pela população sobre a importância de considerar questões técnicas na área de saúde mental”.
Na audiência convocada pela senadora Rosalba Ciarlini (DEM - RN), presidente da CAS, o 2º tesoureiro da Associação Brasileira de Psiquiatria, Helio Lauar, falou em nome da diretoria da ABP. Após citar as novas tendências da política de saúde mental internacional, baseado nos documentos propostos pela OMS, ele avaliou as diretrizes nacionais na área. O especialista apresentou as seguintes conclusões sobre a política de saúde mental no Brasil:
1 - Atende em linhas gerais e formalmente aos documentos internacionais;
2 - Está regida pela Lei 10.216 de 06 de abril de 2001, mas se norteia através de diretrizes e portarias ministeriais que atendem às premissas do Projeto de Lei Paulo Delgado;
3 - Está organizada como um projeto psicossocial, que tende regularmente a excluir o discurso médico culpabilizando-o pelos desacertos da política anterior, em vez de trabalhar pela inclusão deste discurso num contexto de saúde integral;
4 - Não está constituída (depois de 20 anos de implantação) ainda por vários dispositivos assistenciais que possibilitem a atenção médica e psicossocial aos pacientes com transtornos mentais, segundo critérios populacionais;
6 - Adota proposta de um critério populacional para implantação de serviços, mas o articula à demanda dos municípios para implantação dos serviços de saúde mental, e o fator ideologiza o parâmetro técnico de planejamento;
7 - Propõe o fechamento de leitos para internação psiquiátrica e não considera as necessidades clínicas e suas medidas de gravidade e ou complexidade, e insuficiência de CAPS I, II, III, CAPSad e CAPSI sob o ponto de vista de proporcionalidade populacional;
8 - Tem a intenção doutrinária de fechar hospitais psiquiátricos, considerados genericamente asilares, e se recusa a considerar as refratariedades terapêuticas, falta de insumos disponíveis, e insuficiência de rede de suporte social, entre outros, culpando a instituição e não a política assistencial pelo insucesso terapêutico;
9 - Deve admitir que não existem leitos psiquiátricos suficientes e disponíveis em hospitais gerais, serviços hospitalares de referência (como está previsto para dependentes de álcool e outras drogas) e que o novo sistema tende a afirmar equivocadamente que as internações psiquiátricas não são necessárias para outros transtornos, uma vez que não prevê claramente lugar para elas;
10 - Não implementou ações de saúde mental na atenção básica e não existem políticas que incentivam a fixação de profissionais de saúde mental em áreas e ou regiões mais necessitadas;
11 - Não implantou os CAPS de forma a atenderem as demandas populacionais nem nos grandes centros e nas regiões mais desenvolvidas e ricas do país;
12 - Não previu a implantação dos ambulatórios preconizados pelo planejamento e ainda tenta impedir que os mesmos sejam criados, valorizando unicamente os CAPS. Deve admitir ainda que quando este ambulatórios existem, mesmo que para ensino ou pesquisa, são constantemente limitados pelos gestores, não entram na lógica de regulação dos CAPS e não possuem agendamento e fluxo como os demais serviços do SUS;
13 - Usa de estratégias psicossociais para produzir um borramento às diferenças clínicas necessárias na abordagem dos Transtornos Mentais e suas características biológicas se negando a criar programas e protocolos para abordagem e tratamentos diferenciados dos vários transtornos mentais e em atenção a sua especificidade;
14 - Não adota programas terapêuticos especiais para tratar a dependência química, bem como outros transtornos que exigem protocolos e/ou programas especiais (ex: retardo mental, autismo, transtornos alimentares, transtornos anti-sociais, transtornos sexuais, tratamentos compulsórios, etc)
15 - Não implantou de modo suficiente programas psiquiátricos para populações especiais (infância e adolescência, índios, DST/AIDS, população carcerária, idosos, população de rua, vítimas de catástrofes, etc);
16 - Não definiu de modo consequente critérios para alto-custo para regular em atenção às novidades técnicas e tecnológicas o uso de medicações especiais, bem como avaliações complementares laboratoriais, genéticas, ou de imagem (TC, RM, RMF, SPECT, PET, EEG, e outras), avaliações neuropsicológicas e, nem mesmo, tratamentos biológicos (ECT, ETC);
17 - Não incentivou suficientemente a criação e implantação dos programas de reabilitação, que quando existem, privilegiam centros de convivência e estimulação para produção de artesanato, sem construir oficinas protegidas e cooperativas de trabalho, estruturas necessárias e preparadas para competir no mercado formal com trabalho e economia solidários;
18 - Não implantou em numero suficiente os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) para abrigar pacientes que perderam vínculos sociais, ou mesmo para funcionar como retaguarda no acolhimento de pacientes em tratamento que necessitam de afastamento temporário dos vínculos familiares;
19 - Não previu valores insuficientes para custear a efetiva volta para casa, ou mesmo o custeio da autonomia nos Programas de Volta para Casa, que pagam apenas 240 reais/mês a título de bolsa de pagamento;
20 - Não tem se manifestado junto ao Ministério Público no sentido de prestar assessoria ao referido órgão, com a finalidade de impedir a crescente “judicialização” da assistência e a freqüente confusão entre direitos de cidadania e indicações terapêuticas em psiquiatria, dificultando sobremodo o trabalho do especialista.

COMUNIDADES SAUDÁVEIS

O Curso sobre Saúde Comunitária: CAPS e relação entre saúde mental e atenção básica, contou com um número significativo de jovens psicólogos e estudantes, algumas assistentes sociais, estudantes e outras profissões não ligadas a saúde. Pena, que para variar, os sintomas moderadamente presentes atrapalharam um pouco em alguns momentos.
Agradeço a todos que colaboraram com o Ninho, adquirindo camisetas e livros. O arrecadado dá para pagar três semanas de acumputura e floral de Bach, ou reflexologia e cromoterapia. A Amiga do Ninho que nos inspirou as vendas, com as terapias está bem melhor, fez mudança de medicação e um plano de enfrentamento à crise, com apoio da família e do Ninho, volta a sorrir... e fazer saladas deliciosas.
Outro dia me mandaram um email que constava uma lista de coisas que caracteriza um certo estilo de vida em Teresina, acrescentei à lista cultural, o contato com a família Reis, Ismênia, Zé e agora acrescento mais um irmão Pedro Laurentino, ex vereador de Teresina e ainda comunista. Do curso nasceu um grupo ainda virtual, Comunidades Saudáveis. A proposta é saúde integral alcançada através de uma habitação e educação de qualidade, participação cidadã, voto mais consciente, povo protagonista, não somente massa de manobra.
É possível? Ainda estudante de Ciências Sociais publiquei um texto sobre o fim das ideologias e fracasso de alguns "ismos" marxismos, existencialismos, feminismo, socialismo, etc. Talvez influenciada por meia dúzia de sociólogos deprimidos, arautos de todas as crises e durkheimianos.
É possível um "novo eterno retorno" a utopia freiriana de uma pedagogia da autonomia que impulsione novos "bons burgueses" ( alusão ao bom selvagem de Rosseau), intelectuais orgânicos e homens e mulheres do povo com seus conhecimentos populares valorizados e donos conscientes
que tem o poder de melhorar a qualidade de vidas de suas comunidades.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

SOCIEDADE PÓS - MANICOMIAL

Em reportagem de hoje do jornal "Diário do Povo", página 11, "CAPS são referências no tratamento mental" segundo as entrevistadas psiquiatra Cleonice de Castro Teles do CAPS norte e Tãnia Melo do CAPS leste, o serviço é só maravilha.
O CAPS leste no coração do bairro Jockey Clube, antigo bairro de Fátima, zona nobre da cidade é para atender usuários de quinze bairros da zona leste e sudeste, incluindo um circuíto distante da periferia de Teresina: Ininga, Dirceu Arcoverde (I E II), Jockey, Morado do Sol, Noivos, Vila Bandeirante, Piçarreira, São Cristovão, São João, Satélite, Novo Horizonte, Alto da Ressurreição, Horto Florestal, Renascença (I, II, III) e Parque Ideal. Imagina que entre esses bairros da periferia se encontram loteamentos e vilas.
Paciente psiquiátrico não tem passe livre, imagino como os mais pobres chegam ao serviço, será que há distribuição de vale-transporte ou ônibus para pegar e deixar em casa como no CAPS de Timon, quando fiz minha pesquisa em 2005?
E numa crise fóbica na Piçarreira por exemplo, como a equipe se desloca para fazer a intervenção domiciliar e no "território" ? Que capacidades reais essa equipe tem de articular ou rearticular a/uma rede social desse indivíduo; família, vizinhos, inserção nas atividades cotidianas dessa comunidade? Sendo que o serviço se localiza distante do território, podemos dizer noutro mundo, outro espaço da cidade, indiferente ao indivíduo. Pobre nas calçadas elegantes das casas do Jockey Clube são apenas empregados, domésticos ou não.
Ficamos felizes com a informação que no CAPS leste ( no qual fiquei extremamente traumatizada com o tratamento em 2007, preferindo até hoje consultório psiquiátrico, urgência do HAA e pagar terapias alternativas) agora há projeto terapêutico individualizado, oficinas de contos, de música, de artes, de chocolate, de beleza, pintura, bordado, tapeçaria e de rádio, grupos de esducação e saúde, higiene corporal, higiene ambiental e orientação sobre DSTs/Aids.
Falta acumputurista, yoga, biodança, terapia comunitária, florais de Bach, terapeuta naturista e outras expressões do mundo zen que ajudam muito a equilibrar a emoção e suportar os efeitos colaterais das medicações e então dar para concentrar e fazer um crochezinho. Estou louca? Não, sou louca como condição de existência, representante dos Novos Loucos, que defendem uma identidade na diversidade geral na concepção de Nilo Neto e ou o Louco Protagonista como eu digo.
A portaria 336 que regulamenta os CAPS diz sobre a clínica ampliada, que além da equipe psiquiatra tradicional qualquer outro profissional que caíba a seu projeto terapêutico pode ser contratado. Entendamos projeto político terapêutico no sentido de produzir uma reabilitação psicossocial, reinserção neste mundo tétrico da normalidade. Por isso precisamos destes dispositivos sem vícios manicomiais, vinculados a saúde comunitária das populações pobres principalmente que superlotam ainda nossos dois manicômios.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

FORTALECENDO A ACONSTRUÇÃO DE PRÁTICAS ANTIMANICOMIAIS, NOS SERVIÇOS SUBSTITUTIVOS.

Ano passado esse foi o tema do II Encontro Piauiense da Luta Antimanicomial, construção de práticas antimanicomiais nos serviços substitutivos. Lembro de duas falas: de uma assistente social que dizia que no CAPS tratava com muito carinho os pacientes e coisa e tal. Doutora boazinha. E de uma paciente dizendo que no CAPS era tão bem tratada que queria morar lá e elogiava muita a doutora. Esse tratar bem está incluindo o estímulo a autonomia? Aos recontratos sociais fora da "instituição"? Fortalecimento de redes sociais através de atividades na comunidade? Morar no CAPS é internação integral.
CAPS deveria abolir psiquiatra mesmo, as notícias que se sabe é de psiquiatra que manda a família conter paciente em casa, psiquiatra que não frequenta reuniões da equipe, psiquiatra que volta a trabalhar no manicômio. Então esses profissionais não servem ao modelo. Não querem mudar suas posturas. Os CAPS podem levar seus pacientes apenas para pegar medicação com eles em qualquer ambulatório. E ofertar psicoterapias de qualidade aos pacientes, intermediar projetos individuais de inserção na vida produtiva, na comunidade, nas artes, etc.
Quem não nasceu para Basaglia não tem jeito. Só Mengele.


18 DE MAIO: DIA NACIONAL DA LUTA ANTIMANICOMIAL

Em resposta aos ataques à reforma psiquiátrica, pedimos assinaturas para enviar ao fax do Senado onde haverá uma reunião na comissão de assuntos sociais pois os psiquiatras atraves da Associação Psiquiátrica do Piauí querem mudar o nome do CAPS para CAMPS, Centro de Atenção Médico Psicossocial. O que achamos disso? Onde levará? Ao reforço do poder médico. Por favor, contribuiam enviando apoio, como segue abaixo:

Carta aberta à Comissão de Assuntos Sociais do Senado

Em 18 de Maio de 2009

Comissão de Assuntos Sociais do Senado

A/C: Presidente da Comissão de Assuntos Sociais

Senadora Rosalba Ciarlini

e-mail: rosalba.ciarlini@ senadora. gov.br

fax: (0xx61) 3311 3652

Senhores e Senhoras Senadores e Senadoras

Recentes artigos de relevância social sobre a atual Política Nacional de Saúde Mental, veiculados em mídias de circulação nacional, fizeram efervescer um debate crucial para a consolidação do modelo de assistência à saúde mental pautada pelos direitos de cidadania e por uma concepção integral de cuidados aos usuários dos serviços de saúde mental.

Entendemos que este debate é de interesse de toda a sociedade brasileira, seja pela importância para a afirmação de uma política pública de saúde mental, seja por repercutir sobre todos os trabalhadores, usuários, familiares e instituições envolvidos diretamente no campo da assistência em saúde mental.

Entendemos, ainda, que a atual Política Nacional de Saúde Mental, elaborada ao longo de 3 Conferências Nacionais de Saúde, e de centenas de conferências municipais e estaduais, em consonância indiscutível com os princípios do SUS, trata-se de um conjunto de diretrizes, princípios e ações técnicas elaborado por um coletivo formado por milhares de gestores, trabalhadores, usuários e familiares, convocados para essa construção democrática de uma rede de assistência em saúde mental.

Todos nós podemos testemunhar que foi neste Brasil democrático que foi possível dar início ao processo de Reforma Psiquiátrica, possibilitando a reversão do modelo centrado no procedimento único da internação hospitalar, equívoco responsável pela criação dos manicômios brasileiros que chegaram a concentrar mais de 100 mil leitos psiquiátricos na década de 80. Neste sistema hospitalocêntrico, a desumanidade e a privação dos direitos dos pacientes eram seus traços característicos.

Esta realidade mudou. Um novo desenho de atenção à saúde mental vem se consolidando ao longo destas 3 décadas, de luta, de resistência, de protagonismo dos usuários, dos trabalhadores, dos familiares convencidos que uma assistência competente pautada nos direitos humanos é possível. O Movimento da Luta Antimanicomial e diversas entidades de profissionais têm sido importantes agentes políticos neste processo de transformação da assistência em saúde mental.

Os grandes hospitais psiquiátricos foram desativados, ou estão neste processo de encerramento de suas atividades. Em simultâneo foi criada uma rede extensiva formada por 1326 CAPS, de acordo com critérios geográficos e demográficos. Em suas diversas especificidades, os CAPS têm por objetivo atender a crianças e adolescentes com demandas em saúde mental, pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas, pessoas com transtornos mentais severos; foram criadas as Residências Terapêuticas para os pacientes provenientes da longa internação; foi implantado o benefício De Volta Para Casa, suporte financeiro em apoio a volta a vida em sociedade; têm-se incentivado, como política nacional, os projetos de geração de renda e de cultura, tem-se construído de forma sistemática um campo de supervisão clínico-instituciona l destas ações de saúde mental; e tem-se, sobretudo, se constituído um novo campo denominado de Atenção Psicossocial que congrega as competências técnicas de múltiplas formações profissionais: psiquiatras, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, musicoterapeutas, e outras profissões.

Na realidade, podemos dizer que pela primeira vez no Brasil podemos contar com uma rede de assistência em saúde mental, que impulsionada pela aprovação da Lei 10.216 de abril de 2001, se fundamenta nos princípios do SUS, dos Direitos Humanos e na construção democrática desde modelo de assistência.

Reconhecemos os grandes desafios que temos para consolidar este novo modelo: é preciso avançar na ampliação da rede de CAPS III, dos leitos em hospitais gerais, para o atendimento 24 horas; integrar de forma sistemática as ações de saúde mental nos programas de atenção básica; avançar na reforma dos manicômios judiciários, necessário ampliar as parcerias com as políticas intersetoriais para a fomento das iniciativas de inclusão social, de direito ao trabalho, ao lazer, à educação; fomentar ações de pesquisa para o campo da atenção psicossocial; garantir a formação permanente dos trabalhadores do campo; ampliar as ações de formação nos currículos universitários; fomentar ações de qualificação das associações de usuários e familiares dos serviços de saúde mental.

Contudo, estes desafios confirmam os acertos das diretrizes da atual Política Nacional, e têm nos convocado ao debate democrático e ao trabalho cotidiano para o avanço da Reforma Psiquiátrica em curso. Nesta história brasileira de construção coletiva de uma política pública exitosa, e reconhecida internacionalmente, aprendemos todos nós a importância da defesa do SUS para a garantia efetiva de uma rede pública de serviços de saúde mental. Nós somos muitos. E o campo da saúde mental fortalecido de forma inequívoca com a Lei 10.216, aprovada a mérito de árduo trabalho de militantes junto com a sensibilidade de nossos parlamentares para as causas humanitárias, quer deixar este testemunho nesta Audiência Pública sobre a Política Nacional de Saúde Mental.

Assinamos nós, os muitos trabalhadores, familiares e usuários dos CAPS, entidades e profissionais do campo da saúde mental, bem como da saúde pública, assistência social, direitos humanos e outros ligados à luta pela conquista da plena cidadania no Brasil.

Nome

Nº de

Identidade

Profissão

Serviço/Instituiçã o

Estado

Mara Faget

52372627

Médica

CAPS Lima Barreto SMS /RJ

RJ



















domingo, 17 de maio de 2009

PROCURA-SE PROFISSIONAL DE SAÚDE MENTAL QUE USE "RIVOTRIL"!!!

Dando sequência a nossas atividades que se avolumam no atendimento a comunidade e não há voluntários (usuários fora de crise) suficientes para a demanda, estamos "enlouquecidamente" procurando com urgência profissionais que se disponham a duas visitas mensais a comunidade.
Damos prioridade àqueles que pelo menos usem um "rivotrilzinho" de vez em quando, guardamos segredo.
O trabalho consiste em acompanhamento individual de um plano de Automonitoração do Humor para prevenção e controle de crise. Precisamos de psicólogos cognitivos, enfermeiras (o) que conheçam o manejo das medicações psicotrópicas, assistente social com experiência em trabalho com dependência química, um facilitador de yoga e um músico.
"Couvert" terapêutico a combinar.
Contatos:
Edileuza
(86) 8824-6343 / 9402-4035 ou madileuzazem@hotmail.com

sábado, 16 de maio de 2009

FALANDO EM ESTIGMA...

Lutei até a última "bala", deixei alguns "mortos", outros "feridos". Resisti, argumentei, contra-argumentei, mas louco mesmo tendo razão, não tem razão. Fui retirada sumariamente "para o bem da minha saúde" da sala de aula.

"IGNORÂNCIA E PRECONCEITO

Sabem, a ignorância, na expressão mais corriqueira da palavra, significa falta de saber, ausência de conhecimento. E é preciso que todos reconheçamos: ignorância não é atributo apenas dos mais pobres ou dos que têm menos estudo.
É algo que está presente em todas as camadas sociais, em muitas famílias, grupos de empresários, funcionários do governo (federal, estadual ou municipal) e, até mesmo, em muitos médicos que não se especializaram em reabilitar pessoas portadoras de deficiências ou que não tem prática no tratamento de algumas restrições do corpo (leve ou profundas).
O problema é que a ignorância acaba chamando o preconceito. É assim: quando a gente não sabe, começa a "achar", e então podemos fazer interpretações que fogem da realidade de vida das pessoas que têm algumas restrições física ou mental. Por isso, a palavra preconceito sugere sempre um "pré-conceito" de algo que desconhecemos. (pág. 63/64)"
VIVA A DIFERENÇA!
Convivendo com nossas restrições ou deficiências
João Baptista Cintra Ribas, Moderna

III ENCONTRO PIAUIENSE DA LUTA ANTIMANICOMIAL

"É chegado o tempo de abrir a mente"
22 e 23 de maio de 2009
Auditório da FACIME

Durante séculos, as pessoas com transtornos mentais foram afastadas do resto da sociedade, algumas vezes encarceradas, sem direito a se manifestar na condução de suas vidas. Hoje em dia, as atitudes negativas e a visão errada da doença mental os afastam da sociedade de maneiras diferentes, mas com a mesma efetividade dos séculos passados.
A estigmatização da loucura se constituem como o maior obstáculo à intervenção e faz com que o portador de transtorno mental adie a procura de ajuda agravando o isolamento social, ampliando o grau de incapacidade e aumentando o risco de suicídio.
Com o tema: "É chegado o tempo de abrir a mente", o III Encontro Piauiense da Luta Antimanicomial, tem como foco principal o combate ao estigma e pretende abordar as novas formas de olhar, as novas perspectivas e as novas formas de convivência com pessoas com transtorno mental.
Comissão Organizadora
INSCRIÇÕES:
FSA - Victor Marchel - 9419-3067 FACID - Hivana - 9985-5118/Juciléa - 886106
UESPI - Leandro Lopes - 8859-9137 UFPI - Laiz Mara - 8808-3241/8828-2912

quinta-feira, 14 de maio de 2009

EMAIL AO SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO DO ESTADO:Bipolar produtivo já!!!!!!!!!

Olá professor Antônio José,

Peço desculpas por incomodá-lo por email, infelizmente não tenho nenhum tempo pela manhã
por conta de acompanhar minha filha surda profunda a terapias de fono, aulas de sinais, sala de
recurso e uma manhã faço psicoterapias complementares importante para quem está mais uma
vez saindo de uma crise moderada. E a tarde trabalho na escola da prefeitura, ensino fundamental todos os dias.
Estou funcional como se diz nos meios psiquiátricos, orientada, serena, emoção equilibrada.
Só que mais uma vez de volta de um atestado de quinze dias. Professora Salomé me informa da sua decisão de me afastar da sala de aula. A sala de aula não me enlouquece, não tenho problemas com alunos. Nunca fui arbitrária em sala de aula ou enlouquecida. Sou professora exigente como qualquer professor "normal". Não tenho tempo de trabalhar pela manhã porque realmente uso minhas reduções de carga horária para cuidar da reabilitação de M. C. de 8 anos. Posso provar.
Sair da sala de aula para trabalhar onde? Longe de casa, sem carro, será bem mais difícil.
Só peço que o senhor e suas auxiliares aguardem pelo menos até o final do ano. Está acontecendo
muito concurso de Serviço Social, posso passar em um deles.
Hoje ao chegar na escola fui informada que não dava mais aula lá, por sua ordem, continuar era desobedecê-lo. Desobedeci, fui humilhada, a diretora adjunta Sandra, chamou todos os líderes de
turma e deu a ordem que em cada sala que eu entrasse os alunos deveriam levantar-se e ir embora.
Colhi mais de setenta assinaturas de alunos, ex alunos e professores solidários, vou procurar um advogado trabalhista para me orientar. Mas de antemão, acredito que só uma junta médica psiquiátrica poderia avalhiar-me, confirmando se posso ou não permanecer em sala de sala. E a esta diretora adjunta que tem fixação por perseguição, já tirou uns seis professores efetivos da escola. Tem comportamento típico de quem tem transtorno de personalidade, má, sem remorsos e incapaz de se colocar na posição do outro. É introspectiva, treme as mãos, não olha diretamente no olho com quem está dicutindo, jamais discute com alguém que a acusa de alguma coisa. Já vi outras brigas com outros professores. Mas depois vinga-se de maneira sorrateira. Como fez hoje comigo, tem prazer em expor seu poder humilhando. Deveria ter me avisado por telefone e então eu não teria ido a escola.
Não acho ético receber sem trabalhar, passei num concurso, estou a seis anos nesse local de trabalho sem confusão com ninguém. Pretendo continuar até ser lotada em outro local perto de minha casa.
Dificil. Temo que essa confusão provocada por pessoas impiedosas e intolerantes me provoquem nova crise.

Edileuza

terça-feira, 12 de maio de 2009

ARTICULAÇÃO SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PRIMÁRIA

A idéia do curso Saúde Comunitária divulgado abaixo surgiu de conversas com enfermeiras, colegas que trabalham no Programa Estratégia da Família e suas dificuldades em lidar com transtornos mentais e dependência química em suas áreas, principalmente na área do Mocambinho.
Literalmente angustiadas com as limitações da intervenção acorrem aos CRAS da região que segundo elas não dão respostas suficientes, aos CAPS que em Teresina ainda não trabalham com o acompanhamento fora da "instituição". Não tem carros, ambulâncias ou o que o valha.
O Amigo no Ninho e a Escola de Biodança trazem Dr. Cezar Wagner de Fortaleza, teremos oportunidade de conhecer mais uma experiência em saúde mental do Ceará.
Profissionais e estudantes nos vemos lá.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

NOTÍCIAS BOAS ENVIADAS POR AMIGOS BRASIL AFORA

CONGRESSO INTERNACIONAL/ SAÚDE MENTAL E REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL
11 a 13 de junho de 2009 em Porto Alegre
Link:
http://www.saudemental2009.com.br/

II ENCONTRO CATARINENSE DE ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO
05 e 06 de junho de 2009
Florianópolis
www.ipat-psico.com


Encontro Internacional 30 Anos da Lei Franco Basaglia: Reformas psiquiátricas e transformação cultural no Brasil e no mundo. 11 a 13 de maio 2009 UFBA - Centro de Convenções da Bahia - Salvador/BA

Vontade grande de ir a todos.

terça-feira, 5 de maio de 2009

A ENCHENTE E A SAÚDE MENTAL EM TERESINA

Final do ano passado Santa Catarina enfrentava o dilúvio. Muitas vítimas fatais e desabrigados. Lembro de ter visto na televisão um psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) falando sobre como a saúde mental destas pessoas estava em a relação a perdas tão severas e a capacidade de reconstrução dos danos emocionais e materiais. Não recordo-me com precisão se a instituição prestou algum serviço de intervenção àquela população. Mas aqui em Teresina neste momento que o governo do Estado e município decretaram calamidade pública, observo a mobilização das pessoas, governo e igreja católica no sentido de prover as necessidades materiais imediatas das pessoas desabrigadas, vários postos de arrecadação são montados para recebimentos de roupas, cobertores, alimentos e remédios.
Fico a imaginar a condição psíquica de centenas de pacientes e familiares com as difículdades de locomoção para os serviços psiquiátricos, já que a cidade praticamente está parada. Tenho quase certeza que esses serviços existentes aqui em Teresina não montaram equipes de emergência, visita a abrigos, domiciliar, etc.
Infelizmente grupos de apoio como o Ninho são tão pequenos e sem estrutura que num momento desses até saberíamos como, mas não temos como dar o apoio necessário a pessoas que vivem e convivem com transtorno mental e estão expostas ao estresse da situação de alagados.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

BIPOLAR PRODUTIVO, JÁ!!!!!!!!!!!

Lá estou eu sentada diante das chefes das minhas chefes. Uma delas leva a mão na cabeça, nem imagino se há gravidade no gesto. Se tem alguma coisa comigo. Mas tento parecer normal, "cara de pateta, burra e pedinte". Não consigo. Dez anos de UFPI para quê? Para continuar oprimida?
Então a chefe principal, que sempre foi minha "considerada" demonstrou que não gostou do que fiz na quizila do ano passado, e do início deste ano quando a vice direção, porque adjunto não é titular, enviou um relatório para a regional mentindo a meu respeito, me diagnosticando como estressada, que não deixava meu "problema de saúde em casa". Mentiu, denegriu minha imagem como profissional e eu tenho como provar. Fiz uma exposição de motivos para o seretário de educação, meu ex professor, com quem aprendi Gramsci e Habermas. Pedia sindicância, processo, pena, para que não acontecesse mais, o que considero discriminação explícita com pessoa que vive com transtorno mental.
Então, um ano depois, eu estou convaslecendo mais uma vez de uma crise aguda, recuperando atividades prazeirosas, sofrendo com trocas e retrocas de medicação e terapias dolorosas e cansativas, de efeito "homeopático". Sem tirar atestado da maternidade ou da vida, né? Volto de mais quinze dias de atestado médico e já estou às voltas com a "compreensão" destes normais, bons cristãos, participantes de encontros de casais com Cristo, comungando em toda missa e se benzendo antes de entrar na escola. O secretário deu sua ordem, a chefe principal tem que me tirar da sala de aula, para o bem da minha saúde. E o julgamento dos fatos? Os chefes normais livram-se da professora "doente" e fica tudo bem para o tranquilo, inoperante e ninguém liga Serviço Público. Nada acontece a caluniadora. Colega, não diagnosticada. Irei entulhar mais uma sala de ASPONE? Sinto calafrios na minha dignidade. Me senti o cara do Kafka que virou barata. Ou aquele outro personagem do Hesse de Lobo da Estepe. Fazer cinquenta anos e sair para dançar o absurdo da vida.
Explico para as chefes, que transtorno mental é como uma sinusite, os sintomas ficam em remissão até você tomar uma chuva, enfrentar umidade, eles podem aparecer. No nosso caso, podem ocorrer quando acontecem situações estressantes externas. Meu ponto de vista pode está
equivocado pela a maneira que vejo e percebo a realidade, diferente dessas pessoas. Se alguém mentiu e te prejudicou de algum modo no trabalho, sendo seu superior, se caracteriza assédio moral no trabalho. Aqui em Teresina parece que não há jurisdição a esse respeito. Não tenho tempo e nem saúde para andar atrás dessa justiça morosa.
Torcer para não adoecer e resistir. BIPOLAR PRODUTIVO, JÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!

sábado, 2 de maio de 2009

RIO POTY E AS SUICIDAS

O rio Poty está tranbordando, já deixou pessoas ilhadas, resgatadas por bombeiros. Suas águas escuras e correntes atraiu a menos de três semanas uma moça que se atirou da ponte perto do Tancredo Neves, cedo da manhã. Transuentes a tiraram da água antes do corpo de bombeiros. Meio dia a notícia estava em telejornal popular. O apresentador esbaforido perguntava pela mulher, que seus repórteres não conseguiram nenhuma imagem. E as informações eram imprecisas, esta teria sido levada a um hospital.
Hoje dois jornais locais estamparam manchete sobre mulher encontrada viva após 10 horas de ter se jogado ponte abaixo, diante dos familiares. Um dos jornais, coloca acima da manchete: DEPRESSÃO e que depois de resgatada, a senhora identificada, com nome completo, estaria sido internada em hospital particular.
Faço a quem possa me responder as perguntas: que hospital público ou privado tem um serviço de atendimento para uma pessoa que acaba de tentar um suicídio? Hospital psiquiátrico? Só temos dois: Areolino de Abreu ou Meduna. Não há diferença de tratamento em nenhum caso. Tentar morrer e depois cair num manicômio. É passar pelo inferno em vida. Hospital Geral? Que serviço especializado as autoridades em saúde pública em Teresina pensam em executar? Onde estão os números de notificação de doenças não transmissíveis que se possa incluir o suícidio? Todo mês se registra casos de tentativas de suicídios na cidade? E os suicídios consumados? A que transtorno mental ele estaria mesmo associado na maioria dos casos?
As autoridades teresinenses esqueceram um pouco a dengue, porque se falava o tempo todo nacionalmente. Agora é a gripe A. Dizem que o Piauí está preparado.
Cá estamos perdidos numa "floresta de homens doidos" ou apenas observando e esperando a nossa vez de adentrar as casas verdes da cidade.
A FLORESTA DOS HOMENS DOIDOS, Ivan Jaf, ed. Scipione, 1993

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.