Cidadania e Loucura, Politicas de Saúde Mental no Brasil, Tundis e Costa, Vozes,d e 2000, traz vários artigos sobre a então articulada reforma psiquiátrica brasileira. Vários textos da década de 90 fundamentaram-na e considero alguns ainda pertinentes nesse momento de ataque acirrado da ABP, através de vários artigos de seu recém eleito presidente Antônio Geraldo da Silva. Esse é um excelente texto de Pedro Gabriel Godinho Delgado, atual coordenador da área de saúde mental do Ministério da Saúde, psiquiatra.
"A doença mental é problema sério demais para ficar restrito aos psiquiatras, poderíamos dizer, como outros autores, ou aos demais técnicos da extensa confraria Psi. As experiências vêm demonstrando que a transformação institucional, com a formulação de estratégias novas para lidar com o problema da doença mental, não são empreendimentos de caráter apenas técnico e administrativo."
O texto é extenso e faz uma abordagem geral sobre a questão manicomial no país da época e o que poderia ser uma psiquiatria pós asilar com a possibilidade de reintegração social dos crônicos em sociedade. Já temos uma parcial dessa realidade, dez anos após a publicação do texto e o próprio autor conduzindo a própria politica orientadora. Nosso problema continua sendo o embate com a cultura da alteridade, como a sociedade continua vendo o louco, incluindo os psiquiatras filiados a ABP, o doente incapaz e candidato sempre a uma internação segregadora, em nome de critérios técnicos e científicos. Os trabalhadores de um novo tipo, vão se perdendo, e o movimento da luta antimanicomial esmaecendo o foco da intervenção, que hoje seria a luta pela qualidade da atenção psicossocial. Mas a lida continua.
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