domingo, 26 de dezembro de 2010

VIVER VIVENDO!!!!!

As fotos são de professor Fabiano no Japão postados no Faceboock. Pedi permissão para mostrar por aqui. Continuo com a sugestão que alguém pode trocar a idéia de morte pela idéia de uma viagem exótica, com conforto e data de volta marcada.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A LUTA PELA ACESSIBILIDADE AO EMPREGO

O Ninho esteve no SINE, programa para pessoas portadoras de deficiências, Trabalho Para Todos. Tivemos uma série de dificuldades na luta contra o estigma da incapacidade atribuída a pessoa com transtorno mental. Primeiro do psiquiatra do ambulatório que teve dificuldade de entender porque precisávamos do atestado médico constando  a CID, deu-nos atestando boa saúde mental, sem o diagnóstico, achando que atrapalharia na aquisição do trabalho. No CEREST,  o médico trabalhista não aceitou. Uns dois meses a mais. Perdemos as vagas que nos serviriam. Finalmente, a usuária encaminhada para enrevista numa grande rede de supermercados, a assistente social pede-lhe que não comente sobre o transtorno numa segunda entrevista com uma psicóloga.A proposta que levamos ao SINE é que acompanharemos os usuários. Iremos lá conversar com estas profissionais.

A LUTA PELA MORADIA


O Ninho esteve em reunião da AMOR, associação de mulheres por moradia. Nossa intenção é fazer um projeto em parceria com esta entidade para melhorias nas casas de pessoas que vivem com transtorno mental e seus familiares. Percebemos no atendimento domiciliar que às vezes o usuário só precisa de uma porta no banheiro, um quarto a mais, um piso, um muro para ter condições de cidadania mais digna e melhoria em sua saúde mental. No caso dos cárceres privados que ninguém liga mesmo... se a atenção psicossocial não tem conseguido libertar estas pessoas, nem direitos humanos, ministério público. Pensamos que no quarto com grades poderemos está colocando sanitário, cama de cimento, sofás, cor. Convecendo a familia a trazer o quarto para dentro de casa, com estes confortos.
Professor Fabiano Contijo no Japão. Fotos para curiosos no Faceboock. Por sinal  fotos impressionantes pela beleza do local e qualidade do trabalho de Fabiano.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

SÍNDROME DE CRISES DE FINAL DE ANO (MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA)

Não refiro-me somente a "depressão natalina", mas aos demais sintomas de uma crise mental que parece acometer muitos psicóticos nessa época de final de ano. Alguns amigos já estão reclamando de melancolia que estaria puxando os sintomas. Eu mesma anticonsumista, antirritual natalinos capitalistas, há dias não ando em lojas. Não suporto a multidão, fico estressada, a ansiedade aumenta, a possibilidade de descompensar para dar conta de todo esse frenesi que por mais que se lute, não conseguimos nos livrar. Já estive em dois almoços de final de ano e tem mais dois marcados.

DICAS DO MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA

1. Deixe para comprar lembrancinhas depois desse fuá, todo mês de janeiro, o presente com felicitações de ano novo é válido.
2. Bom ir a consulta de manutenção com psiquiatra antes do recesso, fui dia 20. Mudei o estabilizador, com aumento na dosagem. Estou na adaptação, portanto, achei melhor, ter em casa a medicação antiga, para caso sinta-me mal com a nova medicação.
3. Se sua família viajou... infelizmente, geralmente nos deixam (Viajam para descansar, transtorno mental é a única doença que só dói e cansa os outros, não quem a sente), alugue, baixe bons filmes e faça um teste de autonomia emocional: vá ao cinema sozinho. As salas de cinema de Teresina estão com excelente parogramação. Não reveja Esqueceram de Mim, prefira Duro de Matar 1 de 1988.
4. Família viajando, dentre eles seus suportes e referências emocionais: tente arregimentar uma rede socioafetiva rápida: ligue para amigos que não ver há tempos, visite-os; tolere um pouquinho mais aquele vizinho normal dono do bar, porque dá para sentar e descolar alguma companhia para um papo trivial.
5. Nas confraternizações, mesmo sintomático (a), se der para participar tente não ficar ruminando problemas emocionais, comparando sua vida com a daquelas pessoas que você considera de alguma maneira modelo de felicidade, de conquistas. NÃO ao sentimento de fracasso.
6. Ideação suicida. Reveja medicação na urgência do HAA, médicos e terapeutas estarão de recesso, ligue para o GAF (Grupo de Apoio Fraterno/ 3222-0000)  procure atividades que sempre lhe deram prazer, na persistência, planeje uma viagem para um local que sempre quis conhecer ou descubra um que lhe seria interessante no Brasil ou exterior, é um projeto para 2011, viajar com ou sem dinheiro, na sorte das caronas é uma aventura arriscada, mais arriscado é querer partir para uma viagem sem volta sem saber o que encontrará no além vida. Entre no gogle e veja intinerários, alimentação, cultura, língua, etc e boa futura viagem. Quem sabe, no regresso, você escreve: "Comer, rezar e amar" ou outro título do gênero.
7. Se você é usuário de CAPS II em Teresina, se programe no caso de gerenciamento dos sintomas: eles estarão fechados somente dias 24, reabrem e fecham novamente dia  31.
8. Faltam apenas 10 dias para o novo ano. Se já estiver em crise, dá para tempo de reverter os sintomas com medicação, na falta de psicoterapias, as práticas integrativas e complementares auxiliam bastante. Os espaços alternativos também entram em recesso, bom conferir e marcar atendimento já.
9. Esqueça o regime e coma todas as gostosuras que tiver vontade, engorda, mais sacia a ansiedade de algum modo. Se der para segurar, prefira os pratos ligths, basta a medicação fazendo a gente inchar.
10. Projeto para 2011, o  mínimo de ciclagem possível, principalmente em janeiro que é férias de filho. É possível desenvolver estratégias pessoais de enfrentamento e convivência razoável com os sintomas.

CASA DE ACOLHIMENTO TRANSITÓRIO (CAT)

" A proposta das Casas de Acolhimento Transitório implica a implantação de dispositivos que permitam abrigamento temporário, acolhimento e proteção social, em espaços de saúde, no contexto de um Projeto Terapêutico Individualizado deseenvolvido em Centros de Atenção Psicossocial, em articulação com a atenção básica e com dispositivos intersetoriais ( saúde, assisstência social, direitos humanos, justiça, educação e outros). São três as modalidades das CATs: CAT ( até 10 leitos), CAT II (até 20 leitos) e CAT infanto-juvenil (para crianças e adolescentes; até 12 leitos)." (CONASS/nota técnica 36/2010 Ações do Plano de Enfrentamento de álcool e drogas/Ampliação da rede de atenção aos usuários de álcool e outras drogas no SUS)
Cada tipo de CAT tem uma internação (permanência) média de até 40 dias, dependendo do projeto terapêutico desenvolvido pela equipe de referência, no caso infanto- juvenil essa média passa para até 90 dias. Equipe míníma constituída de um a dois profissionais de nível superior, não é especificado a formação, acompanhantes terapêuticos, Teresina não tem essa formação ou redutores de danos em período noturno e ou diurno, profissionais de apoio: manutenção, limpeza, alimentação.

Hoje em telejornal local, um policial com drogas e cachimbos para crack apreendidos de usuários de drogas na noite passada no centro da cidade, entrevistado, falava que o problema das drogas em Teresina é mais que um problema de policia, que é também social. Concordo. Os gestores municipais ainda não se sensibilizaram com a questão, que é também fundamentalmente um problema de saúde pública. O caso das CATs, a falta de uma gerência de saúde mental multiprofissional  antenada com as perspectivas de implantaçâo de novos serviços, era só fazer o projeto e enviar para o MS para concorrer, não o fizeram, recebi email e telefonema de uma ONG interessada em compartilhar a gestão com a FMS, porque esta já faz um trabalho similar, com espaço de acolhimento, etc. A coordenadora me informou que já havia peocurado Amariles Borba que não demonstrou interesse. Foi assim em 2002 com o projeto de primeiro CAPS de Teresina, engavetado pelo secretário de saúde Silvio Mendes. Acabou sendo instalado na Timon de Chico Leitoa. Deixando de elaborar projetos atendendo a editais de financiamentos para implantação de serviços que implementariam a rede de saúde mental do município,  a FMS deixa de atender essa grande  e grave demanda, que é a dependência química que superlota as praças públicas, principalmente a praças Saraiva e Pedro II à noite e outros tantos espaços de todas as classes sociais.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

BONS PRESENTES DE NATAL

Olá pessoal,
Mais uma vez estamos de parabéns , pois conseguimos aprovar o centro regional de educação permanente em saúde mental que será organizado em parceria entre a secretaria de saúde e UFPI. Liana  e professor  Ivo vamos agora além de comemorar traçarmos as metas. Também conseguimos a aprovação da escola de supervisores clinicos que será coordenada pela UFPI através de Lucia Rosa. João Paulo será supervisor clinico CAPS AD Piripiri e Parnaiba pelo Ministério e PET-SAUDE contemplou minicipio de Floriano.
 caros amigos só temos que comemorar e trabalharmos bastante para seguirmos mudando a cara da saúde mental do Piaui mais humanitaria, acolhedora e digna.
Um abraço a todos e feliz natal e ótimo ano novo para nós!
abs,
Gisele Martins

Gisele Martins é coordenadora da Gerência de Atenção a Saúde Mental da SESAPI, bom lembrar que  estes projetos são todos beneficiados pelos editais contidas no plano nacional de enfrentamento de álcool e outras drogas.Demanda da saúde pública nem tão recente, mas nunca tão estimulada a qualificação dos serviços, processos de trabalho, gestão e recursos humanos. Cria-se uma clínica da abordagem a dependência clínica.

domingo, 19 de dezembro de 2010

PAPAI, MAMÃE, TITIA -AVÓ E CACHORRA NÊGA QUE RASGA TUDO!!!

Em paz com a familía. Não sou mulher de grandes mágoas,  na verdade só "trovejo" e "escureço", mas não "chovo". O vento leva a chuva, como se diz por aqui. Estou recebendo visitas de irmãsque moram no norte do país, sobrinhas, cunhado e embevecida com a mais nova mulher da família, chegada a terra antes de ontem (17), Lourdes Maria, fui para maternidade e tudo. Hoje levei-lhe margaridas brancas. Vejam só como é linda! Chora e mama bem decidida. Descobri que sou tia-avó, ela é filha de minha sobrinha Cídia, filha de meu primo Carlos.Tinha uma invejinha saudável das amigas de minha idade já avós.Vovós jovens e atuantes, claro. Mais uma feliciano, referência a meu avô, figura  notável por conta de  de sua personalidade forte.
Como diz meu livro de auto- ajuda favorito, "Cultivando a saúde do corpo e da mente "de Louise Hay, na sua meditação induzida, o não-perdão piora nossa doença, apego ao passado provoca mal-estar, a cura pode estar relacionada ao aprendizado do amor, do exercício de perdoar aos outros e a aceitação de si mesmo. Coloquei a questão na berlinda, mas como diz outro livro favorito, "A Arte da felicidade, um manual para vida", Dalai lama, sendo interpretado por um psiquiatra, alguns acontecimentos em nossa vida podem ter nossa participação para uma vida  melhor ou não, isso inclui uma série de atitudes como o perdão, compaixão, a tolerância, paciência, humildade, cooperação, entendimento da perspectiva do outro levando em conta suas limitações, sejam elas culturais, materiais ou espirituais, mudança de vista de nossas próprias perspectivas. Bem, não sou romântica, mais acredito na força do amor altruista. O próximo mais próximo são nossos parentes. Cumpramos o mandamento.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

VITÓRIA DA CHAPA 1 !!!

Camaradas,

Logo abaixo estão os números finais das ELEIÇÕES DO SINDSERM 2010, realizada ontem, 14 de dezembro:

Votação geral
%
Chapa 1
670
60,6
Chapa 2
381
34,5
Nulos
39
3,5
Brancos
15
1,4
Total
1105
100,00

Votos válidos
%
Chapa 1
670
63,7
Chapa 2
381
36,3






Total
1051
100,00

 A vitória da Chapa 1-BASE EM AÇÃO/Oposição Unificada confirma a opção da categoria por uma Direção socialista e revolucionária à frente do SINDSERM/Teresina.

Vitória dos/as servidores/as municipais de Teresina! Vitória da classe trabalhadora!

Os agradecimentos a todos/as pela vitória, seguem agora junto ao chamado para três anos de muitas lutas. 

Há braços na luta,

Sinésio (Délio)
Presidente/Coordenador eleito 

NINHO CONVIDA

A Rede de Apoio e Suporte em Saúde Mental do Piauí- AMIGO NO NINHO convida sua diretoria, representantes de entidades parceiras e ou interessadas em somar na luta em defesa  dos direitos das pessoas que vivem e convivem com transtorno  mental, incluindo trabalhadores de CAPS , usuários e familiares para um reunião de avaliação das ações desenvolvidas em 2010 e planejamento intersetorial para 2011.
Pautas
- Acessibilidade ao trabalho melhoria habitacional
- Luta pela implantação da Gerência de Saúde Mental na FMS
- Qualidade dos serviços ofertados pelos CAPS: visita e atendimento domiciliar sem transporte próprio.
- A questão do atendimento ambulatorial
- Apoio a criação de um Centro de Referência em Redução de Danos/ad
- A questão dos cárceres privados 
- Apoio a criação de um Centro de Atendimento a ideação suicida para comunidade LGBT
- Organização do I Seminário sobre Práticas Integrativas e Complementares e Saúde Mental
LOCAL: CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CCS/UFPI   Sala 305
AV. Frei Serafim, 2280, próximo ao HGV e loja da OI
DATA: 18/12/2010
HORÁRIO: 8:30








MEDITAÇÃO PARA COMBATER RECAIDAS DEPRESSIVAS

Meditação versus antidepressivos
Cientistas do Centro de Dependência e Saúde Mental (CAMH), no Canadá, constataram que a terapia cognitiva baseada na meditação da mente alerta oferece o mesmo nível de proteção contra a recaída da depressão que a medicação antidepressiva tradicional.
O estudo, publicado na edição atual do Archives of General Psychiatry, comparou a eficácia da farmacoterapia com a meditação da mente alerta, estudando pessoas que foram inicialmente tratadas com antidepressivos e, em seguida, ou pararam de tomar a medicação a fim de praticar a meditação, ou continuaram a tomar medicação por 18 meses.
"Os dados disponíveis sugerem que muitos pacientes deprimidos param com a medicação antidepressiva muito cedo, seja por causa dos efeitos colaterais, seja por não quererem ficar tomando o medicamento durante anos," diz o Dr. Zindel Segal, coordenador do estudo.
Controle das emoções
A terapia cognitiva baseada na meditação é uma abordagem não-farmacológica que ensina habilidades no controle das emoções, de forma que os pacientes possam monitorar possíveis desencadeadores das recaídas, bem como adotar mudanças no estilo de vida que ajudem a manter um humor mais equilibrado.
Os participantes do estudo que foram diagnosticados com transtorno depressivo grave foram todos tratados com antidepressivos até a diminuição dos sintomas.
Eles foram então aleatoriamente designados para deixar a medicação e começar a aprender a técnica de meditação, deixar a medicação e receber um placebo, ou continuar com a medicação.
Essa proposta inovadora de pesquisa permite comparar a eficácia de prosseguir o tratamento farmacológico com um tratamento psicológico, em relação à manutenção do mesmo tratamento - antidepressivos - ao longo do tempo.
Os participantes escalados para a terapia com meditação participaram de 8 sessões semanais em grupo e se comprometiam a praticar diariamente em casa - uma espécie de dever de casa.
Foram realizadas avaliações clínicas a intervalos regulares em todos os participantes durante um período de 18 meses.
Recaída da depressão
As taxas de recaída para os pacientes no grupo da meditação foram as mesmas registradas entre os pacientes que continuaram recebendo antidepressivos - ambos na faixa de 30%.
Mas os pacientes que receberam placebo recaíram em uma taxa significativamente mais elevada - 70%.
"As implicações reais destes resultados é que eles confrontam diretamente a linha de frente dos tratamentos atuais da depressão. Para esse grupo considerável de pacientes que estão relutantes ou incapazes de tolerar o tratamento antidepressivo de manutenção, a meditação oferece o mesmo nível de proteção contra a recaída," disse o Dr. Segal.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

DEPENDÊNCIA QUÍMICA E PRECONCEITO

"Traficantes enganam viciados e trocam crack por "oxi"
A melhor noticia das últimas horas. Traficantes estão engando viciados e estão passando a droga oxi no lugar do crack. É o sinal claro de que muito bandido (ou não) viciado vai morrer mais rápido. A droga oxi é feita da borra do crack, ácido sulfúrico ou querosene e cal virgem. Que maravilha. Em Parnaíba já viciado andando com o pescoço mole."
Blog do Pessoa

Na televisão num programa popular uma conselheira tutelar, um  major e Célio, criador da Comunidade Terapêutica Fazenda da Paz eram entrevistados, demonstravam total desconhecimento da política nacional de enfrentamento a problemática das drogas enquanto problema de saúde pública ou diziam considerá-la capenga. No acirramento da campanha eleitoral, com Serra dizendo que criaria milhares de ambulatórios e clínicas de tratamento para dependentes químicos. O MS e a SENAD reagiram com um número significativo de editais para implantação de serviços, qualificacação dos processos de trabalho, de  pessoal, de gestão. Dentre estes Casa de Acolhimento Transitórios, Consultórios de Rua, Escolas de Redutores de Danos, Escola de Supervisão Clínico Institucional em Alcool e outras drogas e outros tantos e nem menos interessantes e necessários. Os gestores (leia-se secretarias de saúde e coordenações de saúde mental) só precisavam preencher formulários online com seus projetos para concorrência. Muitos editais tiveram suas datas de encerramento adiadas para que mais projetos podessem concorrer. Os consultórios de rua, enviei os links para técnicos da FMS, liguei. Fizeram e foi aprovado. A maneira como será implantado não tive a honra de nenhum técnico informar-me. A Escola de Supervisores Clínicos também enviei links e liguei para professora Lúcia Rosa, aprovado e será coordenado por ela, tendo Marta Evelin como articuladora de redes. Quanto a uma Casa de Acolhimento Transitório, quando Liana Cronemberger da coordenação de assistência a dependência química da SASC me contatou, já não havia muito tempo e nem conseguimos sequer respostas dos emails que enviamos a técnicas da FMS.A luta por uma gerência de saúde mental em Teresina se faz necessária, um só técnico não pode dar conta do tamanho da rede e suas demandas.

TAMPINHAS DE REFRIGERANTE

Vejo-o sempre na praça do Renascença I, onde moro ou nas proximidades da praça cultural do Dirceu I, sei que não mora no Renascença, então imagino que sua casa deve ficar  no Dirceu. Fica nas praças juntando tampinhas de refrigerantes, só de calção, corpo magro, sem parecer que passa fome. Acredito que tenha família, troca de roupa e não anda esfarrapado. Parece construir coisas, que só tem formas na sua imaginação. Fica acocorado horas no seu trabalho feliz de "escravo egípcio" ( li não sei onde que os escravos no Egito sentiam-se honrados em se matarem trabalhando construindo aquelas pirâmides). Já tentei alguma abordagem, ele nunca respondeu uma palavra. Sempre o cumprimento. Parece já me reconhecer.
Hoje Tamara, a moça do Democrata, barzinho do bairro, me entregou uma sacola de tampinhas que pedi que juntasse para que eu podesse tentar uma aproximação mais consistente. Tamara, já é minha cuidadora, conhece minha impaciência sintomática ou minhas bizarrices, cuida de mim e não se estressa comigo e Bia, loucas insuportáveis, quando aperreadas!!!


sábado, 11 de dezembro de 2010

ELEIÇÕES DO SINDSERME - 14/12

O Sindicato dos Servidores do Municipio realiza eleição dia 14/12. Apoio a chapa 1, entre seus integrantes tem alguns dos nossos. Pessoas inteligentes, bem articuladas, boa oratória ... e uma raiva "sintomática" que sempre sonhei com suas contribuições para o movimento de usuários em saúde mental. Pena, abordados, não gostam nem da minha aproximação, para não serem identificados. São parceiros de várias lutas, mas não lembraram em suas propostas de muitos professores que como eu e eles estão afastados de sala de aula por transtornos mentais, porque na SEMEC muda-se de função por perícia médica, mas continua-se na escola. Toda a escola, não só a sala de aula constitui-se trabalho de risco para um psicótico, poderíamos como na SEDUC sermos cedidos para outros órgãos do municipio e há outras maneiras de prevenção e assistência aos docentes e discentes (crianças e adolescentes psicóticos ainda são totalmente neglicenciadas pela escola inclusiva) que o sindicato "unificado" poderia está propondo: práticas integrativas e complementares nas escolas, centro de convivência e cultura no contra horário para criança e adolescentes psicóticos, mais esportes e projetos de educação física orientada.
Infelizmente, prevalece o preconceito e o estigma. Mas não só critico, entendo que  o Ninho  é um multiplicador de um trabalho constante de sensibilização para o ativismo social  em saúde mental dentro de vários agrupamentos socias, principalmente organizações trabalhistas. Só cumprimos nossa vocação, com muito respeito aos companheiros.

BASE EM AÇÃO Dezembro de 2010
Contatos para saber locais de votação: Sinésio (86) 8843-6272/ Maria Luiza (86)8826-0834 Chiquinho 9932-7819 Albetiza 9491-0131 Ziton 9940 -4388

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

ÂNCORA CONVIDA

LOCAL: Clube dos Diários

Oi, Amigos

Contamos com a sua presença no dia 18/12 às 09:00hs da manhã no Clube dos Diários para o lançamento do livro de poesias dos usuários de saúde mental "Recados da Alma".
Confira a programação em anexo.

Um abraço
Amigos da Âncora
Email de Marta Evelin

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

TRABALHADORES DO CAPS DE COCAL COBRAM 8 MESES DE SALÁRIOS ATRASADOS

Querido Carlson, venho através desde email te pedir uma ajuda, peço que divulgue essa barbaridade que esta acontecendo aqui na cidade de Cocal, os Funcionários do CAPS (Centro de Atenção psicossocial) estamos há 08 isso mesmo oito meses sem receber nossos salários, já fomos inúmeras vezes falar com a senhora secretaria de saúde e com o Senhor Prefeito Fernando Sales e nada é feito, o senhor prefeito disse que não tem 0,10 centavos pra pagar ninguém veja se pode pois a verba do Caps é FEDERAL e entra todo dia 20 de cada mês na conta da prefeitura.
Isso é uma VERGONHA!
Tem outra coisa a comida dos pacientes é de péssima qualidade só tem carne, ou melhor, nervo moído e nada mais são servidos pros pacientes, remédio nunca tem.
Queremos providencias.
De já agradeço!
Obrigado!
João Silva
Blog do Pessoa                Prefeito Fernando Filho de Cocal
Postagem de 08 de dezembro de 2010

Como consolidar avanços da atenção psicossocial dessa maneira, com a pauperização do trabalhador de saúde. "Saúde Mental, direitos e compromissos de todos: consolidar avanços e enfrentar desafios", a luta é cobrar compromissos dos gestores com essa fragilizada parcela da população, os desafios são derrubar as barreiras da nossa estrutura política corrupta e descompromissada com seus eleitores e os direitos dos usuários? Cocal tem casos gravíssimos de cárceres privados, como cobrar dessa equipe, que muitos já se retiraram para trabalhar e sustentá-se em outros lugares, a assistência de qualidade? Esperar pela intervenção do MP e quanto aos casos de cárceres privados bom seria se contássemos com os órgãos de Direitos Humanos piauienses, mas infelizmente nenhum deles tem protocolos, projetos ou quaisquer tipo de intervenção nestes casos. Ficamos enquanto movimento de usuários de mãos amarradas literalmente... e as grades dos quartinhos com sua solidão incompreendida permanecem sem comover quem poderia fazer alguma coisa.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ELEIÇÃO ONLINE (Pegadinha para quem não abre email)

Eleições para diretoria ABRASME, biênio 2011-2012

Edital Eleitoral
Regime Eleitoral
Comissão Eleitoral ( Integrantes da comissão favor fazer contato pelo email suporte@abrasme.org.br ou pelo suporte on line, para receber login/senha e apresentação prévia do sistema de votação)
Chapa 1


Presidente
Paulo Duarte de Carvalho Amarante
Vice-presidente
Izabel Cristina Friche Passos 
Primeiro Secretario
Fernando Ferreira Pinto de Freitas
Segunda Secretaria
Evelyne Bastos
Primeiro Tesoureiro
Walter Ferreira Oliveira
Segundo Tesoureiro
Edvaldo da Silva Nabuco

Atenção: Terão direito a voto todos com filiação aceita até a data limite de 23:59 minutos do dia 02/12/2010Obs. Filiação Aceita são todos que receberam um email do sistema pagseguro informando que seu pagamento foi aprovado ou aqueles que tiveram sua filiação abonada pela ABRASME.
Acesse a sala 24 horas on line para conversas entre Filiados - Espaço para que todos possam acessar e discutir ON LINE o processo eleitoral, 7 dias por semana, 24 horas por dia!     Confira Aqui !

Durante todo processo eleitoral você poderá clicar na figura ao lado e tirar dúvidas, receber orientações, fazer criticas ou sugestões das 9:00 as 17:00 horas, de segunda a sexta. Fale Conosco Agora!

Esse espaço estará aberto para as campanhas das chapas e para as votações ON LINE de todos filiados, conforme  edital e  regime eleitoral acima.
Visite sempre essa página e participe ativamente do processo, sugerindo temas e discussões através do nosso forum
Prazos:
 
INSCRIÇÕES DE CHAPAS - 10/11/2010  até as  24  horas  do  dia 27/11/2010.
PERÍODO  DE  CAMPANHA  ELEITORAL–  De  28/11  a  03/12/2010.  Neste  período  as  chapas  poderão  colocar
seus anúncios  de  campanha na página oficial da  Abrasme, em acordo com a Comissão  Eleitoral.
PERÍODO DE VOTAÇÃO – 04 a 11/12/2010
PERÍODO DE APURAÇÃO – 12/12 A 15/12/2010
DIVULGAÇÃO DE RESULTADOS – A  partir de 16/12/2010
POSSE  DA NOVA  DIRETORIA –  Será programada data  em acordo com o  calendário  oficial  da  Abrasme  para  o
ano 2011. Construído  em conjunto com a nova Diretoria  eleita.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

FELIZ !!!!

A amiga que se encontrava internada no HAA, finalmente saiu. Morando longe, minha preocupação era como acompanhá-la. Mas a rede vai funcionando, descubro que na clínica Batista, tem psicoterapia para dependência química, por acaso encontro uma senhora amiga da família. Entrego-lhe o folder, sem acreditar muito que chegará até ela. Sou ecumênica, muito religiosa, mas não  frequento templo algum, a senhora evangélica, me olha sempre desconfiada, agulhinhas na orelha e falo em passe: macumbeira!! Ligo hoje pela manhã, a mãe me informa que a amiga havia saido para sua primeira sessão com a psicóloga. Bingo! Torço muito. Espero que a amiga tenha se identificado com o serviço.




Há uns dois anos acompanhamos assistematicamente uma senhora ( antiga conhecida) com várias internações Meduna e HAA, evangélica, interlocução difícil, suspende a medicação convencional, adoece, não faz manutenção com psiquiatra. Problemas familiares que acabamos nos envolvendo mais. Marcamos duas vezes consulta no CAPS sudeste. Esta apesar de prometer, não compareceu nunca.Louca pela Vida zangada, é melhor sair de perto: conversa séria e definitiva, daquelas vezes que digo que cansei e estou desistindo da criatura. Hoje a filha adolescente muito feliz, anuncia que esta finalmente aceitou tratamento, foi ao CAPS, refez medicação e já demontra mudança de comportamento favorável a harmonia em casa. Legal.


Ailton Emerson terminou sua monografia. "O outro lado da moeda é o sofrimento": Os impactos do trantorno mental nas sociabilidades juvenis. Mais um assistente social. Esperemos que mais dos nossos consigam seus diplomas de curso superior, em menos tempo, com mais acessibilidade, Ailton é um pioneiro na UFPI, em assumir e lutar para garantir direitos ao estudante que vive passível de sofrimento psiquico.

Acho que como nos filmes de ação, o negócio é cair no chão e continuar atirando... bom está assintomática!!!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

PERSPECTIVAS DA PSIQUIATRIA PÓS-ASILAR NO BRASIL ( com um apêndice sobre a questão dos cronificados)

 Cidadania e Loucura, Politicas de Saúde Mental no Brasil, Tundis e Costa, Vozes,d e 2000, traz vários artigos sobre a então articulada reforma psiquiátrica brasileira. Vários textos da década de 90 fundamentaram-na e considero alguns ainda pertinentes nesse momento de ataque acirrado da ABP, através de vários artigos de seu recém eleito presidente  Antônio Geraldo da Silva. Esse é um excelente texto de Pedro Gabriel Godinho Delgado, atual coordenador da área de saúde mental do Ministério da Saúde, psiquiatra.

"A doença mental é problema sério demais para ficar restrito aos psiquiatras, poderíamos dizer, como outros autores, ou aos demais técnicos da extensa confraria Psi. As experiências vêm demonstrando que a transformação institucional, com a formulação de estratégias novas para lidar com o problema da doença mental, não são empreendimentos de caráter apenas técnico e administrativo."

O texto é extenso e faz uma abordagem geral sobre a questão manicomial no país da época e o que poderia ser uma psiquiatria pós asilar com a possibilidade de reintegração social dos crônicos em sociedade. Já temos uma parcial dessa realidade, dez anos após a publicação do texto e o próprio autor conduzindo a própria politica orientadora. Nosso problema continua sendo o embate com a cultura da alteridade, como a sociedade continua vendo o louco, incluindo os psiquiatras filiados a ABP, o doente incapaz e candidato sempre a uma internação segregadora, em nome de critérios técnicos e científicos. Os trabalhadores de um novo tipo, vão se perdendo, e o movimento da luta antimanicomial esmaecendo o foco da intervenção, que hoje seria a luta pela qualidade da atenção psicossocial. Mas a lida continua.


JORGE, Miguel R e FRANCA, Josimar MF. A Associação Brasileira de Psiquiatria e a Reforma da Assistência Psiquiátrica no Brasil. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2001, vol. 23, no. 1 [citado 2007-02-16], pp. 3-6.

[...]
A posição da ABP
Quando da apresentação do Projeto de Lei pelo deputado Paulo Delgado em 1989, a Associação Brasileira de Psiquiatria participava de um grupo de trabalho da Divisão Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde que discutia a modernização da legislação psiquiátrica no país. Essa associação considerou que o projeto de lei apresentado correspondia em linhas gerais aos seus anseios, tendo aprovado uma moção de apoio ao mesmo em congresso realizado em São Paulo ainda naquele ano. Posteriormente, a ABP veio a participar ativamente das discussões que o mesmo suscitou em diversos níveis, inclusive no Senado Federal (onde compareceram Ullysses Vianna Filho e Marcos Pacheco de Toledo Ferraz, dois ex-presidentes da associação). Naquela ocasião, por esses dois lídimos representantes, a Associação Brasileira de Psiquiatria mais uma vez manifestou opinião favorável ao projeto de lei, embora criticasse a proposição de "extinção progressiva dos manicômios", se esse termo estivesse ali como sinônimo de hospital psiquiátrico.
A Assembléia de Delegados, órgão máximo da Associação Brasileira de Psiquiatria, reunida em outubro de 1999 em Fortaleza, aprovou por unanimidade uma posição oficial da entidade que apóia todo e qualquer movimento que defenda os direitos de cidadania das pessoas acometidas por transtornos psiquiátricos, bem como considera essencial a atuação médico-psiquiátrica no tratamento, na readaptação e nos processos de ressocialização dessas pessoas. O que essa associação defende é que se garanta aos pacientes não somente seus direitos básicos de cidadãos, como também, e principalmente, o direito de ser alvo de atenção profissional de qualidade e poder usufruir dos melhores recursos diagnósticos e terapêuticos disponibilizados pelo progresso da ciência, além de uma necessária normatização das internações involuntárias e compulsórias.
Entendemos que a imensa maioria dos "hospitais psiquiátricos" brasileiros mereçam ser fechados, pois sequer poderiam ser denominados de hospitais. Muitos deles constituem apenas um depósito desumanizado de pacientes, funcionando como elemento intensificador de doenças, pois não é possível denominar-se tratamento a uma consulta semanal de poucos minutos. Não consideremos essa prática, entretanto, como sinônimo de internação hospitalar. A despeito do progresso observado nos meios diagnósticos e terapêuticos à disposição dos psiquiatras e de outros profissionais da saúde mental, e mesmo contando com adequada rede de serviços assistenciais extra-hospitalares (o que ainda não ocorre em nosso país), hospitais psiquiátricos de qualidade têm um papel a cumprir dentre os recursos com os quais devemos contar para a proteção de alguns de nossos pacientes.
Situações clínicas que representem risco para o paciente ou para outras pessoas, bem como a instituição de procedimentos terapêuticos que demandam acompanhamento especializado contínuo, implicam necessariamente a internação do paciente como medida protetiva. Essa internação, sempre que possível em serviço próximo ao de moradia do paciente, poderá se dar – na dependência de características nosológicas, terapêuticas e mesmo individuais – em enfermarias psiquiátricas de hospitais gerais ou mesmo em hospitais psiquiátricos. Critérios objetivos devem nortear o credenciamento dos serviços psiquiátricos (mesmo extra-hospitalares) considerados de qualidade, bem como a sua distribuição ao longo do território nacional.
Também consideramos oportuno que se delimite conceitualmente os hospitais psiquiátricos dos assim chamados manicômios (em realidade, judiciários) e instituições de caráter asilar. Em relação a estes últimos, há que se proceder a uma avaliação caso a caso de pacientes que, mais por condições sociais que propriamente nosológicas, necessitem permanecer institucionalizados por longos períodos de tempo. Dizia Yves Pelicier que asilo era "um lugar para os sem lugar".
Sempre que a desinstitucionalização for possível – e ela é na maioria das vezes – deve ser feita de forma gradual, assistida e respeitando as vulnerabilidades de cada pessoa. O que se denominou corretamente de desinstitucionalização não pode representar, como se observou em muitos países, desospitalização com desassistência. Ou, como já se ouviu, "o que está havendo é despejo e não desospitalização".
Outro aspecto importante, e muitas vezes negligenciado, é que a hospitalização ou manutenção desnecessária do paciente internado não são os únicos agentes que tornam crônicas manifestações psicopatológicas. Na realidade, a cronicidade está mais relacionada à ausência de assistência ou à assistência inadequada do que necessariamente ao local onde ela acontece. Encontramos pacientes com quadros psiquiátricos intensificados entre os sem-teto que perambulam desassistidos pelas ruas e mesmo entre pacientes usuários de serviços extra-hospitalares nunca internados anteriormente.
Simplesmente fechar as portas dos hospitais, sem antes criar locais de atendimento adequado aos pacientes, com a devida requalificação dos profissionais para esse novo tipo de demanda, joga os pacientes no limbo da falta absoluta de cuidados e viola seu direito mais essencial: acesso ao melhor tratamento disponível para a sua necessidade clínica. Dentro dessa premissa, há espaço para leitos psiquiátricos que representem efetivo avanço no modelo de assistência hospitalar. O que observamos é que não tem interessado à iniciativa privada investir para modernizar seus hospitais psiquiátricos, criar unidades psiquiátricas em hospital geral ou boas estruturas extra-hospitalares substitutivas como hospitais-dia. E uma das razões para isto é que, deixando de oferecer uma assistência massificada e voltando-se para uma atenção mais individualizada, com equipes multiprofissionais qualificadas, esbarra em um custo mais alto do que a simples manutenção de macro-hospitais psiquiátricos, custo esse não remunerado adequadamente pelo SUS ou por convênios e planos de saúde privados.
Ressalte-se igualmente a importância de investimento em programas de reabilitação, importante fator de redução de morbidade e das taxas de reinternação, aumentando a qualidade de vida e a autonomia dos pacientes, além de aumentar a adesão ao tratamento. A reabilitação psicossocial amplia os benefícios obtidos pelo tratamento clínico de modo a minimizar os efeitos da incapacidade e das deficiências.
A necessária reforma da assistência psiquiátrica no Brasil não pode ser partidária ou transformada em instrumento de lutas corporativas, para não deixar de atender aos interesses dos pacientes e seus familiares, exatamente os mais penalizados pela situação que originou esse movimento na década de 80 e que, apesar do que se conseguiu até aqui, ainda persiste nos dias de hoje.
Finalmente, no que diz respeito à internação psiquiátrica involuntária, é nosso pensamento que deva ser facultado ao médico – da mesma forma como em outras especialidades – adotar procedimento que seu conhecimento técnico e sua experiência recomendem como o mais apropriado, particularmente nas situações em que exista risco para a integridade física do próprio paciente ou de outrem. Uma vez que o paciente tenha sido internado involuntariamente, e se caracterize um conflito de opiniões entre o parecer médico e sua vontade, a legislação deve prever uma instância de arbitramento– em nossa sociedade, usualmente no âmbito judiciário – que possa, com a devida assessoria técnica, decidir quanto à manutenção ou não do paciente internado.

CONCLUSÃO
Em síntese, a Associação Brasileira de Psiquiatria entende que muito se avançou nas discussões concernentes aos conteúdos do Projeto de Lei originalmente proposto pelo deputado Paulo Delgado e de seus substitutivos. A sociedade brasileira como um todo, os psiquiatras e outros profissionais de saúde mental e, particularmente, os pacientes com transtornos psiquiátricos e seus familiares necessitam urgentemente que essa Casa chegue logo a um texto final após mais de dez anos de tramitação do referido projeto de lei no Congresso Nacional.
Deve-se inserir a reforma da assistência psiquiátrica dentro da política de saúde mais geral e também dentro da política econômica do país. Não deve ser justificativa principal a diminuição dos custos com o tratamento. Políticas sociais no Brasil, particularmente na área da saúde e da educação, estão ainda por merecer atenção e investimento adequados para se tornarem disponíveis a todos os segmentos populacionais.


Miguel R Jorge e Josimar MF França
Associação Brasileira de Psiquiatria


*Texto baseado nos relatórios apresentados pelos autores, respectivamente, Presidente e Secretário Geral da ABP, em audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, Brasília, 19/10/2000. 

Políticas Públicas de Saúde Mental ( o artigo )

Em novembro, o Ibope realizou pesquisa em que  perguntava: "Se você pudesse se encontrar com o presidente eleito por cinco minutos,  o que você pediria a ele para você mesmo?" Dos entrevistados, 56% responderam que reivindicariam melhorias na saúde. Foi o maior índice verificado pelo estudo. Isso reflete a realidade da saúde pública no país, que sofre com falta de recursos e má gestão.

No caso da saúde mental, que igualmente enfrenta essas mazelas, há um complicador. A orientação das políticas públicas na área é equivocada e o sucateamento da rede de atendimento é patrocinado pelo próprio governo há 20 anos. Ditados por devaneios ideológicos e interesses corporativistas, "militantes da saúde mental" influenciaram o Ministério da Saúde a adotar uma linha  que pretende reclassificar os transtornos mentais como problema social e não médico. E, ao negar a doença,  justificam seu real objetivo de extinguir  ferramentas terapêuticas e afastar os médicos da assistência.

Entre 2001 e 2008 foram suprimidos mais de 17 mil leitos psiquiátricos no país e esse desmonte continua ao ritmo de 2 mil leitos/ano.  Isso não ocorre por falta de verbas, mas por um planejamento voluntário que condena a psiquiatria e os psiquiatras.   Atualmente, as políticas públicas de saúde mental são orientadas para ignorar os conhecimentos técnicos e as evidências científicas e querem convencer o brasileiro de que o doente mental não precisa de tratamento. Há a intenção de transferir a atribuição de curar os doentes dos médicos para os movimentos sociais, além de responsabilizar as famílias.  Por trás dos slogans, é disso que se trata a chamada "reforma psiquiátrica". Neste momento é fundamental exigir que a assistência em saúde mental volte a ser baseada em informações técnico-científicas para  beneficiar a população e não os militantes.

Antonio Geraldo da Silva é presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria

UMA RESPOSTA

Vimos que não estamos falando de fechar hospícios (ou hospitais psiquiátricos, se preferirem) e abandonar as pessoas em suas famílias, muito menos nas ruas. Vimos que não estamos falando em fechar leitos para reduzir custos, no sentido do neoliberalismo ou no sentido do enxugamento do Estado (aliás, em princípio, a rede de novos serviços e cuidados tende a requerer maior investimento não apenas técnico e social, mas também financeiro). Estamos falando em desinstitucionalização, que não significa apenas desospitalização, mas desconstrução. Isto é, superação de um modelo arcaico centrado no conceito de doença como falta e erro, centrado no tratamento da doença como entidade abstrata. Desinstitucionalização significa tratar o sujeito em sua existência e em relação com suas condições concretas de vida. Isto significa não administrar-lhe apenas fármacos ou psicoterapias, mas construir possibilidades. O tratamento deixa de ser a exclusão em espaços de violência e mortificação para tornar-se criação de possibilidades concretas de sociabilidade a subjetividade. O doente, antes excluído do mundo dos direitos e da cidadania, deve tornar-se um sujeito, e não um objeto do saber psiquiátrico. A desinstitucionalização é este processo, não apenas técnico, administrativo, jurídico, legislativo ou político; é, acima de tudo, um processo ético, de reconhecimento de uma prática que introduz novos sujeitos de direito e novos direitos para os sujeitos. De uma prática que reconhece, inclusive, o direito das pessoas mentalmente enfermas em terem um tratamento efetivo, em receberem um cuidado verdadeiro, uma terapêutica cidadã, não um cativeiro. Sendo uma questão de base ética, o futuro da reforma psiquiátrica não está apenas no sucesso terapêutico-assistencial das novas tecnologias de cuidado ou dos novos serviços, mas na escolha da sociedade brasileira, da forma como vai lidar com os seus diferentes, com suas minorias, com os sujeitos em desvantagem social.


  AMARANTE, P. Novos Sujeitos, Novos Direitos: O Debate sobre a Reforma Psiquiátrica no Brasil. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 11 (3): 491-494, jul/set, 1995.
Paulo Amarante é psiquiatra, atual vice-presidente da ABRASME (Associação Brasileira de Saúde Mental)

PAPAI, MAMÃE, TITIA, CACHORRO...: QUANDO A FAMILIA É UMA MERDA!!!

Não gostaria de falar assim da minha. Mas algumas coisas fedem no nosso reino formado por alguns heróis da classe trabalhadora ou nova classe média (classe C???) deslumbrada. A hostilidade ostensiva de alguns familiares ao fato da minha presença excêntrica em nossas confraternizaçôes nunca me incomodaram muito, acostumada a luta contra o preconceito e discriminação mais ferozes, sempre deixei passar. Mas um dos meus irmãos, alcolizado, no meio de uma discussão sobre dependência química e crimes (ele é militar), desacostumado com mulheres que tem opiniões, fala alto e as defende com tenacidade como eu. Chamou-me de desequilibrada, porque não bebo, não fumo e faço trabalho social. Pode? Pode... e somado a outras situações e comportamentos de outros parentes. Cunhadas não contam porque são moças do interior e não pensam de forma emancipada. Deixei de participar desses encontros, até mesmo porque nunca fui realmente convidada. Aparecia por achar que fazia parte da familia e discretamente sempre sai antes das festas acabarem. Uma familia em que alguns, principalmente os irmãos mais novos me devem alguns favores. Um dia na juventude já dei muito de mim, para a união e bem-estar dessa familia e consegui fazê-lo,  a saúde frágil de hoje, deve-se principalmente a isso. Devem-me respeito e consideração, esquecidos pelos bons tempos materiais.
Apesar de abalada com a constatação da discriminação explícita, busco resiliência, jamais usei o transtorno mental para ter pena de mim mesma. Não é que aquele grupo de pessoas normais, meus parentes, não me compreendam, eles apenas se comportam como a maioria da sociedade, dão vozes e ações ao preconceito a pessoa que vive com transtorno mental. Fazer? Superar a mágoa, que nos adoece. Construir novos laços sócioafetivos, uma nova familia escolhida pelo coração entre meus iguais, tarefa não muito dificil já que convivo diariamente com muitos que enfrentam situações semelhantes em casa, ou nem tem casa porque uma familia também já os abandonou.

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.