Mais doenças mentais
Edição 208 - Junho de 2013
Sob
protestos, a Associação Americana de Psiquiatria (APA) lançou em maio a
quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos
Mentais (DSM), usado mundialmente. Em um comunicado público, Thomas
Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH, na sigla em
inglês), criticou a falta de marcadores biológicos que possam validar o
diagnóstico de doenças mentais, ainda feito apenas com base em sinais e
sintomas, sem parâmetros laboratoriais objetivos. Em uma declaração
conjunta, o NIMH e a APA reconheceram que o manual expressa o estado da
arte do conhecimento nesse campo e que melhorias no diagnóstico são
muito bem-vindas. Allen Frances, coordenador da edição anterior do DSM,
alertou que o novo manual alargou a possibilidade de enquadrar como
transtorno mental o que antes era visto como normalidade.
Comer em excesso 12 vezes em três meses, por exemplo, deixou de ser
um sinal de gulodice e se tornou um indicativo de transtorno mental.
Preocupado com o aparente exagero, Miguel Jorge, professor de
psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), comentou que
qualquer criança irritadiça poderia ser agora diagnosticada com
distúrbio de humor. O conceito de depressão está também mais abrangente:
uma pessoa de luto por pelo menos duas semanas pode receber esse
diagnóstico. A desordem disfórica pré-menstrual, forma mais grave de
tensão pré-menstrual, passou a ser classificada como um transtorno
mental. Agora existe um só nome – transtorno do espectro do autismo –
para designar as quatro formas dessa doença.
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