sábado, 29 de junho de 2013

MUITAS PESSOAS EM CRISE MENTAL EM TERESINA

Deus não me poupa, já disse. Os loucos sempre fizeram parte da minha vida desde criança. Cresci indo ao médico psiquiatra ( graças a Deus não havia CAPS i), doutor Bezerra, senhor magrinho, com um tique nervoso que faz seu pescoço virar todo para trás ao mesmo tempo que dá pequenas cuspidinhas (não lembro muito bem, mas acho que cuspia), mas me divertia, nunca tive nenhum problema em tomar medicação e ser um tanto estranha ou conviver com gente parecida comigo. Na adolescência, ia visitar meu avô paterno no extinto sanatório MEDUNA, não entendia bem, os adultos diziam que ele ia repousar.


Agora, se alguém do bairro está em crise, uma pessoa sempre vem até mim e me conta. Se for homem, não posso fazer muita coisa senão informar a família sobre a rede de serviços, municipal e estadual. Optamos por trabalhar somente com mulheres, por falta de estrutura da ONG, sem sede, atendemos em nossa própria casa. Nesse momento estou preocupada porque eles ou elas estão sempre informando sobre falta de medicação e não são bem tratados nos CAPS. Dá uma tristeza para quem acompanhou a concepção teórica do que seria a rede substituta do hospital psiquiátrico, antimanicomial, ou seja desinstitucionalizadora da doença mental, não mais espaços de tratamento onde as pessoas perderiam sua identidade para a doença, sua liberdade física, mas espaços de reabilitação para reinserção na comunidade.
Uma psiquiatria sem hospício. Inclusão no mundo do trabalho, em projetos de inclusão digital, chega desse negócio que todo louco é artista, pode até ser, mas como os normais não ganha dinheiro aqui no Piauí, vivendo só da arte. Não vemos nenhuma iniciativa institucional de geração de emprego e renda para aqueles com sintomas em remissão. Não vemos infelizmente um número significativo de desvinculação destes usuários dos CAPS, para rede ambulatorial, nos ambulatórios não temos psicólogos, mal encontramos em alguns ambulatórios municipais e hospital dia do HAA, o atendimento com o psiquiatra, voltamos a clínica somente medicamentosa, a psicoterapia volta ao terreno do sagrado e inacessível aos usuários do SUS. Alguns psiquiatras dizem que por isso os mantém semi intensivos nos CAPS, pela existência da equipe multidisciplinar. Mas penso, se não estou mais numa crise aguda, não me faz bem está constantemente convivendo com outros neste estado. Se preciso de um pronto socorro ou fazer uma cirurgia que exija internação só ficarei no hospital geral o tempo necessário. Imagina, ter que voltar para trocar curativos no HUT por meses ou até anos. Por que não se racionaliza que a doença mental pode ser tratado igualmente, saiu da crise aguda: consultas de manutenção ao psiquiatra como prevenção de recaídas, psicoterapia, se houver necessidades, nem todo psicótico tem problemas emocionais, o máximo fatores extressores externos como problemas de falta de trabalho, enfrentar o estigma e preconceito, etc podem provocar a volta de sintomas e acesso a práticas integrativas e complementares que auxiliam na estabilização dos sintomas por mais tempo junto à medicação.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

AMIGO NO NINHO: NICHO DE RESISTÊNCIA DO MOVIMENTO ANTIMANICOMIAL DO PIAUÍ

Cárcere privado em Cocal , a usuária não aparecer porque está nua

Cárcere privado em Barras, ex paciente do HAA, atendida pelo CAPS

Cárcere privado em Teresina, ex paciente do Meduna e HAA. Território do CAPS  sudeste.
Meus telefones estão a disposição na frente da página para que familiares e pessoas como eu, que vivem com patologias mentais, tem crise, são discriminadas, consideradas incapazes e não tem sua subjetividade respeitada pela sociedade possam ligar, para um encaminhamento, uma palavra amiga, uma informação da rede de serviços, não tenho  muito a oferecer. Nossa ONG conseguiu registros por reconhecimento de nosso trabalho na comunidade, tudo foi doado, a Federação Brasileira de Umbanda ( FEUBRA) e o cartório Temistócles Sampaio, nas pessoas bondosas de Dona Elizabeth e a querida Darlene e mestre Itamar.
Ontem recebi uma ligação de uma voz feminina, pedindo informações sobre o Ninho, dizia querer ou ter pessoas que precisam de ajuda em saúde mental. Quando falei que temos uma roda de cuidado, ou seja meu Evangelho no Lar, prática espírita kardecista na minha casa todos os domingos, único encontro possível de nossos poucos membros, todas mulheres, espaço de harmonização interior e ajuda mútua. A voz do outro lado  mostrou seu lado "científico técnico". Mantive minha postura professoral, terapêutica acolhedora, fingi que não percebi e continuei falando das práticas integrativas e complementares que considero imprescindível para saúde mental. Se não podemos pagar sessões de acupuntura e outras mais ou menos caras, os espaços de quaisquer crença se constituem em produção de saúde comunitária. A OMS considera uma das saúdes humanas, a questão da espiritualidade.
No final, não me esforcei muito para entender quem era e o que queria a pessoa. E esta um tanto especulativa em excesso, não me pareceu está sofrendo com alguém em crise aguda, pareceu-me mais alguém querendo deixar algum recado ameaçador, coisa do gênero, ou foi apenas paranoia minha. Besteira se a intenção foi esta!
A familiar da paciente do CAPS sudeste acaba de informar que a respiridona, o carbolítium e agora a cabarmazepina em falta,  talvez cheguem amanhã ou segunda-feira. Não tenho tempo de andar em gabinetes, Ministério Público, uso meu telefone e meu tempo escasso para militar. Adoeço, como agora, com uma criança de dez anos em crise, na escola e não há para onde encaminhar com retorno positivo para que esta criança possa continuar sua vida discente. E tantos outros casos. Muitos extremamente positivos, medicação, prática integrativa, autonomia e retorno a vida. Vários me ligam, conversam horas, numa logorréia linda ( de saúde mental, de vontade de compartilhar o bem-estar), que tenho que está bem para ouvi-los, avaliar a necessidade ou não de possíveis novas intervenções. Hoje uma que já tentou suicídio duas vezes, conversou horas e sorria de coisas simples, nos deu bastante trabalho nas crises agudas, que já aprendeu cognitivamente as estratégias de escapar das ciclagens.
O Ninho tem trabalho, não reconhecido, mas valoroso para quem precisa, usuários e familiares, nossa "clínica ampliada doméstica" tem dado resultados. Temos técnicos amigos, mesmo medrosos de se mostrarem, mas sempre nos ajudam na rede, bons ganchos, abraços felizes para estes. E pedimos a Deus a coragem de continuarmos denunciando, cobrando do poder público o mínimo do que temos direitos.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

NOVIDADE: DIREITOS HUMANOS PARA LOUCOS

31/05/2013 - 13h38

Projeto criminaliza preconceito contra portadores de deficiências mentais

Arquivo/ Gustavo Lima
Eliene Lima

A Câmara analisa projeto que transforma em crime o preconceito ou a discriminação contra os portadores de transtornos ou deficiências mentais. A pena prevista é de reclusão de um a três anos e multa.
A proposta (Projeto de Lei 5063/13), do deputado Eliene Lima (PSD-MT), acrescenta dispositivo à Lei 7.716/89, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.
O autor argumenta que a criminalização do preconceito contra portadores de deficiências mentais é uma demanda da Associação Brasileira de Psiquiatria. Dados do Ministério da Saúde apontam que cerca de 46 milhões de brasileiros têm transtornos mentais ou psicológicos, o equivalente a aproximadamente a 25% da população. Conforme a Associação, essas pessoas são discriminadas pela sociedade e veem a doença se agravar, pela falta de políticas públicas específicas dirigidas a elas.
Ainda de acordo com a associação, nas cadeias brasileiras estão presos pelo menos 60 mil doentes mentais, sem atendimento especializado. A associação afirma também que a coordenação de saúde mental do Ministério da Saúde extinguiu 93 mil leitos psiquiátricos e não criou a rede adequada de serviços para atendimento dessas pessoas.
Tramitação
O projeto será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça e de Cidadania e, em seguida, pelo Plenário.

Íntegra da proposta:

Reportagem – Lara Haje
Edição- Mariana Monteiro
PUBLICADO ORIGINALMENTE EM:
 
 
Vou mandar prender muita gente. Mas seria mais interessante mudanças na lei que caracteriza as deficiências ou criação de uma nossa, porque não somos considerados deficiente, sendo assim não temos acesso às políticas destinadas a essas pessoas, assenco nos conselhos destes, etc.

GRITO DAS RUAS: CADÊ O REMÉDIO?

25/06/2013 - 08h50

Comissão debate política de atenção à saúde mental

A Comissão de Seguridade Social e Família promove audiência pública hoje para discutir a política de atenção à saúde mental no Brasil. O debate está marcado para as 10 horas, no Plenário 7.
Foram convidados o coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori, e a diretora-substituta do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), Adelina Maria Feijão.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), que sugeriu a audiência, defende a ampliação da cobertura dos Centros de Atenção Psicossocial e o incentivo à abertura de leitos integrais para atendimento hospitalar em unidades não-manicomiais.
“Além disso, é necessário aprofundar também a discussão quanto ao formato do modelo de custeio e às fontes de financiamento dessa política a fim de que sejam garantidos estímulos à formação de redes integrais de atenção psicossocial”, afirma Kokay.
Da Redação/DC
Publicado originalmente em:
 
Acho que o blog tem alguns leitores anônimos. Soube depois que postei nossa carta reivindicações aqui, que realmente uma comissão de saúde mental passou pela cidade. Será que "o formato do modelo de custeio e as fontes de financiamento" da saúde mental ou a ausência dessa é que está causando a falta de remédios por aqui. Soube que alguns prefeitos no interior do Piauí abandonaram os CAPS. Se é verdade, não posso conferir, talvez alguns leitores anônimos possam nos dar a resposta. Não darão, apenas sentirão muito no fundo de seus corações, mas não moverão seus pés, mãos ou boca para denunciar estes gestores ao MP, pelo menos isto, que provocaria a busca de recursos, a atenção a saúde mental, que não é só abrir leitos em CAPS ou hospitais. Não vivemos eternamente em crise. Estabilizamos os sintomas e temos relativa funcionalidade quando nos é dada oportunidade.
 
Uma das moças do post anterior tem curso superior, cuida da mãe idosa e tem dificuldade de conseguir trabalho na sua área por conta do estigma e preconceito e a outra é estudante ainda. Não podem ficar sem medicação ou perdem funcionalidade.
A familiar me informa no fim da tarde ao retornar o CAPS Sudeste que terá que pegar a respiridona e o carbolítium no CAPS sul (perto da Evangelina Rosa) ou num CAPS que fica perto do Albertão, não sei qual é???? Mudam tanto de endereço, não criam território. Ela vai pagar um mototaxi para tentar buscar a medicação. A família mora no Renascença, depois do Dirceu. Pois é... famílias esforçadas que dão seu jeito de qualquer jeito, mas e tantos outros usuários que não tem este apoio, resta a recaída. Então a gente se assusta com o desvirtuamento da proposta psicossocial, CAPS que parece mini manicômios, já cronificando pacientes. Todas as vezes que vai ao CAPS lá está aquele paciente, que você percebeu há meses, do mesmo jeito. 

terça-feira, 25 de junho de 2013

DENÚNCIA: FALTA DE MEDICAÇÃO NOS CAPS DE TERESINA

Familiar acaba de chegar a minha casa, vem do CAPS sudeste, super preocupada com a falta de medicação : dia 21 de maio esta não conseguiu o Clonazepan e hoje sua paciente esquizofrênica, já aparentando sinais de crise, há dois dias sem as medicações Respiridona e Carbolítiun, foi informada por um técnico que estão em falta em todos os CAPS.
O que fazer? A familiar está com uma garrafa de chá de erva cidreira. Será a solução? O que as Gerências de saúde mental do Estado e Municipio podem fazer em benefício destes usuários. Gente, por experiência própria com décadas de "manejo" da vivência com transtorno mental eu não consigo passar mais de cinco dias sem as medicações, sem que apareçam os sintomas. Temos doenças crônicas, as medicações são de uso contínuo. O SUS é uma politica pública, quem está lá é porque precisa. Não adianta psiquiatra passar receita para manipular. Paciente de CAPS, rede pública de saúde, não tem condições de comprar.
Outra paciente está vendendo chaveirinhos para comprar sua medicação, depois de muita resistência para aceitar sua patologia e necessidade de se medicar.
Cadê a Reforma Psiquiátrica neste Estado, construtora de novas vidas, inseridas na comunidade com acesso a direitos básicos? Morreu? Foi enterrada pelos atuais gestões, estadual e municipal? Promessa de campanha do Sr. Firmino Filho era de "implementar" os CAPS. Está sucateando? Queremos medicação, no mínimo.

AUMENTO DE DOENÇAS MENTAIS E OS CLÍNICOS GERAIS

Para minimizar o problema está sendo lançado um livro que vai ampliar o conhecimento e o acesso às informações sobre tratamento da depressão, ansiedade, insônia, pânico, transtornos, dependência de álcool e drogas, entre outros
 
O grupo de pesquisa do Departamento de Psiquiatria da Unifesp constatou que apenas 1/3 das pessoas são bem cuidadas – normalmente em grandes centros – quando apresentam algum transtorno mental. A estimativa, do mesmo grupo da Unifesp, é que 25% da população adulta precisarão de algum tipo de cuidado de saúde mental no período de um ano. 
 
Para o professor do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Jair de Jesus Mari, a saúde mental tem sido negligenciada e os problemas são mais comuns do que se imagina. “Depressão, ansiedade, insônia, transtorno do pânico, dependência de álcool e drogas, entre outros são responsáveis por 18% da sobrecarga global das doenças no país”, explica o especialista. Segundo ele, um problema gástrico ou cardiovascular também pode estar associado à uma doença de saúde mental, que jamais será investigada. “Casos mal encaminhados, sem diagnóstico, causam perdas familiar e econômica incalculáveis”, lembra. 
 
Entre 90 e 95% dos casos são atendidos por clínicos gerais que, com exceção das faculdades de excelência, não estão preparados para esse tipo de doença e para o atendimento inicial. “Existe um hiato entre a demanda e o tratamento psiquiátrico disponibilizado no nosso país. O médico precisa saber, na atividade clínica, sobre psiquiatria”, alerta o professor da Unifesp.
 
Para melhorar a capacitação e o envolvimento de profissionais não especialistas com a finalidade de oferecer diagnóstico e tratamento apropriados a todos os indivíduos afetados por transtornos mentais, foi elaborado o mais completo livro sobre o assunto no Brasil. A publicação, da editora Manole, será lançada durante o Congresso Cérebro, Comportamento e Emoções, no Centro de Convenções Frei Caneca, em junho em São Paulo. Psiquiatria na prática clínica é organizado por Jair de Jesus Mari e também por Christian Kieling, professor do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e conta com a participação dos principais nomes da psiquiatria no país.
 
A finalidade da obra é levar aos médicos clínicos gerais, cardiologistas, endocrinologistas, oncologistas, geriatras e pediatras a importância da saúde mental e dar o conhecimento adequado desde como fazer a entrevista, como e quando utilizar o medicamento até quando encaminhar o caso para um psiquiatra. “Com conhecimento, os médicos não apenas podem, mas devem medicar. Mas também devem saber quando e qual é o limite da ação”, conclui Jair Mari.
 
SOBRE OS EDITORES:
 
Jair de Jesus Mari é Professor Titular do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, Professor Honorário da Universidade de Londres e membro do Comitê Consultivo do Movement for Global Mental Health.
 
Christian Kieling é Professor do Programa de Pós-Graduação em Psiquiatria da UFRGS e membro do Comitê Consultivo do Movement for Global Mental Health.
 
PSIQUIATRIA NA PRÁTICA CLÍNICA
 
ISBN 978 85 204 3312 6
 
Formato: 17 x 24 cm, 716 p., R$ 230,00
Editora Manole, 2013. www.manole.com.br
Publicado originalmente em:
 

sábado, 22 de junho de 2013

CRIANÇA OPOSITIVA E DESAFIADORA: PATOLOGIA MENTAL?

O que uma família pode fazer quando um dos filhos é opositivo e desafiador?

Hum... boa pergunta. Difícil resposta. Pode-se não fazer nada. Ou pode se tentar de tudo. Mas se você quiser investir na criança od (= opositiva e desafiadora) vá se preparando porque o caminho é árduo e íngreme. Essas pessoas são assim desde pequenas. Talvez seja um jeito de ser, talvez seja uma faceta de algumas crianças que têm o TDAH. Ou as duas coisas ou muito mais que isso. O fato é que as famílias ficam enlouquecidas e as mães ficam perdidas e sem chão, deprimem, adoecem e tudo o mais que você pensar é pouco. Os pais, uma grande parcela deles acaba saindo de casa ou se simplesmente se afastam do problema. Geralmente sobra para a mãe. Enquanto a criança é pequena, a família acaba dando um jeito, mas à medida que a criança vai crescendo, a situação fica realmente um sério problema. Nossa, fica uma gritaria, um tal de um culpar o outro, ninguém concorda com ninguém, ninguém obedece ninguém, é patético. Os pais ficam iguais à criança, eles fazem tudo o que eles mesmos pregam para que não seja feito. Mas nós também faríamos igual, poxa, ninguém é de ferro.
Quem aguenta um filho que não concorda com nada, que te ofende, te xinga, mete o dedo na tua cara, grita com você, desafia os professores, os colegas, mente, sempre tá certo e você sempre tá errado e você sempre é o culpado? Impossível: não há quem aguente mesmo... Remédio também não resolve muito não. A gente até prescreve, mas os resultados são poucos. Contudo, muito mais da metade das mães precisam tomar algum remédio, seja pra estresse ou depressão. Complicado... a verdade é que essas crianças od não funcionam que nem as crianças que não são od. Como assim? Bem, elas precisam de regras e limites muito mais do que as outras crianças. O problema é que elas não lidam nada bem com o não. O limiar de frustração das crianças od é baixíssimo. E parece que elas não se veem e que elas não percebem o que elas falam e como falam, elas se acham sempre certas e sempre injustiçadas. O mundo sempre é culpado bem como os pais, os professores, etc. Elas não têm essa crítica. E só sabem viver brigando. Qualquer coisa que o adulto fizer e ou falar eles vão retrucar. E aí? Uma vez a gente aguenta, mas o problema é que seja lá o que você falar ou fizer, você nunca vai dar uma à dentro, porque estará sempre errado.
Os pais de crianças od precisariam fazer um treinamento para entenderem o que ocorre com as crianças que têm esse problema. Porque até hoje eu só vi alguma melhora nessas crianças quando existe de fato uma mudança no sistema familiar. Não que ele esteja errado, não é isso. É que essas crianças não funcionam e não respondem ao modus operandi do sistema familiar padrão.
 O sistema familiar precisa mudar para um modelo tal que funcione como um espelho para essas crianças. De modo que elas vivam segundo essas novas regras e novo molde por um tempo suficiente para elas o internalizem e passem a usar este novo que elas sirvam de modelo para que as crianças od possam vivenciá-lo e copiá-lo no dia-a-dia, no relacionamento com a família e com o mundo de modo geral. Só que isso leva um tempo. Não se tem resultado de uma semana para a outra. Mas se formos pensar nos estragos que esse jeito od causa na vida das crianças e de suas famílias vale a pena o esforço. Sim, porque qualquer pessoa que não concorda nunca com os outros e que queira que tudo seja conforme ela quer, é claro que vai ficar sozinha e rejeitada e ela vai acabar ficando marginalizada e excluída. O que normalmente a gente vê é que a vida dessas crianças evolui mal em todos os setores. Na escola é comum que ocorram várias repetências, evasão escolar, distúrbios de comportamento, drogas e até morte precoce. Cerca de 10 a 20% das crianças od evoluem para este caminho cujo prognóstico é o pior possível. A família pode ajudar.
 Mas ela precisa mudar para ajudar. Daí ser tão difícil este processo. Porque mudar é difícil para qualquer um de nós. Envolve fazer um processo de luto. E normalmente é preciso agregar a família toda neste processo. É como se a família nuclear tivesse que aprender uma nova linguagem, para depois ensinar esta nova língua para a criança od. E nem sempre os pais têm tempo, dinheiro e disponibilidade interna para isso. Eu atendo muitas famílias que sofrem este tipo de problema. 
 E eu posso dizer que fica um clima de impotência e frustração. Tanto pela minha parte como por parte da família e da criança. É claro, você vai ao médico à procura de uma solução. E rápida, de preferência. Quando isso não ocorre, é chato, é claro. Ainda mais quando o médico diz aos pais que eles precisam mudar. Bem, de todo modo, eu me disponho a ajudar. Tenho pensado em criar um grupo de apoio para famílias que têm um filho opositivo e desafiador. E também para quem tem mãe ou pai opositivo e desafiador. Isso também acontece. Afinal, as crianças od crescem e também casam e têm filhos e certamente continuarão opositivos e desafiadores. E nestes casos, os filhos é que vão ter que saber como lidar com isso. Os grupos seriam quinzenais, fechados e no Rio de Janeiro, no bairro de Vila Isabel, sem custos e compreendendo oito encontros de duas horas cada. Em julho eu vou criar uma página sobre o tema e quem estiver interessado pode postar lá. Se tudo der certo, o grupo será iniciado em agosto ou setembro deste ano. Essa iniciativa foi gerada pelo fato de eu atender com muita frequência famílias com filhos opositivos e desafiadores. Espero que esses grupos possam ajudar essas famílias. Eu vou precisar de pessoas voluntárias também. Quem se interessar, como eu disse, em julho eu vou criar uma página sobre o assunto. Agora em junho, em função de eu ir a dois congressos, não terei tempo.
Evelyn Vinocur
Postado originalmente em Bipolares uma Reflexão.

As escolas estão cheias destas "personalidades", pais, mães, avós e escola não sabem o que fazer, de Conselho Tutelar ao consultório do psicólogo, tenta-se tudo no desespero de convivência e educação com os "ODs," No Brasil não há psiquiatria infantil, pelo menos ainda não chegou aqui nos rincões piauienses, um único CAPS i para todo o Estado, que não funciona atendendo a contento toda uma demanda reprimida.
Nós sociedade, precisamos aprender a "domá-los" com urgência ou teremos adultos detestáveis, nesse mundo que avança cada vez mais para a "anormalidade universal."

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Bullyng nas escolas e saúde mental do adolescente

O bulliyng nas escolas brasileiras, sejam elas públicas ou privadas, é uma prática comum e presente ao lado de outros problemas como falta de amigos e sentimento de solidão entre os adolescentes, que podem desencadear doenças como depressão e outras ligadas à saúde mental.
O retrato surge dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, feita pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde. Numa evidência da existência de bulliyng, 7,2% dos alunos do último ano do ensino fundamental afirmaram que "sempre ou quase sempre se sentiram humilhados por provocações dentro da escola" nos 30 dias anteriores ao levantamento (levado a campo em setembro passado).
A proporção, porém, de adolescentes que praticam algum tipo de bulliyng em colegas de escolas é ainda maior, atingindo 20,8% dos adolescente do último ano -cuja faixa etária varia predominantemente de 13 a 15 anos.
"Sem dúvida isso é uma sinalização que de esses alunos podem ter problemas mentais no futuro e que eles já sofrem no presente", disse Marco Antonio Andreazzi, gerente do IBGE responsável pela pesquisa.
Na mesma pesquisa realizada em 2009 (restrita às capitais), 5,4% relataram sofrer bullying. O percentual subiu para 6,9% dos alunos das capitais em 2012.
Solidão
Outro fator que indica a possibilidade de doenças mentais no futuro, como depressão e outras, é a ausência de amigos e o sentimento de solidão. Entre os adolescentes pesquisados, 3,5% disseram não ter amigos 4,6% entre as meninas e 2,5% entre os garotos. Já a sensação de estarem sozinhos foi relatada por 16,4% dos alunos 10,7% entre os meninos e 21,7%, ou seja mais do que o dobro, entre as adolescentes do sexo feminino.
Estopim para algumas doenças como esquizofrenia, por exemplo, o uso de drogas já tinha sido usada alguma vez por 7,3% dos adolescentes. Desses, 34,5% usaram maconha e 6,4% tiveram contato com o crack.
Para o IBGE, porém, o dado mais preocupante é que 0,5% dos adolescentes que estão matriculados usaram crack nos 30 dias anteriores à pesquisa -o percentual no caso da maconha é de 2,5%.
"Todos sabemos que o crack é um problema de saúde pública e uma droga que afasta do convívio social, que degrada o usuário. É surpreendente que 0,5% dos alunos usem crack e permaneçam na escola".
Postado originalmente em:

terça-feira, 18 de junho de 2013

DIREITOS HUMANOS E SAÚDE MENTAL

A cidade de São Paulo sediará entre os dias 05 e 07 de setembro de 2013, o I Fórum Brasileiro de Direitos Humanos e Saúde Mental (www.direitoshumanos2013.abrasme.org.br ). O Fórum será realizado pela Associação Brasileira de Saúde Mental – ABRASME, e tem por objetivo debater com os diferentes atores sociais, as questões referentes aos Direitos Humanos e a Saúde Mental em suas implicações transversais com os temas como População de Rua, Política sobre Drogas, Assistência na Reforma Psiquiátrica e Rede de Atenção Psicossocial, Políticas de Encarceramento, Saúde e Violência em relação a Juventude Negra, Cultura, Economia Solidária, Democratização da Comunicação, entre outros.
            O Fórum segue a tradição iniciada com o movimento Madres da Plaza de Mayo, da Argentina, durante um dos Congressos das Madres, que são marcados pelo debate realizado por um grande número de militantes dos movimentos sociais da América Latina. O Fórum, surgido em um dos Congressos, tem a intenção de promover um diálogo onde as idéias, questões e propostas circulem sem os caminhos específicos de apresentação de trabalhos somente. No Brasil, o Fórum avança na Luta Antimanicomial, iniciada no Brasil em fins da década de 1970 pelo Movimento Nacional de Luta Antimanicomial e pelo Movimento de Reforma Sanitária, após denúncias de violações aos direitos humanos em pessoas internadas em instituições psiquiátricas no Brasil no ano de 1978.
            A cidade de São Paulo não foi escolhida de maneira aleatória. O Estado possui desde as primeiras mobilizações pela Luta Antimanicomial e pela Reforma Psiquiátrica, importantes ações de militância política. O momento atual foi interpretado por muitos, como de extrema importância para a realização do I Fórum Brasileiro de Direitos Humanos e Saúde Mental, na capital paulista. Em consequência da questão do crack, São Paulo vive sérios dilemas que podem levar a um retrocesso no modelo de atenção destinado a essa população. Diferentes movimentos sociais estão envolvidos no debate. O Fórum servirá para fortalecer e estreitar ainda mais as lutas dos movimentos sociais em defesa dos princípios da Luta Antimanicomial, da Reforma Psiquiátrica, dos Direitos Humanos e do Sistema Único de Saúde (SUS).


Uns três anos atrás uma reporter  do Correio Brasiliense, salvo engano, ligou-me naquele vexame, ( no nosso piauiês, quer dizer pressa, impaciência), queria porque queria que eu lhe indicasse casos de cárceres privados, já que ela estava fazendo uma reportagem nacional sobre saúde mental e já havia encontrado vários casos. Na época, eu também não tinha conhecimento, só elogiava a rede de CAPS que se instalava e as residências terapêuticas que acompanhei os processos de instalação e conhecia todos os pacientes moradores do HAA que foram morar nas casas. Somente em 2010, na gerência de saúde mental, por acaso saindo em viagens de inspeção em cidades do interior do Estado, descobri alguns e fui ficando atenta, às denúncias que chegavam ao Ninho, casos que nunca fomos ver, por falta de estrutura da ONG. Informamos ao MP em processo administrativo, mas é preciso acompanhar a resposta dos órgãos de saúde em saúde mental, continuar cobrando, viajando, iniciativas dificies de manter. Poucos voluntários, gente fragilizada sempre pelos sintomas,  não são militantes sociais.
Então, publico aqui este material da ABRASME e vejam não há nenhuma referência ao cárcere privado ou internação domiciliar perpétua como chamo. Fazer? Esse militantes acadêmicos não sabem disso?

sexta-feira, 14 de junho de 2013

LOUCO TAMBÉM VOTA!!! VOTO TÃO INÚTIL QUANTO OS DOS NORMAIS.

Comissão de parlamentares viriam ao Piauì gostariam de saber a quantas anda os serviços de saúde mental no Estado. Avisaram-me que falariam com usuários. Feito o Cacique Juruna, a quem muito admiro, resolvi registrar pedidos e denúncias. Elaborei o singelo documento abaixo, para entregar em mãos depois de todos aqueles argumentos que alguns mal formados psicólogos adoram chamar de ganho secundário.
Pois é, mas, a tal comissão vi na televisão esteve aqui por conta da violência contra mulher e se outros da saúde mental entraram em contato, pedi e peço que vos entregue nossa missiva e se houver maior interesse, nos deixm endereço para entregar anexos: fotos do nosso trabalho, dos cárceres privados, do CAPS i numa reforma de 60 dias intermináveis.
Fica o registro:

O Amigo no Ninho – Rede de Apoio e Suporte em Saúde Mental do Piauí vem através deste documento com anexos inclusos, informar e denunciar algumas precariedades pelas quais passam alguns usuários de saúde mental na rede SUS do Piauí ao mesmo tempo que pedimos a intervenção de vossas senhorias através de elaboração de projetos nacionais que virão nos auxiliar a todos que vivemos e convivemos com transtornos mentais.
1.     Procedimento Administrativo 160/2011 (MPE/CAODS), cumprimento de cláusula do TAC nº 347/2009: transferência do CAPS i para fora dos limites do HAA, até agora não aconteceu e fizeram um arremedo no MP, impuseram uma oferta, que tivemos que aceitar pensando na necessidade extrema da população psicótica escolar infantil. Construíram um muro separando o prédio do CAPS i, do restante do complexo hospitalar e até a hoje a reforma se arrasta com as crianças e adolescentes sendo atendidas na Terapia Ocupacional dos adultos, que segundo próprios técnicos que ali trabalham às vezes se misturam ao pacientes internados integralmente. A reforma duraria 60 dias, tem mais de ano.
Nossa luta é para que o Município de Teresina abra seu próprio serviço, CAPS i ou outro nome deste centro de atendimento a crianças TGDs ( Transtornos Globais do Desenvolvimento) mais parecidos com escolas que hospitais, numa intersetorialidade e integração comunitária reais, poderia até ser um Núcleo de Apoio a Educação (NAE), proposta garantida na IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial em 2011, composto por psicopedagogos, assistentes sociais e psicólogos para garantir o acesso e permanência da pessoa em sofrimento psíquico na rede regular de ensino.

2.     Procedimento Administrativo: 91/2011 (MPE/CAODS) :  Existência de cárceres privados de pacientes psiquiátricos em vários municípios piauienses. Temos registros fotográficos, visão in loco de alguns casos, mas muitas são as denúncias que não temos condições estruturais para acompanhar ou onde denunciar com certeza que estes casos não ficarão sem a devida atenção pela saúde mental e básica dos municípios, tentamos fazer rede com o Conselho Estadual de Saúde junto às companheiras da Associação Piauiense de Prostitutas, conselheiras que são mais sensíveis a causa.
Gostaríamos de oficializar através deste um pedido de lançamento de uma campanha nacional contra o cárcere privado de pacientes com transtornos mentais  no Brasil, prevendo punição socioeducativa para família e ajuda do Estado para o cuidado deste paciente pela atenção básica ou contratação de técnicos de enfermagem, de referência, para casos de idosos presos e seus cuidadores também idosos, bastante comum nos casos encontrados no Piauí.
3.     Outro grave problema é o desvinculamento do paciente dos CAPS II, segundo a portaria nº 336/GM de 2002, que institui os CAPS, estes dispositivos estão destinados ao perfil de pacientes  com transtornos considerados severos e persistentes, saindo da crise aguda, muitos estabilizam os sintomas o suficiente para a integração total na comunidade, contudo precisam de tratamento contínuo ambulatorial, no município de Teresina os ambulatórios de bairros da periferia, território destes usuários tem carência de médicos psiquiatras e psicólogo. Gostaríamos que a comissão considerasse nossa sugestão de que na falta destes especialistas, o médico da atenção básica recebesse treinamento e na falta do psicólogo, as práticas integrativas e complementares já instituídas como politica de saúde pelo MS, fossem incorporadas na rede municipal. Práticas com que o Amigo do Ninho já trabalha com excelentes resultados com as usuárias atendidas: as terapias naturistas, práticas da medicina chinesa como a acupuntura e as grupais como Terapia Comunitária e Biodança. Além da flexibilidade de horário de marcação de consulta, já que usamos medicações que provocam sono intenso e desequilíbrios durante o dia se não dormirmos o suficiente. Paciente psiquiátrico necessita de consultas de manutenção sempre, mesmo que mensalmente, bimestralmente mas a dificuldade de obter o retorno deveria não deveria existir. Propomos um cartão especial que nos identifique no sistema.
4.     Outro ponto fundamental é quanto a inserção da pessoa com transtorno mental  no mercado de trabalho via concurso público. Cada vez mais crianças, adolescentes e jovens bem acompanhados medicamente chegam a universidade e concluem, mesmo enfrentando limitações suas graduações, novamente, pedimos vossa sensibilidade  máxima para este tema, queremos que o decreto nº 3.298 de dezembro de 1999 que regulamenta a lei nº 7.853/1989 que dispõe sobre a politica de integração da pessoa portadora de deficiência, consolida normas de proteção possa ser novamente ser alterado e o Transtorno Mental nas suas diversas patologias possam constar como deficiência permanente, insurgindo-se como a V classificação de deficiências para que possamos concorrer as cotas para deficientes em concurso público, com a ressalva que ainda precisamos de ambiente de trabalho protegido de assédio  moral laboral no período probatório, por conta da dificuldade de adaptações a novas rotinas que algumas patologias apresentam a seus portadores, com consequências de aparecimento de sintomas, tenhamos direito a atestado médico em número suficiente nesta fase.
Esperamos que vossas senhorias e assessorias possam dar forma a projetos na câmara a partir de nossas sugestões. Não esquecendo de lembrar que todos nós, usuários gozando de saúde mental, fora dos hospitais psiquiátricos votamos como quaisquer cidadão e seremos agradecidos.

terça-feira, 11 de junho de 2013

DEPRESSÃO:UMA VISÃO TRANSPESSOAL

Os pensamentos criadores da saúde e da depressão

Notícia publicada na edição de 10/06/2013 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 6 do caderno A - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.

* Adriana Splendore

A Organização Mundial de Saúde, OMS, prevê que, em 2020, a depressão seja a doença mais comum da humanidade. Ela é um mal que pode atingir qualquer um, em qualquer idade.

Atualmente, a grande polêmica em torno da depressão é que o Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH), principal órgão financiador de pesquisas na área do País, rejeitou oficialmente o DSM-V (o novo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), há duas semanas do seu lançamento. Um dos motivos é justamente sobre a classificação do que é tristeza, uma emoção necessária, e do que é depressão, uma patologia que precisa de tratamento.

Tristeza é uma emoção que traz significados importantes - ela é necessária, no caso do luto, por exemplo, precisamos elaborar a perda, revermos nossas atitudes. Antigamente no luto, as pessoas vestiam preto por dois anos em sinal de respeito a esse período de perda e dor.

No DSM-V eles propõe que esse período de luto dure apenas duas semanas e, depois disso, já seria considerado uma patologia, a depressão, e que precisaria de medicamentos para ser tratada. Mas, apenas os medicamentos não vão mudar nossa maneira de pensar, eles aliviam alguns sintomas, mas o que promoverá mudanças no indivíduo sempre será a psicoterapia.

A depressão é uma doença que vai se instalando aos poucos e dando sinais de que algo não está bem em nossa vida. Não se trata apenas de passar o dia triste, mas sim, não ter energia para levantar da cama. Ela indica uma desarmonia interna e um ou mais níveis do nosso ser, seja no físico, emocional ou energético.

Ela altera a maneira como a pessoa vê o mundo, como entende as coisas, manifesta emoções e o prazer com a vida. Ela afeta tudo, como as pessoas se alimentam, dormem, como se sentem em relação a si próprio e como pensam sobre as coisas. A depressão não é simplesmente estar com um "baixo astral" passageiro. Também não é sinal de fraqueza, de falta de pensamentos positivos ou uma condição que possa ser superada apenas pela força de vontade ou com esforço.

A falta de valores verdadeiros para dar sentido à vida, o vazio gerado pelo consumismo só de bens materiais e prazeres supérfluos, a ausência de princípios, a pouca ou nenhuma experiência espiritual, levam ao desenvolvimento da doença da alma, que desafia os conhecimentos atuais.

Quando a depressão se instala é porque a alma adoeceu. É a falta de alegria e ânimo. As queixas mais frequentes falam de um grande desânimo, um estado de espírito negativo, uma tristeza que invade a alma. São João da Cruz nos fala da "Noite escura da alma", onde perdemos a vontade de viver e nada mais tem graça.

A depressão pode estar ligada aos traumas, perda de um ente querido, separações, falta de perspectiva profissional, sentimento de culpa, desilusão amorosa, problemas financeiros, mágoas por traições ou injustiças, e muito mais.

Há problemas emocionais e psicológicos como, por exemplo, cobranças excessivas, preocupações exageradas, pensamentos obsessivos, medos, fobias que precisam de orientação, tudo isso pode ser somatizado no corpo de várias formas. As mensagens que o corpo traduz são muitas: insônia (onde os pensamentos repetitivos impedem o cérebro de reduzir sua frequência, e a pessoa não consegue desligar, exaurindo suas forças); dores de cabeça (pelo excesso de ruminação dos problemas); dores de estômago (os pensamentos não são digeridos e o órgão não consegue processar o que não existe e, assim, as ideias fixas prejudicam a digestão); intestino preguiçoso (onde os ressentimentos, os pensamentos que ficam voltando ao passado e a incapacidade de perdoar e, deste modo, os intestinos imitam esse comportamento).

A relação entre o cérebro e os intestinos, embora há muito conhecida pela medicina chinesa, vem sendo bastante estudada atualmente. O Dr Helion Póvoa mostra que as paredes dos intestinos, estimuladas pela fricção das fibras alimentares, secretam a serotonina. "A alegria e a inteligência emocional, de que tanto precisamos para viver bem, começam realmente a partir do intestino.", diz ele.

Vivemos a maior parte do tempo no piloto automático. Pierre Weiss nos fala da normose, estado inconsciente de pensamentos e atitudes automáticos, onde deixamos nossa mente solta sem controle. Desta maneira, devemos ser os construtores dos pensamentos e não escravos deles, a nossa saúde começa na mente. Pensamentos são como escadas que podem fazer você subir ou descer de nível de consciência.

Victor Frankl, um dos fundadores da psicologia transpessoal, nos fala da importância de buscarmos um sentido para a vida, uma busca pela transcendência do ser. Dificilmente você encontrará um depressivo que tenha essa busca por "algo a mais", e é a falta de objetivos transcendentes que leva ao descrédito de viver. Não ama, nem se sente amado, não alimenta seus sonhos, nada mais entusiasma. Normalmente vemos que a pessoa gastou energia demais, ou está apegado a uma energia que não é boa para ela.

Maslow narra, que precisamos ter consciência deste impulso à transcendência. Essa busca é inerente ao ser humano, o qual, quando reprimido, adoece. Sem o transcendente, ficamos doentes, violentos e niilistas, vazios de esperança e apáticos. Há doenças espirituais e que precisam ser reconhecidas e devidamente tratadas. A Dra. Caroline Myss, em seu livro Anatomia do Espírito discorre sobre que o campo energético reflete a energia de cada indivíduo. Ele nos cerca e leva conosco a energia emocional criada por nossas experiências internas e externas. Tanto as positivas quanto as negativas. Essa força emocional influencia o tecido físico dos nossos corpos e contribuem para a formação do nosso tecido celular. Experiências positivas e negativas são registradas como uma memória no tecido celular, assim como no campo energético.

Dra. Candance Pert provou no livro "A cura da mente", que os neuropeptídeos , substâncias químicas despertadas pelas emoções, são pensamentos convertidos em matéria. Ela afirma que a mente está em cada célula do seu corpo e a depressão é considerada uma desordem emocional e mental - em termos energéticos, a depressão é uma liberação de energia sem consciência. Se o dinheiro é como uma energia, a imagem da depressão é como você abrir sua carteira e anunciar que não se importa mais com quem pega seu dinheiro e com o modo como ele é gasto. Sem energia vital você não pode sustentar sua saúde.

Para criar as doenças, as emoções negativas precisam ser dominantes. E o que acelera o processo é saber que o pensamento negativo é tóxico, no entanto damos a ele a permissão para crescer em nossa consciência. Assim, somos responsáveis pela criação de nossa saúde e temos íntima responsabilidade também pela criação da doença.

* Adriana Splendore é terapeuta ortomolecular e psicoterapeuta transpessoal

http://www.cruzeirodosul.inf.br/acessarmateria.jsf?id=478624 

sábado, 8 de junho de 2013

A LOUCURA FATIADA EM MUITOS PEDAÇOS

Mais doenças mentais

Edição 208 - Junho de 2013
© DANIEL BUENO
012-015_Tecnociencia_208-1
Sob protestos, a Associação Americana de Psiquiatria (APA) lançou em maio a quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM), usado mundialmente. Em um comunicado público, Thomas Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH, na sigla em inglês), criticou a falta de marcadores biológicos que possam validar o diagnóstico de doenças mentais, ainda feito apenas com base em sinais e sintomas, sem parâmetros laboratoriais objetivos. Em uma declaração conjunta, o NIMH e a APA reconheceram que o manual expressa o estado da arte do conhecimento nesse campo e que melhorias no diagnóstico são muito bem-vindas. Allen Frances, coordenador da edição anterior do DSM, alertou que o novo manual alargou a possibilidade de enquadrar como transtorno mental o que antes era visto como normalidade.
Comer em excesso 12 vezes em três meses, por exemplo, deixou de ser um sinal de gulodice e se tornou um indicativo de transtorno mental. Preocupado com o aparente exagero, Miguel Jorge, professor de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), comentou que qualquer criança irritadiça poderia ser agora diagnosticada com distúrbio de humor. O conceito de depressão está também mais abrangente: uma pessoa de luto por pelo menos duas semanas pode receber esse diagnóstico. A desordem disfórica pré-menstrual, forma mais grave de tensão pré-menstrual, passou a ser classificada como um transtorno mental. Agora existe um só nome – transtorno do espectro do autismo – para designar as quatro formas dessa doença. 


Estatuto do Nascituro: Enfim a anormalidade universal existe!!!

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=591917947506451&set=a.396729613691953.99341.396630023701912&type=1&ref=nf


Diga não a essa aberração! Assine a petição:http://www.avaaz.org/po/petition/Diga_NAO_ao_Estatuto_do_Nascituro_PL_4782007/
Entrevista com Bernardo Campinho, professor do Departamento de Ciências Jurídicas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e presidente da Comissão de Bioética e Biodireito da OAB/RJ.

Viomundo – Pelo Estatuto do Nascituro o estuprador teria reconhecida a paternidade do fruto do seu crime?

Bernardo Campinho — Tanto o projeto original quanto o substitutivo, aprovado na Comissão de Seguridade Social, interpretam a paternidade como fato biológico absoluto, estabelecendo a obrigação do pai/genitor, ainda que perpetrador da violência sexual, de arcar com a manutenção econômica da criança. Ou seja, o estuprador, se localizado, aparecerá na certidão de nascimento como o pai.

Viomundo — Então além de a mulher ser obrigada a ter o filho resultante de estupro, ela será obrigada a ter contato com o estuprador?!

Bernardo Campinho – Exatamente. Aberração completa. O Estatuto do Nascituro legitima a violência contra a mulher assim como viola os direitos fundamentais à segurança e a integridade moral dessa mulher.

Ao sujeitar a mulher a desenvolver relações pessoais com o estuprador, em virtude do reconhecimento legalmente determinado de qualidade de pai do (a) filho(a), o projeto de lei 478/207 despreza o caráter social e afetivo da construção jurídica da paternidade e negligencia as escolhas da mulher. Mais ainda. Aquela que é casada e tenha sofrido violência sexual, o cônjuge dela passa a ser obrigado também a conviver com agressor, agora reconhecido como “pai/genitor”.

No cenário de aprovação do PL 478/2007, o agressor poderia inclusive, depois de resolvida a sua situação perante a Justiça Criminal, reivindicar direitos de visitação ou o exercício conjunto de tarefas de cuidado, criação e educação da criança. Bastaria alegar que o Estatuto do Nascituro estabelece obrigações materiais, o que lhe asseguraria, ainda que implicitamente, os direitos e as obrigações morais com relação à criança.

Leia a entrevista na íntegra: http://www.viomundo.com.br/denuncias/campinho-estuprador-tera-nome-na-certidao-de-nascimento-como-pai.html

sexta-feira, 7 de junho de 2013

DISLEXIA E TDAH NA ESCOLA: ACOMPANHAMENTO NA REDE DE SAÚDE DO SUS?

Educação aprova programa para acompanhar dislexia e TDAH em escolas

Arquivo/ Saulo Cruz
Mara Gabrilli
Mara Gabrilli modificou a proposta para que todos os transtornos de aprendizagem tenham acompanhamento.
A Comissão de Educação aprovou na última quarta-feira (5) proposta que obriga o Poder Público a manter programa de acompanhamento integral de dislexia, de transtorno do deficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ou de qualquer outro transtorno de aprendizagem para estudantes do ensino básico da rede pública e privada. O texto aprovado é o substitutivo, com complementação de voto, da deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), ao Projeto de Lei 7081/10, do Senado.
De acordo com a proposta, o acompanhamento integral inclui a identificação precoce, encaminhamento para diagnóstico e apoio educacional específico voltado para a sua dificuldade na rede de ensino, bem como apoio terapêutico especializado na rede de saúde. A escola também poderá recorrer à assistência social e outras políticas públicas existentes no território.
O projeto original previa programa de diagnóstico e tratamento para dislexia e TDAH. A relatora preferiu falar em programa de acompanhamento integral das doenças. Ela destaca que o atendimento educacional específico, nas escolas, voltado para as dificuldades do educando, não se confunde com intervenção terapêutica ou diagnóstico clínico.
Conforme o texto, caso seja verificada a necessidade de intervenção terapêutica, esta deverá ser estabelecida em um serviço de saúde que apresente a possibilidade de avaliação diagnóstica, com metas de acompanhamento por equipe multidisciplinar composta por profissionais necessários ao desempenho dessa abordagem.
O texto original previa programas de acompanhamentos apenas para dislexia e TDHA. Mara acrescentou outros transtornos de aprendizagem. “Nossos educandos merecem a oferta das técnicas, recursos e estratégias que garantirão seu pleno desenvolvimento acadêmico, e isso pressupõe sobretudo que desmistifiquemos todos os distúrbios de aprendizagem”, disse a deputada.
Formação de professores
Segundo a proposta, os sistemas de ensino devem garantir aos professores da educação básica amplo acesso à informação e à formação continuada objetivando capacitá-los para a identificação precoce dos sinais relacionados aos transtornos de aprendizagem ou do TDAH, bem como para o atendimento educacional escolar desses educandos.
Mara Gabrilli destacou que, para a construção do substitutivo, contou com a colaboração dos Ministérios da Educação (MEC) e da Saúde. “Há não apenas o entendimento conceitual da relevância da matéria no âmbito do MEC, como também não se encontrarão óbices orçamentários à implantação da política pretendida”, observou.
Doenças
A dislexia é um transtorno de aprendizagem de leitura crônico, de origem neurobiológica. É o distúrbio de maior incidência nas salas de aula e atinge entre 5% e 17% da população mundial, segundo a Associação Brasileira de Dislexia. Já o TDAH se caracteriza por sinais claros e repetitivos de desatenção, inquietude e impulsividade, mesmo quando o paciente tenta não mostrá-lo.
Tramitação
A proposta, que tramita em caráter conclusivo e já foi aprovada pela Comissão de Seguridade Social e Família, ainda será analisada pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.


Fico encafifada com esta nomenclatura: transtornos de aprendizagem. Por que transtornos? A "desordem" do DMS americano? Já do número V? Dislexia e TDAH são explicitamente citados como impecilhos à   aprendizagem e  ... " qualquer outro transtorno de aprendizagem", parecido com "transtornos invasivos da infância sem outras especificações" ou "transtornos do desenvolvimento" entre parênteses "psicoses infantis".
Sem fontes de pesquisa. Invisíveis mais uma vez num texto da política da educação. Duas da manhã, vou dormir,minha filha surda tem fonoaudiólogo amanhã, sabado nove horas. Quem acha que conseguirei levantar no horário? E arrastá-la que é o  mais difícil. Boa noite, Vietnam!!! 

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.