A taxa de crescimento do suicídio nos EUA quadruplicou desde 2007, quando começou a crise económica e financeira, indicam investigadores britânicos e norte-americanos, que estimam em 1.580 o número anual de suicídios em excesso.
Os autores do estudo, publicado hoje na revista The Lancet, analisaram os números dos suicídios compilados pelos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA entre 1999 e 2010.
Embora as taxas de suicídio tenham aumentado lentamente entre 1999 e 2007, as taxas de aumento mais do que quadruplicaram entre 2008 e 2010, passando de um aumento anual de 0,12 mortes por suicídio em 100 mil pessoas até 2007 para 0,51 nos três anos seguintes.
Os cientistas estimam em 1.580 o número de mortes adicionais por ano desde 2007, quando comparado com o que seria de esperar se a tendência dos anos anteriores se tivesse mantido.
"Desta forma, no período recessivo após 2007, estima-se que haja um excesso de 4.750 mortes por suicídio", concluem os investigadores das universidades de Cambridge (Reino Unido), Stanford (EUA), Bristol (Reino Unido) e Hong Kong.
Os cientistas - que num estudo anterior estimaram que a crise provocou mais de 1.000 suicídios em excesso só no Reino Unido - analisaram ainda a relação entre o suicídio e o desemprego, concluindo que a falta de trabalho terá sido responsável por um quarto das mortes adicionais.
Nos seus estudos anteriores, na Europa, os cientistas concluíram que um aumento de um ponto percentual na taxa de desemprego equivale a um aumento de 0,79% na taxa de suicídio, mas nos EUA o efeito é ligeiramente mais grave: um aumento de um ponto percentual na taxa de desemprego equivale a um aumento de 0,99% na taxa de suicídio.
“Na campanha para as eleições presidenciais nos EUA, o presidente Obama e Mitt Romney têm debatido a melhor forma de promover a recuperação económica. Mas o que falta ao debate é a discussão sobre a melhor forma de proteger a saúde dos norte-americanos nestes tempos difíceis", alerta o líder da equipa de investigadores, Aaron Reeves, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
O mesmo cientista recorda que o suicídio é um resultado raro da doença mental, mas estes dados são o indicador mais visível dos problemas de depressão e ansiedade que afetam as pessoas que vivem em situação de crise financeira.
Os investigadores lembram, no entanto, que há países que conseguem evitar o aumento dos suicídios em tempos de crise, seja através de políticas ativas para o mercado de trabalho, projetos que ajudem o desempregado a procurar apoio social e novas oportunidades de emprego ou programas de saúde mental que ajudem a mitigar os efeitos das recessões.
"O facto de países como a Suécia serem capazes de prevenir o aumento do suicídio apesar de grandes recessões revela oportunidades para proteger os americanos de mais riscos nesta crise económica prolongada", escrevem os cientistas, sublinhando a necessidade de promover a resiliência da saúde mental em períodos como este.
Em Portugal, tanto a Direção Geral da Saúde (DGS) como o Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) alertaram recentemente para os riscos da crise e das medidas de austeridade na saúde mental dos portugueses.
No Programa Nacional para a Saúde Mental (PNSM), elaborado pela DGS e divulgado em setembro, o organismo do Ministério da Saúde refere que “a crise financeira vai ter seguramente impactos muito significativos na saúde mental das populações”, sendo “plausível a ocorrência de um aumento da prevalência de algumas doenças mentais, assim como o aumento da taxa de suicídio em alguns setores da população”.
O OPSS, no seu Relatório de Primavera 2012, divulgado em junho, alertou para os efeitos da crise socioeconómica na saúde mental, sublinhando que as principais manifestações passam pela perda de autoestima, depressão, ansiedade e risco de comportamentos suicidas.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.
Teresina após a eleição perdida pelo prefeito Elmano Ferrer vêm despedindo muita gente de vários órgãos da prefeitura, só na SENJUV, secretaria da juventude, 12 pessoas foram destituídas de suas funções sumariamente, no CAPS sudeste, usuário me informava hoje a noite penalizado que quatro funcionários da manhã sairam, dentre as quais tristemente um era seu "técnico de referência" pelo pesar que ele nos dava a notícia. Como a FMS não tem nenhum controle da saúde mental, é bom estarmos preparados para as notificações de tentativas de suicidios, inicio de patologias mentais, etc. É bom conferirmos as entradas por suícidios no IML. A crise aqui de "gestão" pouco se importa com a saúde mental do indivíduo.