quinta-feira, 11 de outubro de 2012

NINHO DE CUCOS: DIA MUNDIAL DA LOUCURA!

Quinta-feira é minha folga no trabalho, justificada pela ida às terapias naturistas. Hoje especialmente levei comigo. Ambas "amolecemos", ela por três meses de medicação, três vezes ao dia, está usando agora o coquetel psi: respiridona, carbolitium e diazepan. Seus bracinhos rígidos denunciam rápido sua condição. A medicação a desligou, de logorrêica a monossilábica, de agitada a catatônica. A antes independente, eufórica jovenzinha que mexia com quem passasse, agora segura minha mão, com coordenação motora robotizada, parece não perceber os outros. Eu também não. Vamos as duas sentadas de mãos dadas no ônibus. Uso uma camiseta que Deusinha Alcântara da gerência de saúde mental do Estado me deu ontem. Não me importo com a marca repulsiva do governo gravada atrás, nem a frase do Dalai Lama,  abaixo da figura de um quebra-cabeças que forma um rosto humano. Uma arte bem colorida numa leve camiseta branca, talvez as cores e o carinho de Deusinha tenham feito usá-la de manhã e a tarde de hoje. Crítica, prefereria uma frase do Paulo Amarante, do Carrano, de um usuário anônimo sobre um evento sobre redes psicossociais. Mas amoleci, já não me importo se a gerente de saúde mental é uma sobrinha da afastada Leda Trindade, moça de 24 anos, somente com ensino médio, estudante de medicina, que me diz faltar ao trabalho por está de plantão na Evangelina Rosa ou que me digam que a FMS está promovendo um seminário, curso ou não sei bem o quê sobre suicídio: espero que saia a implantação de algum serviço efetivo de prevenção. Não me importo mais com o que nossos gestores façam, somos abandonados institucionalmente. Seguro firme a mão de até o espaço das práticas integrativas, finalmente aceitou pela primeira vez a acupuntura auricular. Pegamos mais um floral, pedimos para colocar na conta e vamos  ao centro espirita André Luiz, dormiu que roncou, uns quarenta minutos durante a transmissão de bionergia ( passe). Voltamos para casa. Esta noite foi dormir na casa da tia ( dormiu umas três noites na minha casa), tudo parece tranquilo. Toda rede que a embala, balança suavemente e o bichinho da maçã da loucura parece já querer adormecer dentro da pequena, ainda magra jovem de dezenove anos. Choveu hoje a noite, daqui a minutos será dia das crianças e de Nossa Senhora Aparecida. Vou à procissão, não resisto ao apelo da gente com velas acesas entoando cantos, só não  assisto a missa, ritual longo, não tenho paciência.
Releio Estranho no Ninho, justamente a parte que os pacientes conseguem chegar até o mar. Sinto-me um tanto McMurphy, o protagonista, confesso que sinto medo do amolecimento.

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.