sábado, 27 de outubro de 2012

NINHADAS

China adota nova lei de saúde mental, parece-me com todo aquele babá de proteção aos direitos, mas se "precisar", se o louco estiver demonstrando risco a si e aos outros, principalmente ao "empregador" desce direto para o hospital. Louco na China também trabalha? Ou enlouquece para dar conta da produção?


Da China para Teresina

Candidatos a prefeitura falam de melhorias em todas as áreas da saúde, são tantos serviços e hospitais a serem inaugurados se forem eleitos que imaginamos o paraiso no SUS na próxima prefeitura. Só não se fala de doença mental, milhares de pessoas tratadas nos ambulatórios (ruins) municipais e CAPS são totalmente ignoradas. Um deles promete uma rede de ambulatórios com várias especialidades, menos psiquiatria e num panfleto a última promessa na área da saúde, mal elaboradamente diz que implementará os CAPS, não diz como. Imagino que ele e assessores nem saibam do que falam. Até porque apesar da luta desde 2010 para implementação de uma gerência de saúde mental na FMS, decretada por um acordo com o MP em janeiro daquele ano, até hoje se aguarda segundo a promotoria de saúde, que seja votado na câmara de vereadores a mudança no organograma da fundação. Quem se interessa?


Caps sudeste continua sem psiquiatra pela manhã. Quem leu Psiquiatria sem Hospicio,  livro  que traz uma coletânia de textos que fazem parte de um ideário de Reforma Psiquiárica, elaborados na década de 90, nós que pesquisamos e escrevemos sobre os CAPS na década de 2000, precisamente em 2005 quando começavam a serem instalados no meio norte, dá um profundo sentimento de desilusão quando percebemos certa "burocratização" excessiva e as práticas manicomiais se repetindo em alguns serviços: ociosidade dos usuários, falta completa de iniciativas de inserção social pela geração de emprego e renda, luta por trabalho protegido para os reabilitados, por ambulatórios que os recebam com acolhimento  e segurança para não recaídas e etc e etc. Cadê a cara expressão: reinvenção de vidas?
Gosto de lembrar para alguns jovens concursados (que temos que engolir, com aquela panca de meritocratas) que o emprego deles, os serviços da reforma foram inventados, garantidos por um grupo de pessoas, técnicos, familiares e usuários que foram a luta nos finais da década de 70, denunciando, alguns até perderam seus empregos para garantir o direito de melhor tratamento para pessoas com transtornos mentais.


Visitando um paciente no hospital geral do Buenos Aires, percebi o quanto estes nosocômios ainda não estão preparados para receber PESSOAS com transtornos mentais. O rapaz com um problema clínico no reto, contido de forma crucificada, sem poder sequer mexer as nádegas. Medicação: Diazepan me informa a técnico de enfermagem, que este era calmo, apenas queria andar pelo hospital??? Se estava amarrado então, me interroguei se o preconceito e a discriminação não decretava a "intervenção clínica" da contenção, a fim de que não arrancasse os soros e curativos dos demais pacientes?


Fui proferir palestra beneficiente, numa faculdade de Serviço Social ( muitas alunas barulhentas, tive que dar aula mesmo, passei uns dois dias doente ), conseguimos um convênio com esta faculdade. Fiquei tão feliz, meu tempo é bastante reduzido para fazer, deixar e cobrar oficios nas instituições, pois ainda lutamos por uma sede, além do emprego, habitação, atendimento a crise. Apresentou-se uma moça promissora. Sumiu, depois de ver que o Ninho "subjetivamente" tem muito trabalho nese nível, que é o da articulação de redes intersetoriais em saúde mental, tema da palestra. Continuamos com vagas abertas.


Significativo número de suicidios nos últimos dois meses. Tragédias familiares dolorosas. Quando teremos um serviço de apoio aos sobreviventes de tentativas, aos familiares, a prevenção cientificamente orientada?

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.