Pesquisa sobre saúde mental já tem seu cronograma definido
Levantamento se inicia em abril, para apontar os processos que protegem e atacam a saúde
Uma reunião no último dia 7 definiu o cronograma da pesquisa para o mapeamento das doenças mentais e comportamentais que acometem os docentes da rede estadual, a ser desenvolvida em parceria entre a APP-Sindicato e o Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná (Nesc/UFPR) a partir do mês de abril.
Participaram do encontro, coordenado pelo secretário estadual de Saúde e Previdência, Idemar Beki, representantes dos quatro Núcleos Sindicais que estarão envolvidos na pesquisa (Curitiba Norte, Curitiba Sul, Metropolitano Norte e Metropolitano Sul).
No encontro, foram dadas orientações necessárias aos representantes, quanto à indicação dos professores e escolas que participarão das amostras do estudo. Para a composição da amostra deverão ser levados em consideração critérios como diversidade de tamanho (grande/média/pequena); localização (urbana, rural, município (pequeno/grande/centro/periferia), modalidade de ensino (fundamental/médio/pós-médio).
A pesquisa utilizará uma metodologia que permitirá identificar, em diversos níveis da vida dos participantes, os processos que protegem e atacam a saúde.
Estiveram no encontro os professores Tereza de Fátima Lemos, presidente do NS Curitiba Norte, Ana Carvalho de Oliveira Martins, secretária de Saúde do NS Metronorte, e Carlos Alberto Zanchi, secretário de Saúde do NS Metrosul.
A pesquisa - O levantamento será coordenado pelo professor Guilherme Souza Cavalcanti de Albuquerque, do departamento de Saúde Comunitária da UFPR. Conforme explica Idemar Beki, a iniciativa foi da universidade e veio ao encontro das necessidades da APP-Sindicato em apontar cientificamente o quadro de adoecimento dos educadores e suas causas. A iniciativa, firmada no início do ano e que foi apresentada em 1º de junho no I Seminário Estadual de Saúde Mental dos Trabalhadores em Educação, esbarrou na greve da universidade.
A pesquisa será feita apenas em Curitiba e Região Metropolitana, por comportar realidades que são síntese do que acontece em todo o Estado: cidades grandes, médias e pequenas, de diferentes perfis econômicos e com escolas de diversos tamanhos. A amostragem será de 3.500 a 4.000 professores, que serão entrevistados no próprio ambiente de trabalho por uma equipe multidisciplinar ao longo de três anos.
Idemar Beki sustenta que caberia ao próprio governo fazer a pesquisa sobre saúde dos servidores, mas que nenhuma iniciativa é tomada. Um levantamento feito pela Divisão de Saúde e Medicina Ocupacional da Secretaria de Administração e Previdência (Dims/Seap) revelou que, entre todos os mais de 200 mil servidores do Estado, no período entre 1998 e 2006, apenas um funcionário foi identificado como tendo doença em decorrência do trabalho. O dado é obviamente irreal e só demonstra a necessidade de dados estatísticos confiáveis para embasar a luta dos servidores por melhores condições de trabalho.
Uma primeira iniciativa da APP, de caráter mais empírico, para a identificação das condições de saúde dos educadores foi a pesquisa empreendida em 2009, com 7.612 educadores, mostrou que 66% deles haviam adquirido alguma doença em decorrência do trabalho, sendo que 30% relatavam sofrimento mental.
Conforme o secretário, apesar de este primeiro levantamento não ter base científica, ele já deixou claro o quadro de adoecimento por que passam os educadores no Estado. Beki acredita que a expansão da hora-atividade vai permitir uma melhora na qualidade de vida dos docentes e uma redução no adoecimento. "É a nossa bandeira, com mais hora-atividade, o professor terá um tempo razoável para o serviço extraclasse e não vai levar, como hoje, grande parte dos trabalhos para casa", disse.
No Piauí apenas dois psiquiatras atendem pelo IAPEP, plano de saúde dos servidores públicos, apesar haver cinco conveniados. Atendem em médio uns duzentos servidores públicos cada um, destes um número considerável de educadores e demais trabalhadores de escola. Numa das escolas que trabalho há três professores com mudança de função por transtorno mental, eu estou incluída. Não tenho conhecimento de nenhuma pesquisa dos centros de educação das universidades públicas locais, nem em nível de graduação ou mestrado a respeito. Pena, precisamos também destes dados, até para pensarmos políticas públicas de prevenção e assistência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário