quarta-feira, 3 de agosto de 2011

CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL INFANTIL 2

PERSISTÊNCIA NA SENSIBILIZAÇÃO

A Gerência de Saúde Mental do Estado promove de 03 a 05 de agosto mais um evento relacionado a álcool e outras drogas. Quem acompanha a movimentação sobre esta temática, sabe que já houve em Teresina somente este ano vários eventos, entre seminários, cursos e passeatas. Infelizmente, a politica de saúde mental no Piaui está centrada na questão da dependência química, os loucos "genuinos" são agora pacientes de "terceira classe". E quando se fala em saúde mental infantil então nem sei a classificação.
Hoje começa o período letivo na escolas públicas municipais e estaduais, onde encontram-se números significativos de crianças que parecem acometidas de transtornos mentais. Apresentam comportamentos bizarros, tem dificuldades de aprendizagem por conta da pouca ou nenhuma concentração. Não são diagnosticadas. A escola e a familia não sabem o que fazerem literalmente.
Como já postamos aqui, o Ninho vem fazendo uma campanha de sensibilização para a questão. Acreditamos que crianças precocemente diagnosticadas e que recebam reabilitação psicossocial de qualidade, terão uma adolescência e vida adulta mais produtiva, com menos probalidades de crises agudas que levam a internação integral em hospitais psiquiátricos. Lutamos pela concretização do que foi discutido e aprovado em propostas nas conferências de saúde mental intersetoriais de 2010, que as politicas de educação, assistência social e saúde estejam em trabalho conjunto na assistência a essas crianças que pululam nas nossas escolas.
Colocamos como proposta na Conferência Municipal de Assistência Social que os CRAS e CREAS atendessem continuadamente familias que tem criança com transtornos mentais, desde que notificados pela escola, porque é a professora/ professor que percebe a crise da criança, suas limitações cognitivas, às vezes até o delírio. A criança tem determinada patologia mental, está estável até que algo acontece em casa, pais brigam, a casa cai, um dos pais é preso, etc. Essa criança descompensa, tem a crise. Suprimido o fator estressor externo e o uso da medicação e outras terapêuticas que devem ser ofertadas pelo CAPS i, ela volta a estabilizar. A proposta passou com dificuldade e um tanto esvaziada da intenção principal que é o acompanhamento sistemático destas familias que com certeza depois de um mapeamento po zonas da cidade não dará muitas por território que um CRAS/CREAS não possam cobrir.
Quanto a saúde, infelizmente só temos um CAPS i estadual que não atende a demanda sequer da capital porque não cumpre o papel vocacional de um CAPS, que é de promover ações em rede na comunidade. Saberm nem o que isso. Mãe pobre e desinformada se aparecer para pegar o saco de cabarmazepina e sumir com a criança por noventa dias, tanto faz. Não se sabe do rendimento dessa criança na escola, da relação interpessoal dele com a comunidade escolar, etc. Não existe projeto terapêutico singular e muito menos técnicos de referência e o pior é que trabalhadores da instituição defendem o modelo com unhas e dentes, e só reclamam da falta de estrutura, de pessoal, de um carro próprio, da dependência do HAA. Não vem para luta, não promovem foruns ou seminários sobre questões prementes como o atendimento ao autismo, educação inclusiva, reabilitação precoce, etc.
Depois da participação na conferência de assistência social, estivemos com a coordenadora de educação inclusiva do município que nos disse que a prefeitura só trabalha com crianças deficientes mentais. Mais uma vez as crianças psicóticas são invisíveis. Depois de muitas argumentações conseguimos que esta percebesse que as psicoses infantis, mesmo não diagnosticadas, estão entre os Transtornos globais do desenvolvimento, que consta em seus procedimentos. Concluiu-se que até o final daquela semana, a divisão faria um oficio para SEMTCAS e GSAM/SESAPI solicitando o acompanhamento destas crianças já mapeadas por escola. As responsáveis por este procedimento entraram de férias e nada foi feito. Vamos continuar provocando neste semestre. Um sinal positivo, é que uma assistente social do CAPS i garantiu-me que o CAPS i irá a escola municipal 15 de outubro, acompanhar vários casos notificados pela escola.
O segundo round é no Ministério Público, continuamos exigindo que se cumpra o pactuado no TAC de 2010, a retirada do CAPS i de dentro e ou das proximidades do HAA. Bom mesmo seria se houvesse a municipalização deste importante espaço, que a prefeitura abrisse no mínimo dois CAPS i, um na zona sudeste e outro na zona sul, instalados nas grandes periferias. Esse CAPS i do HAA poderia  atender centro e zona norte. Sonhar é grátis. Delirar não é tão ruim!!!

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