Desde criança vivo cercada pela senhora "ruim" do juizo, a loucura. Conheci louca famosa como a Nicinha ou seu Zé Abóbora e sua mulher Maria Cacete, apelido que odiava e corria esbravejando atrás das crianças nas rua da minha infância. Conheço vários loucos de rua, seus pontos, algumas histórias de suas vidas. Não há em mim um sentimento de piedade apenas por um homem ou uma mulher sem razão, penso que se estão em situação de rua é porque uma familia desistiu deles ou eles fugiram de uma por razões lúcidas ou não e o poder público só tem a oferecer para eles os pavilhões do HAA, com grades e medicações que sozinhas não os integram a vida produtiva. Então aceito a loucura de alguns como outras formas de "viver a subjetividade humana" (Tykanori ).
Conheci outro louco famoso, Carrano, o Bicho de Sete Cabeças e tantos outros me cercam hoje, aqui fora do manicômio. É possível. Nesse mês de julho (12) fez um ano de morte de Faustino, queimado, preso a um colchão. Que aconteceu? A familia busca justiça? Idenização do Estado? Alguém foi responsabilizado? Condenado?
Fiz uma viagem este mês, sem medicação e tempo de ir ao meu psiquiatra fui a urgência do HAA, o plantonita que já levei em 2009 ao MP por me sonegar receita numa situação parecida e mais grave, prontamente me atendeu desta vez. Houve mudanças físicas significativas na recepção, chama atenção a troca de um velho portão jamais fechado (responsável por muitas fugas de agudos), e me informaram que enfermaria clínica e geriátrica ganharam climatização. Espero que tirem as grades, deixando mais parecido com hospital geral.
Não vi o filme ainda. Mas a tendência dos atores é interpretarem muito bem somente a manifestação do sintoma, do surto. Dá sempre aquela sensação que o louco está psicótico 24 horas. Ainda bem que loucura não é dor de dente. Espero que este me surpreenda.
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