sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA EM CRISE

A saúde mental à deriva no Piaui me adoeceu literalmente nas últimas semanas. Promotora Pública Cláudia Seabra de férias. Parece água empoçada. Flores de papel. Nada dá em nada ou em sofrimento de usuários. Precisava mudar o foco ou a crise me pegava:
1º . Sábado passado comprei uma tesoura de jardim para podar uma hera no muro, comecei no fim da tarde, faltou uma escada. Tenho horas de "relaxamento" ainda.
2º . Plantei há alguns dia sementes de manjericão, aquele perfumado, dificil de cultivar. As  folhas das mudas pequeninas foram tomando formas, estão no ponto de transplantar para o chão. Preciso agora de adubo para o espaço do herbário que pretendo cultivar. Não sei se ponho direto no chão ou se planto em jarros. Dúvida.
3º . Nem tudo ajuda a tirar um psicótico dum processo obssessivo por alguma coisa, que esteja a ponto de adoecê-lo. Resolvi comprar um sofá roxo, que achei que combinaria com a nova pintura rosa boneca com destaques de rosa açai ( rosa mais parecido com vinho) da minha casa. Caramba! Puro estresse. Descobri que por um erro que não sei  de que instituição, do banco ou CDL meu nome está injustamente no SPC. Quebrando a regra de não comprar em carnê porque se enfrenta filas para paga-los todo mês. Lá vou eu, passei toda manhã de ontem numa agência bancária.Não resolvi ainda, fiquei doentíssima ontem, perdi toda minha elegância (se tenho alguma) gritei com todos os que considerava culpados e que não resolviam meu problema. Resolvi esquecer o sofá. Não era tão bonito assim mesmo. Só a cor, Linda!
4º. Hoje fiz ansiolítico pela manhã, o velho tarja preta, apesar de chateada novamente no banco, mas a mente menos rápida, com uma capacidade maior de ouvir os normais e racionalizar minhas respostas - atitudes. Minhas teorias várias vezes são comprovadas: esquecendo um pouco de você, o outro pode ser uma motivação para vida e de brinde traz saúde emocional. E assim cai no mundo do Ninho, socorrendo usuários. Preciso ser rápida, criativa, capaz de negociar na hora de "armar" a rede imediata. Orientar por telefone a angustiada dona Zelita, uma senhora generosa, com uma moradora de rua com um grave problema clínico e psiquiátrico junto com dependência química a não chamar a polícia e sim o SAMU. Depois negociar com o SAMU que não queria levá-la para o hospital geral, mas Dona Zelita pegou o jeito logo e conseguiu, garantindo que eu acompanharia a moça. Só amanhã. Depois de cuidar do futuro herbário. Triste, mas muitos funcionários da FMS que trabalham em seus hospitais da periferia nunca ouviram falar dos leitos psiquiátricos existentes por força do ministério público em suas dependências. Teresina "brinca" de rede de saúde mental. É uma vergonha.
5º. Hoje a noite, bem mais leve. Acredito não ser apenas uma oscilaçao de humor, sim uma estabilidade sintomática que se reestabelece. Tenho diminuido minhas várias atividades tentando sentir menos culpas, adiando o que posso para fazer depois. Respeitando meus limites, apesar de achar que tenho síndrome de Atlas, aquele titã que carrega o mundo nas costas. Eu, hem! Ando parecida com Pato Donald estressado: QUAC!!!!

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.