De repente este espaço ficou público demais, politizado demais. Não poderia ser diferente já que ele foi se construindo, além de mim, pelas necessidades do meu povo, que são tantas e não são atendidas, socorridas. Estava uma vez tentando sensibilizar a equipe de famoso centro espirita de Teresina, que eles eram um recurso de saúde na comunidade e que poderiam desenvolver um apoio para saúde mental, já que contavam com uma psiquiatra voluntária, uma moça bastante intelectualizada me respondeu que sempre colocava nas intenções de preces "aquele povo do Areolino", a expressão era de uma piedade por coisas ou pessoas irrecuperáveis... naquele momento "aquele povo" passou a ser meu povo.
A luta diária com a própria doença, domá-la, viver bem meus "restos de saúde", expressão da comunidade surda, restos auditivos. Tarefa árdua quando temos que bater de frente constantemente com esta piedade do "mal" de alguns. Com a discriminação no trabalho, sem lei s que nos protejam. Sem Direitos Humanos, sem políticas de escola inclusiva que ajudem futuros adultos psicóticos viverem com mais qualidade de vida, sem passar pelas infernais internações integrais nos hospitais psiquiátricos, que infelizmente, parecem que sobreviverão concomitante com os serviços abertos ainda por longos anos.
Medicações com fortes e desagradáveis efeitos colaterais: obesidade, dificuldade de raciocínio, hepatites, memória afetada, visão turva, tontura, sonolência e tantos outros. O quase que total desconhecimentos das práticas integrativas e complementares para saúde mental. Desconheço pesquisas nesta área, biológicas ou psicossociais. Aceito recomendações.
Usuários cada vez mais me ligam, um novo tipo que venho assinalando por aqui há algum tempo. Um usuário que não faz uso dos serviços tradicionais nem novos da reforma. Ele está num limbo, vai ao consultório mensalmente, não sabe o diagnóstico. Usa medicação, estuda, trabalha, casa, tem filhos e muitas crises, sem nenhuma psicoterapia. Definitivamente não é mais o louco daquela idéia da incapacidade total. Não corre na rua como o louco clássico, não tira a roupa ou rasga dinheiro. Só gasta muito na mania, como afirmam os psiquiatras.
Voltando a meu ninho, nas primeiras postagens era um só um bloguinho para eu chorar minhas crises, exercício de acreditar em mim mesma. Hoje ressoa em meu ouvido a voz de Auristela. Ontem na porta da escola: "Os vizinhos vão me matar com faca e a senhora não aparece." Cansada, humor oscilante, não pude investigar a história ainda. Também dos meus olhos não esqueço o belo rosto angustiado de uma psicóloga bipolar, me dizendo que não dar mais para trabalhar. A filha de familia importante, ex paciente do Meduna e sua vida solitária sem rede social. Meu povo pertence a todas as classes e idades. Nosso grupo de apoio tem meia dúzia de pessoas fragilizadas. Precisamos de dinheiro para as terapias complementares e dar telefonemas de socorro, de apoio, de escuta. Sede não temos, mas não tem problema, Ninho se faz em qualquer galho em qualquer árvore.
Sete e quarenta da noite, tenho muito sono, fobia e falta de ar. Amanhã é outro dia.
A luta diária com a própria doença, domá-la, viver bem meus "restos de saúde", expressão da comunidade surda, restos auditivos. Tarefa árdua quando temos que bater de frente constantemente com esta piedade do "mal" de alguns. Com a discriminação no trabalho, sem lei s que nos protejam. Sem Direitos Humanos, sem políticas de escola inclusiva que ajudem futuros adultos psicóticos viverem com mais qualidade de vida, sem passar pelas infernais internações integrais nos hospitais psiquiátricos, que infelizmente, parecem que sobreviverão concomitante com os serviços abertos ainda por longos anos.
Medicações com fortes e desagradáveis efeitos colaterais: obesidade, dificuldade de raciocínio, hepatites, memória afetada, visão turva, tontura, sonolência e tantos outros. O quase que total desconhecimentos das práticas integrativas e complementares para saúde mental. Desconheço pesquisas nesta área, biológicas ou psicossociais. Aceito recomendações.
Usuários cada vez mais me ligam, um novo tipo que venho assinalando por aqui há algum tempo. Um usuário que não faz uso dos serviços tradicionais nem novos da reforma. Ele está num limbo, vai ao consultório mensalmente, não sabe o diagnóstico. Usa medicação, estuda, trabalha, casa, tem filhos e muitas crises, sem nenhuma psicoterapia. Definitivamente não é mais o louco daquela idéia da incapacidade total. Não corre na rua como o louco clássico, não tira a roupa ou rasga dinheiro. Só gasta muito na mania, como afirmam os psiquiatras.
Voltando a meu ninho, nas primeiras postagens era um só um bloguinho para eu chorar minhas crises, exercício de acreditar em mim mesma. Hoje ressoa em meu ouvido a voz de Auristela. Ontem na porta da escola: "Os vizinhos vão me matar com faca e a senhora não aparece." Cansada, humor oscilante, não pude investigar a história ainda. Também dos meus olhos não esqueço o belo rosto angustiado de uma psicóloga bipolar, me dizendo que não dar mais para trabalhar. A filha de familia importante, ex paciente do Meduna e sua vida solitária sem rede social. Meu povo pertence a todas as classes e idades. Nosso grupo de apoio tem meia dúzia de pessoas fragilizadas. Precisamos de dinheiro para as terapias complementares e dar telefonemas de socorro, de apoio, de escuta. Sede não temos, mas não tem problema, Ninho se faz em qualquer galho em qualquer árvore.
Sete e quarenta da noite, tenho muito sono, fobia e falta de ar. Amanhã é outro dia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário