quarta-feira, 31 de março de 2010

PACIENTE 67

Ou a Ilha do Medo, buscando atividades prazeirosas para dirimir o estresse de está na organização da Conferência de Saúde Mental Estadual, fui ao cinema. O filme é baseado em livro de Dennis Lehane (2003),direção do sensacional Martin Scorcese, a fotografia, efeitos especiais, os quarenta primeiros minutos de suspense, faz qualquer cinéfilo "delirar". Pasmem... fui às cegas não vi nem cartaz do filme. Quando entendi que personagem só delirava, que era um "psicodrama", um asilo em 1954, só havia clorpomazina, primeiro antipsicótico, usada a partir de 1952.O Haloperidol é de 1959. Então bateu a desilusão. O louco se lasca no final. Como em quase todos os filmes. E a platéia nem percebe que o filme fala de loucura.
Tive a curiosidade de ler algumas críticas dos blogueiros cinéfilos, falam acertos e erros técnicos da produção, babam por Scorcese ou criticam com parcimônia e respeito, mas não li nenhuma que fizesse alusão a loucura. Só mesmo o grande mestre sociólogo Francisco Junior, que me ensinou também a arte de ler entrelinhas as "catedrais e os porões da existência humana". Claro, que o filme pode provocar a velha discussão, nó da reforma psiquiátrica que é a questão dos manicômios judiciários, a questão do louco infrator. Lembrou-me falecida paciente do HAA, matricida, cumpriu sua pena até a morte no manicômio, orientada, namoradeira, consciente que a sociedade fora dos muros do hospício é coercitiva sempre e não perdoa alguns crimes.

Sai de lá com uma vontade enorme de voltar a ser louca anônima. A normalidade continua a nos ver apenas como delirantes 24/h, doença e incapacidade. Um louco anônimo, é alguém fantasiado de normal. Incapaz de emitir um pensamento transgressor.

Um comentário:

Flavinha Roberta disse...

Ainda não asiti o filme, mas gostei do texto, em especial das duas ultimas frases. Dignas de blogs, msn's, orkuts e afins...

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.