No momento bastante agitado e produtivo na área de formação em saúde mental para a reforma psiquiátrica antimanicomial, o psiquiatra de Campinas, hoje radicado no Rio Grande do Norte, trouxe em um dos módulos instigante e novíssimo tema por aqui, para tratar com os profissionais em treinamento no curso de qualificação em saúde mental da SESAPI, a gestão autônoma da medicação. O que é isso? Estampava-se em alguns rostos.
Marcelo Kimati colocou duas questões sobre o assunto: Por que é importante promover autonomia na utilização de medicação? Que dispositivos um serviço pode utilizar para desenvolver programas de autonomia ?
O que ele não falou ( não lembro) é que o Guia de Acompanhamento para Profissionais: pontos de referência para uma gestão autônoma da medicação em saúde mental, foi originado no seio dos movimentos de defesa dos direitos em saúde mental, serviços alternativos e usuários do Quebec/ Canadá, imagino que seja algo semelhante ao movimento da luta antimanicomial com seus diversos atores no caso brasileiro, movimento de usuários, trabalhadores e academia. Kimati não ressaltou a devida importância desse fato.
Nossos usuários do serviço psiquiátrico da rede SUS que imaginamos no senso comum, pobres e mais precariamente desinformados tanto quanto o usuário do consultório particular/conveniado na sua maioria não sabem o que usam (antipsicótico, estabilizador do humor, ansiolítico, etc) e qual seu diagnóstico, não reconhecem a substância genérica da sua medicação ou seus possíveis efeitos colaterais, mesmo que os sintam. Os profissionais (não só o psiquiatra) não têm a cultura da mera, esclarecida e necessária informação sobre a atuação da medicação no organismo da pessoa, de como uma substãncia como o ácido valpróico (depakote/depakene) pode causar toxidade no fígado, hepatite, pancreatite e que para prevenir ou controlar essas possibilidade é recomendável fazer exames de sangue inicial para contagem dos glóbulos sanguineos. Que serviço perde tempo com isso? Para quem interessa essa informação? É uma informação manipulável positivamente por um usuário modestamente esclarecido?
Já ouvi de uma professora com mestrado em educação, que rivotril é um "remedinho mágico", ela é voluntária em um atendimento onde há também um clínico geral que prescreve a dosagem inicial de clonazepan de 2,5. Observei que todas as pessoas esclarecidas desse recurso de saúde na comunidade acreditam que rivotril é um remedinho fraco, para pessoas não doentes mentais, no máximo estressadas.
No ambulatório do hospital do Dirceu I as pessoas saem da consulta com a psiquiatra e não sabem nem preencher os dados pessoais da receita, que a médica não preenche e nem o servidor da farmácia quer preencher e passa "carão" nas pessoas. Semana passada estive por lá, sentadinha preenchendo receitas de medicações inexistentes na fármacia do hospital, só havia haloperidol, numa dosagem que não era a da maioria dos consultados daquela manhã. Um dos questionamento de kimati aos profissionais: Que propostas de intervenção de promoção de autonomia da gestão de medicamentos nossos serviços são capazes de promover? Eu acrescento, diante da realidade de nossos usuários? Há uma familiar no nosso grupo de apoio, senhora informada, que tritura a medicação e coloca na comida do filho esquizofrênico. Descobri nesse curso que há uma medicação de depósito. Injetável, que o usuário pode fazer uso, ficando a medicação fazendo efeito por determinado tempo. Algo parecido com os anticoncepcionais injetáveis. Informei a mãe. Daí que ela converse com um psiquiatra em determinado serviço e ele o faça será uma batalha. Nas nossas oficinas de sensibilização as mais variadas práticas que os usuários e familiares fazem em relação ao tema, chamamos de "manejo popular da medicação". Existe um conhecimento popular de se usar, suspender, diminuir a dosagem "quebrando as bandinhas" dos comprimidos, etc. Os serviços de saúde em geral, agem como templos, seus conhecimentos são sagrados e inacessíveis aos leigos. Quem usa medicação psicofármaca por muito tempo e sente seus efeitos positivos e negativos em formas colaterais vai aprendendo a manejar, independente do serviço médico. Só precisamos da receita azul destes remédios "descontrolados".
Marcelo Kimati colocou duas questões sobre o assunto: Por que é importante promover autonomia na utilização de medicação? Que dispositivos um serviço pode utilizar para desenvolver programas de autonomia ?
O que ele não falou ( não lembro) é que o Guia de Acompanhamento para Profissionais: pontos de referência para uma gestão autônoma da medicação em saúde mental, foi originado no seio dos movimentos de defesa dos direitos em saúde mental, serviços alternativos e usuários do Quebec/ Canadá, imagino que seja algo semelhante ao movimento da luta antimanicomial com seus diversos atores no caso brasileiro, movimento de usuários, trabalhadores e academia. Kimati não ressaltou a devida importância desse fato.
Nossos usuários do serviço psiquiátrico da rede SUS que imaginamos no senso comum, pobres e mais precariamente desinformados tanto quanto o usuário do consultório particular/conveniado na sua maioria não sabem o que usam (antipsicótico, estabilizador do humor, ansiolítico, etc) e qual seu diagnóstico, não reconhecem a substância genérica da sua medicação ou seus possíveis efeitos colaterais, mesmo que os sintam. Os profissionais (não só o psiquiatra) não têm a cultura da mera, esclarecida e necessária informação sobre a atuação da medicação no organismo da pessoa, de como uma substãncia como o ácido valpróico (depakote/depakene) pode causar toxidade no fígado, hepatite, pancreatite e que para prevenir ou controlar essas possibilidade é recomendável fazer exames de sangue inicial para contagem dos glóbulos sanguineos. Que serviço perde tempo com isso? Para quem interessa essa informação? É uma informação manipulável positivamente por um usuário modestamente esclarecido?
Já ouvi de uma professora com mestrado em educação, que rivotril é um "remedinho mágico", ela é voluntária em um atendimento onde há também um clínico geral que prescreve a dosagem inicial de clonazepan de 2,5. Observei que todas as pessoas esclarecidas desse recurso de saúde na comunidade acreditam que rivotril é um remedinho fraco, para pessoas não doentes mentais, no máximo estressadas.
No ambulatório do hospital do Dirceu I as pessoas saem da consulta com a psiquiatra e não sabem nem preencher os dados pessoais da receita, que a médica não preenche e nem o servidor da farmácia quer preencher e passa "carão" nas pessoas. Semana passada estive por lá, sentadinha preenchendo receitas de medicações inexistentes na fármacia do hospital, só havia haloperidol, numa dosagem que não era a da maioria dos consultados daquela manhã. Um dos questionamento de kimati aos profissionais: Que propostas de intervenção de promoção de autonomia da gestão de medicamentos nossos serviços são capazes de promover? Eu acrescento, diante da realidade de nossos usuários? Há uma familiar no nosso grupo de apoio, senhora informada, que tritura a medicação e coloca na comida do filho esquizofrênico. Descobri nesse curso que há uma medicação de depósito. Injetável, que o usuário pode fazer uso, ficando a medicação fazendo efeito por determinado tempo. Algo parecido com os anticoncepcionais injetáveis. Informei a mãe. Daí que ela converse com um psiquiatra em determinado serviço e ele o faça será uma batalha. Nas nossas oficinas de sensibilização as mais variadas práticas que os usuários e familiares fazem em relação ao tema, chamamos de "manejo popular da medicação". Existe um conhecimento popular de se usar, suspender, diminuir a dosagem "quebrando as bandinhas" dos comprimidos, etc. Os serviços de saúde em geral, agem como templos, seus conhecimentos são sagrados e inacessíveis aos leigos. Quem usa medicação psicofármaca por muito tempo e sente seus efeitos positivos e negativos em formas colaterais vai aprendendo a manejar, independente do serviço médico. Só precisamos da receita azul destes remédios "descontrolados".
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