segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

FELICIDADE ANTIMANICOMIAL!!!

Hoje pela manhã saio comentando com Edvirgens, minha auxiliar de serviços domésticos e "cuidadora" que resolveria no centro administrativo apenas coisas pessoais. Nada de saúde mental. Desci do ônibus na Barão de Gurguéia e ouvi uma voz familiar chamar meu nome. Nossa! Quase que não reconheço a Eliete, mais magra, de roupa esportiva com uma cadelinha de madame, tosada, presa numa guia bem elegante. É Cristal, que exige uma caminhada matinal todos os dias, senão fica estressada, comenta Eliete.
A Eliete é moradora de uma residência terapêutica, ex moradora do Hospital Areolino de Abreu. Nos abraçamos, fiquei emocionada. Lá vou eu conhecer "sua casa". Linda, confortável, melhor que a minha, fica na rua 13 de maio, bairro vermelha. A residência é coordenada pela Fátima Alves, assistente social vocacionada e comprometida. Parabéns Fátima e melhoras para a saúde.
Nesta residência moram seis pessoas, três mulheres e três homens, alguns me reconhecem, encontro lá Zé Rosa, me emociono outra vez. O Zé Rosa em 2001, antes de se falar em reforma de verdade por aqui, ele tinha um quarto no HAA e sempre entrava no Serviço Social pedindo alguns trocados para completar o dinheiro para comprar pilhas de um rádio. Muito organizado, asseado. Perguntava a ele se não tinha vontade de morar numa casa, cuidar de umas plantas, possuir gaiolas com passarinhos. Acho que ele me achava "louca", quando me respondia com um olhar daqueles que damos quando acreditamos que uma coisa é absurdamente impossível. Pois é. Lá está o Zé morando numa casa, bem integrado, continua organizado e os companheiros me disseram guardando dinheiro.
A Eliete preocupada com a possível chegada de mais uma moradora, acalmo o grupo e peço solidariedade, é mais uma que vai sair do hospital, deitar numa cama com lençol e usar um perfume só seu, passar um creme na pele e poder passear na praça com uma cachorrinha. Coisas que eles já podem fazer e é melhor que ser prisioneiro dentro do hospital psiquiátrico.

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.