quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O LOUCO DO CRUZAMENTO DA DUQUE DE CAXIAS E PETRÔNIO PORTELA:ZONA NORTE

O rapaz deste vídeo tem entre 25 e 30 anos e é uma figura muito conhecida na zona Norte de Teresina, capital do Piauí. Ele vive perambulando pelas ruas da cidade. Diariamente ele se desloca da Vila Risoleta Neves (em um percurso de mais ou menos três quilômetros para limpar veículos parados no cruzamento das avenidas Duque de Caxias com Petrônio Portela, na zona Norte de Teresina.
Ele tem um jeito todo peculiar de fazer os serviços: passa uma flanela em frangalhos e extremamente imunda nos veículos e não pede gorjetas.
Pelo que tenho acompanhado o "Rapaz do Carrinho", como ele é conhecido na região, seu prazer é transitar com veículos de brinquedo pela ciclovia da Avenida Duque de Caxias.
Geralmente ele andava com uma carreta de brinquedo (uma bitrem), mas recentemente vândalos o atacaram e quebraram seu precioso brinquedo. Sobrou apenas a carcaça do cavalinho do veículo (que está sem pneus).
Por isso estamos fazendo uma campanha de ajuda lúdica e de saúde para o "Rapaz do Carrinho". Na parte lúdica, quem puder doar uma nova carreta para ele e outros brinquedos, será uma boa. Na parte da saúde, seria bom que o mesmo tivesse um tratamento psiquiátrico e recebesse uma ajuda digna para não ter de se sujeitar a ganhar algumas moedas em um dos cruzamentos mais perigosos da cidade.
O fato é que o "Rapaz do Carrinho" é garantia de bons risos para todas e todos que passam no cruzamento. É lá que ele pode ser encontrado todas as tardes, inclusive para receber seu presente (um carrinho novo)!
Vale qualquer carro, inclusive aquele usado que você rapagão grandão trocou por outros brinquedos!
Ele está todas as tardes neste cruzamento. Não faz mal a ninguém!

Postado no faceboock por Orlando Berti. Vi hoje, ele informava que houve muitas discussões a respeito mas nenhuma providência quanto ao tratamento psiquiátrico para o rapaz não aconteceu ainda. Será que nenhum técnico do CAPS norte nunca viu ou ouviu falar a respeito desta situação?Nos serviços da Reforma Psiquiátrico há um instrumento chamado busca ativa. Espero que o façam  a partir desta postagem, no mínimo. Muitos dos seus funcionários também trabalham no HAA, a coordenadora assistente social e professora universitária Maria José Girão, minha querida Mônica Baju, e aquele psiquiatra que não  me medicou e ainda me descompensou discutindo comigo na urgência do HAA em 2009, Erivan Eulálio. Cito seus nomes apenas para lembrar da prática do hospital psiquiátrico bicentenário, espera-se que o louco seja recolhido por populares e levados ao manicômio, depois localiza-se a familia e se não houver como encontrar estes vínculos, torna-se morador. Outro serviço da Reforma, as Residências Terapêuticas (RTs), o acolherá a partir de dois anos de internação. A prefeitura já deveria ter entregado a comunidade duas casas destas que há muito se espera.
A gerente de saúde mental, Dra. Leda Trindade me enviou por email algumas fotos de comemorações nos serviços alusivas ao dia da criança e natal no CAPS i, natal nas residências com direito a papai noel e tudo. Muito ofendida porque não reconhecemos ( eu e a equipe invisíve) o esforço da GSM sob a bondade da secretária Lilian Martins e o governador Wilson Martins em restaurar a dignidade humana destas pessoas. Sou Socióloga, melhor não analisar a posição destas pessoas quanto a compreensão de dignidade humana, principalmente quanto se trata de loucos. Estas pessoas (nada pessoal, juro) que estão na gerência  não são da saúde mental antimanicomial porque não entendem que a festinha com abundância de comida e forró, o HAA e MEDUNA sempre fizeram, é prática do Serviço Social e da Enfermagem constantemente.Sem a presença de médicos, claro. A mente do louco, cheia de Hadol e muita no estômago,  de experiência própria, digo do chafurdo que o barulho da música causa, o forró incomoda, drogados com um coquetel psi característicos dos hospitais , é um esforço sobre - humano para compreendermos o que está acontecendo. Mas parabéns pelas festas. Noutro momento  posto as fotos  no blog. Sugiro outras atividades nas RTs e CAPS: passeios à cidade, museu do Piaui, Casa da Cultura, cinema, shoppings, à praia. É mais dificil, né? Precisam ver o filme Estranho no Ninho e lerem sobre reabilitação psicossocial.
Então, pergunto a GSM, o que fazer para resolver a situação deste rapaz? Só quem pode fazer algo de concreto é quem está numa gestão, sugestões: uma assistente social da gerência poderia pessoalmente está mobilizando  o CAPS norte, é uma equipe esforçada e acessível. Indo até a associação de moradores do bairro ( bairro Risoleta Neves) em que ele mora, a igreja, na praça, mas encontrar sua familia e mobilizar o CRAS da região para acompanhar as dificuldades desta familia. É difícil? Delírio de Louca pela Vida? Não, é o trabalhoso serviço de articular redes sociais de apoio ao usuário. Mas é papel da atenção psicossocial, rearticular possibilidades do individuo refazer seus contratos sociais (Tikanori), viver menos constrangido pela sua condição psicótica.
Fica o apelo junto ao do cidadão que realmente compreendeu o resgate da dignidade de uma pessoa humana. Não vale interná-lo integralmente no HAA, por pedido da gerente, ou me virão bem zangada e quando fico zangada... pego fogo e ninguém me apaga!!! Façamos o CAPS na rua. Sei que tem técnico apaixonado como eu pela criatividade possível na clínica da Reforma. Ousemos, senhores e senhoras.

 

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.