Não mato cobra, porque sou ecológica, mas mostro o pau. Nós novamente no Aerolas, como diz Dr. Ralph. As sempre abertas e abençoadas portas na hora da agonia. Amiga do Ninho em crise mental, de uma outra zona da cidade me liga desesperada. Quer a todo custo uma internação no HAA, vou para lá, encontrá-la, perceber o momento da crise, tentar fazer-la mudar de idéia se fosse o caso. E foi. Alcólica e bipolar, havia ingerido um número grande de comprimidos ansiolíticos. Antes tento fazer alguma rede, ligo para a coordenadora do CAPS III, mesmo sabendo do impecilho para internação por conta da usuária não ser referenciada por um CAPS II. Minha amiga faz consultório.
Mas uma vez me deparo com a complexa intervenção ad. Díficil e dolorosa, minha amiga tem idéia fixa de internação, os plantonistas foram de uma responsabilidade exemplar, não havia vagas em apartamento e nem indicações clínicas para uma internação naquele espaço, preferível que ela fizesse uma desintoxicação nos leitos em hospitais gerais (Hospital da Primavera, Mocambinho, Satélite, Promorar) e seguisse em tratamento aberto, o ideal seria CAPS ad. Eis o problema, a maioria das mulheres com dependência química não frequentam estes serviços especificos para não se denunciarem na comunidade.
Na conferência municipal de saúde, o Ninho, em resposta a Associação das Prostitutas do Piaui (APROSPI), que informa o crescimento alarmante do uso de álcool e outras drogas entre estas profissionais, elaborou proposta que foi aprovada da instalação de um CAPS - Mulher para companhar dependentes químicas e ideação suicida, outra grande ocorrência entre mulheres na capital. Pena, é que a FMS nas pessoas de seus técnicos em saúde mental não tomem nem conhecimentos das necessidades reais dos usuários. Executam mal e na marra os pacotes do Ministério da Saúde. No caso da dependência química feminina, Teresina está sem nenhuma cobertura. Bati a rede, não há comunidades terapêuticas voltadas para elas, não vão ao CAPS, não há clínicas particulares de reabilitação nessa área.
Depois de mais de quatro horas para a amiga aceitar voltar para casa. Olha-me grogue ainda. Sentadinha na admissão e pede-me cinco reais para comprar uma cerveja. Eu quase ficava normal! Consegui com o Serviço Social uma ambulância e fui deixá-la em casa, depois do Buenos Aíres.
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