domingo, 23 de maio de 2010

23 DE MAIO: FECHAMENTO DO MEDUNA

Será mesmo dessa vez? Está escrito no termo de ajuste e conduta (TAC) de 15 de janeiro de 2010, junto ao Ministério Público que em 23 de maio, data imposta por senhor Raimundo, um dos donos do Sanatório, que encerrariam suas atividades. Desde o TAC de outubro de 2009 que a SESAPI e FMS mantêm as necessidades básicas dos pacientes naquele nosocômio: gêneros alimentícios, materiais médico hospitalar de consumo e material de limpeza.
Quem acompanha o blog sabe que essa história de falência e fechamento do Meduna se arrasta desde abril de 2008, postamos notícias de jornais desde então. As pessoas ainda me perguntam porque o Meduna vai fechar, e sinto o tom acentuado que elas acham que a luta antimanicomial e o movimento da Reforma são responsáveis diretos por isso, embora muitas não saíbam o que são estes movimentos. Só sabem que eu defendo o fechamento do modelo asilar. Respondo e já postei por aqui: o Meduna fecha porque é uma empresa particular e faliu. Por que felizmente com as medidas de ajustamento, exigências do Ministério da Saúde com a progressiva redução de leitos integrais e consequentemente abertura de leitos abertos, semi abertos nos serviços na comunidade (CAPS), leitos psiquiátricos em hospitais gerais, serviços de residências terapêuticas, os empresários da loucura não podem mais ganhar tanto dinheiro com as prisões perpétuas, sob formas de internações intermináveis, com fins "terapêuticos" baseados na exclusão.
As pessoas leigas e outras nem tanto em saúde mental que defendem sua manutenção são aquelas que "naturalizam" a condição de sub humanidade daqueles que ali vivem (embora se afirme não haver moradores), se revezam entre Meduna e suas casas em períodos mínimos que o SUS permita nova internação. Informações que tenho, conversando ontem com funcionário de lá, é que havia ainda 16 pacientes, 6 do SUS e o restante dos convênios. Desde outubro de 2009 toda uma rede foi organizada para enfrentar esta situação. Dois CAPS II foram abertos, um CAPS III que ainda não acolhe à noite, mas está funcionando como CAPS II. O hospital dia do HAA, o ambulatório, os leitos nos hospitais do Satélite, Primavera e Mocambinho.
Infelizmente saúde mental é notícia fria, a grande imprensa ignora completamente, será preciso informar corretamente a população sobre os serviços substitutivos ao Meduna. E se tívessemos um movimento de usuários contundente poderíamos organizar a luta pela melhoria dos mesmos, que todos abertos sob batalhas judiciais encampadas pelo Ministério Público despois de abertos são abandonados a falta de quase tudo. Minha preocupação é com o senso comum, para louco e pobre mesmo, não precisa tanto, cochonete azul de napa para relaxar (dormir no chão), comida de remédio, o resto seja o for se chama de psicoterapia. E pronto.

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.