Mais uma vez sinto-me imensamente cansada da lida antimanicomial cotidiana. Prefiro a palavra lida a luta. Lida dá idéia de rotina. Não sei por que me acalma. Luta cansa, precisa ter vencedores e perdedores com urgência. Confronto, coisas da normalidade.
Sinto medo, rumino. Dificil articular cuidados em redes socias. Não adianta só encaminhar, referenciar, é preciso não desistir de acompanhar. Muitos usuários me procuram, até por medicação. Fico assustada. A rede de saúde mental municipal não estará funcionando? Passo no CAPS Sul/ Barão de Gurguéia há três meses atrás e informo endereço no Angelim de usuária com várias internações nos manicômios da cidade. Não fazem nenhuma intervenção. Esta semana Nazaré é internada no HAA. Graves problemas familiares acompanham sua história. Lá estou eu fazendo rede com o Serviço Social do HAA, humildemente. Obrigada mais uma vez Dra. Laina!
Em março aviso ao CAPS norte da situação de vulnerabilidade de Caroline, morando sozinha, no bairro Marquês sem apoio da familia e nenhuma rede social. Também com histórico de várias internações integrais. Não fazem nenhuma intervenção. Caroline está internada no Meduna, sua história também envolve graves problemas familiares. O que é atenção psicossocial? Que clínica é essa? Que atuação estas equipes podem fazer no seu território? O municipio não paga bem os trabalhadores dos CAPS? Será que pensam que são serviços apenas complementares ao hospital. São substitutivos. Não existe "paciente com sintomas severos e persistentes" se não mudarmos nosso olhar, nosso fazer "severo e persistente" no descaso, descrença , desconhecimento e descrédito na reabilitação psicossocial. Que é isso mesmo? Que plano de intervenção poderia ter impedido estas duas reinternações integrais. Essa dor da crise aguda. Omissão de socorro. Precisamos urgente criarmos mecanisnos juridicos que penalizem estas situações e as equipes de saúde que atuam no território sejam responsabilizadas, CAPS, ESF e NAISF. Antes ( e ainda) não denunciávamos as negligências dos manicômios. Façamos o mesmo com as redes de saúde mental deficientes por negligência de gestores ou trabalhadores.
O romantismo acabou! Perguntem a meia dúzia destes trabalhadores se já leram Basaglia na fonte, Paulo Amarante ou Edmar Oliveira. Eduardo Mourão Vasconcelos ( em texto de análise de conjuntura, escrito para orientação para recente conferência nacional de saúde mental) chama a atenção para o fato que esse atual trabalhador da reforma, não tem mais os ideais, a paixão, a garra, a solidariedade com o sofrimento do louco do inicio do movimento de reforma há 30 anos atrás. A reforma surgiu principalmente da indignação de alguns trabalhadores com as condições desumanas em hospitais psiquiátricos brasileiros.
Por outro lado e felizmente, o que me mantém na lida são pequenos frutos colhidos, aqui e acolá. Casos dificies que conseguimos por ajuda divina, articular uma rede de cuidado, mesmo frágil, apelando para o altruismo de algumas pessoas e grupos. Emails que finalmente são respondidos. Mesmo que seja depois que eu ameace um ato vândalo! Até agora nenhum cumprido. A rede de amor é terapêutica.
Sinto medo, rumino. Dificil articular cuidados em redes socias. Não adianta só encaminhar, referenciar, é preciso não desistir de acompanhar. Muitos usuários me procuram, até por medicação. Fico assustada. A rede de saúde mental municipal não estará funcionando? Passo no CAPS Sul/ Barão de Gurguéia há três meses atrás e informo endereço no Angelim de usuária com várias internações nos manicômios da cidade. Não fazem nenhuma intervenção. Esta semana Nazaré é internada no HAA. Graves problemas familiares acompanham sua história. Lá estou eu fazendo rede com o Serviço Social do HAA, humildemente. Obrigada mais uma vez Dra. Laina!
Em março aviso ao CAPS norte da situação de vulnerabilidade de Caroline, morando sozinha, no bairro Marquês sem apoio da familia e nenhuma rede social. Também com histórico de várias internações integrais. Não fazem nenhuma intervenção. Caroline está internada no Meduna, sua história também envolve graves problemas familiares. O que é atenção psicossocial? Que clínica é essa? Que atuação estas equipes podem fazer no seu território? O municipio não paga bem os trabalhadores dos CAPS? Será que pensam que são serviços apenas complementares ao hospital. São substitutivos. Não existe "paciente com sintomas severos e persistentes" se não mudarmos nosso olhar, nosso fazer "severo e persistente" no descaso, descrença , desconhecimento e descrédito na reabilitação psicossocial. Que é isso mesmo? Que plano de intervenção poderia ter impedido estas duas reinternações integrais. Essa dor da crise aguda. Omissão de socorro. Precisamos urgente criarmos mecanisnos juridicos que penalizem estas situações e as equipes de saúde que atuam no território sejam responsabilizadas, CAPS, ESF e NAISF. Antes ( e ainda) não denunciávamos as negligências dos manicômios. Façamos o mesmo com as redes de saúde mental deficientes por negligência de gestores ou trabalhadores.
O romantismo acabou! Perguntem a meia dúzia destes trabalhadores se já leram Basaglia na fonte, Paulo Amarante ou Edmar Oliveira. Eduardo Mourão Vasconcelos ( em texto de análise de conjuntura, escrito para orientação para recente conferência nacional de saúde mental) chama a atenção para o fato que esse atual trabalhador da reforma, não tem mais os ideais, a paixão, a garra, a solidariedade com o sofrimento do louco do inicio do movimento de reforma há 30 anos atrás. A reforma surgiu principalmente da indignação de alguns trabalhadores com as condições desumanas em hospitais psiquiátricos brasileiros.
Por outro lado e felizmente, o que me mantém na lida são pequenos frutos colhidos, aqui e acolá. Casos dificies que conseguimos por ajuda divina, articular uma rede de cuidado, mesmo frágil, apelando para o altruismo de algumas pessoas e grupos. Emails que finalmente são respondidos. Mesmo que seja depois que eu ameace um ato vândalo! Até agora nenhum cumprido. A rede de amor é terapêutica.
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