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De: | Ailton Emerson - Assistente Social em Formação (ailton.emerson@hotmail.com) |
Enviada: | terça-feira, 8 de junho de 2010 13:39:24 |
Para: | Edileuza (madileuzazem@hotmail.com) |
Eu, Ailton Emerson, cheguei no CAPS-LESTE hoje para uma consulta de rotina, falar com o psiquiatra que me acompanha. Na recepção o rapaz que cuida dos prontuários e não de pessoas me disse que eu não poderia falar com o Dr. Cristovão, porque eu não tenho perfil para ser atendido naquela instituição, alegando que não participo das atividades "terapêuticas". A primeira coisa que me chamou atenção é que estão decidindo por mim, quando, como e porque tenho que falar com meu psiquiatra, segundo, quando é que os trabalhadores de saude mental vão entender que portador de transtorno mental não é aquela pessoa incapaz e que aceita tudo e todo tipo de "terapia" para uma possivel cura. Eu, Ailton Emerson, me recuso a bordar, montar quebra - cabeça e participar de oficina de contos, nenhum preconceito contra quem gosta e faz essas atividades, mas pra mim esse tipo de atividade, nem é ludica nem terapêutica. Fico me perguntando por que a equipe não se pergunta, se eu e outras pessoas estão indo somente pra atendimento psiquiatrico, o problema está na gente ou não instituição ou profissionais? Mas o que vem acontecendo é que os profissionais não se reinventam e nem olham para as particularidades de cada geração, as identidades dos usuários, seus desejos e emoções. Nós não somos só pessoas que tomam medicação pra controlar ou diminuir as nossas loucuras, somos estudantes, trabalhadores, artistas, estagiários, enfim, temos identidades múltiplas e híbridas, identidades essas que sou eu que escolho e não quero que seja atribuída por outrem. Para o leitor, que fique claro que esse não é uma questão pessoal e nem divisionista, o problema é que a cultura de manicomio ainda persiste e forte, o tanto quanto no Hospital Areolino de Abreu nos novos serviços. Entendo que para prender não se basta colocar entre grades e tratar como bicho, acredito que para acontecer uma verdadeira reforma psiquiátrica, tem que se libertar também a subjetividade desses usuários, prendendo na mente, com tutelas, jugamentos e coisas parecidas.
Eu reclamei, não sei como os profissionais entenderam, talvez como de outras vezes, "agressividade" colocada inclusive no prontuário. Enquanto o atendimento continuar dessa forma, continuarei "agressivo" sim, porque acredito que interesse de profissionais, de familiares e os meus não são os mesmos, podem até tentar me calar e me atribuir UMA IDENTIDADE, mas tenho várias, sou portador de transtorno mental, estudante universitário, estagiario do Hospital Areolino de Abreu, faço controle social, esse entendido não só nos espaços de foruns e conferencias, mas dentro da instituição, então eu tenho IDENTIDADES, e que são escolhidas por mim.
Eu reclamei, não sei como os profissionais entenderam, talvez como de outras vezes, "agressividade" colocada inclusive no prontuário. Enquanto o atendimento continuar dessa forma, continuarei "agressivo" sim, porque acredito que interesse de profissionais, de familiares e os meus não são os mesmos, podem até tentar me calar e me atribuir UMA IDENTIDADE, mas tenho várias, sou portador de transtorno mental, estudante universitário, estagiario do Hospital Areolino de Abreu, faço controle social, esse entendido não só nos espaços de foruns e conferencias, mas dentro da instituição, então eu tenho IDENTIDADES, e que são escolhidas por mim.
"O segredo não é correr atrás das borboletas,
mas cuidar do jardim para que elas venham
até você"
(Mario Quintana)
"Diz-se violento um rio que tudo arrasta,
mas não se diz violento as margens que o comprimem"
(Bertold Brecht)
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