sábado, 14 de março de 2009

SUICÍDIO: Poti, o rio de Virginia Woolf

"Querido,Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer. Você me deu muitas possibilidades de ser feliz. Você esteve presente como nenhum outro. Não creio que duas pessoas possam ser felizes convivendo com esta doença terrível. Não posso mais lutar. Sei que estarei tirando um peso de suas costas, pois, sem mim, você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que quero dizer é que depositei em você toda minha felicidade. Você sempre foi paciente comigo e incrivelmente bom. Eu queria dizer isto - todos sabem. Se alguém pudesse me salvar, este alguém seria você. Tudo se foi para mim mas o que ficará é a certeza da sua bondade. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais. Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.V."
No dia 28 de março de 1941, após ter um colapso nervoso Virginia Woolf, escritora inglesa, suicidou-se. Ela vestiu um casaco, encheu seus bolsos com pedras e entrou no Rio Ouse, afogando-se. Seu corpo só foi encontrado no dia 18 de abril. Acima o último bilhete ao marido.
Semana passada, assisti angustiada pela televisão o resgate de uma moça de aproximadamente dezoito anos que já tinha ultrapassado as baixas grades de uma de nossas pontes sobre o rio Poti. Uma multidão de populares chamava sua atenção, alguns rezavam, até que os policiais conseguiram agarrá-la e levaram-na para um hospital. Imagino, que para hospital psiquiátrico. Menos (ou mais sorte na sua intenção) teve a senhora que estacionou o carro, ainda noite, perto do amanhecer. Tirou as sandálias, não se preocupou com as pulseiras e adentrou o rio. O corpo já foi encontrado.
Conheço algumas pessoas que já tentaram suicídio mais de uma vez. Todos hoje tem sequelas físicas. Nenhum mantêm tratamento psiquiátrico, apesar de alguns terem sido internados no momento da crise psicótica.
Altos índices de suicídios em Teresina já tem provocado colóquios acadêmicos, pesquisas, mas que eu saíba nenhuma política de saúde preventiva sobre a questão foi instituída. Agradeço alguma informação.

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PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.