SÃO LUÍS - A saúde mental implica em aspectos biológicos, comportamentais, emocionais, cognitivos e ambientais. Crianças que durante seu desenvolvimento deparam-se com situações de risco envolvendo esses aspectos, podem sofrer prejuízos em sua saúde mental. Foi pensando nesse fato que a pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFMA, Juliana Dalla Martha Rodriguez, desenvolveu sua dissertação de mestrado, intitulada: Fatores perinatais e problemas de saúde mental em crianças brasileiras.
Em sua pesquisa, sob orientação do Prof. Dr. Antonio Augusto Moura da Silva, Juliana Rodriguez buscou verificar a prevalência de problemas emocionais e comportamentais nas crianças, averiguando a relação entre fatores perinatais, problemas emocionais e comportamentais; e avaliando a influência dos fatores socioeconômicos no desenvolvimento desses problemas.
Foram avaliadas 805 crianças de 07 a 09 anos da cidade de São Luís, por meio de um questionário. A pesquisadora observou alta prevalência de problemas de saúde mental (47,7%), sendo a maior prevalência para os sintomas emocionais (58,2%) e problemas de conduta (48,8%). Em relação aos problemas de relacionamento com colegas e hiperatividade, as prevalências foram menores (27,17% e 32,20%), porém mais elevadas do que as encontradas nos países desenvolvidos e no Brasil (comparando índice local e índice nacional), onde os números variam de 8% a 24%.
Juliana Rodriguez observou, ainda, que as condições socioeconômicas e demográficas foram mais preditoras de problemas de saúde mental em crianças de 7 a 9 anos do que o peso ao nascer e nascimento pré-termo.Ascom UFMA
Essas crianças brevemente serão adolescentes e depois adultas psicóticas. A política nacional de saúde mental, através da portaria 336, de 19 fevereiro de 2002, que estabelece os CAPS determina cuidados preciosos no serviço de atenção psicossocial para crianças e adolescentes. Já discutimos neste espaço, que se estes CAPS ou qualquer outro nome que se dê a esses centros, realmente desempenhassem metade do que está belissimamente escrito na portaria, daqui a vinte anos teríamos adultos vivendo com transtorno mental mais funcionais, produtivos e capazes de através da educação superar seu meio social, como se espera da maioria das crianças pobres consideradas normais.
A realidade em Teresina não é tão diferente de São Luiz. As escolas públicas estão cheias de "meninos ruins do juízo", hiperativos "diagnosticados" apenas pela professora. Temos um único CAPS infantil, antigo pavilhão infanto-juvenil do Hospital Areolino de Abreu, inaugurado em 1997 para abrigar crianças e adolescentes com transtornos mentais, adolescentes em situação de risco, levados na maioria das vezes pelo Conselho Tutelar da época, quando tinham que pernoitar, ficavam nas enfermarias clínicas ou ante-salas dos pavilhões dentro do hospital. Os cuidados ainda são de modelo bem hospitalar. Somente em 2006 a condição de CAPS foi legalizada.A falta de gratuídade em transportes coletivos, ambulância, ônibus do próprio CAPS ou distribuição de vales transportes inviabiliza o tratamento de algumas crianças e adolescentes. Argumentam alguns profissionais que lá trabalham.
Alguns pais e professores consideram estigmatizante enviar as crianças para tratamento num CAPS que fica dentro de um hospital psiquiátrico. Minha última experiência acompanhando algumas mães e crianças ( com vales transportes fornecidos pela escola ), foi bem reveladora da situação: as crianças comentavam entre si que iam a um hospital de loucos, onde abririam suas cabeças com serras e colocariam letrinhas. Chocada, eu repetia que não era um hospital era um CAPS. E definir esse lugar para eles era dificil, claro. Chegando lá, o acolhimento foi a visão de adolescentes medicados, não ajudou muito. Apesar de encontrarmos uma caixa de brinquedos num canto, onde imediatamente parecendo alheios sentaram-se no chão, "vadiando" com os velhos brinquedos. Nunca mais voltaram. A escola não tinha mais vales. Coisas de Edileuza! Exclamava minha competente diretora.
Em sua pesquisa, sob orientação do Prof. Dr. Antonio Augusto Moura da Silva, Juliana Rodriguez buscou verificar a prevalência de problemas emocionais e comportamentais nas crianças, averiguando a relação entre fatores perinatais, problemas emocionais e comportamentais; e avaliando a influência dos fatores socioeconômicos no desenvolvimento desses problemas.
Foram avaliadas 805 crianças de 07 a 09 anos da cidade de São Luís, por meio de um questionário. A pesquisadora observou alta prevalência de problemas de saúde mental (47,7%), sendo a maior prevalência para os sintomas emocionais (58,2%) e problemas de conduta (48,8%). Em relação aos problemas de relacionamento com colegas e hiperatividade, as prevalências foram menores (27,17% e 32,20%), porém mais elevadas do que as encontradas nos países desenvolvidos e no Brasil (comparando índice local e índice nacional), onde os números variam de 8% a 24%.
Juliana Rodriguez observou, ainda, que as condições socioeconômicas e demográficas foram mais preditoras de problemas de saúde mental em crianças de 7 a 9 anos do que o peso ao nascer e nascimento pré-termo.Ascom UFMA
Essas crianças brevemente serão adolescentes e depois adultas psicóticas. A política nacional de saúde mental, através da portaria 336, de 19 fevereiro de 2002, que estabelece os CAPS determina cuidados preciosos no serviço de atenção psicossocial para crianças e adolescentes. Já discutimos neste espaço, que se estes CAPS ou qualquer outro nome que se dê a esses centros, realmente desempenhassem metade do que está belissimamente escrito na portaria, daqui a vinte anos teríamos adultos vivendo com transtorno mental mais funcionais, produtivos e capazes de através da educação superar seu meio social, como se espera da maioria das crianças pobres consideradas normais.
A realidade em Teresina não é tão diferente de São Luiz. As escolas públicas estão cheias de "meninos ruins do juízo", hiperativos "diagnosticados" apenas pela professora. Temos um único CAPS infantil, antigo pavilhão infanto-juvenil do Hospital Areolino de Abreu, inaugurado em 1997 para abrigar crianças e adolescentes com transtornos mentais, adolescentes em situação de risco, levados na maioria das vezes pelo Conselho Tutelar da época, quando tinham que pernoitar, ficavam nas enfermarias clínicas ou ante-salas dos pavilhões dentro do hospital. Os cuidados ainda são de modelo bem hospitalar. Somente em 2006 a condição de CAPS foi legalizada.A falta de gratuídade em transportes coletivos, ambulância, ônibus do próprio CAPS ou distribuição de vales transportes inviabiliza o tratamento de algumas crianças e adolescentes. Argumentam alguns profissionais que lá trabalham.
Alguns pais e professores consideram estigmatizante enviar as crianças para tratamento num CAPS que fica dentro de um hospital psiquiátrico. Minha última experiência acompanhando algumas mães e crianças ( com vales transportes fornecidos pela escola ), foi bem reveladora da situação: as crianças comentavam entre si que iam a um hospital de loucos, onde abririam suas cabeças com serras e colocariam letrinhas. Chocada, eu repetia que não era um hospital era um CAPS. E definir esse lugar para eles era dificil, claro. Chegando lá, o acolhimento foi a visão de adolescentes medicados, não ajudou muito. Apesar de encontrarmos uma caixa de brinquedos num canto, onde imediatamente parecendo alheios sentaram-se no chão, "vadiando" com os velhos brinquedos. Nunca mais voltaram. A escola não tinha mais vales. Coisas de Edileuza! Exclamava minha competente diretora.
Um comentário:
"as crianças comentavam entre si que iam a um hospital de loucos, onde abririam suas cabeças com serras e colocariam letrinhas"....
Acho que nao precisariamos se assustar com pensamentos assim, eu mesmo faço brincadeiras. O estigma é muito forte, em qualquer lugar do mundo. Ainda mais crinaças com fantasias fortes a respeito.
Você tem pesquisas desse mesmo tipo feito em paises primeiro mundo?
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