12/04/2013 | ELA
Diagnóstico de transtornos mentais deve ter avanços
Notícia publicada na edição de 12/04/2013 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 003 do caderno Ela - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
Pesquisadores ligados ao Instituto Nacional de Saúde Mental (NIHM) dos Estados Unidos estão desenvolvendo um novo sistema de diagnóstico de transtornos mentais, como a depressão, a esquizofrenia e o transtorno bipolar.
A mais recente versão do sistema foi apresentada por Bruce Cuthbert, diretor da Divisão de Desenvolvimento de Pesquisa Translacional e Tratamento de Adultos da instituição, durante a São Paulo School of Advanced Science for Prevention of Mental Disorders (Y Mind).
Promovida pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Columbia, nos Estados Unidos, e o King"s College, da Inglaterra, o evento, realizado no âmbito do Programa Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), da Fapesp, ocorreu no final de março no campus da Unifesp, em São Paulo.
O diagnóstico dos transtornos mentais é realizado atualmente com base na observação clínica de um conjunto de sinais e sintomas apresentados pelos pacientes em um determinado período.
Segundo Cuthbert, apesar de útil e estar disseminado amplamente pelos serviços médico, legal e social, o sistema está defasado por ter sido desenvolvido em uma época em que o conhecimento em genética, neurociências e ciências do comportamento humano era limitado.
"É preciso integrar genética, neurobiologia, ambiente, comportamento e outros componentes fundamentais para desenvolver medidas confiáveis e válidas de transtornos mentais que possam ser utilizadas em estudos básicos e clínicos para esclarecer suas causas", disse. "Um distúrbio mental tem muitos mecanismos e cada mecanismo abrange muitos tipos de transtornos", afirmou Cuthbert. "É necessário mudar de uma visão tradicional da fenomenologia clínica vigente hoje calcada nos aspectos de cognição, emoção, mente e cérebro para uma abordagem do comportamento baseada na análise de circuitos cerebrais importantes."
Análise global
De acordo com Cuthbert, atualmente não são exploradas abordagens baseadas nos circuitos cerebrais para o desenvolvimento de diagnóstico e tratamento relevantes, que possam indicar a classificação e mensurar um transtorno mental.
A fim de preencher essa lacuna, o novo método, denominado NIHM Research Domain Criteria Project (RDoc), incluirá a análise dos circuitos cerebrais dos pacientes como uma das unidades de estudo para diagnosticar e medir seus níveis de transtorno mental.
"A análise dos circuitos cerebrais dos pacientes com transtorno mental pode fornecer caminhos para a fisiopatologia [estudo dos mecanismos e causas que levam ao aparecimento de uma doença]. As doenças mentais são estudadas agora especificamente como distúrbios de circuitos cerebrais", disse Cuthbert.
Além dos circuitos cerebrais, outras unidades de análises candidatas a integrar o novo modelo de classificação de transtornos mentais desenvolvidos pelo NIHM são genes, moléculas, células, fisiologia, comportamento e relatos pessoais, os quais incluem sintomas.
Cuthbert explica que estudos têm demonstrado que certas variações genéticas podem aumentar o risco de desenvolver um transtorno mental. Já influências ambientais e experiências, como o estresse traumático, podem interagir com variações genéticas específicas durante períodos sensíveis do desenvolvimento humano.
"A complexa interação entre genética, ambiente, experiências e desenvolvimento pode agravar risco para transtornos mentais, alterando a estrutura e função de vias neurais relevantes para algumas formas de comportamento adaptativo", disse.
O desafio, no entanto, é demonstrar como as interações entre genes, ambiente, experiência e trajetória de desenvolvimento pessoal contribuem para a formação e a função dos circuitos neurais. Ainda se sabe pouco, por exemplo, sobre como a informação é armazenada nos circuitos neurais.
Na avaliação de Jair de Jesus Mari, professor do Departamento de Psiquiatria da Unifesp e um dos coordenadores da Y Mind, o novo sistema de diagnóstico de transtornos mentais em desenvolvimento pelo NIHM deverá contribuir para o dignóstico precoce das doenças mentais que surgem especialmente na adolescência, quando o cerébro humano está se reorganizando. (Agência Fapesp)
Particulamente acredito que já existe a cura da loucura "tradicional". a partir de algumas medicações, psicoterapias e terapias complementares e integrativas. Talvez cheguemos mesmo a um simples raio x do cérebro, um exame no mínimo invasivo possível, um teste do pezinho para transtornos mentais,etc.
Tenho lido muito sobre crianças com patologias mentais e me deparo cada vez mais com muita tinta já escrita sobre o complexo autismo, congênito, disfuncional. Será que ele tomará o espaço dos psicóticos, como os psicóticos tomaram o dos leprosos da idade média? O lugar do caos e da exclusão?
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