quarta-feira, 5 de agosto de 2009

PSIQUIATRA NUNCA MAIS!!!!!!!!!

NOTAS PARA O MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA EM CRISE OU EM LUTA PARA EVITAR OS PRIMEIROS SINTOMAS

Semana passada meu psiquiatra não atendeu. Já estava sem medicação. Morreu um tio muito querido. Acabaram as férias de quinze dias, com apenas onze dias úteis. Muita coisa acumulada para resolver. E a volta ao trabalho direto participando de cursos de capacitações a semana inteira. Filho na escola levando tarefa de casa sem responder. Vários casos de pessoas que vivem com transtornos mentais e precisam de ajuda. E o Ninho tem um número mínimo de voluntários.
Meus sinais de perigo se anunciando por conta do estresse cotidiano, impaciência, logorréia e muito cansaço físico. Consulta marcada para hoje, o médico adoeceu. Cancelou todos os atendimentos.
Saio do consultório do psiquiatra doente e vou a única urgência emergência psiquiátrica de Teresina que fica no Hospital Areolino de Abreu. Fui acadêmica de Serviço de Serviço Social extra curricular e curricular nesse serviço por três anos e meio. Dessa vez não peço ajuda a minhas amigas assistentes sociais, vou direto ao balcão da admissão como um paciente comum. O que deixa alguns funcionários surpresos. Ué, cadê o paciente Doutora? Sou eu mesma. Não posso? Tem ficha aqui?Tem no computador!!!! Mais surpresa.
Fico sentada quase uma hora no calor, peço para o acadêmico de Medicina procurar o psiquiatra de plantão. Alguns funcionários vão me avisando o que o homem era carne de pescoço, inegociável, que não me daria receita. Muito bem, hoje estou sem paciência com gente normal boazinha, pense então com normal doido, não diagnosticado e grosseiro. Espírito preparado para guerra, esperei.
Realmente, o médico psiquiatra nem sequer me atendeu no consultório. Há alguns metros de mim, berra se eu quero ser internada ou o que é? Me aproximo do balcão onde este se encontrava, me identifico como assistente social, ex acadêmica daquele plantão e a história da consulta que não deu certo. Ele disse que não me daria a receita das medicações. Argumentei que aquela era a única urgência psiquiátrica da cidade, nas emergências gerais privadas ou públicas não há psiquiátricas. Ele usava uma camisa com um logotipo de um CAPS. Toquei na sua camisa e disse: Você é um profissional da Reforma? Como age assim? Eu também uso uma camiseta do movimento de usuários e vou denunciá-lo.
Rápido, se protegeu dentro das grades e vidros da admissão e só então, enquanto eu expressava toda minha indignação por vê sujeito tão jovem, trabalhador de CAPS sem nenhuma postura que se espera de um profissional da Reforma ( CAPS Norte e AD) e raiva, impotência e necessidades subjetivas e objetivas, que era a medicação e um tratamento humanizado. O psiquiatra da Reforma e do Manicômio tem dupla identidade, ou dois empregos apenas? Gritava ele covardemente protegido atrás grades, me diagnosticando: você está começando a mania. Se quiser, é uma diazepan injetável. Sim, é por isso que preciso da minha medicação, para barrar a evolução dos sintomas. Vou a um clínico geral agora, Dr. Erivan Eulálio. Não confundir com Eurivan Sales, psiquiatra da velha guarda, que já me socorreu várias vezes com gentileza e medicação correta.
E assim desesperada, com uma raiva que já se manifestava há três dias, passei a sentir falta de ar e dor de cabeça. Pavor dos sintomas. Fui a uma urgência particular, como disse, não há psiquiatra. Pedi para atendente informar ao clínico geral a minha condição de paciente psiquiátrico e se ele me medicava. Paguei oitenta reais na consulta, e não pago a qualidade do atendimento. Excelente médico já o conhecia de outro pronto socorro onde atendeu minha mãe. Muito gentil, espiríta, me acalmou, mediu minha pressão que estava 14/9 e me deu as receitas. Comprei na farmácia da esquina e 76 gramas de chocolate branco. Três horas medicada, estou aliviada.
Dr. Erivan Eulálio, psiquiatra de manicômio e de CAPS será que já leu Basaglia, Paulo Guimarães, Carrano, Eduardo Mourão Vasconcelos? Já ouviu falar de subjetividade sob condição psicótica?
Nós usuários assumidos e politizados não precisamos desses profissionais que maltratam pacientes em serviços públicos. Pago imposto, declaro imposto de renda e tenho direito ao SUS. Vou levar o caso ao Ministério Público.
É preciso um protocolo de definição do que seja urgência e emergência naquele serviço. Chega dessa mentalidade que se não é internação tasca-se um diazepan injetável e recomenda-se o ambulatório, nem se fala em CAPS. Cuidados são necessários, se o usuário é desconhecido, nunca foi paciente do hospital, anda desacompanhado e pede receitas, concordamos com a prudência. Mas se o usuário é identificado como ex paciente, ex estagiário, é reconhecido por outros plantonistas, seria necessário se analizar em equipe a questão. O plantão é de uma equipe. Mas prevalece a opinião médica. Clássico manicômio e esse médico é o mesmo do CAPS. Só de pensar adoeço.

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