domingo, 30 de agosto de 2009

PARA QUEM GOSTA DE LER SOBRE SAÚDE MENTAL

Sobre a reforma... indico um clássico indispensável para se pensar a loucura no mundo ocidental, embora ache a leitura difícil: Michel Foucault, História da Loucura e outros dois textos dele que estáo dentro do livro Microfísica do Poder: o nascimento do hospital e a casa dos loucos.
Instituição Negada de Franco Basaglia , do pessoal da equipe dele, Desinstitucionalização, com excelentes textos de Franco Rotelli. Outro que não li, mas sempre é citado em trabalhos de importantes teóricos da área é A ordem psiquiátrica: a idade de ouro do alienismo de Robert Castel. Chegando a reforma brasileira, Loucos pela Vida: Trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil de Paulo Amarante. Outro que gosto muito é A psicanálise e a clínica da reforma psiquiátrica de Fernando Tenório, não conheço um psicanalista, muito menos que esteja atendendo em CAPS, mas ele traz umas discussões interessantes de como surge uma prática anterior a teoria na clínica da reforma. Muito bom. Outro indispensável de 1992 é uma coletânia organizada por Paulo Amarante e Benilton Bezerra, Psiquiatria sem hospício. Outro não menos interessante é Cidadania e Loucura:políticas de saúde mental no Brasil, organização de Tundis e Costa de 2000. Veja as datas, anteriores a lei 10.216 de 2001, todos são artigos argumentando a favor de uma reforma psiquiátrica, que mesmo antes de está amparada por uma lei, já está acontecendo pela existência dos NAPS e CAPS, na experiência de Santos. Tem muitas outras coisas. Por exemplo mais atual de Paulo Amarante, Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Ia esquecendo de Ana Pitta e Reabilitação Psicossocial no Brasil, também boa coletânea de artigos que traz textos de pioneiros da clínica da Reforma.

PARA QUEM GOSTA DE LER SOBRE A DOENÇA

- A Mente Vencendo o Humor (Dennis Greenberger)
- Bipolaridade e Temperamento Forte (Diogo Lara)
– Da Psicose Maníaco-Depressiva ao Espectro Bipolar (Ricardo e Doris Moreno)
– Dentro da Chuva Amarela (Walter Moreira)
- Digerindo a Bipolaridade (Alexandre Fiúza)
– Enigma Bipolar (Teng Chei Tung)
– Não sou uma só: o Diário de uma Bipolar (Marina W.)
– O Brilho de sua Luz (Danielle Steel)
– O Demônio do Meio-dia (Andrew Solomon)
– O Modelo de Medo e Raiva para Transtornos de Humor, de Comportamento e da Personalidade (Diogo Lara)
– Perturbação Bipolar – Guia para Doentes suas Famílias (Francis Mondimore)
– Quando a Noite Cai – Entendendo o Suicídio (Kay Redfield Jamison)
– Touched wih Fire (Kay Redfield Jamison)
– Transtorno Bipolar: Tratamento pela Terapia Cognitiva (Vários autores)
– Uma Viagem entre o Céu e o Inferno (Luiz Humberto Leite Lopes)
– Uma Mente Inquieta (Kay Redfield Jaminson)
– Um Bipolar que deu Certo (João Henrique Machado de Ávila)
– Duas Faces de uma Vida (Lana R. Castle)


Postado em APOIO EM SAÚDE MENTAL NA WEB

sábado, 29 de agosto de 2009

NICINHA DA PARADA DA DIVERSIDADE!!!!!!

Um tanto disfuncional. Sobrecarga de atividades, estresse cotidiano "puxam" os sintomas bipolares. Passei o dia de ontem impaciente, pensamento parecendo uma TV querendo sair do ar, assertividade zero. Estava brigando até com o vento que assanhasse meu cabelo.
Lá vou eu com meu kit sobrevivência em crise, fones de ouvido (boa música), revistinha, ansiolítico antes de sair de casa. Às respirações e relaxamento somente, não são tão confiáveis quanto você tem que está funcional para resoluções importantes na sua vida cotidiana: levar filho ao médico, assinar documentos, lidar com contas bancárias e fazer o necessário supermercado mensal. Além do trabalho. Super Morcego Vermelho!!!
Resolvi tudo que tinha que fazer, ainda achei um tempinho para dormir e fui a Parada da Diversidade somente para dançar. Acompanhei a passeata dançando o tempo todo. Gostei de rever os amigos, ser abraçada, mas não quis muita conversa. Queria perder toda minha agarofobia bem no meio da multidão indistinta. Ouvindo a música e mexendo o corpo em todos os rítmos que saiam dos trios elétricos. Acho que de uma certa forma fui a Nicinha da diversidade ontem. Cheguei em casa prenha de energia. Curada.


Para os mais jovens, Nicinha foi uma louca, bonitinha, bem arrumadinha que adorava o carnaval e acompanhava todas as escolas de samba, quando este acontecia na avenida Frei Serafim, décadas de 70, inicio de 80 mais ou menos.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

DIVERSIDADE

TUDO PODE PARECER NORMAL OU NÃO. DEPENDE DE COMO VOCÊ OLHA.

www.grupomatizes.org.br

LOUCO TOMA REMÉDIO PARA DORMIR OU PARA RECUPERAR "NORMALIDADE"?

Que espanto tive em uma farmácia de manipulação, onde entrei para fazer um sabonete hidratante para minha filha. Uma senhora e esposo, muito agitada, tremendamente chateada com conhecido psiquiátrica teresinense, que a atendeu no Lineu Araújo. Chamava-o de louco, não tinha passado a receita certa. O balconista explicava que para que a farmárcia podesse manipular a medicação, a receita teria que trazer o nome genérico paroxetina, em vez de Pondera, nome de marca como estava escrito. Então, metida como sou, Morcego Vermelho, expliquei que eles poderiam comprar em qualquer farmárcia. O que a deixou bastante aliviada, afinal, afirmava ela que aquele remédio além de acalmá-la, o psiquiatra havia dito que a faria emagrecer. Afirmação dividida pelos balconistas, diziam eles que tirava a ansiedade de quem faz dietas.
A senhora poderia está agitada por outro motivo básico... a outra receita era de um ansiolítico, dizia ela que há mais de quinze dias estava sem as medicações. Imagina o desespero por algum que termina em il?

terça-feira, 25 de agosto de 2009

PONDERA: O QUE É?

O pondera é a paroxetina, um antidepressivo inibidor da recaptação da serotonina.
Principais efeitosO pondera está indicado para tratar depressão, fobia social, transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno do pânico. É uma medicação segura com baixa incidência de efeitos colaterais. Quando comparada a algum dos antidepressivos tricíclicos muito menos pacientes abandonaram o tratamento devido a efeitos indesejáveis com o pondera do que com algum antidepressivo do grupo dos tricíclicos. Os efeitos indesejáveis mais comuns encontrados foram: insônia, náuseas e vômitos, azia (ardência na altura do esôfago ou estômago), falta de apetite, tonteiras, zumbidos, dores de cabeça, retardo da ejaculação, aumento da sudorese, secura da boca, tremores.A dose recomendada são 20mg/dia podendo chagar a 60mg.
Principais efeitos colateraisMenos de 10% dos pacientes são acometidos por dores de cabeça, tonteiras, insônia ou sonolência, enjôo, retardo da ejaculação, prinsão de ventre ou diarréia, fraqueza muscular.
Considerações importantesAs precauções que se deve ter são as seguintes: não tomar sob nenhuma circunstância a tranilcipromina ou equivalente dentro de um período de 2 semanas depois de suspenso o pondera. Apesar de não haver indícios de mal formações sobre fetos é mais recomendável evitá-la durante a gestação.
Última Atualização: 24-07-2005 Ref. Bibliograf.: Drug Rev. 2001 Spring;7(1):25-47. Paroxetine: a review.Bourin M.

Informações do Psicosite

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ALBERGUE E A POPULAÇÃO DE TRANSTORNO MENTAL DE RUA

Previsto para hoje, 21 de agosto, a inauguração do Albergue Casa do Caminho, o espaço será coordenado pela divisão de proteção social especial de média e alta complexidade da SEMTCAS. Assim que a imprensa (15 de julho) noticiou sua construção ou reforma de uma casa que fica na Rua Felix PAcheco, 1547 , próximo a igreja São Benedito, recebi email de algumas assistentes sociais, Professora Lúcia Rosa. Penso que todos trabalhadores da saúde mental que conhecem um dos graves problemas do plantão de urgência do Hospital Areolino de Abreu que é a constante chegada de pessoas supostamente doentes mentais que são encontradas na rua, trazidas pela população ou polícia. Essa pessoa é "desovada" na admissão e então começa um trabalho de "detetive" do Serviço Social: localizar familiares, responsáveis, origem, etc. O SUS não aceita internação sem documentção pessoal, enquanto não se identifica oficialmente esta pessoa, ela se torna um paciente "clandestino", por responsabilidade do hospital de não devolvê-la para rua, já que não há outra alternativa.
Pensando diferente, que em vez de ajudar a diminuir essa demanda, poderia acontecer o contrário. O próprio albergue poderia repetir esse comportamento popular e também enviar essas pessoas de comportamento diferente ao hospital, fui à SEMTCAS conversar com a equipe responsável. Eu que há muito tempo cobro uma assistência especial para pessoas que tem transtorno mental. Realmente a equipe me confessou que não havia pensado nessa população. A função básica do albergue será o acolhimento e passagem para moradores de rua, pessoas em trânsito de outros municípios e que estejam em tratamento médico. Deuselena, assistente Social da equipe acrescentou que ao amanhecer alguns casos serão encaminhados pelo Serviço Social para os diversos serviços. No caso do transtorno mental temo que a única referência continue sendo os hospitais Areolino de Abreu, sem vagas, então Meduna.
Não conheço a atuação do Conselho Municipal de Saúde e nem o de Assistência nestas questões.

sábado, 15 de agosto de 2009

EDUARDO MOURÃO VASCONCELOS EM TERESINA

ÂNCORA CONVIDA:
Curso de Suporte e Ajuda Mútua para usuários e familiares
Palestrantes: Eduardo Vasconcelos-UFRJ e Rosaura Braz - Projeto Transversões
Dias: 18 e 19 de setembro (SEXTA E SÁBADO)
Horário: 08:00 às 12:00 e de 14:00 às 18:00
Local: CCHL sala 347 e 348
Certificado de 16horas/aula
Aulas teórica e prática
Vagas limitadas
Qt de vagas para sua instituição: 02
Inscrições gratuitas até o dia 01/09/09
Confirmar a participação para o e-mail : loucavida.pi@ig.com.br informando nome completo e instituição que representa
Informações: Marta 94099065
Palestra e lançamento do livro: Abordagens Psicossociais
Autor: Eduardo Vasconcelos -UFRJ
Dia: 18/09/09
Horário: 20:00h
Local: Cine Teatro da Assembléia
Aberto ao público
Desfile da coleção de camisas da Âncora :Sinalizando a Saúde Mental

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

BIODANÇA: Saúde Integral


Roda de Cuidado: Biodança e saúde Integral, dia 29 de agosto, 08:00 da manhã, no Complexo Cultural Grande Dirceu, antigo CSU do Renascença II, rua Dona Amélia Rubi, s/n.
Professora Ismênia Reis gentilmente abrirá nossas rodas de cuidado quinzenais com sua longa experiência de 27 anos de facilitadora em Biodança no Piauí.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

BEM-VINDO!

"Enfim você chegou!
Sorria, receba o melhor que esse mundo tem a lhe oferecer, afinal de contas, você merece.
Entre, sinta-se em casa."

Frase escrita num cartaz de fundo bucólico, um pôr de sol. Imaginam de onde? Da antisala da diretoria do Hospital Areolino de Abreu.



domingo, 9 de agosto de 2009

NOTÍCIAS FRIAS

Eventos em saúde em Teresina onde se discutiu questões de saúde geral e especificamente saúde mental. Profissionais de saúde e usuários dos mais diversificados seguimentos se capacitam, trocam informações. Esses eventos não são notificados na imprensa são as chamadas notícias frias.
Um fato me chamou atenção na fala de alguns palestrantes de fora, todos unânimes na afirmação da importância do Agente Comunitário de Saúde (ACS), pareceu-me a peça chave, a salvação da saúde pública brasileira. Não conheço a realidade de outros Estados brasileiros, mas aqui no tocante a saúde mental, o Programa Estratégia da Família e seus ACS não consideram de sua responsabilidade, doença mental é serviço do CAPS. Se procurar a um ACS e a enfermeira de sua área sobre as familias que convivem com transtornos mentais, dificilmente eles terão as notificações. Perguntando a uma enfermeira sobre transtornos prevalentes em sua área, a jovem me respondeu que só havia doenças menos graves como a bipolaridade e a esquizofrenia e um dos seus ACS sobre como ele acompanhava, ele me respondeu que a usuária vinha ao posto pegar seu remédio para dormir. Haja mais cursos de capacitação!
Vamos aos eventos:
.Qualificação em Saúde Mental (Gerência de Saúde Mental do Estado)
I Módulo 18 e 19 de julho
Contou com a presença da representante do Ministério da Saúde: Tânia Grigolo
II módulo 06 e 08 de agosto
Dr. Alexandre Parente, jovem psiquiatra deu uma boa aula de psicopatologia. Como fatiaram a loucura!
.VI Seminário de Formação em Saúde (Residência Multiprofissional em Saúde da Família)
Tema: Organização de Redes em Saúde com um professor da UERJ, Rubens Mattos que fez falas bem pertinentes de como se construir redes em saúde pública, usando sim jeitinho brasileiro, fazendo uso das relações interpessoais, sem vergonha de ajudar de fato o usuário.
.I Encontro Estadual de Comunidades Religiosas Afro-brasileiras pelo enfrentamentos da epidemias de DST e AIDS, Hanseaníase, Turbeculose e Hepatites Virais no Piauí.
Fui lá reclamar da não inclusão da saúde mental e acabei ficando envolvida pela energia kundaline dos povos dos terreiros. Fizemos algumas parcerias com alguns terreiros, recursos de saúde nas comunidades.
. Avaliação para Melhoria da Qualidade da Estratégia da Família.
5,6 e 7 de agosto. Desse eu não participei. Mas havia muito ACS na platéia, não só enfermeiras, dentistas e médicos.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

AQUELE ABRAÇO!!!!!!!!!

Hoje mais calma e serena. Viva a farmacologia e os clínicos gerais! Passou a raiva. Fiz correção ortográfica dos últimos textos, acrescentando alguns parágrafos.
Abraço para o Ailton, filhote de Edileuza. Segure a onda, o mundo precisa de loucos inteligentes vivos e saudáveis. Só nós poderemos com mais conhecimento de causa ajudar nosso povo, com nossas identidades híbridas de cuidadores e usuários ao mesmo tempo.
Obrigada para as bonitas, suaves e gentis senhoras e senhoritas da gerência de saúde mental. Parabéns por mais um evento, esse módulo do curso de qualificação foi muito bom.

ORGULHO DE SER


CORREÇÃO: A FEIJOADA ACONTECE DIA 09 DE AGOSTO, A PARTIR DO MEIO DIA
Informações com o grupo Matizes (grupo.matizes@yahoo.com.br)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

TRISTEZA

O Ninho está fazendo dois anos de existência este mês de agosto. Infelizmente temos uma triste constatação, as pessoas chegam até o grupo, ou vamos até elas e damos a ajuda possível. O esforço é que na sequência esta pessoa passe por dois momentos seguintes, aprendam a desenvolver estratégias pessoais de convivência com o transtorno, desenvolvendo capacidades de uma auto-ajuda e resiliência, "transformem a sua dor em competência", como diz Adalberto Barreto, criador da Terapia Comunitária, nesse processo consigam somar com o grupo no sentido da ajuda mútua. A maioria não passa do segundo momento e não fica no grupo. Trabalhamos visando a autonomia, não são obrigadas a ficar, mas constatamos que talvez não estejamos desenvolvendo em grupo uma visão política crítica das políticas públicas em saúde mental, conhecimentos que permitam a adesão a militância no movimento de usuários.
Uma característica do movimento de usuários em Teresina é a participação significativa de técnicos em saúde mental, estudantes das áreas afins e poucos usuários e quase nenhum familiar, sem prática mais contundente em mobilizações. Precisaríamos de um movimento de usuários fortalecido, capaz de fazer pressão e forçar negociações com gestores em relação a qualidade dos serviços ofertados. Não temos um CAPS III, dispositivo da Reforma para urgência e emergência psiquiátrica, daí continuarmos a mercê do plantão de urgência do HAA. Soube hoje através da gerência de Saúde Mental que houve negociação entre gestores municipais e estaduais para a abertura de mais dois CAPS II e nenhum CAPS III, levando-se em conta uma cultura já instituída em capitais que contam ainda com hospitais psiquiátricos a suplência dessa necessidade. Triste. Marcha Teresina já! Pena, que só quem ler este blog sejam técnicos, não são usuários. A maioria continua silenciosa, atrás de um atestado de normalidade. Constrangida, fingindo não me conhecer quando me encontra no consultório.
Tanta luta de pioneiros e corajosos trabalhadores e movimento da luta antimanicomial da década de 70 e um Ninho ainda com filhotes na casca do ovo, se constituíndo e nos deparamos com profissionais sem nenhum perfil para os serviços substitutivos, emendando as paredes dos manicômios derrubados ou seja reproduzindo por onde passam o inóspito, o cemitério dos vivos que são as práticas manicomiais. O manicômio está impregnado na cabeça, como cimento seco.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

PSIQUIATRA NUNCA MAIS!!!!!!!!!

NOTAS PARA O MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA EM CRISE OU EM LUTA PARA EVITAR OS PRIMEIROS SINTOMAS

Semana passada meu psiquiatra não atendeu. Já estava sem medicação. Morreu um tio muito querido. Acabaram as férias de quinze dias, com apenas onze dias úteis. Muita coisa acumulada para resolver. E a volta ao trabalho direto participando de cursos de capacitações a semana inteira. Filho na escola levando tarefa de casa sem responder. Vários casos de pessoas que vivem com transtornos mentais e precisam de ajuda. E o Ninho tem um número mínimo de voluntários.
Meus sinais de perigo se anunciando por conta do estresse cotidiano, impaciência, logorréia e muito cansaço físico. Consulta marcada para hoje, o médico adoeceu. Cancelou todos os atendimentos.
Saio do consultório do psiquiatra doente e vou a única urgência emergência psiquiátrica de Teresina que fica no Hospital Areolino de Abreu. Fui acadêmica de Serviço de Serviço Social extra curricular e curricular nesse serviço por três anos e meio. Dessa vez não peço ajuda a minhas amigas assistentes sociais, vou direto ao balcão da admissão como um paciente comum. O que deixa alguns funcionários surpresos. Ué, cadê o paciente Doutora? Sou eu mesma. Não posso? Tem ficha aqui?Tem no computador!!!! Mais surpresa.
Fico sentada quase uma hora no calor, peço para o acadêmico de Medicina procurar o psiquiatra de plantão. Alguns funcionários vão me avisando o que o homem era carne de pescoço, inegociável, que não me daria receita. Muito bem, hoje estou sem paciência com gente normal boazinha, pense então com normal doido, não diagnosticado e grosseiro. Espírito preparado para guerra, esperei.
Realmente, o médico psiquiatra nem sequer me atendeu no consultório. Há alguns metros de mim, berra se eu quero ser internada ou o que é? Me aproximo do balcão onde este se encontrava, me identifico como assistente social, ex acadêmica daquele plantão e a história da consulta que não deu certo. Ele disse que não me daria a receita das medicações. Argumentei que aquela era a única urgência psiquiátrica da cidade, nas emergências gerais privadas ou públicas não há psiquiátricas. Ele usava uma camisa com um logotipo de um CAPS. Toquei na sua camisa e disse: Você é um profissional da Reforma? Como age assim? Eu também uso uma camiseta do movimento de usuários e vou denunciá-lo.
Rápido, se protegeu dentro das grades e vidros da admissão e só então, enquanto eu expressava toda minha indignação por vê sujeito tão jovem, trabalhador de CAPS sem nenhuma postura que se espera de um profissional da Reforma ( CAPS Norte e AD) e raiva, impotência e necessidades subjetivas e objetivas, que era a medicação e um tratamento humanizado. O psiquiatra da Reforma e do Manicômio tem dupla identidade, ou dois empregos apenas? Gritava ele covardemente protegido atrás grades, me diagnosticando: você está começando a mania. Se quiser, é uma diazepan injetável. Sim, é por isso que preciso da minha medicação, para barrar a evolução dos sintomas. Vou a um clínico geral agora, Dr. Erivan Eulálio. Não confundir com Eurivan Sales, psiquiatra da velha guarda, que já me socorreu várias vezes com gentileza e medicação correta.
E assim desesperada, com uma raiva que já se manifestava há três dias, passei a sentir falta de ar e dor de cabeça. Pavor dos sintomas. Fui a uma urgência particular, como disse, não há psiquiatra. Pedi para atendente informar ao clínico geral a minha condição de paciente psiquiátrico e se ele me medicava. Paguei oitenta reais na consulta, e não pago a qualidade do atendimento. Excelente médico já o conhecia de outro pronto socorro onde atendeu minha mãe. Muito gentil, espiríta, me acalmou, mediu minha pressão que estava 14/9 e me deu as receitas. Comprei na farmácia da esquina e 76 gramas de chocolate branco. Três horas medicada, estou aliviada.
Dr. Erivan Eulálio, psiquiatra de manicômio e de CAPS será que já leu Basaglia, Paulo Guimarães, Carrano, Eduardo Mourão Vasconcelos? Já ouviu falar de subjetividade sob condição psicótica?
Nós usuários assumidos e politizados não precisamos desses profissionais que maltratam pacientes em serviços públicos. Pago imposto, declaro imposto de renda e tenho direito ao SUS. Vou levar o caso ao Ministério Público.
É preciso um protocolo de definição do que seja urgência e emergência naquele serviço. Chega dessa mentalidade que se não é internação tasca-se um diazepan injetável e recomenda-se o ambulatório, nem se fala em CAPS. Cuidados são necessários, se o usuário é desconhecido, nunca foi paciente do hospital, anda desacompanhado e pede receitas, concordamos com a prudência. Mas se o usuário é identificado como ex paciente, ex estagiário, é reconhecido por outros plantonistas, seria necessário se analizar em equipe a questão. O plantão é de uma equipe. Mas prevalece a opinião médica. Clássico manicômio e esse médico é o mesmo do CAPS. Só de pensar adoeço.

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.