O título elegante da postagem construiu-se a partir de algumas vivências recentes e pertubadoras para mim. Uma rede social de ajuda mútua e suporte em saúde mental precisa de uma sólida articulação com instituições públicas e privadas, pessoas, comunidades, convênios com políticas públicas, etc.
Na viagem ao I Congresso Brasileiro de Saúde Mental tive como parceiro de poltrona um coronel da polícia militar de Teresina, palestrante espirita e gestor em sua área, de um trabalho com dependência química. Afinidades de idéias nos levaram a pensar um projeto em conjunto quando retornássemos a Teresina. Tenho irmãos militares, um com especialização em segurança pública, sempre me falou da dificuldade da abordagem de doentes mentais na rua. O louco não pode ser preso, diz ele. Se não há acompanhante, familiar, alguém que se responsabilize, esta pessoa não pode internar-se pelo SUS em hospital psiquiátrico público. O Serviço Social do HAA ante o "desespero" da polícia que precisa manter a ordem e o bem público protegido da nudez ou pedras
de alguém em surto, sempre recebe este suposto paciente. Depois faz verdadeiro trabalho de detetive até encontrar a família ou responsável. Quando não encontra, esta pessoa se torna um morador do hospital. Hoje, não sei como estão os novos encaminhamentos para as residências terapêuticas.
Hoje pela manhã, estava no bairro Dirceu Arco-verde, zona sudeste de Teresina, num ponto de ônibus quando de repente surge uma mulher somente de calcinha (azul), sandálias bonitas, óculos escuros, cabelos bem cuidados, colar, brincos e uma extrema euforia, dançava. Segurava com bastante cuidado numa das mãos um molho de chaves. Deveria ter uns trinta e seis ou pouco mais anos de idade. Corpo bonito. Três jovens policiais correram para abordá-la, e eu para não deixar que eles a machucassem. Homens fotografavam com celulares e até câmeras digitais. Fato que eu bradava contra. Apareceu uma camiseta. Vesti-a. Nos disse nome completo, endereço e que as chaves era da casa. A viatura da polícia foi verificar o endereço acompanhada de um senhor que afirmava que a conhecia. Liguei para o Serviço Social do Hospital Areolino de Abreu, falei com uma colega. Ficando mais tranquila porque um dos policiais já havia trabalhado em um CAPS do Maranhão, percebi que tinha um certo traqueijo na abordagem. Não pude ficar mais, precisava trabalhar.
Chegando a escola que trabalho, uma das crianças muito sorridente me conta sobre mais uma doida nua que ele viu perto de casa, impressionado por ter visto tão bem órgãos genitais femininos. Disse-lhe com calma, como se não tivesse impressionada com nada daquilo, que também tinha visto uma, que era a loucura: as moças tomariam um remedinho, que faria que sentissem vontade de andar novamente vestidas. D. de oito anos, achou muito interessante esse remédio que controla a vontade.
Não temos um CAPS III, uma outra emergência psiquiátrica além do hospital psiquiátrico. Nem imagino como ela seria no sentido da escuta e acolhimento. Conversei com a moça nua e delirante, parecia alternar lucidez com delírio. Medicação, cuidado na família e alguma psicoterapia, melhor que internação integral. É a primeira vez que faço uma intervenção na rua, porque sei que o destino é o manicômio. E acredito, desafiando aqueles que defendem o manicômio que muitas vezes a rua trata melhor que o hospital psiquiátrico.
Na viagem ao I Congresso Brasileiro de Saúde Mental tive como parceiro de poltrona um coronel da polícia militar de Teresina, palestrante espirita e gestor em sua área, de um trabalho com dependência química. Afinidades de idéias nos levaram a pensar um projeto em conjunto quando retornássemos a Teresina. Tenho irmãos militares, um com especialização em segurança pública, sempre me falou da dificuldade da abordagem de doentes mentais na rua. O louco não pode ser preso, diz ele. Se não há acompanhante, familiar, alguém que se responsabilize, esta pessoa não pode internar-se pelo SUS em hospital psiquiátrico público. O Serviço Social do HAA ante o "desespero" da polícia que precisa manter a ordem e o bem público protegido da nudez ou pedras
de alguém em surto, sempre recebe este suposto paciente. Depois faz verdadeiro trabalho de detetive até encontrar a família ou responsável. Quando não encontra, esta pessoa se torna um morador do hospital. Hoje, não sei como estão os novos encaminhamentos para as residências terapêuticas.
Hoje pela manhã, estava no bairro Dirceu Arco-verde, zona sudeste de Teresina, num ponto de ônibus quando de repente surge uma mulher somente de calcinha (azul), sandálias bonitas, óculos escuros, cabelos bem cuidados, colar, brincos e uma extrema euforia, dançava. Segurava com bastante cuidado numa das mãos um molho de chaves. Deveria ter uns trinta e seis ou pouco mais anos de idade. Corpo bonito. Três jovens policiais correram para abordá-la, e eu para não deixar que eles a machucassem. Homens fotografavam com celulares e até câmeras digitais. Fato que eu bradava contra. Apareceu uma camiseta. Vesti-a. Nos disse nome completo, endereço e que as chaves era da casa. A viatura da polícia foi verificar o endereço acompanhada de um senhor que afirmava que a conhecia. Liguei para o Serviço Social do Hospital Areolino de Abreu, falei com uma colega. Ficando mais tranquila porque um dos policiais já havia trabalhado em um CAPS do Maranhão, percebi que tinha um certo traqueijo na abordagem. Não pude ficar mais, precisava trabalhar.
Chegando a escola que trabalho, uma das crianças muito sorridente me conta sobre mais uma doida nua que ele viu perto de casa, impressionado por ter visto tão bem órgãos genitais femininos. Disse-lhe com calma, como se não tivesse impressionada com nada daquilo, que também tinha visto uma, que era a loucura: as moças tomariam um remedinho, que faria que sentissem vontade de andar novamente vestidas. D. de oito anos, achou muito interessante esse remédio que controla a vontade.
Não temos um CAPS III, uma outra emergência psiquiátrica além do hospital psiquiátrico. Nem imagino como ela seria no sentido da escuta e acolhimento. Conversei com a moça nua e delirante, parecia alternar lucidez com delírio. Medicação, cuidado na família e alguma psicoterapia, melhor que internação integral. É a primeira vez que faço uma intervenção na rua, porque sei que o destino é o manicômio. E acredito, desafiando aqueles que defendem o manicômio que muitas vezes a rua trata melhor que o hospital psiquiátrico.
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