Acho que alguns leitores questionaram meu silêncio sem acidez das críticas de sempre. Esperei para ver e crer. O encontro de RAPS piauiense contava na sua programação com 24 pessoas que fariam a composição da mesa de abertura, dentre elas muitos políticos, a estrela 40, o próprio governador, o prefeito, o presidente da assembleia legislativa e o presidente da câmara de vereadores, só contei 15 pessoas. Minha experiência em eventos de saúde mental, "autoridades" só mandam representantes, e aqui, infelizmente até a estrela maior que almejava conhecer o coordenador nacional de saúde mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori Kinoshita também faltou. As pastinhas, camisetas e material da programação impecáveis.
O Piauí dos mentaleiros que excursionam no movimento nacional da luta antimanicomial, sabemos que enquanto estes movimentos defendem investimentos públicos para estruturar os CAPS ads, aqui as Comunidades Terapêuticas levam a melhor do governo. Coexistem altivas ( nem sei se as normas da ANVISA são observadas, qual é o órgão supervisor delas), e pelo que eu saiba não recebem dependente químico que psicotiza. O velho e acolhedor Areolino de Abreu e suas grades ainda aguardam este usuário, se ele não encontrar o caminho do CAPS ad, tão escondido atrás do SAMU, salvo engano. Atrás da cultura. Surpresa é que tem uma mesa com o psiquiatra Mauro Passamanti, fino e elegante, adoraria que ele "rodasse a bahiana" sobre o assunto. Aliais, a droga tomou conta da saúde mental não só dos financiamentos, a temática perpassa por quase todas as mesas redondas. E a ausência, esquecimento e descaso, a inexistência da discussão sobre psicoses infantis e inclusão escolar, ou atendimento psicossocial para criança psicóticas, o CAPS i continua sem atender a demanda. Foi anunciado a inauguração de mais um num município, mas a capital continua carente. A reforma do CAPS i não concluída desde 2011, o que seria feito em 60 dias.
Postando minha decepção em não conhecer o coordenador da experiência de Santos, na página dele no Facebook. Talvez seja louco, mas sou louca, né? E ainda falei para um psiquiatra amigo, vivo de lindo que estou disponível para namorar. E a Leda Trindade ainda "fez ganho secundário comigo", me amansou com o Dr. Zé Maria do Mocambinho e fotografamos juntas.
Postei na página do coordenador minha frustração por sua ausência, no encontro a organização nos disseram que ele estaria doente. Se trocou o Piauí por Brasília, Fórum Mundial de Direitos Humanos... precisávamos mais dele aqui para fazer Direitos Humanos de fato, tantas "autoridades" nessa área que notifiquei sobre os cárceres privados, só pediam para que eu fizesse um dossiê e levasse para elas, ninguém e alguns estão viajando para Brasília, disseram: onde é? Quero ver e fazer alguma coisa para dar o direito humano desta pessoa que vive com transtorno mental nesse quarto-jaula? Tão normal louco preso, que nem cão feroz durante o dia. Mas estes pacientes nunca saem de suas grades e a poucos comovem. Qual o plano de reabilitação para estas pessoas? Como resgatar seu poder de trocas sociais, reaver seus contratos sociais? o CAPS tem que fazê-lo, a risco de institucionalizar-se enquanto pequenos manicômios. Uma riqueza o pensamento de Tikanory.
Olá.
Sou assistente social e paciente, militante por uma saúde mental sem
manicômio e com qualidade psicossocial. Estou muito decepcionada de não
tê-lo conhecido hoje (10) pela manhã, aqui no Piauí, seu nome estava na
programação de abertura. Reli um texto seu ontem e repassei pra
estagiárias de Serviço Social da ONG que coordeno: Contratualidade e
Reabilitação Psicossocial, 1996... pena, o senhor
ter adoecido. Sei que imaginas as dificuldades de grupos mais
progressistas disseminarem e garantirem os princípios da Reforma
Psiquiátrica. Conhecemos Delgado e Paulo Aranha, como suas falas nos
impulsionaram e nos deram força para continuarmos a luta contra os
manicomiais no nosso "território". Sua ausência foi frustrante, como um
líder, defensor de uma causa com uma ideologia libertária faz falta numa
"província" tão distante como a nossa. Perdi o tesão pelo restante do I
Encontro Estadual de RAPS do Estado do Piauí, conhecendo as práticas,
esperava que as ideias do ex coordenador da experiência de Santos
deslocassem os trilhos do comum. Desejo melhoras. Até mais, porque
encontros de saúde mental não faltam, né? Não sou uma estrela da
causa, mas gosto de ver o brilho de algumas.
https://www.facebook.com/robertotykanori.kinoshita?hc_location=stream
Nenhum comentário:
Postar um comentário