quinta-feira, 25 de julho de 2013

LEITO PSIQUIÁTRICO EM HOSPITAL GERAL? QUANDO O PACIENTE MORRE POR NEGLIGÊNCIA?


Marques Emiliano de Farias Salustiano , conhecido como Marquinho, 35 anos, foi encontrado morto na tarde desta quarta-feira, 24 de julho, próximo ao Morro do Papagaio. Ele estava desaparecido desde a manhã de domingo (21), quando fugiu do Hospital Regional de Corrente.
 
De acordo com familiares, Marquinho passou mal na noite de sábado (20) e deu entrada no hospital por volta das 2h da manhã. “Há tempos ele vinha sofrendo de alucinações, e vivia dizendo que estava sendo perseguido. Na noite de sábado ele estava muito agitado, com a pressão alta e dores de cabeça”, relatou uma de suas irmãs. Ainda segundo ela, no hospital foi dado remédio para controlar a pressão, sendo que ele ficou internado.
 
Na manhã de domingo, por volta das 8h, a irmã de Marquinho foi visitá-lo no hospital, quando o porteiro disse que ele não estava mais lá. “Eu achei estranho, mas pensei que ele tivesse recebido alta e tivesse ido para a casa de parentes que moram na Santa Marta. Em nenhum momento ninguém avisou que ele tinha na verdade era fugido! Se tivéssemos consciência disto, teríamos ali mesmo começado a procurá-lo e ele não estaria morto!”, conta a irmã aos prantos.
 
 
Foi ao anoitecer que a família deu-se conta de que Marquinho havia desaparecido, quando iniciaram então uma busca pela cidade que durou até a tarde de ontem, tanto pelas ruas, quanto pelo mato. A mãe, em pânico, saiu sozinha nesta quarta-feira e foi até a região da barragem, próximo à Agespisa, e numa busca frenética, movida pela intuição, foi que chegou até o corpo do filho, por volta das 15h.
 
Na madrugada de domingo para segunda, Marquinhos chegou a ser visto por um morador da região rural  próxima ao Morro do Papagaio. “Ele veio até a minha casa por volta das 3 da manhã, pedindo água. Eu disse pra ele ir pro rio. Ele ainda voltou mais duas vezes e depois não vi mais. De manhã cheguei a seguir as pegadas dele, mas não fui até o fim”, relatou o homem.
 
De acordo com os policiais militares que foram até o local, o corpo não apresentava nenhum tipo de lesão causada por violência, contendo apenas um corte bastante profundo no pé, certamente porque estava descalço. Ainda de acordo com a polícia, provavelmente Marquinhos veio a óbito por desnutrição e desidratação, tendo falecido há poucas horas. 
Indignados, os policiais relataram que o médico legista foi procurado mas não foi encontrado. “Ele deveria estar de plantão, mas no hospital se limitaram a dizer que ele não estava no momento e que mais tarde ele estaria. Ninguém tentou encontrá-lo, ninguém telefonou, e a resposta dada pela enfermeira estava pronta. Num caso como este, o médico é indispensável!”, afirmou o Sargento Uelington Garcia, que comandou a operação.
 
A família está revoltada com a atitude do hospital. “Soubemos que ele estava extremamente agitado de madrugada e se recusou a tomar o remédio, e o enfermeiro não o forçou a tomar. Ele estava tendo uma crise e se tivesse tomado o remédio não teria fugido. Perguntei pro médico como um paciente pode sair sem alta e o médico apenas disse que não tinha responsabilidade sobre ele. Uma pessoa que procura um hospital com crise, como meu filho estava, não está bem e não pode decidir o que pode e o que não pode, é assim que eu entendo!”, relatou a mãe do falecido, dona Luciléia de Farias Salustiano.
 
Outro ponto levantado pela família foi o fato de que o hospital não informou que Marquinhos havia fugido. De acordo com a irmã, “disseram no hospital  apenas que ele não estava mais lá, como se o fato de ele ter fugido não tivesse relevância”.
 
Com informações do portal corrente
 
 
 
 Ele ocupava um leito psiquiátrico? Por que não trouxeram para o hospital Areolino de Abreu? Cadê as pactuações da RAPS com estes secretários de saúde Piauí afora? Quem é o gestor responsável pela morte deste rapaz, se ele estava numa crise mental? Não ficou muito claro na reportagem. Se estava, além da medicação, deveria ter sofrido uma contenção humanizada, até a mínima estabilização da agitação da crise aguda... o Ministério Público Estadual será acionado para averiguação, via direitos humanos? Nada. Quem fará barulho suficiente por este nosso Amarildo?

sexta-feira, 19 de julho de 2013

AMPLIAÇÃO DE CAPS

A partir desta sexta-feira (12), Curitiba passa a ter mais um serviço de saúde mental com funcionamento ininterrupto. O Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Boa Vista é o quarto a ampliar o atendimento este ano, passando a funcionar 24 horas, todos os dias da semana. O prefeito Gustavo Fruet e o secretário municipal de Saúde, Adriano Massuda, participaram da solenidade, ao lado de usuários e profissionais da rede de saúde mental da capital paranaense.
Dos quatro novos serviços 24 horas, dois atendem adultos com transtornos mentais: o Caps Boa Vista e o Caps Boqueirão, inaugurado em maio. Outros dois recebem adultos usuários de álcool e drogas: Caps Portão e Caps Cajuru, que tiveram os serviços ampliados em abril.
Além desses, o Caps Centro Vida, na Vila Izabel, é direcionado ao atendimento de crianças e adolescentes usuários de álcool e drogas. “Estamos construindo uma rede de saúde que se estende por todos os distritos sanitários. Já temos nove unidades básicas de saúde funcionando até as 22 horas e cinco Caps que são referências para o País, pela estrutura e acolhimento que oferecem aos cidadãos”, afirmou o prefeito.
O secretário Adriano Massuda ressaltou que as mudanças na rede permitem prestar o atendimento aos pacientes de transtorno mental sem isolá-los da sociedade, como era no sistema maniconial. “É a afirmação do tratamento como direito de cidadania dos pacientes com algum transtorno mental”, destacou.
Estrutura
Localizado no Bacacheri, o Caps Boa Vista tem capacidade para atender cerca de 220 pacientes por mês, além de dez vagas para o acolhimento noturno. O espaço tem salas de atividades, consultórios, posto de enfermagem, refeitório, alojamentos noturnos, entre outros espaços.

Para o diretor do Departamento de Saúde Mental, Marcelo Kimati, a ampliação do serviço é um reforço para toda a rede, que está preparada para atender as situações de crise sem ter que recorrer ao internamento em hospitais psiquiátricos. “É importante dar atendimento aos pacientes dentro do território e do contexto de vida deles, promovendo a reinserção social destas pessoas”, enfatizou.
Atualmente, os 12 Caps existentes em Curitiba atendem, em média, 2,6 mil pessoas por mês – entre dependentes químicos e portadores de transtornos mentais – e contam com 49 leitos de acolhimento noturno.

Postado originalmente em:

Infelizmente no Piauí, nem estadual ou municipal ( a gerência de atenção psicossocial do município ainda não  mostrou a que veio), os responsáveis pelas ações em saúde mental no território tem demonstrado total descompasso com a luta anti manicomial. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), boa tentativa (teórica) do pessoal do veterano Tykanori de "descapscentralizar" o atendimento em saúde mental. Quem conhece a história do surgimento dos CAPS, uma prática que surgiu sem teorias, tornado expressão máxima da desinstitucionalização, montados com equipes inexperientes e sem capacitação continuada tem a tendência a reprodução das velhas práticas manicomiais. Mas difícil é vencer os muros culturais para implantação dos pontos de atenção propostos pela RAPS: saúde básica nunca se fez presente na saúde mental no território. Leitos em hospitais gerais, alguém lembra de luta mais antiga na área? A drogadição enquanto doença toma muito espaço na portaria que institui a RAPS, os dependentes químicos fazem o papel dos loucos, quando tomam o espaço dos leprosos, no mundo da exclusão social.
Dependentes químicos ou loucos genuínos ou loucura socialmente adquirida (???), precisamos lutar pela qualidade do atendimento focando a inserção social sempre.

domingo, 14 de julho de 2013

CAPS E PRÁTICAS DE INCLUSÃO SOCIAL

sábado, 13 de julho de 2013

Entre Maria Louca e Maria Maluquinha tem um Bolsa Família.

Por: Rita de Cássia de Araújo Almeida
Psicanalista
Trabalhadora de CAPS da Rede de Saúde Mental do SUS


Este texto tem uma personagem: Maria. Maria é um nome fictício, mas tudo mais é real, tão real que muitos leitores vão pensar que é ficção.

No início da nossa história Maria é pobre, muito pobre, na verdade, Maria é miserável. Sem nenhuma renda, ela e sua única filha vivem da caridade e da boa vontade de pessoas e instituições. Maria também tem pouquíssima escolaridade, parece uma personagem tirada daquele programa de humor que é a cara da pobreza da nossa TV. Maria fala “pobrema” (problema), “risistente social” (assistente social), “conselho titular” (conselho tutelar), “presentivo” (preventivo), “elétrico” (eletroencefalograma) dentre outras pérolas. Além de tudo Maria é louca, e ela geralmente, concordava com este rótulo que lhe davam. Com algumas passagens por hospícios da região, confessava: “nunca tive cabeça boa pra trabalhar”.

Mas atualmente, Maria não aceita mais ser chamada de louca, se considera uma “maluquinha”. Mas para fazer a travessia de louca para maluquinha, passaram-se quase 10 anos, e muita coisa aconteceu nesse caminho, incluindo um abençoado Bolsa Família. Eu sempre tive vontade de escrever um texto sobre o Bolsa Família e achei apropriado usar a história de Maria para fazê-lo.

Em 17 anos de trabalho em serviços de Saúde Mental do SUS (CAPS), lidando diariamente com pessoas, em geral, pobres, muito pobres ou miseráveis, aprendi uma coisa que só a experiência ensina. Existe uma diferença descomunal, abissal, entre ser pobre e ser miserável. Quem não lida cotidianamente com a população mais humilde, talvez conheça os pobres, mas não conhece os miseráveis, já que eles são “invisíveis a olho nu”. E esse seria o mesmo destino de Maria, ser invisível, mas afinal, sua loucura incomodou e obrigou que a enxergássemos. Foi assim que tomamos conhecimento de Maria, a louca, sem pai nem mãe, rejeitada pela família, em sua miséria absoluta, dependendo do que encontrava no lixo, de favores ou da caridade alheia para sobreviver com sua filha.

Quando ouço pessoas que criticam o Bolsa Família ou outro programa de transferência de renda, dizendo que ele acostuma mal as pessoas, estimula a preguiça e desvirtua o caráter, sinto vontade de vomitar. Quem diz isso, definitivamente, não sabe o que é miséria. Quem faz esse tipo de afirmação tosca e preconceituosa, para usar palavras publicáveis, nunca passou pela situação de encontrar em R$ 70,00 algum alento. Com pouquíssima probabilidade de errar, ninguém que está lendo agora este texto sabe, na carne, o real valor de R$ 70,00. Maria sabe. Muitos aqui vão duvidar, mas R$ 70,00 ou R$ 130,00 (média nacional do valor repassado para cada família com o Bolsa Família), é capaz de reduzir o enorme abismo entre a miséria e a pobreza, e com isso, viabilizar um status inicial necessário para acessar qualquer outro tipo possível de justiça social: ser visto.

E R$ 70,00 fez muita diferença na vida de Maria, não só pelo valor, mas porque em mais de 30 anos de vida, esse foi o primeiro dinheiro que ela conseguiu que não fosse por caridade ou proveniente de algum dos homens com os quais, eventualmente, se aventurava a morar. Isso porque o Bolsa Família não é tratado pelos profissionais, não pelos sérios e éticos, como um mero benefício assistencial ou uma esmola do prefeito ou do governo, mas como um direito. Sendo assim, o cartão do Bolsa Família foi o primeiro direito que Maria conquistou, depois dele, como veremos, muitos outros vieram.

Um segundo direito que Maria teve voz e força para exigir depois do primeiro, foi uma pensão alimentícia para filha. O ex-companheiro de Maria era alcoolista, raramente tinha trabalho fixo, e mesmo quando conseguia algum trabalho, não pagava pensão, regularmente. Mas Maria tinha aprendido a exigir seus direitos, e foi até às últimas conseqüências para conseguir que o pai da menina pagasse a pensão, achou até justo quando ele quase foi preso por não cumprir com a obrigação. Hoje ele paga a pensão de R$ 90,00 assiduamente, e ela assina o recibo na nossa frente (como ficou combinado na justiça), com a postura de quem aprendeu a lutar pelo seu lugar no mundo.

A loucura de Maria, que se instalou desde o nascimento da filha, continuava a lhe imputar uma incapacidade real para o trabalho formal. Sua irritabilidade e instabilidade emocionais faziam de qualquer relação possível com o outro, um inferno. Mesmo dentro do CAPS, eram comuns suas agressões verbais e até físicas a técnicos e outros usuários.

Maria, eventualmente, se envolvia com homens com os quais imaginava conquistar alguma segurança, mas em geral, eles obedeciam a um mesmo padrão: alcoolistas ou usuários de drogas, também pobres, com ligações familiares empobrecidas e sem trabalho fixo. Com esses homens, Maria vive relações muito conturbadas e violentas. Assim também vinha caminhando a relação com seu atual companheiro, e com o qual Maria teve um filho, hoje com 3 anos.

Inúmeras vezes tentamos conseguir para Maria o BPC (Benefício de Prestação Continuada), que assegura um salário mínimo para idosos, ou pessoas com alguma deficiência grave, que não contribuíram com a previdência social, desde que a renda familiar per capta não ultrapasse ¼ (um quarto) do salário mínimo vigente. Mas, apesar de inúmeras tentativas, Maria não passava na perícia médica, não era considerada suficientemente incapaz para fazer juz ao benefício.

O fato é que, após muita insistência, no final do ano passado, Maria finalmente conseguiu o BPC e assim que teve certeza de que o benefício chegaria, avisou com satisfação, que agora poderia devolver o cartão do Bolsa Família para que ele pudesse ajudar outra pessoa. Era justo que tivesse recebido o benefício por um tempo e agora, com sua nova condição assegurada, era justo que o passasse adiante. Apesar de louca e ignorante, como a maioria a considerava, Maria sabia o exato significado da palavra justiça, mesmo tendo tão pouco acesso a ela.

Com alguns meses recebendo salário mínimo, além de poder atender suas necessidades básicas e a dos dois filhos, Maria teve melhorias subjetivas ainda mais notórias. A vaidade consigo mesma e com seu pequeno barraco (herança dos pais), que mesmo nos tempos de miséria insistiam em manter nela um pouco de orgulho, hoje se destacam e evidenciam cada vez mais seu estilo. Maria sempre gostou de bijuteria, maquiagem, sapato, bolsa e roupas e, tal como antes, ainda depende de doações para atender a esses seus caprichos. Mas hoje ela parece feliz em apenas poder se aventurar em entrar numa loja e perguntar o preço das coisas. Ontem me abordou dizendo que viu uma calça igual a que eu vestia por R$ 90,00, achou muito cara e, por isso, não comprou. Semana passada Maria compartilhou numa reunião com outros usuários do CAPS, com lágrimas nos olhos, que mês que vem irá realizar o sonho da sua vida: comprar um jogo de panelas na loja. “Meu sonho é comprar um jogo de panelas novo e colocar tudo em cima da mesa”. O projeto seguinte é colocar piso na casa, toda de chão batido.

Também existem os preconceituosos de plantão que vão criticar os que, depois de saírem do abismo da miséria, se rendem ao consumo. Então nós vivemos numa sociedade capitalista e consumista, que propagandeia o tempo todo que podemos alcançar felicidade comprando coisas e acusamos de consumistas os que estão tendo a primeira oportunidade de testar se essa teoria é verdadeira? Ah, tá!

Mas, quem acredita que uma renda mensal mínima tem apenas efeito de consumo, também se engana. Cerca de dois meses depois de Maria ter recebido seu primeiro salário mínimo questionei a ela como estava sua relação com o companheiro, perguntei se ainda se estapeavam. E ela me respondeu: “Não, agora eu não deixo mais ele me bater”. Sendo eu uma psicanalista, poderia ter interpretado a frase dela dizendo: “Mas, então, antes você deixava?” Mas não foi necessário, eu sabia exatamente porque Maria aceitava apanhar. Ao contrário do que muitos podem supor essa Maria, e muitas outras, não apanham por gosto ou costume, tampouco são fãs dos “50 tons”. Nossas Marias aceitam a violência porque acreditam que esse é o preço que têm que pagar para manter em casa seu homem e com ele algum respeito, amor próprio ou possibilidade de sustento para si mesma e para os seus filhos, ainda que esses sejam ganhos totalmente ilusórios.

Já concluindo, preciso contar o que aconteceu no último mês de maio, por ocasião da festa do nosso CAPS em comemoração ao dia Nacional de Luta Antimanicomial. Durante os eventos, Maria nos surpreendeu ao pegar o microfone e recitar uma longa poesia feita por ela, na qual tecia, com muito humor, sua trajetória de louca à maluquinha. No seu poema, meio cantado meio falado, “louca” tinha a conotação pejorativa que lhe davam no passado e “maluquinha” falava de como ela se via hoje, do seu jeitinho diferente, meio maluquinho sim, mas também capaz de declarar seu amor pela vida e pelas pessoas que ali estavam. Era o outro com o qual ela “nunca se dava” transformando-se, finalmente, em objeto de seu amor.

Sim, passado o período em que só podia viver no campo da necessidade imediata e urgente de sobreviver junto com seus filhos, Maria alcança o campo da arte. Maria produz cultura. Atualmente está empolgadíssima com a possibilidade de ser atriz em uma peça de teatro produzida pelo CAPS e cuja história poderá ser a sua própria, aquela tecida em seu poema.

Ainda há quem chame Maria de louca. Para mim, louco é quem critica benefícios sociais e programas de transferência de renda sem saber o que é ser invisível. Muitos dirão que Maria é uma analfabeta ignorante. Para mim, ignorante é quem não consegue olhar em torno, é quem só consegue ver o mundo a partir do próprio umbigo.

Para você que insiste em criticar programas sociais, eu deixo Maria no seu encalço. Mas se sua intenção for apenas criticar, com os amigos ou nas redes sociais, algum tipo de benefício pago com recurso público e que você não recebe, tenho algumas sugestões. Numa pesquisa rápida no Google, descobri alguns auxílios concedidos a ministros, vereadores, deputados, senadores, desembargadores, policiais federais, diplomatas, altas patentes do exército, marinha ou aeronáutica e/ou juízes. São eles: Bolsa Moradia, Bolsa Paletó, Bolsa Passagens Aéreas, Bolsa Combustível, Bolsa Telefone, Bolsa Gabinete, Bolsa Alimentação, Bolsa Despesas, Bolsa Creche, Bolsa Indenizatória, Bolsa Estudo, Bolsa Funeral e Bolsa Assistência Médica. Obviamente, que nem todas as categorias citadas recebem todos esses benefícios, mas cada uma delas recebe pelo menos duas ou três “Bolsas” citadas. E, na verdade, esses benefícios não são chamados de “Bolsa”, fui eu quem, propositalmente, os batizei com esse nome. Mas bem que poderiam chamar, não é? (Eu não pesquisei o valor de tais “Bolsas”, se você quiser fazê-lo fique à vontade. Sugiro apenas que tome um antiácido antes)

Então, alguém aí pra tentar me convencer que o Bolsa Família não é um direito justo?
 
Publicado originalmente em:
 
Estas últimas semanas estive envolvida na luta pelas medicações que faltavam em alguns CAPS e ambulatórios da rede municipal e acompanhei alguns casos da luta para se conseguir um Benefício de Prestação Continuada (BPC), muito difícil para pessoas com transtorno mental por aqui. As pessoas podem não  virem de uma família miserável, mas adultas improdutivas são um peso para estas famílias. A Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), deveria ser revista na questão do usuário de saúde mental, mesmo estabilizado e com alguma funcionalidade, são rejeitados nos postos de trabalho comuns por conta do estigma, preconceito e discriminação. Temos o caso da jornalista,moça branca, bonita fisicamente que tentou ser garçonete... o patrão perguntou se ela usava remédio controlado, o que ela afirmou que sim, já que visivelmente fala com a voz pastosa. Foi dispensada na primeiro dia de trabalho. Gostei deste texto discutindo, expondo a prática verdadeira de um serviço psicossocial, escrito por uma trabalhadora de CAPS. E abaixo outro texto questionando o manicomialismo na prática de alguns CAPS, também escrito por uma trabalhadora da Atenção Psicossocial. Pena que no Piauí não exista isto, gente que faça a crítica e exponha-se.

QUAL O FUTURO DOS CAPS?

por Luciane Régio
Rio Grande do Sul / Santa Maria
07/10/2009 14:28:39
Cansam, as meias-palavras...  Acompanhei a implantação de Centros de Atenção Psicossociais em duas cidades do RS. Em Santa Maria/RS, ainda na graduação de Enfermagem, em 2001 (participei de algumas atividades no Centro Social Urbano e acompanhei as primeiras instalações do CAPS II na rua Borges de Medeiros...). Minha pesquisa de oitavo semestre, ainda que focal sobre pessoas portadoras de Transtorno Afetivo Bipolar abordou o atendimento psiquiátrico hospitalar e a implantação do CAPS. E, depois, trabalhei como enfermeira, tendo acompanhado a implantação do CAPS I, em São Sepé/RS.

Atuando como Enfermeira na Emergência Psiquiátrica do Hospital Universitário de Santa Maria, sob a supervisão da Enfª Dolores, fiquei sabendo que fui a primeira a escolher aquele local para desenvolver pesquisas de TCC (não pelo mérito de ser a primeira, o que me preocupa é se “fui a última”?). Comecei a participar da Associação de Familiares, Amigos e Bipolares de Santa Maria/RS, a AFAB, que me possibilitou conhecer mais sobre TAB.

A idéia de desinstitucionalizar, fechar gradativamente os hospitais psiquiátricos, destinar leitos em hospitais gerais, implantar os CAPS, isso tudo parecia “uma luz no fim do túnel”. Mentaleira, defensora da Reforma Psiquiátrica, contagiada pela possibilidade de ver tratamentos biopsicossociais que reintegrassem pessoas portadoras de transtornos mentais à sociedade, era o “sonho dourado” de qualquer estudante?

Compreender que controle não se faz apenas com a medicalização da loucura, e que há aspectos subjetivos, afetivos que mobilizam as pessoas a permanecer mais estáveis, sobretudo fazê-los iguais na diferença (na qual todos somos, diferentes, e não há o que se fazer sobre isso). Imaginava que um dia os preconceitos seriam vencidos, quando os “demais” (lê-se, aqueles que se consideram “não loucos”), enxergassem a todos como pessoa de direitos, cidadãos, sem rótulos, sem risadinhas e comentários (“sabia que ele/a já foi internado?”... “louco de carteirinha”...). Na verdade, que na sociedade “palcos” não fossem criados, mas que todos possam não somente desfrutar dos mesmos espaços, mas, sobretudo, obter credibilidade. E o rumo dos CAPS hoje em dia, de uma forma geral, não saberia dizer se preenchem minhas expectativas.

 Temos muito que avançar. Desinstitucionalizar o quê? Um termo que parece ter perdido a força, e que mais se adequava às instituições hospitalares, faz-me debruçar sobre os “joelhos dos meus sonhos” e ver que outras instituições, por exemplo, os próprios CAPS, UBS, ESF são capazes de exercer forças institucionalizantes apontando quem é louco. Compor, produzir comum, transversalizar... são tantos os desafios! Mas onde se pensa que os “loucos” são “os outros” e que há um “eu imune”, que observa e está fora do grupo, não há comum que se faça. Um ato de exibir, mostrar a loucura, como algo que se tenha de “aceitar” e não que “possa fazer parte de qualquer um, ainda que em um dado momento da vida”, para mim é uma roda furada.

Infantilizar a loucura, entreter a loucura, dar espaço à expressão rotulada, podem ser estratégias desviantes da Reforma Psiquiátrica que queremos. E que acolhimento é este? Equipes de Saúde Mental decidem suas agendas, com argumentos de “há que se ter organização, limites, certo”? Mas também digo que “há que se ter compromisso, corresponsabilidade para com as necessidades das pessoas”. Muito ouvi dizer, nesses últimos anos, “por ai” (não falando de algum CAPS em específico), “fulano não quer o tratamento”, e pessoas serem descartadas de seu tratamento, dá-se alta, ok? Ou, “sicrano não quer a medicação”, estando em crise psicótica! (Ser deixado à mercê da sorte, e a família que se vire!? Onde está o preparo dos trabalhadores de saúde? No sentido de produzir vínculos, relações de confiança?) E manejo há que se ter nesta hora, pois isso também é acolher, acolhimento das necessidades quando não se pode decidir sobre si mesmo, ou se está colocando em risco outras pessoas. Excesso de medicação, “zumbis do dia, que se apagam à noite”, quando “não passam dessa para melhor” (?) sob o argumento de que “reações de sensibilidade às drogas acontecem”, ou que “aspirou o alimento porque estava sedado demais”, ou porque “não foi atendido adequadamente” porque era “familiar de portadores de transtorno mental” e só podia ser “nervoso” (lê-se, novamente, “louco”) também, ou porque “é histriônico e está só chamando a atenção”, ou porque a “pressão/glicose está alta devido estar nervoso” (220/140mmhg, sempre 300mg/dl)... ou “luto não é para psicoterapia”... são tantos os ditos que já ouvi, e perguntando para mim mesma, o que era mesmo que eu acreditava? Vive-se na doença. Onde fica a cidadania? Onde estão os familiares? Aquela sociedade que não aponta, mas que integra um projeto comum. “Ai, meus moinhos, gigantes” – utopia minha? Ainda que me sentindo quixotesca, misturando tudo, quero “morar em lugar nenhum”, habitar a “ilha-reino” de More (Morus) ou a “Ilha deserta” de Deleuze?

As equipes de saúde mental e CAPS parecem adoecer tanto quanto seus ditos “loucos de carteirinha”. Em geral, temos muitas experiências de “profissionais de saúde” adoecendo no trabalho inclusive, mas nesses serviços específicos, especializados, isso é mascarado? A equipe não se entende? E fácil dizer que é depressão, já virou até moda! Entra-se em psicose, diagnóstico: depressão? Não gosta dos colegas de trabalho, ou é estigmatizado na equipe? Motivo do afastamento? Depressão! Todos aceitam, depressão deve significar ser menos louco? Depressão já é socialmente aceito? E aceitar que as pessoas são diferentes, sem tentar medicalizar para tornar-los mais “normais” (o que é?), permitir alguns altos e baixos... não, não se pode ter altos e baixos, deve ser TAB. Lítio e benzodiazepínicos “pode”.

Generalizando sim, quero poder questionar se “são tratadas as doenças de base”, se “são levados em conta os desencadeadores”? Afeto pode ser um remédio poderoso, desde que seja algo recíproco, de trocas, porque ninguém aguenta simulações. Nem aqueles que podem se achar normais. Investimento em “produções contínuas de comum” poderá garantir a transversalidade das políticas de saúde, desde que estes “encontros” deixem os rótulos de lado, infiltrados todos, misturando as singularidades, afetando-se sem medo... não é contagioso, informa-se!

Qual o futuro dos CAPS em geral? Politizá-los, permitir protagonismos, mas ainda assim me incomoda a forma que estamos tratando a desinstitucionalização. Parece mais uma abordagem recreacionista do que que biopolítica. Ok, isso também é importante, no entanto, existem discussões importantes a ser pautadas e, além disso, transpostas à prática, impactando na vida social dos portadores de transtornos mentais. Uma delas, as aposentadorias precoces; outra, o conhecimento de todos ao que vem a ser a Política de Inclusão (essencialmente, das diferenças!). E, por ai muitas reverberam.

No vídeo, que fiz para minhas memórias pessoais, estão pessoas que me afetam, são “paixões que tenho”, com as quais eu, definitivamente, quero compartilhar muitos momentos. Fiquei emocionada, porque trabalhava no CAPS I de São Sepé há 3 anos e meio atrás (entre 2005 e 2006), e devido concurso público, assumi outras políticas de saúde no Ambulatório Central da SMS. A mudança deixou muitas saudades daqueles “nossos dias”. Percebo que são tantos os desafios! E aquilo que nos incomoda tem potência de transformação. Avanços, desafios, só não se pode ficar imóvel achando que tudo que é normal pode ser segregado do que não é. Quero ver rodas e afetação em um futuro próximo. Cantar em rodas, não me refiro à geométrica, mas gosto da possibilidade de lateralizar, horizontalizar, transversalizar! OK. Foi um início... e pequenas vitórias devem ser celebradas!!! Investir e acreditar de novo, de outro jeito? Em construção? E... se equipes são novas, poder-se-á co-produzir um outro olhar? Investimentos intensivos de produção de comum. Ir até o sujeito para conhecê-lo. Não há como conhecer sem aproximar-nos.

Docemente, o amigo e médico Roberto (no vídeo - que também trabalha comigo no Ambulatório) apresentou Gessi, Cleni, Lurdes, Eva... (queridas minhas) às pessoas que compartilharam a tarde do dia 01/10/2009... muitos desafios. Um início. Agora, apresento à rede, “outro olhar”, o meu.
Postado originalmente em:

quinta-feira, 11 de julho de 2013

CAPS EM TERESINA: PADRÃO CLÍNICA ELEGANTE DO POLO DE SAÚDE DO CENTRO

NINHADAS.COM

O blog do SINDSERM, sindicato dos  servidores municipais publicou fotos do prédio abandonado que seria do CAPS II norte - centro, na rua Pernambuco, no Pirajá. Liguei ontem a tarde e ninguém atendeu, consegui falar com alguém hoje de manhã que me informou que houve uma mudança de endereço para a Rua Gaston de Greslan, 2031 no Parque Alvorada, para os lados do clube do gari, teatro do boi ou depois do aeroporto. Esse CAPS ainda não tinha mudado de endereço, que eu lembre. Aqui em Teresina são todos itinerantes, não se consolidam em um território ( conceito precioso para Reforma Psiquiátrica ), é ruim para o usuário, para família. O pessoal do centro, Matinha, Marquês e arredores irão recorrer ao ambulatório do HAA, mais próximo, ora. Usuário não vive eternamente em crise aguda, estabilizado, só precisa das consultas de manutenção. O CAPS ad já mudou de endereços três vezes que eu saiba. O CAPS leste também. E tem um que os usuários estão sempre me falando que fica perto do Albertão, imagino que deva ser o SUL II que ficava na Barão de Gurguéia.
Lutamos tanto no MP pela implantação de uma gerência de saúde mental  no município, que esta cláusula do TAC de 2010 fosse cumprida. Conseguimos, mas não percebemos ainda organização melhor na rede. Não seria hora destes CAPS terem sede própria, nos bairros tem tantos prédios públicos do Estado e Município abandonados, porque alugar casas? Que racionalidade "normal" que minha privilegiada cabeça de louco não entende. Por que não fazer um mapa epidemiológico e instalar em áreas de maior concentração de usuários e como hoje são tão parecidos com o hospital psiquiátrico (lugar de louco), minicômios que mantém por anos sem desvincular usuários para atendimento ambulatorial, não há mais necessidade de que sejam parecidos com "casa", ideia original da proposta da Reforma, os CAPS receberiam pessoas cronificadas, moradoras de hospitais. Hoje temos um novo perfil deste usuário, se há algo que devemos reconhecer é que o Centro de Atenção Psicossocial, não por seus esforços anti manicomiais, mais por conta de uma cultura que não admite a loucura, uma cultura popular que os parentes não devem se internarem num hospício, nestes seis anos de implantação destes serviços substitutos ao hospital psiquiátrico, por necessidade da manutenção desta cultura estes CAPS com todas suas dificuldades estruturais e de uma clínica ampliada a construir foram de alguma forma tomando para si os novos diagnosticados, que nunca sofreram uma internação integral fechada. Então, porque alugar casas, com sala (recepção), cozinha e os quartos (consultórios) e espaços esquisitos aproveitados para descanso. Queremos padrão clínicas elegantes do centro da cidade, com área para práticas integrativas e complementares como a medicina chinesa , mesa de pingue-pongue, laboratório de informática e outras comodidades. Delira, Louca Pela Vida! Mas sonho também é delírio e muitos são completamente realizáveis.

Prédio onde deveria estar funcionando o CAPS II - Centro Norte está sendo utilizado para consumo de drogas e encontros sexuais! 

SINDSERME 

 http://sindsermthe.blogspot.com.br/2013/07/predio-onde-deveria-estar-funcionando-o.html

quarta-feira, 10 de julho de 2013

MANIFESTAÇÃO PELOS LOUCOS: PARTICIPE!!!

Esta semana na luta por atendimento a crianças psicóticas, a falta da  medicação nos CAPS e ambulatórios do município me levaram até a Gerência de Saúde Mental do Estado, por várias vezes estive neste local e nunca encontrei Dra. Lêda Trindade, a gerente, que segundo contam usa um sininho, tipo àqueles de mordomo para chamar os técnicos subalternos, que ficam empilhados numa saleta menor que a que a Dra. ocupa. Não me preocupo com os sino, espero que seja somente folclore da "oposição".
Alguém me informou desta vez que a mesma estava envolvidíssima na confecção do II Simpósio Álcool e outras Drogas na Contemporaneidade: viver bem sem drogas, um evento organizado pelo Departamento Estadual de Trânsito e SESAPI, está escrito na camiseta que membros do conselho estadual de saúde irão usar. E infelizmente se prestam a isso sem nenhum questionamento. 
Enquanto isso o governo não conclui e nem entrega o Centro de Referência AD feminino, prometido no inicio do governo, não conclui a reforma do único CAPS i do Estado, obrigando crianças e adolescentes serem atendidos juntos com adultos dentro do Hospital Areolino de Abreu. Sem falar na falta de medicações imprescindíveis a pessoas que vivem com transtornos mentais, muitos advindos do uso de drogas. A resposta da gerência sem gerente presente é: "o município de Teresina é gestão plena." Entenda-se é de outro partido não aliado. Loucos SURTEM!!!
O dinheiro gasto na confecção deste simpósio, pro labore e estadia para convidados de outros  Estados - os do Piauí mesmo, só devem levar a estadia, prática bem nossa. Supervalorizar experiências alheias, esquecendo as preciosas pratas da casa - deveria ser posto nas duas reformas físicas dos prédios do CAPS i e do Centro de Referência AD- Feminino tão importantes para os usuários, nós que estamos aqui na ponta, com o usuário com transtorno mental, adulto ou criança, a família do usuário,  sabemos de fato o que nós precisamos. E sabemos que é direito nosso sermos tratados como cidadãos, participes da cidade, integrados, nossos gestores deveriam serem mais sensíveis. No caso da organização do simpósio, todos sabem que no Piauí, a dependência química foi desmembrada da saúde mental, nem ficam em prédios próximos. Assessores e governador inteligentes.  A  Coordenadoria Estadual de Dependência Química, que até onde conheço,
Fotografada no Marquês, já a vi outras vezes nas imediações.

Fotografado na praça do Renascença, vem do Dirceu.

Pegando medicação no CAPS sudeste. Enquanto a usuária, sem perfil de CAPS,  mora muito perto do hospital do Dirceu II, sem psiquiatra no momento.
seus profissionais vem fazendo o trabalho da vocação da coordenadoria com empenho, por que estes não organizaram este simpósio? É preciso que a Gerência de Saúde Mental volte a sua vocação: de luta antimanicomial como nas duas gestões passadas.
Divulgação do simpósio com programação:

segunda-feira, 8 de julho de 2013

OBSESSÃO ESPIRITUAL RECONHECIDA COMO PATOLOGIA MENTAL

Medicina reconhece obsessão espiritual

Código Internacional de Doenças (OMS) inclui influência dos Espíritos . Medicina reconhece obsessão espiritual . Dr. Sérgio Felipe de Oliveira com a palavra:

"Ouvir vozes e ver espíritos não é motivo para tomar remédio de faixa preta pelo resto da vida... Até que enfim as mentes materialistas estão se abrindo para a Nova Era; para aqueles que queiram acordar, boa viagem, para os que preferem ainda não mudar de opinião, boa viagem também...Uma nova postura da medicina frente aos desafios da espiritualidade. Vejam que interessante a palestra sobre a glândula pineal do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico psiquiatra que coordena a cadeira de Medicina e Espiritualidade na USP:

A obsessão espiritual como doença da alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma, do espírito. No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos com essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade: Mente, corpo e espírito.

Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: Biológico, psicológico e espiritual.

Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.

O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.

Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença. Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual.

Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios. O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.

Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, que coordena a cadeira (hoje obrigatória) de Medicina e Espiritualidade. Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.

Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas.

Em minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).

Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.

Por: Osvaldo Shimod
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Espiritualista, estudante do kardecismo e simpatizante da umbanda sincrética, sempre em busca de práticas complementares ao mau está da vivência com o transtorno afetivo bipolar desde a infância, práticas de preferência onde não se pague nada. Não recomendo aos mais afoitos abandonarem suas medicações. Um tratamento desobssessivo, mudança de padrão de pensamentos, vivências interiores mais serenas podem ser conquistadas nestes espaços de produção de saúde comunitária, tudo como prática complementar ao uso de alopáticos.
Sem falar que ao contrário do que se pensa a maioria das casas espiritas kardecistas e terreiros de umbanda não estão preparados para a recepção destes pacientes em crise aguda. Tem até muitos preconceitos. E como na sociedade em geral, o melhor se puder, é manter o anonimato sobre sua condição de sofredor psíquico, se fores um médium de capacidades ostensivas, será respeitado. Claro, que autoestima, aceitação, reconhecimento, faz bem a saúde mental.

sábado, 6 de julho de 2013

CCONSULTÓRIO DE RUA DE TERESINA

ATENÇÃO SECUNDÁRIA 05/07/2013 11:32

Consultório de Rua vira programa e será ampliado na Capital

Da Reportagem

Implantado com o objetivo de promover a redução de danos em moradores de rua e usuários de álcool, crack e outras drogas, o “Consultório de Rua” voltará a funcionar com nova denominação e estrutura ampliada. As atividades deverão recomeçar nos próximos 60 dias, tempo necessário para a contratação de capacitação das duas novas equipes que irão atuar nas ruas de Cuiabá.

O “Consultório de Rua” funcionou até março deste ano na forma de projeto desenvolvido pela coordenação de Saúde Mental da Rede de Atenção Secundária do Município. Após a reestruturação, passará a funcionar como um programa da Rede de Atenção Básica com o nome de “Consultório na Rua”, de acordo com a nova proposta do Ministério da Saúde.

“Na sua fase de projeto, o Consultório de Rua mostrou uma problemática social em Cuiabá que vai além do uso de álcool drogas entre os moradores de rua”, explica o médico Fernando Silva, secretário adjunto de Assistência da Secretaria Municipal de Saúde.

“Na rua encontramos também pessoas em grave situação de vulnerabilidade, necessitadas de assistência médica, jurídica e social. Por isso, em sua nova modalidade o programa terá, além de uma equipe multiprofissional, uma articulação intersetorial que irá possibilitar a redução de danos entre o público-alvo e o restabelecimento de seus vínculos familiares e sociais”, assegurou.

A partir de sua implantação, equipes compostas por enfermeiro, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, agente social, técnico de enfermagem e técnico em saúde bucal voltarão às ruas. A proposta é de ampliar o acesso da população de rua e ofertar, de maneira mais oportuna, atenção integral à saúde, por meio das equipes e serviços da atenção básica. (Secom/PMC)
Postado originalmente em:

Alguém conhece o Consultório de Rua de Teresina? Sabe onde funciona? Telefones de contato? Relevância do trabalho? População e território assistida? Tem tantos loucos e dependentes químicos de ruas no meu bairro. Aqui em Teresina ouvi dizer, nunca os vi atuar, que ficam apenas nas imediações do centro. Mas as mazelas maiores estão nas periferias. Por que por aqui o consultório de rua ou na rua não poderia trabalhar intersetorialmente com a busca ativa dos CAPS (eles fazem?) e informações das ESF nos bairros? Empoderamento, palavra preferida nos seminários de usuários: me dá esta gerência de atenção psicossocial que as coisas irão funcionar como juízo de doido (em crise) sem parar, com resultados para quem precisa.

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.