quinta-feira, 20 de setembro de 2012

QUEM QUER TOMAR ELETROCHOQUE?

Mais notícia velha com temática atual e polêmica: quem quer tomar "eletrochoque"? Será agora como extrair dentes? Dá para confiar na defesa de alguns psiquiatras para remissão  deste tratamento tão estereotipado e doloroso do passado?

[...] Até os anos 30, os tratamentos psiquiátricos se restringiam basicamente à psicoterapia. Pouco se podia fazer com os internados a não ser sedá-los com barbitúricos e mantê-los sob vigilância permanente, para que não fizessem mal a si mesmos ou a outros. Assim, pacientes podiam passar o resto da vida em manicômios. Com a observação hospitalar, descobriu-se que esquizofrênicos, quando sofriam também de epilepsia, tinham melhora expressiva logo após os ataques epiléticos. Em 1917, o neuropsiquiatra austríaco Julius Wagner-Jauregg criou a malarioterapia, para induzir os ataques. O tratamento consistia em inocular a malária no paciente, para que a febre alta resultante provocasse convulsões e, em decorrência, atenuasse os sintomas. Dez anos depois, a pesquisa lhe rendeu o Prêmio Nobel de medicina. Em 1934, o médico húngaro Ladislas von Meduna testou o uso do óleo de cânfora, para causar as convulsões. Dois dias após a quinta aplicação, o seu paciente esquizofrênico levantou-se da cama e começou a falar, pela primeira vez em quatro anos. Apesar do sucesso, as dores e aflições lancinantes, que a cânfora provocava antes das convulsões, fizeram com que o tratamento fosse abandonado.

O eletrochoque se baseia também na indução de ataques. Ele foi aplicado pela primeira vez pelo médico italiano Ugo Cerletti, que colocou dois eletrodos sobre a cabeça do paciente e provocou a convulsão por meio da corrente elétrica. O paciente inicial foi um homem de 39 anos, encontrado em estado delirante, numa estação de trem, em Roma. Diagnosticado como esquizofrênico, em 14 de abril de 1938 ele foi submetido à primeira sessão de eletrochoque. Quando acordou, Cerletti perguntou-lhe: "O que aconteceu com você?" A sua resposta, segundo o relato do médico, foi: "Não sei, talvez eu tenha dormido."
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