quinta-feira, 27 de novembro de 2008

CIDADÃO COM TRANSTORNO MENTAL: aprendendo com outros movimentos

Realizou-se de 25 a 27 de novembro corrente, o Seminário sobre Educação e Surdez, uma organização do governo do estado, município e grande universidade particular local e empresas particulares ligadas a área da surdez e fonoaudiologia. Trouxeram equipe de técnicos do INES, Instituto Nacional do Surdo, secular escola de surdos do Rio de Janeiro. Fiquei "babando" pelo número de participação do surdo em todos os níveis. Como alunos ou técnicos também, como instrutores surdos. O nivel de conscientização de alguns, a preocupação em formar em todos os sentidos os mais jovens.
A idéia de "comunidade surda" com suas certezas, defesas e ideologias. A idéia de identidades surdas extraídas das teorias do multiculturalismo. A persistência e efetividade de se fazer valer as leis de inclusão desde a acessibilidade ao trabalho a popularização da Língua Brasileira de Sinais.
Fantástico a palestra e oficina Cidadão Surdo, realizada por um professor surdo, com mestrado, Marcos Vinícius Freitas Pinheiro, um exemplo que a comunidade surda acordou cedo para educação da criança surda e acompanhamento de seu desenvolvimento até a fase adulta, prevendo uma qualidade de vida produtiva e em todos os sentidos a esse indivíduo.
Ficamos sonhando que esse futuro de acessibilidade chegue a criança com transtorno mental, os CAPS infantis ou qualquer outro espaço que a racionalidade burocrática da saúde mental do Brasil criar, perda o aspecto de hospital e dê mais formação escolar, artística, matemática, poética. Essas crianças ficam tombando numa escola que quer se fazer inclusiva, com dificuldades e sem nenhum tipo de informação para trabalhar com o louco. Que só será percebido no primeiro grande surto e entregue às medicações psicotrópicas, internações, etc. E o potencial dele, ficou pelo meio do caminho. Até a universidade e principalmente ela, não sabe o que fazer com o aluno que surta, não há tratamento diferenciado. Ele tranca o período no surto. Uma crise aguda, com medicações, psicoterapias, geralmente não passa de semanas, sintomas mais moderado e leves com razoável apoio, este aluno se sobressairia. O diabo é o estigma, a cultura normal que não admite.
Mas fica o exemplo dos surdos, suas identidades, sua cultura surda. Seus encontros de grandes conversas usando somente mãos e expressão. Surdo quer trabalho, acredita, vai atrás de órgão que encaminha, lei que obriga a empresa contratar por percentagens. Louco, acredita no normal que não acredita nele, põe a corda no pescoço e endossa os números de suicídio. Falta a construção e disseminação de uma identidade para a pessoa que vive com transtorno mental.

Nenhum comentário:

PSIQUIATRIA SEM HOSPÍCIO

POR UMA CLÍNICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA: COM SUBJETIVIDADE, MEDICAÇÃO COM MENOS EFEITOS COLATERAIS E MAIOR PODER DE RESOLUTIVIDADE ASSOCIADA A PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.