terça-feira, 3 de abril de 2012

QUALIDADE DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO PIAUI

PI é o 6º melhor em cobertura de CAPS no país; É referência

A décima edição do Saúde Mental em Dados, um levantamento do Ministério da Saúde sobre a Rede de Atenção Psicossocial no Brasil, mostra o Piauí como o sexto estado com melhor cobertura de CAPs (Centros de Atenção Psicossocial). O estado saiu da média de 0,03 em 2002 para 0,91 em 2011. Apenas a Paraíba (1,27), Sergipe (1,16), Rio Grande do Sul (1,07), Ceará (0,95) e Rio Grande do Norte (0,92) obtiveram desempenho superior. A cobertura assistencial do país chegou a 0,72 CAPS por 100.000 habitantes.
Os CAPS têm por objetivo oferecer atendimento a pessoas com sofrimento ou transtorno mental, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. O indicador divulgado pelo Ministério da Saúde pretende refletir o estado e as modificações da rede extra-hospitalar de saúde mental ao longo do tempo.
Atualmente o Piauí possui 45 CAPS, sendo dois deles do tipo AD3, que tratam usuários com necessidades decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas. Esse modelo é destinado a municípios com mais de 200 mil habitantes. No Brasil existem apenas 6 CAPS AD3, sendo que dois deles estão no Piauí, nas cidades de Floriano e Parnaíba. Outros dois estão localizados em São Paulo. O restante encontra-se nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.


A grande questão hoje no Piauí nem sequer é a quantidade, mas a qualidade destes serviços na questão estrutural, abrir um CAPS não é como abrir um posto de saúde num rincão do interior do Estado e deixar lá sem supervisão, acompanhamento, promoção de capacitação continuada para trabalhadores e articulação entre saúde e outras políticas como educação, assistência social, justiça, cultura e emprego ou não acontece de fato a grande função do CAPS que é além da assistência psiquiátrica, a reabilitação psicossocial ou seja a inserção da pessoa com transtorno mental na comunidade, na vida produtiva, funcional. É preciso garantir participação social protegida, acessibilidade facilitada a todas às politicas. A crítica da psisquiatria tradicional representada pela Associação Brasileira de Psiquiatria é que os CAPS foram concebidos com um excesso de funções, no que eu concordo, infelizmente, alguns no Piauí reproduzem os hospitais psiquiátricos, nada tendo a oferecer ao usuário além da medicação, que muitas vezes ainda é apenas típica e psicoterapias das pinturas de potinho de cerãmicas, clássico da terapia ocupacional dos manicômios. Médicos recebendo quarenta horas e fazendo apenas uma visita mensal ao serviço. CAPS que não tem atividades para homens, e apenas seus familiares vão pegar medicação. Discussão e ação sobre o emprego e renda nem pensar, no geral, conheço apenas uma iniciativa da profissional militante antimanicomial Marta Evelyn em União.
Temos quarenta e cinco CAPS instalados e nenhum serviço que atenda a mulheres dependentes químicas, elas não vão aos CAPS ad, temos um número significativo de notificações de suicídios, não há nenhum trabalho direcionado para prevenção e assistência a ideação suicida, temos apenas um CAPS i, estadual, que funciona na capital, ex pavilhão infanto juvenil do Hospital Areolino de Abreu, que não desenvolveu ainda a vocação psicossocial, ficando atrelado às práticas manicomiais quando não articula o acompanhamento às crianças, adolescentes e seus familiares de outras políticas como educação e assistência social. A educação é que desesperadamente busca a intersetorialidade com a saúde mental ali produzida, e fica sem resposta. Notícias que temos via MP é que o espaço será reformado, mas não sairá de dentro do complexo do HAA.
Nossos CAPS junto com a consciência social de alguns tem evitado sim, internações integrais no HAA, mas precisamos de mais.

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