domingo, 8 de abril de 2012

INDIGNAÇÃO COM O SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO ALCOÓLISMO EM TERESINA

Eu feliz de nêga maluca no bloquinho do bairro no último carnaval, bloco Só Fuxico, fotografada por minha pequena Mirra.


A fotografia é para suavizar a indignação com o funcionamento da rede de atenção ao álcool e drogas, especificamente ao álcool, que parece  minimizado em sua gravidade, principalmente na terceira idade. Muitos homens idosos, sem vínculos familiares ou fragilizados estão literalmente à morte nas periferias. Há mais de duas horas tento auxiliar uma família vizinha com um idoso, que esteve desarcordado por muito tempo perto dos bares do centro do bairro, o SAMU foi chamado mas não apareceu. Reconhecemos a pessoa informamos a familia e o que fazer?
Colocar no meu carro e levar para o HAA? Assim a familia queria. Não! Liguei para vários telefones de companheiros que trabalham no Hospital do Mocambinho, no Consultório de Rua e não consegui contato. Salvador da pátria sempre, uma supercomprometida assistente social do HAA me informa o procedimento para orientação da familia: o usuário precisa fazer consulta na urgência do HAA e de lá será encaminhado para os leitos de desintoxição dos hospitais gerais da Primavera ou Mocambinho.
Faço uma lista de endereços e telefones, onde incluo até contatos com os Alcoólicos Anônimos (AA) e Fazenda da Paz. A irmã mais próxima, alega falta de tudo, de créditos telefônicos, tempo, conhecimento, ela mesma doente, sobrecarregada. Sugiro que procure a primeira dama do Estado, atual secretári a de saúde.Comporto-me "profissionalmente" dentro das minhas possibilidades é somente o que posso fazer. O Ninho é uma ONG que não tem nenhum financiamento, não tem sede, não tem carro, não tem profissionais, não tem militante, usuários e familiares só nos procuram em crise.
Amanhã tenho aulas ás 8:00 h, minha filha entra no centro de apoio ao surdo (CAS) no mesmo horário, tenho exames ginecológicos (mamografia bilateral),  de rotina marcados há tanto tempo que talvez nem consiga mais fazê-los com a mesma requisição médica. Enfim, tenho uma vida, explicava para a familia. Os serviços é que precisam ser procurados.


Com dificuldades financeiras precisei dispensar minha "mordoma Alfred". Sentindo muito porque ela era uma cuidadora excelente, conseguia muitas vezes dispensar alguns usuários difícies da minha porta. Fazia chá e tirava-me da compulsão pelo computador. Com a rotina alterada, ando um tanto fragilizada com cuidados com aparecimento de sintomas, há alguns suaves e tranquilos meses meu bichinho da maçã anda muito controlado.


Nenhuma resposta a nossa idéia de construir um seminário de apenas uma manhã sobre Atenção Psicossocial em Teresina: Inserção Social pelo Trabalho. Usuária atendida pelo Ninho desde 1997, entrou em crise, levou atestado médico psiquiátrico para uma escola particular, na qual é professora. Era professora porque foi demitida sumariamente e um dos donos da escola ainda a maltratou referindo-se a sua aparência. Usuária passou mal, descompensou tendo que ser medicada de urgência num pronto socorro particular com outros sintomas além da patologia mental. Fazer o quê? Desde o século passado que falo aqui no blog e por onde passo que há em Teresina, um usuário que não frequenta os serviços tradicionais, nem os CAPS, são esclarecidos, muitos com curso superior. Estas pessoas saem de crises agudas e tem recaídas porque não são "pacientes tradicionais", não tendo a funcionalidade da estabilização dos sintomas aproveitadas em seus projetos de vida, por conta do estigma e preconceito. Precisamos discutir e criar mecanismo de acessibilidade ao trabalho, de preferência protegido, no sentido do respeito as limitações deste trabalhador (a) como em outras deficiências. A  lei há que ser modificada para que beneficiem tantos psicóticos aptos ao trabalho. Representante da saúde mental do municipio repassa linck sobre curso para familiares, usuários e técnicos sobre economia solidária (deveriam trazer um representante do MS para o seminário de inserção ao trabalho)  para amigos que me repassam. Com toda autoestima que tenho, digo: dane-se.
Esperemos infelizmente o teor das comemorações do 18 de maio, num município e Estado que enterrou a reforma psiquiatra brasileira: festinhas com bolo, salgadinhos, café da manhã com autoridades, missa, etc. Servem mesmo para quem? Para reafirmação das práticas manicomiais dentro dos serviços substitutivos, o contìnuo da "amestração" de loucos.


O tal linck... será que os CAPS  da FMS e Estado tem a boa vontade de conseguir espaços onde estes usuários possam usar um computador para as aulas na plataforma? Fazer redes sociais é uma das "hiperfunções" dos serviços, parcerias com entidades públicas dos territórios, do SENAC, escolas, etc e congêneres. D-U-V-I-D-O-D-O-DÓ!!!!

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